5 - A Partida da Senadora
R2-D2 entrou no quarto e emitiu um tinido. Padmé, sobressaltada, acordou. Olhou para o robot, confusa, e em seguida para a janela. O sol ainda não tinha nascido. Esquecendo por momentos a sua zanga com Anakin, contemplou a sua face e deu-lhe um beijo. Ele continuou a dormir. O seu "amigo" continuava a emitir sons, chamando-a.
Já na sala, Padmé carregou num botão e assistiu à mensagem que lhe era mandada. O corpo de Bail Organa apareceu numa imagem holográfica e o seu rosto apresentava uma expressão algo assustada.
- Senadora Amidala... - fez uma pequena vénia com a cabeça, como num cumprimento envergonhado.
- Senador Organa... Uma mensagem a horas impróprias. Porquê?
A imagem holográfica do respeitado senador suspirou - Vou ser directo pois a situação não é para "meias-medidas". - Padmé acenou - Precisamos de si em Coruscant. É urgente. A República está num péssimo estado. Ao amanhecer, estará uma nave à sua espera e um protector, se assim o podemos chamar.
- Conte comigo, senador.
Sem pensar, dirigiu-se ao quarto de vestir e fez as malas, rapidamente, embora o sol estivesse a mostrar os primeiros raios. Só depois de tudo pronto e arrumado é que se apercebeu que Anakin não sabia da sua partida.
Este último acordou muito cedo mas ficou deitado, tentando não enfrentar a esposa. Sentiu-a levantar-se ainda o sol estava para nascer e ainda não voltara para a cama. Decidiu ir até à sala, esperando encontrá-la, embora não soubesse o que dizer. Ela estava sentada numa cadeira, com um vestido de mangas compridas colocado no seu corpo. A gola do seu vestido cobria o pescoço e a sua cor era escura, tal como o coração da mulher que o vestia. Tinha o cabelo enrolado atrás da cabeça, num penteado austero. Ao vê-lo, levantou-se. Anakin reparou nas malas que se encontravam junto dela.
- Vou para Coruscant. - o seu tom de voz era gelado e os olhos sem brilho - Os senadores chamaram-me. A nave deve estar quase a chegar. Eles mandaram alguém para me proteger.
- E... Vais assim? Avisas-me agora e daqui a um momento vais embora?
- Sim.
O silêncio instalou-se entre os dois e quando este se estava a tornar insuportável, um robot apareceu junto deles. Desta vez, era um dróide protocolar, C-3PO. "Está uma nave lá fora para a Senadora Amidala.". Sem trocar um olhar com o marido, Padmé começou a descer as escadas que a levavam até à porta do palácio. Anakin seguiu-a. Quando ela colocou a mão na elegante maçaneta, talhada a ouro e prata, ele esqueceu a posição que se estava a esforçar por manter. Esqueceu-se que estavam zangados, que tinha gritado com ela e que tinha sido insolente. Apenas viu que a sua esposa, a mulher que amava, se ia embora e ele não fazia nada para a impedir. Desesperado, ajoelhou-se aos pés dela e colocou os braços à roda da fina cintura de Padmé, abraçando-a com força.
- Desculpa... – chorava ele, num sussurro triste – Nunca te quis magoar... Sou um idiota... Desculpa...
Padmé não conseguiu reagir com frieza à reacção de Anakin. Ajoelhou-se em frente a ele e colocou-lhe as mãos na cara, as primeiras lágrimas também a surgir.
- Porque é que...
- Porque não te quero perder... – respondeu-lhe ele, ainda a chorar – Porque te amo... Porque não imagino a minha vida sem ti... Porque não quero que sejas morta por algum inimigo da República... – olhou-a nos olhos – Perdoa-me, Padmé... Perdoa a minha insolência... Eu amo-te tanto... – as últimas palavras foram ditas tão baixo que ela quase não as ouviu.
A antiga rainha de Naboo não precisou de ouvir mais palavras. Beijou uma lágrima de Anakin, sedenta da pele do marido. Em seguida, beijou-lhe os lábios. Encostou a sua testa à dele e ambos sorriram. Ele levantou-se, estendeu-lhe a mão e ajudou-a a erguer-se. Beijaram-se novamente. Ela deu-lhe o seu anel de casamento. Sorriu.
- Eu volto cedo. Prometo.
Desta vez, ele não pôs objecções. Voltou para a sala, ouviu a porta bater e, afastando a cortina com cuidado, para não ser visto, observou a sua amada a subir a rampa da nave e dirigir um último olhar ao palácio. Olhar esse, que ele sabia ser dirigido a ele.
