Capítulo Seis - Obrigado por Tudo, Querida Sucessora
Sakura abriu os olhos com dificuldade. Em sua mente, ainda restava a lembrança do ataque de Mikhael e seu grupo. Aquela guerreira, Zilah, era realmente muito forte. A garota quase pensara que não poderia vencê-la. Entretanto, antes que qualquer pensamento pudesse sequer passar pela sua mente, Katrina lançara sua magia. A jovem ainda podia se lembrar do aspecto celestial da feiticeira, cuja majestade e soberania havia ofuscado inclusive a presença de Eriol. Em sua mente, formou-se a idéia de que nenhuma estrela do universo poderia sequer igualar sua luz à de Katrina, tamanho o esplendor de sua presença.
Foi então que Sakura se deu conta de que estava sozinha. Ao seu lado, havia apenas a pequena forma de Spinel, revertido à sua forma falsa, ainda inconsciente. Além dele, não havia mais ninguém por perto. Ela não conseguia ao menos sentir a presença de seus amigos. O medo começou a tomar seu coração.
Olhou ao redor, procurando discernir algo que pudesse indicar-lhe o lugar onde estava. Encontrava-se em um campo extenso e flanqueado de pés de bambu. Aquele cenário não lhe era de todo estranho; havia algo nele que fazia Sakura sentir uma estranha sensação de familiaridade. Tentou esquadrinhar melhor o ambiente, na tentativa de descobrir alguma pista que pudesse lhe dar um informação mais precisa sobre o local, não obtendo, porém, nenhum sucesso.
Delicadamente, pegou Spinel nas mãos e o colocou no bolso de sua roupa, tomando cuidado para não acordar ou machucar o pequeno guardião. Pôs-se a caminhar lentamente, pensativa. Recordou-se das palavras de Katrina sobre conservar a mente tranqüila. Tinha que manter a calma. Desesperar-se naquele momento, não traria nenhum beneficio a ela. Se queria se juntar novamente a seus amigos, deveria pensar em um modo de encontrá-los.
Lembrou-se do pingente que ganhara no castelo da Ordem do Tempo. Instantaneamente, buscou pela fina corrente que trazia em seu pescoço, onde estava pendurado a pequena ampulheta de ouro. Tocou a delicada peça com os dedos, mas lembrou-se que não fazia idéia de onde estava. Precisaria primeiro descobrir em que época ela tinha caído para, só depois, conseguir utilizar o poder do pingente.
"Droga!" pensou. "Isso tudo está mais difícil do que eu esperava!"
Olhou para o céu, que estava bastante azul, com algumas nuvens espalhadas desordenadamente. À sua frente, o caminho se estendia a perder de vista, tendo sempre as duas filas de bambuzais formando um longo corredor, ora estreito, ora largo e amplo, ora formando um teto emaranhado sobre sua cabeça e bloqueando por completo a luz do Sol.
Caminhou por quase uma hora, até que sentiu algo se mexer dentro de seu bolso. Era Spinel, que despertava naquele momento. Olhou com cuidado ao seu redor para se certificar de que não havia ninguém por perto e, gentilmente, deixou que o guardião saísse e voasse ao ar livre.
"Onde estamos?" perguntou o pequeno, olhando ao redor.
"Não sei." respondeu Sakura. "Tudo o que posso dizer é que esse lugar me traz uma estranha sensação de familiaridade. Algo me diz que eu já estive aqui antes, mas não consigo me lembrar quando."
Spinel a encarou. Então, dando os ombros, olhou o caminho à sua frente. Juntos, puseram-se a andar. Tinham que descobrir em que período histórico haviam caído. E quanto antes o fizessem, melhor.
Sakura olhou para o alto. Pela posição do Sol, já devia passar do meio-dia. Talvez por isso estivesse sentindo seu estômago roncando tanto. Tinha que encontrar algo para comer, mas não via como o faria perdida no meio daquele bambuzal.
"Talvez se eu fosse um panda..." pensou, rindo do próprio pensamento.
"Como será que estão Shaoran e os outros?" murmurou, mais para si mesma do que para Spinel. Entretanto, o pequeno não pôde deixar de escutar a indagação feita pela moça.
"Não se preocupe." falou o guardião de Eriol. "Shaoran e os outros com certeza estão bem. Eles sabem cuidar de si mesmos."
"Eu sei." replicou Sakura. "Mas não é exatamente com isso que estou preocupada."
Houve um momento de silêncio, onde Spinel fitou profundamente a jovem feiticeira. Sakura parara de andar, e naquele momento se encontrava em pé, a poucos metros de distância do Guardião, com os olhos distantes e o semblante sério.
"O que me preocupa," continuou a jovem, "é o que aconteceu com os outros depois do ataque de Mikhael. Nós fomos lançados a eras diferentes. Fico pensando se todos estão bem."
"Eles vão ficar." respondeu simplesmente o guardião. Sakura concordou com a cabeça e voltou a fitar o caminho que tinha à sua frente. Continuaram caminhando por um certo tempo, quando Sakura decidiu parar para descansar um pouco. Seu estômago ainda roncava, tamanha era sua fome.
"Se Kero estivesse aqui, ele certamente estaria reclamando." brincou a jovem, imaginando onde o guloso guardião poderia estar. Pensou também em Eriol, Katrina, Shaoran e os outros. Embora tivesse concordado com a afirmação de Spinel, seu coração permanecia inquieto. O ataque de Mikhael superara suas expectativas. O poder do bruxo era de tal magnitude, que Sakura estremeceu ao pensar em sua força total.
Revirando os bolsos, Sakura encontrou um pequeno medalhão dourado. A peça fora um presente que ganhara de Shaoran havia alguns anos, poucos meses antes do fatídico acidente que mudara sua vida para sempre. Lembrou-se com saudade e nostalgia das tardes que costumava ficar junto do jovem chinês. Ela ainda podia se recordar como ele havia mudado ao longo dos anos e, de uma pessoa fechada, compenetrada e, para alguns, rude, tinha-se tornado alguém gentil, atencioso e alegre.
"Parece que faz tanto tempo." pensou a moça, esboçando um leve sorriso.
Spinel não pôde deixar de notar o longo suspiro que a jovem acabou deixando escapar e conseguiu identificar não só saudade nele, mas também um pouco de tristeza. E o guardião bem podia entender o motivo de tudo aquilo. A provação que a jovem Dama das Cartas havia sido obrigada a passar era, de fato, algo cruel em demasia.
"Uma vida de sofrimento pode ser pior do que a morte." ponderou o pequeno, pousado no ombro da feiticeira.
Sakura abriu o medalhão, deparando-se com a foto de Shaoran. Examinou o retrato, tentando compará-lo com o Shaoran que viera da outra dimensão. Dois anos separavam o Shaoran da fotografia do Shaoran que ela encontrara, dois anos que haviam sido bastante generosos com o jovem guerreiro. Alguns traços de sua fisionomia haviam mudado, bem como seu porte físico, que estava ainda mais austero do que o do Shaoran de suas lembranças. O rosto havia amadurecido, ganhado um contorno ao mesmo tempo grave e delicado. Definitivamente, as mudanças eram várias.
"Mas se houve mudança, com certeza foi para melhor." pensou a garota, com o semblante sonhador.
Fechou o medalhão e voltou a colocá-lo no bolso do vestido, ainda pensando em Shaoran e na mudança que operara sobre ele em todos os seus anos de convívio.
Ali perto, um canário cantava uma suave melodia, trazendo consigo inspiração e longos devaneios. Sakura ainda ficou um tempo, de olhos fechados, ouvindo o pequeno pássaro cantar.
Foi então que, subitamente, seus pensamentos foram interrompidos por um ruído. Colocando-se de pé rapidamente, Sakura levou a mão à sua chave, preparando-se para se defender caso fosse necessário. Qual foi sua surpresa ao ver um garotinho aparecer do meio daquele bambuzal.
Olhou o menino com cuidado. Não era muito alto e tinha cabelos escuros bem curtos. A pele era clara e passava um aspecto de fragilidade. Não devia ter mais que seis ou sete anos, pelo porte que apresentava. O rosto tinha feições suaves e harmoniosas, com traços leves e definidos. Os olhos - e Sakura não pôde deixar de reparar nos olhos - mostravam intensa curiosidade e sagacidade, expressados profundamente em sua cor azul. A jovem nunca tinha visto olhos tão azuis como aqueles, a não ser os de...
"Eriol." murmurou. "Os olhos dele se parecem muito com os de Eriol."
A surpresa da semelhança não se restringiu tão somente aos olhos. Todo um conjunto de características o aproximava do jovem inglês. Sakura pensou se aquele não era Eriol quando criança. Entretanto, o rapaz havia nascido e crescido na Inglaterra e, até onde ela podia se lembrar, não haviam bambuzais como aquele na Inglaterra.
O garoto parou, examinando com cuidado a mulher que se encontrava à sua frente. Ela era muito bonita e devia ter por volta dos vinte anos. Usava um longo vestido de uma cor branca perolada que realçava de forma suave sua beleza. De alguma forma, aquela moça lhe trazia uma sensação muito boa. Sorriu.
Ficaram ali, fitando-se durante alguns minutos, até que Sakura decidiu se aproximar do garoto. Ela gostava de crianças e se aquele menino fosse mesmo Eriol quando pequeno, então conversar com ele seria bastante interessante. Sakura tinha curiosidade em saber como era seu amigo antes de se conhecerem.
"Olá." disse a jovem ternamente, aproximando-se com cuidado do menino.
"Oi!" respondeu o garoto.
"Tudo bem com você?" indagou. O garoto acenou a cabeça em confirmação. Sakura sorriu diante do olhar curioso que ele lhe lançava. "Você está perdido?"
Novamente o menino acenou a cabeça, mas desta vez negando a pergunta da garota. Sakura chegou a se lembrar dela mesma quando criança. A curiosidade mesclada à dúvida e ao fascínio, o olhar inocente, o ar de pureza, tudo aquilo a fazia se recordar de como ela própria costumava agir durante sua infância. Decidiu dar mais um passo adiante.
"Qual o seu nome, querido?" perguntou, já esperando ouvir o nome de Eriol. Mas o que recebeu como resposta causou-lhe profundo espanto.
"Clow." respondeu o menino. "Clow Reed."
Por um momento, Sakura não soube o que dizer. O impacto da notícia havia sido bastante forte. Ela não conseguia imaginar que aquele garotinho fosse o grandioso mago Clow Reed quando criança. Aquilo explicava sua semelhança absurda com Eriol.
Escondido em seu bolso, Spinel também se surpreendeu com a resposta do menino. Então, aquela era a encarnação anterior de seu amado mestre Eriol. O guardião sempre se perguntara se o mago Clow se parecia com o jovem inglês, mas nunca encontrara nenhum retrato para poder comparar. Agora poderia conferir de perto. Apurando os ouvidos, dirigiu sua atenção para a conversa que se dava entre os Sakura e a vida anterior de seu mestre, e pôde ouvir quando Sakura perguntou quantos anos o garoto tinha.
"Tenho seis." falou o pequeno.
Sakura sorriu. Exatamente a idade que ela achava que ele teria. Em sua mente, imaginou o que podia esperar do mago Clow em sua infância. Será que sua magia já havia sido despertada? Tinha que esperar para descobrir. Tentou continuar o diálogo que haviam estabelecido.
"E o que você estava fazendo aqui sozinho? Não é perigoso ficar andando por aí desacompanhado?"
"Eu só queria pegar de voltar meu passarinho, que escapou da gaiola." respondeu o pequeno. "Será que a senhorita não o viu por aí?"
Imediatamente veio à mente de Sakura a imagem do canário que ouvira cantar havia alguns minutos.
"Um pássaro?" indagou a feiticeira. "Por acaso seria um pequeno canário amarelo?"
"Isso mesmo!" exclamou o pequeno, com os olhos cheios de expectativa. "A senhorita o viu?"
"Sim, eu o vi. Estava cantando para mim agora a pouco, mas voou quando você se aproximou."
"Droga!" disse o pequeno, estalando os dedos. "E a senhorita não viu para onde ele foi?"
"Infelizmente não, mas eu posso te ajudar a procurá-lo, se você quiser."
"Mesmo? A senhorita pode mesmo me ajudar?"
Sakura sorriu, diante da intensidade com que o garoto a olhava, num misto de alegria e esperança.
"Sim, eu vou te ajudar. Mas, por favor, pare de me chamar de senhorita. Meu nome é Sakura."
"Obrigado, senhorita Sakura." agradeceu Clow.
"De nada." respondeu a jovem, divertindo-se com as reações do pequeno. Tomando sua mão, Sakura se pôs a caminhar pelo bambuzal, sendo acompanhada pela forma infantil de Clow.
Sakura usava seu poder para procurar a pequena ave. Enquanto andava, tentava imaginar o que Shaoran diria quando lhe contasse que encontrara o famoso mago Clow quando criança. Ela bem podia imaginar a reação do jovem chinês. Silenciosamente, Sakura sorriu, divertindo-se com o pensamento da expressão de espanto de seu companheiro.
Continuaram caminhando por entre o bambuzal por algum tempo, até que uma suave melodia pôde ser ouvida. Sakura imediatamente reconheceu a canção do pássaro que ouvira anteriormente. Ao seu lado, o pequeno Clow Reed também pareceu distinguir a melodia.
"É ele!" exclamou o garoto.
"Não faça barulho." sussurrou Sakura. "Nós não queremos que ele fuja de novo, não é mesmo?"
Clow concordou com a cabeça, olhando ao redor e procurando por seu pássaro. Conseguiu avistá-lo entre alguns pés de bambu.
"Como vamos pegá-lo?" indagou Clow. Sakura apenas sorriu.
"Você já vai ver." respondeu Sakura. Concentrando seus poderes, a jovem ergueu a mão na direção do pássaro. Imediatamente, como se tivesse sido chamado, a pequena ave voou e pousou no dedo da feiticeira, cantando alegremente. Então, devagar, Sakura tomou o canário em suas mãos, tendo o cuidado de não machucar aquele pequenino ser.
Então, virando-se para Clow, disse suavemente: "Aqui está."
O pequeno pegou o canário, maravilhado com o que tinha visto.
"Que legal!" exclamou o menino, cujos olhos brilhavam de excitação. "A senhorita pode fazer mágica?"
Sakura fitou o garoto profundamente. Ela estava começando a chegar no ponto onde queria.
"Como você pode saber disso?" indagou a feiticeira.
"O jeito como a senhorita encontrou e chamou por Suppi." respondeu. "Aquilo foi mágica, não foi?"
"Suppi?" perguntou Sakura. "Esse é o nome do seu passarinho?"
Clow balançou a cabeça confirmando, ao mesmo tempo em que acariciava o pequeno animal. Sakura sorriu, tentando imaginar a cara que Spinel teria feito ao ouvir o nome do canário.
De fato, dentro do bolso de seu vestido, o pequeno guardião se remexia, pensando que Clow dera seu nome a uma simples ave canora.
"Aquilo foi mágica, não foi?" inquiriu Clow em tom de insistência. Sakura assentiu, sentando-se no chão e fazendo um gesto para que o menino fizesse o mesmo.
"Como você sabia que foi uma mágica?" perguntou a jovem.
"Porque uma vez eu vi meu pai fazer a mesma coisa." falou o garoto. "Então, quando vi a senhorita chamar Suppi, percebi que era a mesma coisa."
Sakura encarou o futuro criador das Cartas Clow, tentando perceber nele algum indício de poder mágico. Contudo, embora se concentrasse ao máximo, não conseguia notar nenhum vestígio de sua aura.
"Então seu pai é um feiticeiro." falou a garota, recebendo um aceno de cabeça por parte de Clow. "E você também consegue fazer mágica?"
O brilho nos olhos do pequeno desapareceu imediatamente após a pergunta. Abaixando o olhar para o chão, o garoto ficou em silêncio, apenas segurando seu canário amarelo.
"O que houve, querido?" perguntou a moça. "Eu disse algo de errado?"
"Não." respondeu o pequeno com um soluço contido. "É que eu não consigo fazer mágica. Meu pai sabe, minha mãe sabe e até a minha irmãzinha, que só tem cinco anos, sabe... Só eu que não sei."
"E por que?" perguntou a jovem.
"Eu não consigo aprender." falou Clow. "Eu não consigo despertar minha magia. Papai acredita que eu nunca vou conseguir ser um mago. Ele disse que eu não tenho o Dom necessário."
A voz do menino estava vacilante. Sakura simplesmente não podia acreditar no que estava ouvindo. Um dos maiores magos do Universo estava lhe dizendo que não tinha o Dom da magia...
Ergueu o rosto do garoto com as mãos e pôde ver as pequenas lágrimas que se formavam no fundo de seus olhinhos azuis e lhe turvavam a visão. Movida de intensa piedade, a jovem o abraçou, aconchegando-o em seu colo. Ficaram assim durante um longo tempo, onde um podia ouvir a respiração do outro. Em Clow, esta se mesclava a soluços tímidos, que insistiam em escapar de sua garganta.
Separaram-se, por fim, depois de alguns minutos abraçados. A expressão terna de Sakura confortava profundamente a alma daquela criança frágil mas, ainda assim, dona de uma capacidade fantástica.
"Olhe para mim, querido." falou a jovem feiticeira. O pequeno ergueu a cabeça, fazendo seus olhos azuis se encontrarem com o verde profundo dos olhos de Sakura. "Deixe-me contar uma história que ouvi há vários anos."
"Em um lugar distante havia uma colina. Dizia-se que ela era muito escorregadia e por isso ninguém se atrevia a escalá-la, por medo de escorregarem e se machucarem. Certa vez, um grupo de garotos estava andando e juntos decidiram escalar a colina."
"Quando o primeiro rapaz foi tentar subir, os outros começaram a gritar: Não vai conseguir! Não vai conseguir! E, de fato, o rapaz não conseguiu."
"Então foi a vez do segundo garoto. Novamente os outros começaram a gritar e ele também não conseguiu."
"A mesma cena se repetiu com os próximos, até que chegou a vez de um outro menino que estivera quieto até então. Ele se aproximou da colina e começou a tentar subir. Novamente os outros começaram a gritar: Não vai conseguir! Não vai conseguir!"
"Entretanto, para a surpresa de todos, o menino conseguiu subir a colina sem problema algum."
"Ele sabia fazer mágica?" perguntou Clow. Sakura fez que não com a cabeça. "Então como ele conseguiu subir?"
"Ele era surdo." respondeu Sakura, simplesmente. Clow fez uma cara de espanto.
"Sabe por quê eu te contei essa história?" perguntou a jovem.
"Não."
"O menino da história era surdo. Assim, ele não ouviu os gritos dos outros garotos e não foi influenciado por eles. Eu te contei esta história para mostrar que você não deve ligar para o que dizem. Não se deixe influenciar pelas opiniões dos outros. Me diga, você quer ser um mago?"
O pequeno balançou a cabeça em confirmação.
"Pois então seja um mago!" respondeu Sakura. "Acredite em si mesmo! Não deixe que as outras pessoas te digam o que você consegue ou não consegue fazer! Você pode ser tudo aquilo que quiser, basta ter fé e acreditar em si mesmo!"
O pequeno Clow fitou Sakura, sem saber ao certo o que dizer. Apenas sorriu e balançou a cabeça, abraçando forte a garota.
"Minha casa não fica longe, podemos ir para lá?" indagou o garoto. Sakura assentiu, levantando-se. Começaram a andar, tendo Clow sempre a frente, indicando o caminho. De quando em quando um pássaro podia ser escutado ou o vento sibilava por entre os imensos pés de bambu.
Enquanto andava, Sakura olhou para o pequeno Clow. A imagem que tinha do mago em sua mente era totalmente diferente daquela criança. A figura imponente de Clow Reed lhe veio à memória e Sakura então finalmente percebeu que, antes de ser um dos maiores magos do mundo e o criador das Cartas que agora lhe pertenciam, Clow era uma pessoa como qualquer outra, com suas próprias alegria e tristezas, medos e angústias. A jovem nunca havia parado para pensar no lado humano do bruxo. Naquele momento, a existência das pessoas se tornou, mesmo que de forma limitada, mais clara para a feiticeira. Sorriu e novamente o pensamento lhe veio à cabeça:
"O mundo é, de fato, muito estranho."
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Após quase meia hora de caminhada, o longo corredor formado pelo bambuzal se abriu, dando lugar a uma campina ampla, onde Sakura pôde divisar um casebre. Era bastante humilde e simples, embora transmitisse uma sensação de conforto e tranqüilidade. As paredes haviam sido erguidas com grandes blocos de pedra, que Sakura desconfiou serem granito. O telhado era inteiramente construído com palha e madeira. A porta e as janelas haviam sido projetadas para poderem aproveitar ao máximo a luz do Sol que incidia sobre a casa.
Não muito longe, um homem aparentando ter uns quarenta anos cortava madeira para lenha com um machado prateado. Sakura se perguntou onde ele conseguira a madeira, uma vez que ela só podia ver bambuzais pelas redondezas.
Ao notar que alguém se aproximava, o homem ergueu os olhos. Pareceu reconhecer o pequeno Clow, logo em seguida desviando o olhar para a jovem que o acompanhava. Fitou-a longamente, embora não demonstrasse qualquer sinal de desaprovação ou censura por ela estar lá.
"Boa tarde." cumprimentou o homem.
"Boa tarde." disse Sakura, aproximando-se. Assim que chegaram perto, Clow correu na direção do senhor, que o abraçou.
"Olá, filho. O que esteve fazendo?"
O menino mostrou o canário que segurava em suas mãos.
"Suppi tinha fugido." respondeu. "A senhorita Sakura me ajudou a encontrá-lo e me acompanhou de volta para casa."
"Foi muito gentil de sua parte." disse uma voz. Da cabana, uma mulher saiu. Devia ter por volta dos trinta e cinco anos e Sakura deduziu ser a mãe do garoto. Os cabelos negros eram cortados na altura dos ombros e os olhos eram castanhos como duas grandes amêndoas. "Obrigada por ajudar meu filho."
"Não foi nada." falou Sakura, sorrindo. "Ele é uma criança muito gentil."
A mãe de Clow sorriu, abraçando o filho. Então, seu pai se aproximou, após levar um punhado de lenha para dentro da casa.
"Sakura, não é mesmo?" perguntou o homem. Sakura assentiu. "Meu nome é John Reed. Esta é minha esposa, Ling Tian. Muito prazer."
"O prazer é meu." disse Sakura polidamente.
"Obrigada por acompanhar meu filho até aqui." falou Ling Tian. Sakura apenas disse que havia sido um prazer. Então, a senhora olhou para cima. "São quase seis horas. Está quase na hora do jantar. Podemos contar com sua presença à mesa, Sakura?"
A jovem concordou. Não havia como recusar. Não havia comido nada o dia todo, estava faminta e o convite havia vindo em uma boa hora.
Viu John entrar no casebre, sendo seguido de perto por Clow. Ling Tian também virou-se e começou a caminhar na direção da casa, fazendo um sinal para que Sakura a acompanhasse. Sem pensar duas vezes, a jovem foi atrás da mulher.
O interior da casa era bastante organizado, exatamente como Sakura imaginou que seria. Bem típico de uma família de magos. Havia uma dezena de estantes com livros, um grande espelho e um incensário. De fato, a casa parecia bem maior do que se vista do lado de fora. A garota imediatamente se recordou do feitiço que Eriol usara para aumentar o interior de sua casa nas montanhas. Provavelmente o encantamento que atuava na pequenina casa era o mesmo.
Assim que entrou, Sakura avistou um menina que brincava entretida com uma boneca de pano. Provavelmente aquela era a irmãzinha do pequeno Clow.
"Sente-se, Sakura." disse Ling Tian. A moça assim o fez. Então, Clow apareceu e sentou-se ao seu lado.
"Aquela é minha irmã, Satsuki." falou o garoto. "Satsuki, fale olá para a senhorita Sakura!"
"Olá!" sussurrou a garotinha, correndo para perto do pai.
"Ela é tímida." disse Clow. Sakura sorriu. Aquele garoto era muito inteligente e esperto, apesar da pouca idade. Ela não podia aceitar a idéia de que seu pai não acreditava em sua capacidade. Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Ling Tian:
"Fiz um bolo de maçãs hoje. Espero que goste, Sakura. Mas antes, vou chamar nossa outra convidada. Parece que hoje é dia de visitas. Ela chegou hoje de manhã, um pouco antes de você." falou a mulher, indo até o corredor. Trocou algumas palavras com alguém, mas Sakura não pôde entender o que diziam. Então, ela voltou, acompanhada por uma mulher muito bonita.
"Katrina!" exclamou Sakura. "O que está fazendo aqui?"
"Ora, mas vocês já se conhecem! Que interessante!" falou a mãe de Clow. "Que bom, neste caso a refeição será bem mais proveitosa!"
"Parece que o Destino ficou ao nosso lado dessa vez." falou Katrina. "Nos encontramos bem rápido, não é mesmo, Sakura?"
A jovem concordou. Katrina então caminhou e sentou-se ao lado da amiga. Sakura observou a wicca se mover com sua habitual graça e leveza e pensou na sorte que tivera por encontrá-la naquele lugar.
"Tomara que nosso encontro seja um bom sinal." falou a moça. "Espero que os ventos do Destino comecem a soprar a nosso favor daqui por diante."
Katrina assentiu. Fez-se um breve silêncio entre as duas mulheres, cortado somente pelo som de uma panela ou outro utensílio doméstico sendo manejado por Ling Tian. Por fim, quando o Sol já havia se escondido no horizonte e a Lua se erguia lentamente, tomando seu lugar no firmamento, a Senhora Reed anunciou o jantar.
Como entrada, tiveram uma terrina onde fumegava uma bela sopa. Depois, foi servido um ótimo cozido, acompanhado de batatas assadas.
Sakura ficou maravilhada com a aparência dos pratos.
"Parece estar ótimo!" exclamou a jovem. John riu.
"Não costumo julgar as coisas pela aparência." falou o homem. "Prefiro comprovar na prática a veracidade dos fatos! Ou, como é o caso, o sabor da comida!"
Katrina riu diante do comentário. O jantar foi bastante prazeroso e Sakura degustou cada prato com vontade, afinal estivera sem comer nada desde cedo, quando acordara pela manhã.
De sobremesa, tiveram o bolo de maçãs que Ling Tian fizera. A família de Clow se mostrou bastante amigável e acolhedora. A conversa se estendeu ainda por muito tempo após o término na refeição. Dado momento, Ling Tian decidiu que era hora das crianças dormirem.
"Ah, mamãe!" protestou o pequeno Clow.
"Nada de mas." falou Ling Tian, enquanto pegava Satsuki no colo. "Já está tarde e amanhã é dia de limpar o estábulo."
Sakura e Katrina riram quando o garoto fez uma careta e proferiu um sonoro "eca!". No instante seguinte as crianças seguiam para seus quartos.
Não demorou muito e Ling Tian retornou ao aposento. Após recolherem a louça, os quatro sentaram-se na sala de visitas, onde a Senhora Reed lhes serviu chá. Sakura ainda pensava na conversa que tivera mais cedo com o pequeno Clow. Observou atentamente o pai do menino, estudando o homem que estava sentado à sua frente. Katrina obviamente notou o olhar penetrante que sua companheira dirigia ao patriarca da família e, em seu habitual tom sereno, perguntou mentalmente à jovem:
"O que houve, Sakura?"
Foi então que a feiticeira achou que o momento era bastante oportuno para iniciar a conversa pela qual ansiara durante todo o dia desde que encontrara-se com John.
"Senhor John." começou a moça, escolhendo com cuidado as palavras. Era um assunto delicado e deveria ser abordado da forma mais amena possível. Além disso, ela tinha que tomar cuidado para que não desse nenhuma pista sobre sua real identidade. "Gostaria de conversar com o senhor sobre Clow."
"Sobre meu filho?" indagou o homem, com uma expressão de curiosidade. "Algum problema com ele?"
"Estivemos conversando hoje pela manhã." disse Sakura, sob o olhar atento de Katrina. "Usei um pequeno feitiço para recuperar seu canário perdido e ele o reconheceu, dizendo que o senhor uma vez usou o mesmo truque."
John escutava atentamente o que Sakura dizia, tomando o cuidado de não deixar nada passar. Havia sentido poderes mágicos naquela garota no instante em que ela se aproximara de sua casa.
"Ele me contou que o senhor é um mago muito poderoso." continuou Sakura. "Clow o admira muito."
John apenas sorriu, acompanhado de Ling Tian.
"Entretanto, ele também me contou das dificuldades que tem para aprender a magia. Gostaria de saber por que o senhor acha que seu filho não pode se tornar um feiticeiro."
O homem pareceu não entender a princípio.
"Como?" indagou.
"Clow me contou que o senhor acredita que ele não tem o Dom da magia."
John se espantou ao ouvir aquilo. Ling Tian imediatamente levou as mãos à boca, encobrindo um suspiro de surpresa.
Sakura estava séria. Katrina viu quando a jovem lhe dirigiu um rápido olhar. Ela, entretanto, continuava calada. Não obstante isso, havia entendido de imediato onde sua jovem companheira pretendia chegar.
"Do que você está falando?" indagou John. "O que meu filho te disse?"
"Conversamos muito hoje e ele se mostrou uma ótima criança. Entretanto, demonstrou grande tristeza devido às suas dificuldades com o aprendizado da magia."
"Durante nossa conversa, ele me disse que o senhor não acreditava em sua capacidade, que não acreditava em seu dom."
John parecia atordoado com as palavras que Sakura lhe dirigia. Nunca pensara que o que dissera pudesse ferir seu filho de forma tão profunda.
"Mas... Eu nunca... Eu não quis..." Ling Tian abraçou o marido, na tentativa de confortá-lo e acalmá-lo.
"Jamais pensamos que Clow tivesse escutado nossa conversa." falou a mulher. "Já faz alguns meses. John e eu estávamos conversando sobre suas dificuldades em aprender magia. Meu marido chegou a comentar que talvez Clow realmente não tivesse o Dom. Eu não quero acreditar nisso, mas a cada dia que passa minha convicção apenas diminui."
"Entendo." disse Sakura. "Entretanto, digo que não devem pensar desse modo. Clow tem um potencial fantástico. Não percam sua fé. Não deixem de acreditar em seu filho, pois sei que um dia ele ainda irá deixá-los muito orgulhosos."
John a encarou profundamente.
"Por acaso sabe de algo que nós não sabemos, senhorita?"
"Talvez." respondeu Sakura, sorrindo. "Mas o que eu sei ou deixo de saber não é relevante. O que importa é que Clow ficou triste com o comentário equivocado que o senhor disse. Sei que não teve a intenção de magoar seu filho, mas o fez. Gostaria de pedir que conversasse com ele. Às vezes, um simples diálogo pode realizar o maior dos milagres."
Katrina sorriu ao lado de Sakura. A jovem falava com muita segurança e convicção e as palavras que proferia eram dotadas de extrema sabedoria. Aquela mulher que se postava diante de Katrina, John e Ling Tian em nada lembrava a Sakura de anos atrás, sua ingenuidade e sua inocência. Fora obrigada a crescer rápido após a morte de Shaoran e, embora poucos houvessem percebido, amadurecera bastante durante os últimos anos. Com efeito, a perda da pessoa amada trouxe consigo uma grande carga de maturidade e bom senso.
Ling Tian suspirou. Então, e por fim, encarando John, colocou-se de pé, curvando-se respeitosamente diante de Sakura.
"Obrigada por ter-nos alertado a respeito do que fizemos. Obrigada por ter reacendido a chama da esperança em meu coração." parou e olhou pela janela. "A noite já vai alta. Peço-lhes que fiquem conosco esta noite. Amanhã, pela manhã, poderão partir se assim desejarem. Mas peço-lhes que passem a noite aqui em nossa humilde casa."
Katrina e Sakura se olharam. Então, sorrindo, concordaram em pernoitar na casa de Shiris. Estavam cansadas e uma viagem no tempo seria demasiado exaustivo para ambas.
Ling Tian guiou suas convidadas até um dos quartos reservados para visitas. O aposento era bastante confortável, embora simples e humilde.
As duas amigas agradeceram. Ling Tian curvou-se, desejando-lhes boa noite. Retirou-se logo em seguida, deixando as duas amigas sozinhas.
Então, ambas deitaram nas camas que haviam no aposento. Desejando boa noite uma a outra, finalmente renderam-se ao cansaço, entregando-se, por fim, aos braços de Morfeu.
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Sakura foi acordada no dia seguinte por um sorridente Clow, que entrara apressado no quarto e pulara na cama em que ela dormia, obrigando-a a se levantar.
"Bom dia, senhorita Sakura" cumprimentou o pequeno, praticamente gritando.
Katrina não pôde deixar de acordar em meio a toda aquela algazarra. Olhou para a amiga, que ainda tinha o sono estampado no rosto. Sorriu.
"Tenha calma, pequeno!" disse. "Parece que Sakura ainda não acordou direito."
O garoto pareceu se acalmar um pouco. Então, espreguiçando-se, a jovem finalmente saiu da cama.
"Isso mesmo!" falou a moça. "Tenha calma! Posso saber qual o motivo de toda essa euforia?"
"Papai cancelou a limpeza dos estábulos!" falou o pequeno, visivelmente excitado. "Disse que vai me ensinar magia hoje. Vamos passar o dia todo juntos! Só nós dois, praticando!"
"Mas que ótima notícia, querido!" exclamou Sakura, abraçando o pequeno e tomando-o em seu colo. Estava feliz por John ter realmente pensado sobre a conversa que haviam tido na noite anterior e decidido ajudar o filho.
Clow desceu do colo da jovem, puxando-a pelas mãos.
"Venha logo tomar café!" falou o menino.
Sakura o seguiu, acompanhada de perto por Katrina, que sorria abertamente. O desjejum foi feito em meio a muitas risadas e conversas. Clow rapidamente comeu e se levantou.
"Vamos logo, papai!" pediu. John sorriu. Imediatamente se levantou, abrindo a porta e dando passagem ao filho.
"Até mais tarde!" falou Ling Tian. "Tenham um bom treino."
John sorriu. Em seguida, fechou a porta atrás de si. Do lugar onde estava, Sakura ficou pensando naquele garotinho. Olhou pela janela e pôde vislumbrar Clow e seu pai caminhando em direção ao imenso bambuzal que circundava a casa. Acompanhou-os com o olhar até que não mais fosse possível enxergá-los.
"Espero que tudo dê certo." murmurou.
"Vai dar." falou Katrina. Sakura sorriu. Então, Ling Tian se levantou, finalmente terminando o desjejum. As duas mulheres se levantaram também, ajudando-a com a louça. Não demorou muito e a mesa estava limpa.
O dia estava claro. Sakura olhou para o céu, quase sem nuvens. Já se passara um dia. Devia voltar, retomar seu caminho. Ela sentia em seu coração a urgência que a missão demandava. Entretanto, não conseguiria sair dali sem antes ver Clow uma vez mais e saber o que havia acontecido durante o treinamento.
"De nada vai adiantar eu me preocupar agora." pensou. Então, sentando-se perto de um pé de bambu, Sakura fechou os olhos e pôs-se a meditar. Ficou escutando os sons ao seu redor, como Katrina a ensinara. Algum tempo depois, desligou-se de tudo e de todos... Sentiu a alma do universo se abrir diante de si, e novamente ela tinha todas as respostas que procurava...
Quando finalmente abriu os olhos de novo, a tarde já chegava ao fim. Levantou-se e seguiu de volta para a casa de Clow, onde Katrina a esperava. Coincidentemente, John voltava naquela mesma hora, juntamente com seu filho.
"E então, como foi?" perguntou a jovem para o pequeno, que corria em sua direção.
"Foi muito bom!" exclamou o pequeno. "Parece que finalmente eu estou começando a aprender! Obrigado por ter me ajudado ontem. Eu não teria conseguido se não fosse pela senhorita."
"Não precisa agradecer, querido." disse Sakura, esboçando um doce sorriso. "Tudo o que você fez hoje foi por mérito próprio. Você sempre pôde fazer isso. Sempre teve capacidade. Só precisava de um pequeno empurrão."
Clow sorriu ainda mais e abraçou Sakura com força. Da porta, Ling Tian e Katrina contemplavam a cena, felizes pelo menino.
Finalmente você encontrou seu caminho, meu querido." falou Sakura. "Agora, por fim, devo partir."
"Mas tão cedo?" indagou Ling Tian.
"Sim, já ficamos aqui mais do que deveríamos." responde Katrina. "O tempo urge. Devemos correr e partir o quanto antes."
Sakura concordou. Entrou na casa e caminhou até o aposento onde havia dormido na noite anterior. Pegou suas coisas e as de Katrina, entregando-as para sua companheira.
"Está na hora." falou. Katrina concordou de imediato.
Despediram-se da família de Clow com um sorriso. Sakura deu um último abraço no garoto, desejando-lhe sorte e abençoando-o.
"Obrigado por tudo!" falou Sakura. "Adeus!"
"Nunca me esquecerei de ti!" falou o pequeno Clow.
Sakura apenas sorriu.
"Eu não teria tanta certeza." pensou. Ela sabia que a lembrança de sua visita poderia ter sérias conseqüências. Então, erguendo uma das mãos, sussurrou algo. Clow e sua família foram tomados de uma estranha sensação de formigamento em todo o corpo.
Ergueram as mãos, acenando para as duas feiticeiras. Sakura e Katrina levaram as mãos ao pingente, tocando de leve a pequena ampulheta dourada. Então, com um estampido, foram envolvidas por uma luz intensa. Clow e sua família instintivamente cobriram os olhos, protegendo-os da claridade. Quando finalmente a luz se dissipou e eles puderam abrir os olhos, Sakura e Katrina já não mais se encontravam paradas onde antes estavam. Apenas a campina se estendia a perder de vista.
Olharam ao redor, tentando descobrir o que faziam exatamente, parados naquele lugar. Entretanto, por mais que pensassem, não conseguiam se lembrar. A única coisa que sentiam e que todos compartilhavam era um estranho sentimento de paz e felicidade. John olhou para Ling Tian e em seguida para Clow e Satsuki. Então, sem dizer uma única palavra, entraram em casa, fechando a porta atrás de si.
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E chegamos ao fim de mais um capítulo. Espero que tenham gostado de lê-lo. Este foi um dos capítulos que eu mais gostei de escrever. Quem diria que um dia Sakura iria ajudar o grande Mago Clow a se tornar um feiticeiro! Os papéis se inverteram de forma bastante interessante, não? E nossa Sakura demonstrou neste capítulo uma sabedoria que jamais antes demonstrou possuir. Vejamos o que aguarda nossa heroína no futuro!
Finalmente agora, com as férias da faculdade, terei mais tempo para escrever. Pretendo dar uma corrida com a história. Portanto, aguardem pois mais capítulos virão em breve!
E já sabem, não é mesmo? Comentários e críticas, podem me escrever! Estarei esperando!
Peace, Love and Hope to all and each one of you. Now and Forever.
Felipe S. Kai