Capítulo Onze — Descoberta
Magno observou Vladimir sair pela porta do quarto com o semblante preocupado. Rapidamente o mago virou-se sobre os calcanhares e caminhou até a escrivaninha abarrotada de livros, onde estivera pesquisando instantes atrás. Juntou os pergaminhos e arrumou o local, guardando o material de volta em sua mala e fechando-a com um cadeado de ferro.
Olhou ao redor, contemplando o quarto onde estava hospedado. O local era bastante confortável. Simples e por isso mesmo sofisticado. Magno fizera o possível para que o local ficasse o mais a seu gosto possível, organizando-o impecavelmente e mantendo uma ordem característica de sua personalidade metódica. Os poucos móveis, que incluíam uma grande cama de colunas, uma cômoda de cedro, um espelho e uma cadeira, além da escrivaninha sobre a qual estivera debruçado nas últimas cinco horas, possuíam um quê de antigo, nem por isso deixando de serem formosos e fora de moda. Do teto, pendia um lustre com uma única lâmpada, que àquela hora estava acesa, trazendo uma claridade peculiar ao aposento.
Olhou pela janela, contemplando a Lua e as estrelas e lutando para afastar as idéias pessimistas que insistiam em aparecer em sua mente cansada. O Guardião do Fogo sabia que, àquela altura dos acontecimentos, o que quer que tivesse que acontecer com o grupo, já tinha acontecido. Restava rezar para que eles pudessem superar as provações que iriam ser colocadas em seu caminho; para que resistissem bravamente como os guerreiros valentes que eram, até que ele pudesse encontrar uma forma de ajudá-los. Pois era isso mesmo que eles eram, cada um deles: guerreiros. Lutavam por um objetivo comum, protegiam aquele mundinho insignificante e, por isso mesmo, tão importante e valioso; lutavam porque acreditavam que o futuro poderia ser melhor.
Ele também lutaria, lutaria com todas as forças para trazê-los de volta sãos e salvos, não importava o custo que tivesse que pagar. Estava determinado a dar a própria vida pela segurança daqueles jovens, quase crianças diante de seus olhos experientes e antigos, que tanto já haviam testemunhado no passado. Ainda tinham tanto a viver, tantas histórias para contar...
Voltou a pensar no pressentimento que havia tido durante a conversa com o Guardião da Terra. A idéia que lhe viera à mente naquele instante ainda o perturbava, dando-lhe os mais diversos motivos para temer. Quisera ele aquela teoria fosse um engano, pois se tal hipótese se confirmasse, então o que eles pensavam serem os motivos do ataque de dois anos atrás estavam completamente errados. Klaus mentira sobre suas razões.
Se a idéia que se formara em sua cabeça naquele momento se revelasse verdade, então Eriol e os outros enfrentavam uma força muito além de suas expectativas, uma entidade cujo poder era de uma magnitude tal que seus poderes seriam insuficientes para enfrentar.
Ergueu a mão, como se quisesse tocar a Lua com a ponta dos dedos. Imediatamente a janela se fechou, trancando-se ao mínimo gesto do mago. Caminhando lentamente, ele sentou-se na cadeira, de frente para a escrivaninha, agora vazia.
Estava cansado, as longas horas de pesquisa lhe haviam consumido mais energias do que ele inicialmente imaginara. Seu corpo precisava de descanso. Inconscientemente espreguiçou-se, terminando por soltar um longo e demorado bocejo.
"Você devia dormir, Magno." disse uma voz, junto ao batente da porta do aposento. Magno abriu os olhou e fitou a figura esguia que se encontrava parada do lado de fora do quarto. Sorriu para a mulher, que retribuiu o gesto, se aproximando. "Você exige demais de si mesmo, meu amigo. Pode ser o líder do Conselho, mas não precisa suportar tudo sozinho."
"Eu sei, Inghrid." tornou o Mago, enquanto a Guardiã da Lua se sentava na cama. "Entretanto a situação é tão enigmática que não pude fazer mais nada além de sentar-me aqui e pesquisar a tarde toda."
"E se perder em meio às suas pesquisas, não é?" interrompeu a maga. "Mesmo sendo o maior dentre nós, Magno, ainda assim tem seus limites como ser humano. Não exija de seu corpo algo muito além do que ele pode suportar."
O Guardião do Fogo sorriu diante da colocação de sua amiga. Realmente, ele estivera tão concentrado e obcecado em desvendar o mistério por trás da Jornada que quase se esquecera de seus limites como homem.
Aquela era uma característica marcante de sua personalidade. Não raramente o mago renegava seus limites em detrimento de suas obrigações, deixando aqueles completamente de lado em prol destes. Só descansava depois de ver uma missão concluída e de saber que tudo dera certo. Já havia discutido com os outros magos sobre isso, mas ninguém podia negar que, em parte, fora justamente por causa daquela teimosia e obstinação que o alemão ganhara o posto de líder. Sua determinação era insuperável e sua força de vontade, inigualável.
Ao longo de sua vida, Magno ouvira muitas pessoas criticarem aquela determinação, vista por muitos como exacerbada. Por causa dela, já havia deixado de fazer muitas coisas, deixado passar muitas oportunidades... Seu noivado fora completamente arruinado e muitos amigos acabaram se afastando. Mas aquilo que era seu principal defeito era também sua maior qualidade. Afinal, por causa daquela mesma determinação ele se tornara um mago tão formidável e justo. Por causa daquela mesma determinação em fazer o que era certo, ajudara tantos judeus durante a Segunda Guerra e lutara tanto para ver arruinada a ditadura de Hitler. Não fosse aquela teimosia, não teria sido eleito Diácono Superior de Berlim nem Líder do Conselho.
O mago ponderou um instante e pesou os resultados de seus atos. E a única conclusão a qual pôde chegar foi que tudo valera a pena. Salvara tantas vidas, dera felicidade a tantas pessoas, que tudo pela qual tinha passado mostrava seu valor perante a humanidade. Afinal, o que era a felicidade de poucos comparada à alegria de muitos?
Suspirou, ainda mergulhado em suas memórias e recordações. Ao seu lado, Inghrid o fitava de forma profunda e respeitosa. Sabia que o mago pensava em seu passado e não teria a indiscrição de interrompê-lo. Ao longo dos anos havia aprendido a respeitar Magno como ninguém. De todos os membros do Conselho, Inghrid era quem estava ao lado de Magno há mais tempo. Dessa forma, era quem melhor o entendia, seus motivos, medos e métodos.
Aproveitou o tempo para refletir também. Assim que Vladimir entrara no salão onde todos estavam, dizendo que Magno ordenara o retorno ao castelo do Conselho, Inghrid soube que algo não ia bem. Conhecendo o mago, ela sabia que se tudo estivesse em ordem ele teria aproveitado o tempo restante para descansar e só voltariam ao castelo no dia seguinte, após um farto desjejum e com um sorriso no rosto por mais uma missão bem sucedida. Entretanto, não fora bem isso que acontecera. Magno aparentava uma seriedade exacerbada que tirava a tranqüilidade da Guardiã da Lua de forma bastante desconcertante.
Olhou através da janela fechada e seus olhos pousaram no astro que representava seus poderes no Conselho. A Lua estava entrando em sua fase minguante, preparando-se para esconder-se no firmamento, envolta em mistérios muito além da compreensão dos simples seres mortais, pessoas comuns, mas que faziam toda a diferença naquele mundo.
Fitou a Lua demoradamente, pedindo ao seu astro regente que lhe concedesse sabedoria e força para os dias que viriam, certamente carregados de questões profundas e que necessitariam de uma profunda e acurada análise.
Ela sorriu ao pensar na palavra análise. Lembrou-se de como tomara contato com o mundo da Magia, ainda em sua adolescência. Sua mãe fora uma bruxa de considerável poder. E foi da maneira mais inusitada que Inghrid tomou conhecimento dos poderes que sua mãe e, por conseguinte, ela possuía.
Uma jovem Inghrid, então com 15 anos de idade, voltava para casa na noite do solstício de verão crente de que todos já dormiam. Entretanto, para seu espanto, havia uma luz azulada em um dos aposentos de sua casa. Movida de intensa curiosidade, ela abriu a porta para ver de que se tratava tal fato, bastante incomum por sinal. Sua surpresa não poderia ter sido maior ao ver sua mãe, realizando o ritual de recepção do solstício.
Inghrid sempre fora uma pessoa racional ao extremo. Por essa razão, aceitar a magia fora algo muito difícil para sua mente analítica e cética. A maga custou a entender que no mundo, nem tudo podia ou devia ser explicado com base na racionalidade. Existiam coisas que não podiam ser definidas com o cérebro, deviam ser sentidas com a alma e o coração. E foi exatamente essa a lição mais difícil de ser aprendida.
Claro que ela não conseguiu negar tais verdades por muito tempo, e os anos trataram de mostrar à feiticeira que sua mente podia pregar truques, ao contrário de sua intuição. Para ela, a lição mais básica foi a mais difícil: aprender a escutar a Alma do Mundo.
"Isso é bastante curioso." ela ouviu uma voz dizer, puxando-a de volta à realidade. Magno a fitava com especial interesse.
"O que disse?"
"Disse que isso é bastante curioso. Não é do teu feitio ficar imersa em teus pensamentos desta forma. Normalmente quem divaga de tal forma e com tal profundidade sou eu. O que acontece contigo, minha amiga?"
Inghrid riu, olhando para o Guardião do Fogo com uma expressão descrente.
"Ora, Magno! Do modo como fala até parece que somente você tem o direito de refletir! Eu estava apenas recordando alguns fatos de meu passado."
"Recordar é sempre bom, se pudermos extrair algo positivo da recordação."
"De fato!" concluiu Inghrid, levantando-se. "Mas não foi para recordar que eu vim até aqui. Vladimir me disse que voltaríamos ao Castelo em uma hora. O que acontece, Magno? Há algo que você não nos contou."
"E não vou contar. Não agora. Quero que todos estejam presentes para que a explicação possa ser, se não mais fácil, mas simples. Desta forma pouparemos tempo e poderemos concentrar nossos esforços nas questões que demandam real atenção."
Inghrid assentiu.
"Que assim seja." murmurou, virando-se e caminhando em direção à porta. Magno viu a silhueta alta da feiticeira sair do aposento e desaparecer em meio à penumbra do corredor.
Terminou rapidamente de arrumar seus pertences e desceu as escadas, encontrando-se com Seyfried e os outros magos no saguão principal do Castelo do Tempo. Rapidamente se dirigiram ao salão do espelho, guiados por um dos membros da Ordem.
Contemplaram pela última vez as paredes de pedra do imenso Castelo antes de cruzarem o portal que os levaria de volta à sede do Conselho.
Um após o outro, os seis mago entraram no espelho, cruzando o portal argênteo que ligava dois lugares sagrados e poderosos, deixando para trás o Castelo do Tempo.
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O espelho no canto do aposento tremeluziu e deixou de refletir os móveis ao redor, assumindo uma tonalidade prateada e fosca, logo em seguida dando passagem a seis magos muito apressados. Colocaram seus pertences no chão, cansados da viagem que, apesar de ser mais rápida do que se feita por outros meios, ainda assim consumia energia daqueles que a realizavam.
Olharam à sua volta. O aposento estava exatamente como da última vez que o viram. Os móveis, em sua habitual harmonia, transmitiam uma ordem que em nada refletia o estado mental daqueles seis companheiros, cuja mente se encontrava num turbilhão imenso e caótico.
Magno gesticulou com a ponta dos dedos, acendendo a lareira e fazendo-a arder com a costumeira chama avermelhada, preenchendo o local com um calor intenso e reconfortante.
Sentaram-se todos nos sofás e poltronas que haviam ao redor da mesinha do centro. Estavam próximas o bastante da lareira para serem aquecidas, mas distantes o suficiente para evitar acidentes inesperados. A disposição dos assentos permitia que todos pudessem enxergar os outros companheiros facilmente, independente da posição e do lugar que tomassem.
Magno fitava os presentes de forma séria e profunda. Imaginava de que modo poderia abordar um assunto tão delicado, que traria consigo um árduo trabalho de pesquisa e reconhecimento.
Havia grande expectativa pairando no ar, rodeando os seis amigos e trazendo pensamentos dos mais diversos, desde indagações e suposições até idéias pessimistas, amedrontadas e obscuras.
Cinco magos encaravam Magno de forma respeitosa, aguardando que o mago se pronunciasse e revelasse os motivos de tamanha correria e apreensão. Cada um deles estava curioso e queriam saber por quê seu líder havia retornado ao palácio tão subitamente. Todos eles haviam visto o mago deixar a sala de rituais do Castelo do Tempo com uma expressão carregada e rígida, sabendo que aquilo significava problemas.
De todos, somente Vladimir parecia ter o mínimo conhecimento a respeito das razões que moviam o Iluminado, seus motivos e suas suspeitas. A conversa que tivera com o Guardião do Fogo fora rápida, mas o suficiente para que ele entendesse que a situação demandava bastante atenção.
Olharam-se sem dizer nada durante um longo tempo, minutos que mais se assemelhavam a dias inteiros, arrastados de forma lenta e pesada. Mas a situação não poderia permanecer daquela forma por mais tempo. Sem conseguir suportar mais aquele silêncio sepulcral, Durval de manifestou:
"Até quando pretendem permanecer desse jeito? Pelo que pude perceber, o problema que nos afeta é bastante profundo. Deveríamos ir logo ao ponto."
Magno concordou e se levantou. Caminhou até o centro, postando-se ao lado da mesinha de madeira onde um vaso com um buquê de flores se mostrava. Correu os olhos em cada um dos presentes de forma decidida, encarando todos com a mesma expressão de autoridade e firmeza.
"O dia todo fui atormentado por uma sensação de perigo, algo que martelava minha mente e meu coração. Tal sensação rodeava os companheiros escolhidos para realizar a Jornada. Receio que nossos amigos estejam correndo um grande risco de vida."
Os cinco magos se entreolharam. A expressão no rosto de Vladimir confirmava o que Magno havia acabado de falar. Sem dizer mais nenhuma palavras, os cinco companheiros se levantaram num sobressalto, exasperados e amedrontados com as alarmantes palavras do Guardião do Fogo.
"Não podemos perder tempo!" exclamou Magno, já caminhando até a porta.
"Tem razão, Magno, não podemos." disse Seyfried, aproximando-se do amigo e colocando a mão em seu ombro. "Nós faremos as pesquisas. Você descansará por essa noite."
O mago olhou para a Guardiã da Água com uma expressão confusa: "Como?"
"Você escutou, Magno." falou Inghrid. "Está cansado, meu amigo. Teu corpo está esgotado. Permita a si mesmo um momento de paz. Durma somente por esta noite e deixe o resto conosco. É só isso que te pedimos, todos nós."
Magno olhou para seus companheiros, que o encaravam de forma profunda e decidida.
"A situação não deixa brechas para tal sossego." disse o mago, sendo prontamente interrompido por Vladimir.
"Sabemos disso. E não deixaremos que tal situação se agrave. Todavia, você já exigiu demais de si mesmo enquanto esteve trancado naquele quarto. Descanse e confie a nós a responsabilidade de tal demanda."
O Guardião não conseguiu responder. Apenas voltou a olhar os cinco magos, que o rodeavam. Percebeu a preocupação de cada um deles e sentiu-se grato por ter amigos tão preciosos.
"Tudo bem, acatarei a decisão da maioria. Entretanto, digo-vos que não há paz, como Inghrid proclamou há pouco. No momento não há calmaria antes da tormenta. Há apenas a tempestade."
Disse isso e deixou o aposento, dirigindo-se rapidamente até seu quarto. Sentia-se profundamente grato em ter ao seu redor pessoas que se preocupavam com ele. Saber que aqueles cinco magos realmente ligavam para sua saúde, e não apenas para sua posição no Conselho, preenchia seu peito com um sentimento morno e reconfortante de bem estar e felicidade.
Adentrou seus aposentos na ala Sul, imediatamente encarando a grande cama de colunas que se postava no centro do dormitório. Os lençóis tinham um quê de antigos, transmitiam uma aparência de não terem sido usados durante muito tempo. E de fato, Magno mal podia se recordar da última vez que precisou dormir naquela cama, embora todos os dias os criados do Castelo tratassem de arrumá-la, deixando-a em um estado impecável para seu mestre.
Deu uma volta no quarto vazio, respirando profundamente a reconfortante aura de tranqüilidade que aquele lugar transmitia. Ainda pensava em como solucionar o mistério que o incomodava, tamanho o incômodo que sentia em seu peito.
Entretanto, vendo que se permanecesse daquele jeito, passaria a noite toda em claro e não descansaria como seus companheiros desejavam, parou. Fechou as pesadas cortinas de algodão que adornavam as janelas de seu quarto e caminhou até sua cama.
Deitou-se lentamente, procurando relaxar e fazendo o possível para afastar os problemas de sua cabeça. Por fim, após alguns longos minutos de luta, onde ele revirava na cama e ajeitava o travesseiro incessantemente, o mago por fim se permitiu adormecer. Lentamente o sono se apoderou de sua mente cansada, arrancando as preocupações que lhe atormentavam, libertando-o dos grilhões de consternação que o prendiam e carregando-o em seus braços até o reino onírico de Morfeu.
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Os cinco magos observaram Magno sair da sala, aliviados por saber que seu líder teria uma noite de descanso decente entre tantas outras em claro. Compreendiam a gravidade da situação, mas não entendiam a mente obstinada de Magno, que não se permitia em nenhum momento relaxar.
Admiravam a conduta responsável do amigo, mas preocupavam-se em demasia com sua saúde se continuasse a agir daquela forma. Afinal, mesmo que a aparência não denunciasse, o Guardião do Fogo já carregava mais de 100 anos em suas costas.
Decidiram, ao cabo de alguns minutos, dar início às pesquisas. Saindo da aconchegante sala, os cinco se dirigiram até a grande e vasta biblioteca que havia no castelo.
Adentraram o local, onde imensas estantes de madeira emergiam do chão e se prolongavam até muito acima de suas cabeças. Em cada uma delas, volumes dos mais variados se mostravam, alguns grandes e grossos. Outros, finos e pequenos, mas nem por isso menos importantes ou menos bonitos.
Correram os olhos pelas prateleiras, contemplando o conteúdo único de cada uma delas. A sabedoria de milhares de anos estava guardada naquelas prateleiras gigantescas, tornando aquele lugar uma fonte de conhecimentos há muito esquecidos pela humanidade.
"Muito bem, pessoal." disse Seyfried com um suspiro. "Vamos começar. Peguem todos os documentos e tomos relacionados à Irmandade de Tenebras dos últimos dois anos. Se temos que descobrir algo, devemos começar pela raiz do problema."
Todos concordaram, meneando a cabeça, e começaram a procurar os referidos documentos, tomando o cuidado de não deixar escapar nada que fosse. Por mais nebulosa que fosse a questão, era consenso geral que o cerne do problema era a Irmandade. Obviamente os acontecimentos dos dois anos anteriores eram mais profundos do que aparentavam à primeira vista.
Sentaram-se na comprida mesa que havia ao centro do salão. A disposição das prateleiras era feita de forma a rodear a mesa, com o objetivo de facilitar o caminho a qualquer uma das estantes independente do lugar que se sentasse.
A iluminação, feita somente com a luz de velas, não representava empecilho algum para a leitura minuciosa e para a dissecação metódica dos pergaminhos. Ao contrário, a chama amarelada das velas de cera branca pareciam fornecer luz mais que suficiente para o estudo cuidadoso que era efetuado em torno daqueles escritos.
As horas se arrastaram, uma após a outra, lenta e demoradamente. Todos os escritos pareciam dar voltas e mais voltas, mas não levavam a lugar nenhum. A impressão que tinham era que algo tentava despistá-los. Ou isso ou estavam procurando no lugar errado.
Vladimir pensava na conversa que tivera com Magno no Castelo do Tempo. Nas palavras do próprio mago, o Destino pregava mais peças do que aparentava. Subitamente, o Guardião da Terra teve uma idéia.
"Estamos fazendo errado. Ampliem o espaço de tempo das pesquisas. Procurem os arquivos da Irmandade de dez anos atrás." proclamou o mago.
"Que quer dizer, Vlad?" indagou Durval, curioso.
"Minha intuição diz que devemos aumentar a área de busca."
Todos imediatamente concordaram e voltaram ao trabalho. Algumas horas mais tarde todo o árduo trabalho começava a mostrar tímidos resultados, embora as pistas ainda fossem escassas e rarefeitas.
O relógio anunciou quatro e meia da madrugada. Os cinco companheiros se espantaram com o tempo em que estiveram absortos em sua tarefa. A concentração era tanta que eles nem sequer perceberam a passagem do tempo.
Continuaram seus afazeres com determinação. Mais algumas horas, e logo o Sol despontava no horizonte, lançando sua luz sobre a Terra. Lentamente o Castelo e seus arredores começaram a acordar para um novo dia. Mas não aqueles cinco. Há muito já estavam com a mente ativa, apressados em encontrar soluções e respostas para suas indagações. E eles encontrariam, definitivamente encontrariam.
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Magno espreguiçou-se em meio aos lençóis, renovado após uma noite de sono decente, a primeira em muitos dias. Sentou-se na beirada da cama, piscando os olhos na tentativa de despertar por completo. Olhou para os lados, ainda um pouco disperso. Finalmente colocou-se em pé, pronto para mais um dia de trabalho. Esperava que seus cinco amigos houvessem tido algum sucesso nas pesquisas que estavam fazendo desde a noite anterior.
Vestiu-se e abriu as cortinas, respirando profundamente o ar revigorante que havia em torno do palácio. Era incrível como, mesmo após mais de 50 anos, aquele lugar ainda continuava a fasciná-lo.
Virou-se sobre os calcanhares, caminhando imponentemente até a porta e girando a maçaneta. Um dos criados já o esperava do lado de fora, tendo nas mãos uma caixa. Adentrou o aposento tão logo Magno o deixou, pondo-se a arrumar o local para deixá-lo novamente impecável para quando seu mestre tivesse que usá-lo novamente.
Percorreu o corredor que ligava a ala Sul às demais alas do Castelo, vendo o incessante ir e vir de criados, absortos em suas tarefas, transmitindo uma aparência de eficácia, perfeitamente integrados em uma malha de presumida eficiência. Pensou no que seria do Castelo sem todos aqueles empregados, que se encarregavam, diariamente, de mantê-lo em ordem e harmonia.
O mago olhou à sua volta, contemplando toda aquela gente. Pessoas comuns, mas que faziam toda a diferença. Pensou em tudo o que ocorrera ao longo da história da humanidade. Não teria, ela mesma, sido feita por pessoas como aquelas? Pessoas normais que, por sua bravura e força de vontade, haviam mudado os rumos dos fatos! Tanto se falava de Napoleão, Hitler, Joana D'arc, Vasco da Gama e tantos outros, mas quem realmente fazia toda a diferença eram as pessoas pequenas. Pequenas e por isso mesmo grandiosas!
Que teria sido de Napoleão sem todas as pessoas que o rodeavam? Será que Hitler teria chegado onde chegou sem seus acessores e empregados? Teria Vasco da Gama chegado às Índias não fosse aqueles que construíram seu navio, mas que nunca foram mencionados em livro algum? Ele duvidava muito.
Ponderou consigo mesmo, chegando à conclusão de que o mundo não estava nas mãos dos gigantes, mas sim dos humildes, que continuavam dia após dia, lutando para simplesmente viver.
Cruzou o pátio central, adentrando a ala Oeste, onde ficava a biblioteca. Os longos corredores se cruzavam perfeitamente, levando a várias partes do castelo. Seria muito fácil para alguém desacostumado com tudo aquilo se perder em meio àqueles corredores. Mas não Magno, que conhecia o castelo como a palma de sua mão. Em poucos minutos ele cruzava as portas da biblioteca e adentrava o imenso salão, sendo prontamente cumprimentado por seus amigos e companheiros de trabalho.
"Muito bem, o que descobristes?" indagou o mago.
"Bom dia para você também, Magno." interpelou Anna com um sorriso. "As pesquisas estão rendendo alguns frutos, muito embora nós ainda não possamos colhê-los, uma vez que ainda não amadureceram."
"Entendo." disse o Guardião do Fogo. "Mas o que foi que encontraram?"
"Apenas pistas esparsas sobre algumas atividades da Irmandade na última década. Segundo alguns registros, nos últimos dez anos houve uma movimentação bastante incomum dentro de um setor interno da Ordem. Atitudes bastante suspeitas. Tentamos ampliar ainda mais a linha de tempo, mas os relatos se perdem na neblina. A partir de um certo momento os dados são nebulosos ou dúbios, o que confunde nossas pesquisas e acaba trazendo resultados incertos."
"Compreendo. Fizestes um excelente trabalho, todos vós! Parabéns!"
"Obrigado, Magno. Entretanto, muito trabalho ainda deve ser feito." falou Seyfried. Todos concordaram e Magno sentou-se junto ao grupo, no intuito de ajudar a finalizar as pesquisas.
O Guardião do Fogo contemplou as dezenas de pergaminhos espalhados sobre a grande mesa de madeira. A luz amarelada das velas se mesclava à luz do sol, que entrava pelas altas janelas que rodeavam o salão e adquiria tonalidades multicoloridas pelos belos vitrais, minuciosamente trabalhados, que adornavam cada uma daquelas janelas.
É dito que duas cabeças pensam melhor que uma única. Que dizer então de seis das cabeças mais geniais de que se tem notícia? Se havia algo que não existia para o Conselho era o impossível. A inabalável força de vontade de cada um daqueles magos em muito transpunha os limites da normalidade e os elevava a pessoas realmente fabulosas. Sua determinação não encontrava paralelos em qualquer lugar que fosse.
E foi com essa determinação incessante que prosseguiram, minuto após minuto, hora após hora. Todos os volumes que se acumulavam sobre a mesa de cedro tinham seu conhecimento minuciosamente dissecado perante a leitura cuidadosa e sistemática de cada mago.
Já haviam reunido muito material quando o relógio anunciou meio dia. Decidiram, ao cabo de alguns minutos, fazer um pequeno e rápido intervalo para o almoço. Levantaram-se lentamente, sentindo os ossos cansados de seus corpos estalarem e caminharam até a ampla sala de jantar, com a comprida mesa de marfim ao centro, onde a refeição foi servida.
Conquanto aproveitassem aquele pequeno momento de tranqüilidade, suas mentes ainda se encontravam concentradas nas informações contidas nos registros da biblioteca, sem dúvida bastante perturbadores, em parte por sua nebulosidade incomum, em parte por sua carga de indubitável ameaça.
E foi naquele momento, enquanto pensava no conteúdo enigmático dos textos encontrados, que o Líder do Conselho lembrou-se de uma coisa:
"Até onde eu sei, Klaus queria as cartas para ele."
Levantou-se num rompante:
"Mas se fosse somente isso, a Irmandade não teria enviado ninguém para substituí-lo."
Seu rosto estava lívido, profundamente perturbado pelas lembranças que lhe atingiam naquele momento:
"Eles somente enviariam alguém caso o membro anterior tivesse sido eliminado em alguma missão para a Ordem."
Fechou os olhos, à medida que o diálogo que tivera com Eriol e os outros feiticeiros na noite da audiência lhe voltava à memória:
"E você acredita que a Irmandade estava por trás da atuação de Klaus, não é?"
Empurrou a cadeira e saiu do salão a passos largos e apressados, sendo logo acompanhado dos outros cinco magos, que o seguiram sem pestanejar. Percorreram os longos corredores de volta à biblioteca e logo Magno estava revirando arquivos antigos do século XIX.
"O que procura com tanto desespero, Magno?" inquiriu Anna, levemente preocupada com a atitude do amigo.
"Encontrai tudo o que puderdes sobre o ataque de Klaus von Karajan contra Clow Reed em sua encarnação passada. Minha intuição me diz que é lá que encontraremos a chave para juntar todas as pistas que juntamos."
Os cinco trocaram olhares confidentes. Cada um daqueles rostos transmitiam uma única certeza: agora sim as coisas andariam; Magno tivera um de seus súbitos clarões intuitivos.
Sem perder tempo, puseram-se a buscar nas pastas e arquivos todos os registros que Clow escrevera quando vivo após a época de criação das Cartas que levavam seu nome e que, posteriormente, haviam sido transmitidas a Sakura como legado de sua existência.
Os documentos estavam em um estado bastante frágil devido aos vários anos de existência desde sua formulação, o que demandou especial cuidado por parte de cada um deles para não destruir ou danificar nenhum daqueles escritos tão antigos, raros e importantes.
Voltaram a se sentar, na incumbência de encontrar o ponto de conexão entre todas as pistas e estabelecer uma ponte de ligação entre passado e presente. Magno sentiam em seu coração que as respostas estavam naqueles documentos velhos.
Tal intuição, mais uma vez, se mostrou verdadeira, tão logo começaram a vasculhar os antigos registros que Clow fizera de sua vida.
Descartados alguns pergaminhos que nada continham de útil, Magno finalmente encontrou o que procurava:
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Londres, 19 de Maio de 1812
As coisas estão se agravando. Deixei Hong Kong há dois dias e mudei-me para a Inglaterra no intuito de despistar meu perseguidor, esperando que desistisse de me procurar. Todavia, parece que meus esforços foram inúteis. Quem quer que seja, tem um talento sobrenatural para perseguir pessoas. Sinto-me como uma presa que foge de seu caçador.
Londres está imensamente diferente da última vez que a visitei. Os tempos de modernidade estão, de fato, chegando. A chamada Revolução Industrial tomou todo o país. A invenção da máquina a vapor trouxe grande dinamismo à produção. Já não vejo mais os artesãos que costumavam abrir suas portas nas ruas. Imagino onde toda essa tecnologia vai nos levar.
Tentei com todas as forças interceptar o rastro de meu oponente ou encontrar vestígios de seu poder, mas uma densa sombra se ergue no horizonte e encobre meus olhos, bloqueando meus sentidos por completo. Acreditar que existe alguém com tal capacidade de dissimulação é até certo ponto inverossímil. Custo a compreender tal fato.
Kerberus e Yue estão agitados. Este último principalmente, e sua inquietação me perturba em demasia. Não é comum a sua pessoa ficar consternado de tal forma e com tal intensidade. Ele afirma que a Lua está inquieta e que seu astro guardião lhe sussurra no ouvido o perigo que se aproxima.
Kerberus, como não podia deixar de ser, está impaciente e apreensivo. Talvez tal dissimulação por parte de meu algoz atice o espírito guerreiro que queima dentro de seu coração felino. Não posso culpá-lo.
Não posso usar meus poderes em potência total sob o risco de ser descoberto em meu atual refúgio, mas espero poder solucionar esse mistério o quanto antes.
Que Deus me ajude.
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Londres, 22 de Maio de 1812
Finalmente meu perseguidor revelou sua face perante minha presença. É Klaus von Karajan, acólito da Irmandade de Tenebras, Ordem de magia ancestral fundada pelas próprias entidades do submundo inferior.
O Sacerdote disse que queria as cartas. Imagino como ele tomou conhecimento de sua existência, uma vez que sua criação constitui fato recente. Creio que a Irmandade tem seus próprios métodos sombrios e ilícitos para obter tais informações.
Kerberus está machucado. Sua impulsividade o levou a cometer a imprudência de atacar o bruxo diretamente, sem sequer conhecer suas habilidades e conhecimentos. Em momentos como esse penso se foi realmente sábio dar a Kerberus sua personalidade explosiva e impetuosa.
Yue está calado. Suas suspeitas se consumaram, mesmo que ele não desejasse por tal coisa. Quando indagado pelos motivos de somente ele ter sentido a ameaça e Kerberus não, pude apenas explicar que tudo tem relação com os astros que regem cada um deles.
Kerberus é ligado ao Sol, ao calor, ao fogo. Assim, está também ligado à verdade, à espontaneidade e extroversão.
Yue, no entanto, é regido pela Lua, que caracteriza o frio, a noite, estando relacionado à introspecção e dissimulação, sobriedade e reflexão. Eis o motivo de Yue ter sentido a aproximação do perigo, pois este se escondeu sob o véu da noite, quando seus poderes estão no auge de sua plenitude.
Entretanto, se a atitude do meu querido guardião Kerberus foi precipitada, em contrapartida pôde me fazer visualizar parte da capacidade de Klaus. O poder do sacerdote é grande, o que me traz grande preocupação. Temo as conseqüências que um confronto direto contra o bruxo possa causar. Muitas vidas seriam arriscadas e perdidas. Preciso pensar em algo e rápido. O tempo urge.
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Londres, 25 de Maio de 1812
Satsuki chegou de Hong Kong para me ajudar. Pergunto-me como ela me encontrou. Segundo ela, porque estamos ligados por amor fraterno. Não posso discordar totalmente de suas palavras.
Preocupa-me, entretanto, sua segurança. Satsuki é forte, não posso negar, mas uma sensação me perturba a alma. Não posso mandá-la embora, sei que ela não iria mesmo que eu pedisse. Resta, assim, zelar por sua segurança, protegê-la com todas as minhas forças.
Não posso negar, contudo, que sua presença em muito acalma e conforta meu espírito preocupado. Fico feliz por tê-la ao meu lado. Juntos iremos resolver tudo de uma vez por todas.
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Hong Kong, 30 de Maio de 1812
Finalmente terminou. Tudo está acabado, mas a que preço? Kerberus e Yue estão seriamente feridos, uma grande fábrica de tecidos foi inteiramente destruída durante o combate e Satsuki, minha amada irmã, pereceu vítima dos poderes sinistros de Klaus.
Ainda agora, dois dias após o ocorrido, lamento tamanho infortúnio. Imagino se, caso tivéssemos esperado mais um pouco, nos reservado mais um pouco, tudo não poderia ter sido diferente. Infelizmente, a única resposta a qual posso chegar é que tudo deveria acontecer. Foi inevitável. Mas tal pensamento não pode diminuir meu pesar. A inquietação na alma daqueles que ficaram não pode ser amenizada pela lembrança daqueles que se foram.
Voltamos a Hong Kong hoje pela manhã, para sepultar o corpo de minha querida Satsuki. Creio que além disso, um diálogo com meus dois guardiões será necessário. Devo lhes explicar em que constitui a Morte.
Ademais, preocupa-me o pressentimento de que havia mais nisso tudo do que eu pude perceber. A obstinação de Klaus me pareceu excessiva, beirando o desespero. Pergunto-me se seu interesse se limitava tão somente às cartas ou se tal desculpa ocultava motivos maiores. Esta dúvida, entretanto, levarei comigo para sempre.
Kerberus e Yue estão indignados porque eu permiti a Klaus escapar com vida. Entretanto, acredito que vidas demais foram arriscadas e perdidas nesta batalha. Tirar vidas não está no nosso direito. Não compete a mim punir de tal forma. Mas Klaus ficou seriamente machucado. Os ferimentos que lhe causei não deixarão marcas somente em seu corpo, mas também em sua alma. Resta-me apenas rezar para que, a partir de agora, tenhamos um pouco de paz. E se algo tiver que acontecer, estarei aguardando atento.
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Magno terminou de ler os pergaminhos, ainda espantado com o relato que acabara de ver. Era óbvio que Klaus não queria as cartas somente para benefício próprio. Suas razões escondiam motivos muito maiores e mais profundos.
Levantou-se, já sabendo onde deveria procurar informações sobre o Sacerdote negro. Os arquivos da biblioteca do Conselho eram grandes, mas só havia um lugar com registros completos das atividades da Irmandade de Tenebras: a sede dos Iluminados.
Despediu-se rapidamente de seus companheiros, dirigindo-se até a conhecida sala do espelho. Atravessou o portal que ligava o castelo à sede principal de sua Ordem, sendo recepcionado por um dos vigias que guardavam o local.
Cruzou a porta de madeira e caminhou pelos corredores harmoniosos até chegar ao salão do Círculo Interno. Lá estavam alguns membros mais elevados da Ordem, que pararam de conversar e viraram-se para ver quem chegava. Sua expressão demonstrou surpresa ao se depararem com o mago.
"Magno!" exclamou um deles. "Há quando tempo, meu amigo. Que te trazes até aqui? Pensei que estavas ocupado com assuntos do Conselho!"
"Pois são exatamente assuntos do Conselho que me trazem até aqui, Rolland. Poderias me fornecer as chaves da ala privativa da biblioteca?"
O semblante de Rolland imediatamente adquiriu feições sérias ao ouvir a requisição do colega. A ala privativa era restrita somente aos membros do Círculo Interno, e mesmo estes a utilizavam muito pouco. Sua necessidade indicava a ocorrência de problemas.
"O que queres na ala privativa? Precisas de ajuda?" indagou.
"Tais motivos são por demais densos para serem explicados em poucas palavras. Mas aceito tua ajuda, ela será bem vinda. Posso explicar-te brevemente enquanto pesquisamos."
Rolland concordou e se virou, entrando em uma saleta próxima. Saiu de lá com um molho de chaves nas mãos e rapidamente tomou a direção da biblioteca, acompanhado de perto por Magno.
Enquanto caminhavam, o mago lhe contou o problema que o afligia, recebendo olhares espantados do companheiro.
Sentaram-se com pressa, reunindo o máximo de material disponível sobre a Irmandade de Tenebras. Não precisaram procurar muito para encontrar o que queriam. Após quase duas horas, Magno e Rolland encontraram um arquivo de registro que relatava algumas atividades comandadas dentro da ordem que já tomavam alguns séculos. Rituais estranhos e invocações duvidosas permeavam as páginas amareladas daqueles pergaminhos.
Magno correu os olhos, cada vez mais espantados, pelo conteúdo dos pergaminhos. Conforme prosseguia com a leitura, seu coração disparava e acelerava. Ao final de suas pesquisas, apenas a certeza de que suas suspeitas estavam certas e o destino guardava terríveis provações aos seis jovens. Conforme dissera para Inghrid, não existia a calmaria antes da tormenta, havia apenas a tempestade. E naquele momento ela ameaçava despencar sobre suas cabeças a qualquer instante.
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Nome: Seyfried/ Victoria Strahd
País de Origem: Atlântida/ Hungria
Idade: Atualmente está com 40 anos. Sua idade real é desconhecida.
Data de Nascimento: Sua atual encarnação nasceu no dia 23 de Agosto de 1966
Tipo Sanguíneo: A+
Elemento Regente: Água
Ocupação: Guardiã da Água do Supremo Conselho de Magos e Pontífice Magister do Círculo Interno dos Magos Atlantes.
Passatempo: Ler, estudar História, praticar natação, pesquisar meios de reunir seu povo para a chamada "Nova Atlântida".
Ficha pessoal: Seyfried foi a Rainha de Atlântida antes de sua destruição e mesmo após coroada, preferia o título de princesa ao de rainha, por acreditar que o Rei de Atlântida era Poseidon, o Deus dos Mares.
Possuidora de uma afinidade fora do comum com a água e dona de um poder incomensurável, era capaz de guiar embarcações aliadas durante tempestades bem como afundar navios inimigos com um movimento de seus dedos.
Após o desastre que consumiu sua terra natal, Seyfried, assim como todo o povo de Atlântida, foi condenada a vagar eternamente pela Terra, fadada a relembrar suas encarnações.
Ao longo de suas idas e vindas, Seyfried foi a responsável por diversos feitos extraordinários. Lutou durante todo o tempo em que o Tribunal da Inquisição ficou ativo, tentando por tudo desestruturar suas bases e evitar a caçada às bruxas. Foi quem guiou o navio de Bartolomeu Dias e o ajudou a dobrar o Cabo das Tormentas.
Atualmente, quando está afastada do mundo da magia, Seyfried leciona História Antiga em uma escola da Suíça.
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Chegamos ao final de mais um capítulo, bastante conturbado por sinal. Magno aparenta ter descoberto alguma coisa muito grave a respeito da Sagrada Irmandade de Tenebras. Que conseqüências tal descoberta irá trazer? Aguardem e verão!
Esse capítulo demorou mais que o previsto para sair. Primeiro porque meus horários estão uma loucura. Segundo, passei por um período de falta de inspiração. Terceiro, quando eu estava quase terminando de escrever, o arquivo foi corrompido e eu perdi quase um terço do texto. Tive que reescrever tudo de novo, de cabeça, com algumas modificações, já que eu não lembrava de tudo com detalhes. Mas o bom é que tudo deu certo!
Obrigado a todos os reviews! Fico muito feliz que minha história esteja agradando tanto! A Harumi até falou que merecia um contrato com o CLAMP! #^_^# Valeu, Harumi!
Agradecimentos especiais à Talita, que conversou outro dia comigo e elevou minha inspiração à estratosfera (te adoro); à Stella, cujas conversas sempre me animam (obrigado); e à Bruna, que sempre me inspira, me apóia e me estimula a continuar (você sabe).
No mais, vou ficando por aqui. Até o próximo capítulo!
Peace, Love and Hope to all and each one of you. Now and Forever.
Felipe S. Kai