Capítulo Treze - A Sinfonia da Inquisição
O som daquela procissão insana e caótica lhes chegava aos ouvidos, atiçando-lhes o medo de uma forma descomunal. Cada brado, cada sílaba pronunciada pelas vozes ensandecidas pelo ódio e pela ira lhes parecia pior que o golpe de uma lança contra seus corações entristecidos. Deus, estava tudo errado, não era para tudo aquilo estar acontecendo, não era para ter terminado daquele jeito! O que haviam feito de errado afinal? Não tinham machucado ninguém, não tinham feito mal a nenhuma pessoa daquele vilarejo, então por quê?
Katherin fechou as cortinas rapidamente, ao mesmo tempo em que pronunciava uma enxurrada de amargos palavrões. Na cama ao seu lado, seu marido repousava, com um profundo ferimento no peito, que lhe dificultava a respiração.
Sentada não muito longe, encostada na parede, uma criança ainda soluçava, abraçada contra os próprios joelhos. O medo em seu rosto inocente era visível, estampado naquelas feições angelicais como cinzeladas precisas de um escultor sobre a pedra de seu ofício. Todavia, Katherin sabia que aquelas pessoas não se sensibilizariam com o choro de uma criança.
Voltou a olhar pelas janelas. Àquela altura dos acontecimentos, a mulher já podia visualizar ao longe a luz das inúmeras tochas acesas, todas em direção à sua casa. As chamas que queimavam naquelas tochas lançavam-lhe um grotesco e medonho sorriso amarelado. Cada uma delas lhe parecia a própria imagem do demônio, trazida à vida por todos aqueles aldeões enfurecidos. O mesmo fogo que um dia lhe dera calor e conforto naquele momento a assombrava, proclamando sua condenação.
"God Father, be merciful... Help us Father!" pediu a mulher, sem ter mais nenhuma outra opção. Estavam encurralados, seu marido estava ferido, sua filha chorava sem parar. Ao longe chegavam os gritos dos aldeões, que feriam seus ouvidos e seu peito cansado.
"Kill the Devil and his family! Burn them all!" diziam as pessoas do lado de fora.
O choro da menina aumentou, assustada que estava com a gigantesca comoção que se desenrolava do lado de fora do casebre.
Katherin sentou-se na beira da cama, ao lado do marido. Não sabia ao certo o que fazer, pela primeira vez não sabia o que fazer. Sentia-se completamente impotente diante daquela multidão furiosa. O desespero lentamente tomava sua alma, projetando nas paredes de sua mente cansada quadros de pesadelos que se fixavam para assombrá-la.
Este certamente é o fim, pensava a mulher. Estava certa disso, não tinha esperanças de escapar ao cerco com vida. Suas forças já estavam por demais debilitadas para resistir e seu marido estava gravemente ferido.
Olhou ao redor e seus olhos pousaram sobre sua filha. Sentiu pena daquela criança, ainda tão inocente, tão pura. A completa ignorância da crueldade da vida podia ser evidenciada pela aparência de fragilidade daquele ser pequenino.
Levantou-se num rompante ao ouvir uma violenta batida na porta.
"Get out, Devils!" gritou um dos aldeões. "Get out, otherwise you will be burned with the house!"
Então era isso, o fim havia chegado para ela e sua família. Depois de tantos esforços, seu destino se mostrava negro como piche e determinava a sorte de sua família como um carrasco que condena seu réu.
Outra batida. Tinha que fazer alguma coisa. Sua filha, precisava ao menos salvar sua filha.
"Dawn!" chamou, aproximando-se da menina lentamente. Dawn olhou para a mãe com os olhos marejados. Katherin fitou a garota com carinho. "Listen, my daughter, thou shall run away."
"I don't want to leave thy side, mama!" soluçou a pequena.
"Thou hast to. Listen, my dear, and listen well. Thou shall escape. Run. Run and do not look back until thou get to the forest. Hide there, do not let these people see thee."
E antes que a menina pudesse fazer qualquer coisa, Katherin usou suas últimas forças para transportá-la para a campina que havia há alguns metros da casa. Dawn viu seu próprio corpo brilhar intensamente, antes de fechar os olhos com força. Quando voltou a abri-los, não estava mais perto de sua mãe.
Dentro da cabana, Katherin rezava por sua pequena. Dawn tinha que escapar. Ela não merecia tudo aquilo.
"May the Grace that was given to me be passed to her." sussurrou a mulher.
Ao longe, Dawn contemplava a casa onde estivera há momentos atrás. Ao redor dela, inúmeras pessoas se postavam, rodeando a pequena construção como chacais à espreita de sua presa. O desespero começou a tomar seu coraçãozinho, já há muito despedaçado.
Lembrou-se das palavras de sua mãe. Não queria, mas se forçou a correr o mais rápido que pôde até a entrada da densa floresta que havia ao fim daquela elevação. Parou uma vez mais e tornou a olhar para trás. Os gritos insanos daquelas pessoas chegavam ao longe, pungentes, ferindo seus ouvidos e atormentando sua alma.
"Devils! Kill them all!" era o que as vozes proclamavam em sua demência infinita.
As lágrimas corriam incessantemente pela face rosada da menina, arrancando-lhe soluços e gemidos de medo, dor e tristeza.
Fechou os olhos com força, querendo que aquele pesadelo pudesse terminar. Quando tornou a abri-los, pôde ver o casebre onde estivera há alguns instantes atrás sendo completamente consumido pelo fogo. Do lado de fora, as pessoas comemoravam, erguendo suas tochas para os céus e louvando algo que suas mentes obstinadas insistiam em chamar de Deus.
"Mama... Papa..." murmurou a pequena. Estava cansada de fugir daquele jeito. Não tinha mais forças nem vontade de correr. Queria poder descansar, não queria mais viver com medo, não queria mais sofrer... Queria apenas encontrar felicidade... Felicidade, aquela palavra simples de cinco sílabas, dez letras. Aquela palavra mágica que ninguém precisa explicar, mas todos conhecem o significado.
O casebre agora estava completamente inflamado pela ira daqueles aldeões. Era noite e a Lua se escondia sob o véu do desconhecimento. Na treva que rodeava aquele lugar, a única luz que se via era a da casa em chamas e das dezenas de tochas que continuavam sua dança macabra ao redor da cabana.
O fogo lentamente consumiu a humilde construção de madeira e palha, carregando consigo os sonhos e as esperanças daquela menina. Lá, ao longe, ela observava sua vida se despedaçar em um espetáculo de cores e luzes que em nada refletiam as emoções que dominavam seu peito naquele momento. E o fogo brilhou ainda mais, iluminando o céu naquela noite sem Lua, e se elevando às alturas para brindar os aldeões com sua pureza e para assombrar Dawn com sua força destruidora.
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Sakura abriu os olhos lentamente, após minutos incessantes percorrendo o abismo entre as eras. Estava cansada, a viagem fora realmente estafante. Logo ao seu lado, Katrina se fez ver, aparecendo com sua habitual graciosidade de trás de um antigo carvalho.
Estava escuro, era noite. No céu, a Lua estava em seu quarto minguante, brilhando junto com as estrelas e lançando sua luz escassa por entre os galhos e folhas de todas aquelas árvores, que se entrelaçavam em uma intrincada malha esverdeada. Exceto por algumas corujas aqui e acolá, nenhum som podia ser percebido. Entretanto o silêncio não era de todo um incômodo. De fato, estava longe de ser, trazia consigo a reflexão dos raios que a Lua lançava com sensualidade.
Contemplou o luar por entre as copas das árvores. A visão da Lua sempre lhe parecera sensual, bela, tocante e naquele momento, filtrada pelas folhas e galhos daquele bosque, a rainha da noite adquiria um aspecto ainda mais surreal e etéreo.
Suspirou, ainda envolta naquele manto irreal formado pelo encontro conflitante de luz e sombras que dividiam o mesmo espaço. Deteve seu olhar por um momento no bosque ao seu redor até que seus olhos cruzaram com os de Katrina. Sorriram mutuamente, satisfeitas em pelo menos poderem estar em companhia uma da outra. De seu bolso saiu Spinel, que voou ao redor das duas feiticeiras, pousando no ombro de Sakura logo em seguida.
"Onde estamos?" indagou o pequeno tentando reconhecer o lugar.
"Não sabemos ainda, mas tenho certeza de que logo iremos descobrir." falou Katrina, estreitando os olhos na tentativa de recolher pistas.
"Assim espero!" proclamou Sakura, suspirando e esticando os braços acima da cabeça, sentido seus ossos cansados estalarem.
Passaram a caminhar por entre aquelas árvores. Com passos firmes e decididos, buscavam respostas para as questões que pairavam, na tentativa de descobrir onde se encontravam.
Notou que a fraca luz da Lua não era suficientemente forte para iluminar o caminho que tinham diante de si — se é que realmente tinham um caminho a seguir.
"Está escuro..." murmurou Sakura, forçando os olhos. "Em horas como esta eu penso como deve ser horrível ser cego."
"Ora, nada que não possa ser resolvido." falou Katrina em tom simples. Ergueu uma das mãos a sua frente, com a palma virada para cima. Sakura e Spinel sentiram uma ligeira mudança no padrão energético do lugar, como se as energias ao redor da feiticeira fossem condensadas em um único lugar. Não durou mais que alguns segundos e logo um pequeno ponto luminoso se fez ver sobre sua mão espalmada. A minúscula esfera luminosa flutuou logo a frente dos três companheiros, fornecendo-lhes luz e calor.
"Que lindo!" exclamou Sakura. "Gostaria de saber fazer isso."
"Por que não tenta?" indagou a maga.
"Eu não sei se posso. Nunca aprendi a fazer nada disso. Minha magia ainda depende muito das cartas."
"Sua magia depende da sua fé." replicou Katrina, pousando a mão no ombro da jovem. "A magia nada mais é que o poder de acreditar, ela consiste simplesmente em saber sentir o universo ao seu redor e utilizar as energias deste mundo de acordo com seus desejos e sentimentos. Feche os olhos e concentre-se."
Sakura sorriu e fez o que Katrina havia pedido. Ouvia o sibilar que a brisa noturna fazia ao passar entre os galhos das árvores, balançando-os levemente e fazendo-os roçarem uns nos outros, produzindo um chocalho natural e relaxante.
"Agora, sinta o ambiente ao seu redor, sinta como todos os elementos interagem entre si e encontre um ponto de sintonia entre tudo."
A jovem concentrou-se ao máximo e logo passou a sentir a aura cálida que era emanada pela própria terra. Era uma aura diferente; acolhedora e familiar, mas ao mesmo tempo distante e estranha. E mesmo parada com olhos fechados, Sakura percebeu que podia sentir e tocar todas aquelas árvores, cada uma delas estava ao seu alcance. Sentia Katrina ao seu lado e Spinel voando perto de sua cabeça.
Sorriu ao sentir o timbre suave que aquela energia possuía. Lentamente ela sentiu aquela aura sintonizar-se com a sua própria, e foi então que ouviu novamente a voz de Katrina.
"Relaxe e faça toda essa energia confluir para um único ponto. Traga tudo para a palma de sua mão e imagine-se acendendo uma lâmpada, mas ao invés de usar energia elétrica, use essa energia para acender o ar sobre sua mão."
A garota empertigou-se e relaxou, sentindo a palma de sua mão esquentar. Quanto abriu os olhos de novo, uma pequenina esfera luminosa flutuava sobre sua mão espalmada, indo logo se juntar à outra, criada por Katrina.
A Guardiã da Luz olhou satisfeita para a jovem e lançou-lhe um sorriso de aprovação. Sakura sorriu de volta, orgulhosa de si mesma pelo que tinha feito.
Voltaram a contemplar o caminho que se abria logo adiante. Uma pequena trilha se fazia ver, iluminada pelas duas pequeninas esferas luminosas e pelas estrelas que fulgiam no topo do firmamento. Caminharam por alguns minutos, passando por carvalhos e freixos, sempre guiadas pelas esferas de luz que flutuavam logo a frente.
Não demorou muito e logo uma cidadela pôde ser vista ao longe, erguida em meio a um vale. O interior das construções era iluminado pela luz de velas e lampiões alimentados a óleo animal. Entretanto, exceto pelas tavernas e bordéis, o movimento perceptível era quase nulo. Nas janelas, réstias de alho e arranjos de arruda compunham um adorno bastante singular.
Ainda contemplando a cidade, as duas companheiras desceram a colina até chegarem perto da entrada principal, onde uma estradinha de terra calcada e pedras — aparentemente a única rua pavimentada do local —, levava à maior estalagem que aquela vila possuía: o Unicórnio Perolado.
"É um belo nome." proclamou Katrina.
"Me lembra de nomes de tavernas que li em livros de fantasia." murmurou Sakura, pensativa. Ambas sorriram diante da colocação. De fato, parecia que estavam em um cenário digno dos maiores romances de fantasia medieval, com todas aquelas casas de palha e madeira, as ruas de terra batida, as velas e lampiões. O ambiente era inegavelmente irreal, muito embora a realidade, após todos aqueles acontecimentos, já não pudesse ser tão facilmente distinguida da ilusão.
Cruzaram a entrada principal e passaram a caminhar pela rua de pedra, prestando atenção ao ambiente ao seu redor. Um súbito silêncio recaiu sobre as duas, à medida que uma estranha sensação de desconforto passou a tomar seus corações e inquietar suas almas. A cada passo que davam sentiam uma crescente tristeza, que permeava aquele lugar em sua totalidade, tomando frestas e cobrindo buracos, como se o próprio sentimento fosse algo inerente à cidade; parte de sua estrutura e sua fundação.
Olharam ao redor, procurando algo que pudesse justificar tamanha opressão mas, não conseguindo identificar nada relevante, apenas se forçaram a prosseguir, trilhando a estradinha de pedras lavradas que cortava o cidade e conduzia os viajantes e peregrinos.
"Não gosto dessa sensação." falou Sakura, incomodada com aquela atmosfera carregada.
"Eu muito menos." proclamou Katrina, visivelmente tensa. Sakura estranhou o comportamento de sua companheira. Era a primeira vez que via Katrina realmente incomodada com algo e isso a preocupava em demasia. "Esse sentimento é forte e agoniante. Não é algo natural muito menos saudável. Quem quer que seja, deve ser encontrado. Nesse estado, essa pessoa pode cometer muitos atos impensados. Ela é perigosa se continuar assim."
"Não podemos perder tempo então!" exclamou Sakura, agitada. "Temos que encontrar essa pessoa e fazê-la se acalmar."
"De fato!" replicou Katrina simplesmente, antes de retomar a caminhada entre os casebres espalhados desordenadamente por aquela cidadela, seguida de Sakura e Spinel, escondido no bolso da jovem.
Percorreram a cidade durante alguns minutos, rondando casas e examinando ruelas. Entretanto, por mais que se esforçassem, não conseguiam encontrar a mais ínfima pista sobre as origens daquela atmosfera tão carregada de ódio e melancolia. Já estavam prestes a dar a busca como perdida quando uma grande explosão chamou sua atenção. Do outro lado da vila, um bordel estava em chamas e os gritos das pessoas se espelhavam por todo o local, aumentando ainda mais a confusão que se instalara.
Correram até o bordel incendiado, desta vez com atenção redobrada, com olhos, ouvidos e intuição a postos para captar qualquer possível oscilação ou movimento suspeito, algo que não demorou muito para acontecer. Súbita como um relâmpago, uma forte energia foi sentida pelos três companheiros, vinda de algum lugar não muito longe. Era uma energia carregada de ódio, tristeza e melancolia, mas Katrina também sentiu medo e insegurança em meio a todos aqueles sentimentos hostis.
"Por aqui!" exclamou a Guardiã da Luz, contornando o bordel e virando em uma ruela estreita. Sakura não precisou pensar duas vezes para seguir a feiticeira, pondo-se a correr tão rápido quanto podia atrás de sua amiga.
Percorreram a ruela escura e passaram por uma bifurcação, caindo em um pequeno beco mal-iluminado. O cheiro forte de urina impregnava o ambiente, causando náuseas e desconforto. A presença naquele lugar era forte, marcante, podendo ser sentida em toda sua plenitude.
Katrina correu os olhos de um canto a outro, sondando o pequeno espaço que tinha diante de si. Uma ligeira variação no padrão energético do local chamou sua atenção mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma grande muralha de fogo se ergueu, rodeando as duas companheiras totalmente.
"Mostre-se!" ordenou Katrina, em um tom que fez Sakura estremecer. Por entre as chamas, formou-se uma silhueta feminina, que lentamente cruzou o pequeno espaço que a separava das duas feiticeiras.
"Mas é só uma menina!" exclamou Sakura, espantada. Deu um passo a frente, no intuito de se aproximar
"Don't come any closer!" gritou a garota.
"O que ela disse?" indagou Sakura. Mas Katrina não respondeu. Apenas deu um passo a frente e estendeu a mão.
"Thou art too frightened, children. There is no need to fear us."
"I do not fear anything! I am the Devil's daughter! And I shall burn all those who get in my way!"
A garota levantou a mão na direção das duas companheiras mas antes que pudesse fazer qualquer coisa se sentiu imobilizada. O fogo que as rodeava vacilou, faiscou e desapareceu, tão súbito quanto havia se acendido.
Todos olharam para os lados, tentando entender o que estava acontecendo. Das sombras, uma figura se revelou. Patrick saiu lentamente, proferindo estranhos versos em um idioma que lhes era desconhecido.
"Stop it!" berrou a menina, antes de desmaiar.
"Patrick!" exclamou Sakura, espantada. "O que você fez?"
"Vocês chamam muita atenção sobre si, sabiam. Aqui qualquer um poderia vê-las!" sussurrou o cavaleiro, embora seu tom de voz não mostrasse sinais de repreensão ou aborrecimento. "Sei de um lugar onde poderemos nos esconder. Lá poderemos descansar."
"E quanto a essa criança?" indagou a jovem.
"Vamos leva-la conosco. No estado em que ela se encontra é bem capaz que aconteça algum desastre. Você viu o que ela fez com aquele bordel. Quando ela acordar poderemos fazer as perguntas que quisermos. Por hora vamos apenas nos esconder. As coisas estão mais graves do que aparentam."
Katrina e Sakura se olharam mutuamente, imaginando o porquê da pressa do companheiro. Decidiram não perguntar nada por hora, apenas se puseram a caminhar atrás de Patrick, que já tomara a dianteira e agora virava uma esquina com a garota no colo.
Caminharam furtivamente e voltaram a contornar o bordel. Sakura não deixou de notar a comoção que se instaurara após o súbito incêndio da casa de meretrício. A cidade, antes pacata e sem movimentação, estava em polvorosa. Casas tinham luzes acesas e portas abertas. Pessoas gritavam e balançavam tochas no ar, praguejando aos quatro ventos, tomadas de uma cólera amedrontadora.
"Não podemos ser vistos." murmurou Patrick, sem olhar para trás. "Essa criança corre perigo."
"Pois não me espanta! Você viu o que ela fez!" falou Sakura, correndo.
"Sim, e é isso o que me preocupa. Essa garota tem potencial, mas toda sua capacidade está sendo canalizada da pior forma possível. Ela está inundada de sentimentos negativos e isso faz mal não só a ela mas a todos ao seu redor."
Sakura balançou a cabeça em concordância. Continuaram caminhando por mais alguns minutos, até chegarem em uma casa na periferia da cidade. Era uma casa bonita. Não de todo luxuosa, mas bem cuidada e delicadamente acabada. As paredes de madeira ornavam perfeitamente com o teto feito de palha. Muito embora a combinação fosse de todo comum, havia um quê de aconchego naquele casebre. Não havia luzes acesas nem dentro, nem fora da construção, onde a escuridão se fazia dominante. Nem mesmo os escassos raios da Lua Minguante eram suficientes para penetrar aquelas sombras e iluminar ao menos fracamente o espaço ao redor.
Patrick se aproximou e abriu a porta, acenando para seus amigos e lhes dando passagem. Entraram um após o outro, silenciosamente, tomando cuidado para não despertar olhares curiosos sobre si.
A porta se fechou tão logo Patrick colocou a menina deitada na cama. Naquele meio tempo Katrina havia acendido algumas velas para iluminar o aposento onde se encontravam. Estavam exaustos com a caminhada, mas continuavam com os sentidos a postos.
Sakura olhou discretamente pela janela, observando o rebuliço de pessoas ao longe. Provavelmente ainda estavam em choque, especulando sobre a explosão repentina no maior bordel da cidade.
Afastou-se na janela e sentou-se na cadeira que havia ao lado da cama. Foi então que olhou com mais cuidado para a garota que as atacara instantes atrás. Não possuía uma constituição física muito avantajada, não era muito alta, mas Sakura deduziu que ela tinha aproximadamente uns 11 anos. Certamente, por baixo daqueles trapos que ela usava e de toda a sujeira, havia uma garota muito bonita. Seus longos cabelos que um dia haviam sido castanhos agora estavam sujos e embaraçados, mais parecendo um emaranhado sem fim de fios achocolatados. Suas feições eram leves e serenas, mas Sakura não deixou de perceber naquele rosto angelical vestígios de um sofrimento antigo, traços de lágrimas derramadas há muitos anos e que o tempo se encarregara de secar, deixando apenas seu rastro para marcar seu passado, seu presente e seu futuro.
"Sinto dó dela." murmurou Sakura, acariciando o rosto da garota ternamente.
"Imagino porquê ela nos atacou." disse Spinel, enquanto saía do bolso da jovem. "Ela disse que era a filha do demônio e isso me preocupa."
Sakura nada disse. Apenas voltou a fitar a menina, imersa em seus pensamentos.
"A sorte não está a nosso favor." falou Patrick, após retirar o manto e ajeitar-se em uma cadeira. "De todos os períodos históricos, fomos cair exatamente na época em que o Tribunal da Inquisição está mais forte e ativo e isso limita nossas ações."
"Ora, Patrick, você não está preocupado com algumas pessoas balançando tochas ao léu, está?" perguntou Sakura.
"Não se engane, minha amiga. O Tribunal da Inquisição representa um perigo maior do que você imagina. Ao contrário do que dizem os livros de História, a Igreja tinha meios bastante eficientes para capturar magos."
"Sim, Patrick tem razão." interpelou Katrina. "Devemos ter cuidado e usar nossos poderes o menos possível. A Inquisição é perigosa. Me pergunto como essa menina escapou todo esse tempo. Me parece que ela vive escondida há anos."
Ninguém falou nada. Apenas olharam para a menina, que ainda dormia. Patrick levantou, caminhou novamente até a janela, espiando discretamente através dela. Seu nervosismo era visível. Ao longe o topo das tochas ainda podia ser visto, em um movimento frenético e ininterrupto.
Inconscientemente agarrou a bainha da espada, firmemente atada ao seu cinto. Correu a mão pelo punho trabalhado da arma, contornando com a ponta dos dedos o entalhe característico da ampulheta dourada, presente em todos os instrumentos que os membros da Ordem usavam.
Atreveu-se a retirar a espada e empunhá-la junto ao peito, sem ao menos desviar o olhar da movimentação que se desenrolava na cidade. Tocou a fria lâmina de aço, meticulosamente cuidada, polida com esmero. Sentiu seu fio, constatando o quão perigosa era a arma de fato.
"Poderia facilmente partir uma árvore ao meio." pensou consigo mesmo. "Por que essa sensação de infortúnio me incomoda tanto? Sinto um aperto no peito, uma sensação de tristeza."
Balançou a cabeça, procurando afastar aqueles pensamentos incômodos. Fechou as cortinas e tornou a se sentar, contemplando fixamente a chama da vela a sua frente. Katrina e Sakura trocaram olhares confidentes, imaginando o que se passava pela cabeça do companheiro.
Sentado em sua cadeira, Patrick divagava, relembrando com nostalgia o dia em que havia recebido o título de Cavaleiro da Ordem dos Dragões do Tempo, havia 29 anos.
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O ritual fora realizado na noite do dia 13 de Novembro do ano de 1977, dia em que Patrick completara 18 anos. Junto a ele estavam mais quatro jovens.
O rapaz estava apreensivo, quase nervoso na verdade. Afinal, não era sempre que se recebia um título tão importante e almejado. Era hora de ver se o treinamento árduo que recebera durante toda sua vida valera alguma coisa.
Olhou a sala onde se encontrava. A câmara ritualística era oval, rodeada de altos vitrais por onde a Lua e as estrelas lançavam sua luz fugaz. O altar emergia da água da pequena piscina que havia ao centro. Não era muito profunda, apenas o suficiente para cobrir até a cintura uma pessoa de estatura mediana. A única porta de madeira que dava acesso ao salão estava fechada, guardada do lado de fora por dois sacerdotes da Ordem.
Do lado de dentro, sete Sacerdotes e sete Cavaleiros se postavam intercalados, distribuídos ao redor do aposento de forma a rodear totalmente os futuros acólitos da Ordem dos Dragões do Tempo. No altar ao centro, dois Cavaleiros e um Alto Sacerdote se concentravam, um de costas para o outro.
"Como será o teste?" indagou-se. A curiosidade era grande, tão grande quanto a apreensão e a expectativa. Como será que testariam suas habilidades? Aquele espaço apertado poderia limitar suas ações.
Ao seu lado, os outros quatro jovens também pareciam inquietos. Olhavam incessantemente para o altar, imaginando se seriam aprovados ou não.
"Vamos dar início à cerimônia." disse o Alto Sacerdote, atraindo as atenções daqueles cinco jovens todas para si.
Patrick empertigou-se e ergueu a cabeça, contemplando o altar e as três pessoas que nele estavam. O Alto Sacerdote era um homem de constituição física bastante avantajada. Era alto e tinha a pele muito bronzeada. Com traços orientais, seu rosto exibia uma beleza exótica, assemelhando-se a um monge de um templo chinês. Trazia os longos cabelos presos em uma trança, que descia pelas suas costas até sua cintura. O manto era branco, com a tradicional ampulheta dourada bordada no peito.
Uma após a outra, as duas figuras que acompanhavam o Sacerdote retiraram seus mantos. Uma delas era uma mulher na casa dos 30 anos. Tinha cerca de 1,60 metro e possuía clara descendência italiana. Os olhos cor de chocolate transmitiam um aspecto imperioso e rijo, mas ao mesmo tempo lhe conferiam uma graça peculiar e uma aparência bondosa.
O outro era um homem magro de meia idade, que mantinha um aspecto introspectivo e compenetrado. Sua postura altiva era realçada pelo olhar penetrante e analítico, que corria de um lado para outro da sala, como se quisesse ver dentro de cada um dos presentes. Ambos traziam junto à cintura a espada sagrada, concedida aos Cavaleiros no dia de sua nomeação, e trajavam a armadura tradicional, com o emblema da Ordem gravado no peito e nos punhos.
"Aproximai-vos." ordenou o Sacerdote. Os cinco jovens fizeram como lhes foi dito. Um a um entraram na piscina e se postaram ao redor do altar, esperando pelas próximas instruções.
Silêncio. Os minutos se passaram vagarosamente. A água fria da piscina começava a incomodar os cinco jovens.
"Que horas são?" pensou Patrick. "Já estamos aqui há muito tempo."
Ainda o silêncio. Os três veteranos não se moviam nem se pronunciavam. Apenas permaneciam no mesmo lugar, os olhos fechados e a postura compenetrada, como se houvessem esquecidos dos cinco jovens imersos na água gelada.
Patrick olhos para seus quatro companheiros. Todos eles pareciam estar extremamente incomodados com tudo aquilo, intrigados com o súbito silêncio que se instalara no recinto.
Tornou a fechar os olhos, fazendo o possível para não pensar naquilo tudo, mas novamente lhe veio a pergunta:
"Quanto tempo já se passou?"
Balançou a cabeça, afastando aquele questionamento.
"Ora, o que eu estou perguntando? Estou aqui, prestes a me tornar um Cavaleiro da Ordem dos Dragões do Tempo e fico me questionando sobre o tempo quando deveria estar agradecendo a ele. Afinal, se não fosse pelo próprio tempo eu não estaria aqui."
Olhou ao seu redor.
"O tempo é nosso aliado mais poderoso. Ele nos guia e nos ensina cada vez mais a ter coragem, paciência e sabedoria."
"Muito bem, passaste no teste!" bradou o Alto Sacerdote, atraindo as atenções dos cinco para si. Seus olhos cravaram em Patrick, fazendo o jovem estremecer. "Os outros quatro podem sair. Tu deves ficar."
Entreolharam-se, procurando compreender o que estava acontecendo. Não demorou muito para que tudo ficasse claro. Sem dizer mais nada, os outros quatro jovens se retiraram, cabisbaixos, entendendo que haviam falhado no teste. Na piscina, mergulhado até a cintura, restou apenas Patrick, que assistia aos colegas saírem do salão lentamente.
"Subas até o altar." ordenou o Sacerdote. Patrick caminhou até a escada e subiu, degrau após degrau, a escada que se tornara sua estrada de tijolos amarelos; a escada que o conduzia à vida que sempre sonhou em ter.
Parou frente aos três membros e se ajoelhou. Os dois Cavaleiros se aproximaram, um de cada lado, a mulher trazendo um manto e o homem trazendo uma coroa de prata, ao mesmo tempo em que o Sacerdote colocava a mão direita sobre a fronte do rapaz e orava:
"Dominus Deus, exaudi nos. Dona nobis pacem. In nomine Patris et Filis, et Spiritum Sancti, Amen."
"Amen." disseram todos em coro.
"Patrick Lancaster, Descendente da honrosa Família Lancaster, filho de Margareth e Bishop Lancaster, nascido aos 13 dias do mês de Novembro do ano de 1959. Nós, da Sagrada Ordem dos Dragões do Tempo, te recebemos hoje em amor e respeito, de braços abertos. Desejas te tornar um de nós."
"Eu desejo." respondeu o rapaz.
"Receba a coroa de prata, símbolo do respeito e da virtuosidade." falou, ao mesmo tempo em que o Cavaleiro colocava a coroa sobre sua cabeça.
"Eu te nomeio agora Sir Patrick Lancaster, Cavaleiro Iniciado da Sagrada Ordem dos Dragões do Tempo. Que os Dragões te iluminem e te tragam sabedoria."
A guerreira que segurava o manto o ajudou a se levantar, logo em seguida pousando o manto sobre seus ombros. Então o Alto Sacerdote voltou a se aproximar, trazendo em suas mãos uma espada bonita, trabalhada em pura prata. A bainha de couro trazia detalhes bordados com fios de ouro, delicados como pétalas de rosas recém desabrochadas. O punho trazia um entalhe de uma ampulheta dourada contornada por um dragão chinês, símbolo que identificava a Ordem.
"Recebas a Espada Sagrada, arma dos Cavaleiros do Tempo. Que ela te acompanhe em todos os momentos, em tuas conquistas e em tuas derrotas. Jamais retire-a da bainha em vão. A violência desnecessária trás desonra ao nosso nome. Entretanto, uma vez fora da bainha, ela não poderá retornar ao seu descanso sem provar o gosto de sangue. Honre teu título, tua Família e tua Ordem."
"Amém!" falou Patrick.
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"Nem parece que já se passaram 29 anos." pensou o Cavaleiro. "Muito aconteceu desde então. Nem tudo foi bom, é verdade, mas nem tudo também foi ruim. Apenas vivi um dia após o outro, como todos deveriam fazer..."
Remexeu em sua cadeira e correu os olhos pelo aposento. Fitou longamente a menina que dormia sobre a cama, logo em seguida desviando o olhar para Sakura e Katrina, que conversavam. Deteve sua atenção sobre Sakura. Tinha sua idade quando ingressara na Ordem. Sonhador, pensou em como tinha saudade de sua juventude, quando tudo era uma eterna aventura. Os anos trataram de ensiná-lo que nem tudo era sonhos e risos. Passara por muita coisa, vira e ouvira muita coisa naqueles 29 anos, suficientes para fazê-lo amadurecer e refletir; sobre a vida, sobre o tempo, sobre as pessoas. E quanto mais ele pensava, menores eram as conclusões.
"A garota vai demorar para acordar e temos quase quatro horas até a alvorada." disse o Cavaleiro, saindo de seus devaneios. "Hoje a Lua carrega perigos consigo, portanto vamos nos revezar em turno de vigilância até que o Sol nasça e nós possamos resolver o que fazer com a menina. Katrina fica no primeiro turno. Depois Sakura a substitui. Depois Spinel e por fim eu assumo o último turno de guarda."
Os três assentiram, sabendo da gravidade da situação. Katrina levantou-se, tomando o lugar antes ocupado por Patrick. Enquanto a feiticeira se preparava, os outros se acomodaram como conseguiram no intuito de dormir um pouco antes do amanhecer.
A primeira hora se passou rapidamente sem qualquer transtorno e logo foi a vez de Sakura assumir. Sonolenta, a jovem tomou seu lugar, balançando a cabeça para acordar e manter-se atenta.
Tinha toda a atenção voltada para o que acontecia ao redor da casa. Prudentemente escondera sua energia, a fim de evitar possíveis rastreadores. De quando em quando olhava para a garota adormecida, intrigada com sua figura e suas atitudes. Quem seria ela? Inglês não era seu forte, mas ela podia jurar que a garota mencionara o demônio.
Voltou a se concentrar na área que rodeava o casebre, atenta a tudo. De olhos fechados, a jovem feiticeira podia sentir cada pedaço do território, cada folha que se movimentava no chão, levada pela brisa noturna. Pensou em como tudo aquilo era harmonioso, em como tudo aquilo lhe parecia perfeito. E logo seu turno acabou.
Sacudiu Spinel levemente, chamando o pequeno amigo para seu turno de vigília. O guardião de Eriol rapidamente despertou e assumiu sua forma real, postando-se com graça próximo à porta.
Viu Sakura acomodar-se rapidamente e logo pegar no sono. A alvorada se aproximava rapidamente, à medida que a Rainha Lua se movia pelo firmamento em direção ao oeste, para se esconder e permitir ao Rei Sol ocupar seu trono por outras 12 horas, onde as pessoas daquele vilarejo teriam luz e calor.
A vez de Patrick chegou e o Cavaleiro se ajeitou na cadeira, arrumando a espada que levava presa ao cinto de couro.
Os minutos de passaram, rapidamente levando a noite embora. Sentado, Patrick parecia pensativo.
"Sinto que ele se aproxima..." sussurrou, colocando seus sentidos a postos.
Logo a alvorada despontou no horizonte, pondo fim ao turno de Patrick. Levantou-se e caminhou em direção a seus companheiros, suavemente despertando todos. Spinel foi o primeiro a se levantar. Sakura e Katrina se colocaram em pé logo em seguida.
"Bom dia a todos." cumprimentou o Cavaleiro. "Um novo dia desponta no horizonte, trazendo novas indagações."
"Espero apenas que tais indagações possam ser solucionadas." falou Sakura.
Não houve tempo para que Patrick respondesse, foi no instante seguinte um forte batida na porta foi ouvida, seguida de um estalo. A porta se escancarou, revelando um homem em trajes religiosos.
"Enfim eu os achei!" exclamou.
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Tradução dos Diálogos em Inglês no início do capítulo:
Katherin: God Father, be merciful... Help us Father! - Senhor, seja misericordioso... Ajuda-nos, Pai!
Aldeões: Kill the Devil and his family! Burn them all! - Matem o Demônio e sua família! Queime-os todos!
Aldeão: Get out, Devils! Get out, otherwise you will be burned with the house! - Saiam, Demônios! Saiam, caso contrário serão queimados com a casa!
Katherin: Dawn! Listen, my daughter, thou shall run away. - Dawn! Escute, minha filha, tu deves fugir.
Dawn: I don't want to leave thy side, mama! - Não quero te deixar, mamãe!
Katherin: Thou hast to. Listen, my dear, and listen well. Thou shall escape. Run. Run and do not look back until thou get to the forest. Hide there, do not let these people see thee. - Tu deves. Escute, minha querida, e escute bem. Tu deves escapar. Corre. Corre e não olha para trás até chegares à floresta. Enconde-te lá, não deixe que estas pessoas vejam a ti.
Katherin: May the Grace that was given to me be passed to her. - Que a Graça que me foi dada seja passada a ela.
Aldeões: Devils! Kill them all! - Demônios! Matem todos!
Tradução dos Diálogos em Inglês entre Dawn e Katrina:
Dawn: Don't come any closer! - Não chegue mais perto!
Katrina: Thou art too frightened, children. There is no need to fear us. - Estás muito assustada, criança. Não há motivo para nos temer.
Dawn: I do not fear anything! I am the Devil's daughter! And I shall burn all those who get in my way! - Eu não temo nada! Eu sou a filha do Demônio! E vou queimar todos aqueles que entrarem no meu caminho!
Dawn: Stop it! - Pare com isso!
Tradução da Prece em Latim na Cerimônia de Nomeação da Ordem do Tempo:
Alto Sacerdote: Dominus Deus, exaudi nos. Dona nobis pacem. In nomine Patris et Filis, et Spiritum Sancti, Amen. - Senhor Deus, escuta-nos. Dê-nos paz. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.
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Nome: Inghrid McAlister
País de Origem: Escócia
Idade: 66 Anos
Data de Nascimento: 21 de Setembro de 1940
Tipo Sangüíneo: O+
Elemento Regente: Luz
Ocupação: Guardiã da Lua do Supremo Conselho de Magos, Suprema Da'ath Keter da Golden Dawn.
Passatempo: Estudar física e astronomia.
Ficha Pessoa: Ingrid nasceu durante o conturbado período da Segunda Guerra Mundial. Seu primeiro contato com a magia se deu aos 15 anos, quando surpreendeu sua mãe, uma bruxa da ordem da Golden Dawn, realizando um ritual durante o solstício de verão.
Possuidora de uma mente extremamente cética, a jovem Inghrid se negou durante muito tempo a aceitar que a magia era parte de sua vida. Seu cérebro obstinado teimava em buscar explicações racionais para tudo aquilo que presenciava. Logicamente, ela logo desistiu de lutar contra sua natureza e aceitar quem era realmente.
Uma vez começados seus estudos, a maga rapidamente progrediu. Já aos 25 anos tinha um prestigio bastante elevado dentro da Ordem. Aos 36 foi convidada a integrar o Conselho de Magos, sendo a mais jovem maga a ser convidada até então.
De todos os membros do Conselho atualmente, Inghrid é quem está ao lado de Magno há mais tempo. Por isso, compreende as atitudes do amigo melhor que ninguém.
Quando não está lidando com magia, Inghrid trabalha no instituto astronômico de Glasgow, onde reside juntamente com seu marido, sua filha mais jovem e sua gata de estimação.
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Finalmente, depois de muito tempo, aqui está o capítulo 13 de Chrono. Peço desculpas a todos pela demora, mas final de ano é sempre um bagunça. Tive provas e trabalhos para entregar na faculdade, fora a minha mudança, que consumiu muito tempo e muito esforço. Eu pretendia publicar esse capítulo no fim de semana passado, mas por motivos de força maior isso acabou não sendo possível.
Enfim, desculpas à parte, eu espero que tenham gostado deste capítulo, que me deu bastante trabalho. Reescrevi várias partes inúmeras vezes até me dar por satisfeito, o que acabou colaborando ainda mais para o atraso.
Curiosos para saber o que o padre vai fazer com o grupo? Então aguardem o próximo capítulo de Chrono: "De Lágrimas e Carinhos".
Este capítulo não teria sido possível sem o apoio de duas pessoas. Agradeço à Bruna pelo auxílio e à Stella pelo apoio. Vocês me escutaram e me ajudaram em todos os momentos. Obrigado.
Até o próximo capítulo.
Peace, Love and Hope to all and each one of you. Now and Forever.
Namárië