Shaoran é subitamente transportado para uma realidade alternativa, onde se encontra morto. Agora, com a ajuda de Eriol, ele deve encontrar o caminho de volta para casa. E então, sua jornada começa... CAPÍTULO DEZENOVE NO AR. Não, não é um sonho!
Rated: Fiction T - Portuguese - Adventure - Syaoran L., Sakura K. - Chapters: 20 - Words: 176,017 - Reviews: 141 - Favs: 33 - Follows: 8 - Updated: Dec 22, 2005 - Published: Jan 4, 2003 - id: 1158567
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Capítulo Treze -
A Sinfonia da Inquisição
O som daquela procissão insana e caótica lhes chegava aos ouvidos,
atiçando-lhes o medo de uma forma descomunal. Cada brado, cada sílaba
pronunciada pelas vozes ensandecidas pelo ódio e pela ira lhes parecia pior
que o golpe de uma lança contra seus corações entristecidos. Deus, estava
tudo errado, não era para tudo aquilo estar acontecendo, não era para ter
terminado daquele jeito! O que haviam feito de errado afinal? Não tinham
machucado ninguém, não tinham feito mal a nenhuma pessoa daquele vilarejo,
então por quê?
Katherin fechou as cortinas rapidamente, ao mesmo tempo em que
pronunciava uma enxurrada de amargos palavrões. Na cama ao seu lado, seu
marido repousava, com um profundo ferimento no peito, que lhe dificultava a
respiração.
Sentada não muito longe, encostada na parede, uma criança ainda
soluçava, abraçada contra os próprios joelhos. O medo em seu rosto
inocente era visível, estampado naquelas feições angelicais como
cinzeladas precisas de um escultor sobre a pedra de seu ofício. Todavia,
Katherin sabia que aquelas pessoas não se sensibilizariam com o choro de
uma criança.
Voltou a olhar pelas janelas. Àquela altura dos acontecimentos, a
mulher já podia visualizar ao longe a luz das inúmeras tochas acesas,
todas em direção à sua casa. As chamas que queimavam naquelas tochas lançavam-lhe
um grotesco e medonho sorriso amarelado. Cada uma delas lhe parecia a própria
imagem do demônio, trazida à vida por todos aqueles aldeões enfurecidos.
O mesmo fogo que um dia lhe dera calor e conforto naquele momento a
assombrava, proclamando sua condenação.
"God Father, be merciful... Help us Father!" pediu a
mulher, sem ter mais nenhuma outra opção. Estavam encurralados, seu marido
estava ferido, sua filha chorava sem parar. Ao longe chegavam os gritos dos
aldeões, que feriam seus ouvidos e seu peito cansado.
"Kill the Devil
and his family! Burn them all!" diziam as pessoas do lado de fora.
O choro da menina
aumentou, assustada que estava com a gigantesca comoção que se desenrolava
do lado de fora do casebre.
Katherin sentou-se na beira da cama, ao lado do marido. Não sabia ao
certo o que fazer, pela primeira vez não sabia o que fazer. Sentia-se
completamente impotente diante daquela multidão furiosa. O desespero
lentamente tomava sua alma, projetando nas paredes de sua mente cansada
quadros de pesadelos que se fixavam para assombrá-la.
Este certamente é o fim, pensava a mulher. Estava certa disso, não
tinha esperanças de escapar ao cerco com vida. Suas forças já estavam por
demais debilitadas para resistir e seu marido estava gravemente ferido.
Olhou ao redor e seus olhos pousaram sobre sua filha. Sentiu pena
daquela criança, ainda tão inocente, tão pura. A completa ignorância da
crueldade da vida podia ser evidenciada pela aparência de fragilidade
daquele ser pequenino.
Levantou-se num rompante ao ouvir uma violenta batida na porta.
"Get out, Devils!" gritou um dos aldeões. "Get out, otherwise you will be burned with the house!"
Então era isso, o fim havia chegado para ela e sua família. Depois
de tantos esforços, seu destino se mostrava negro como piche e determinava
a sorte de sua família como um carrasco que condena seu réu.
Outra batida. Tinha que fazer alguma coisa. Sua filha, precisava ao
menos salvar sua filha.
"Dawn!" chamou, aproximando-se da menina lentamente. Dawn olhou
para a mãe com os olhos marejados. Katherin fitou a garota com carinho. "Listen,
my daughter, thou shall run away."
"I don't want to leave thy side, mama!" soluçou a
pequena.
"Thou hast to. Listen, my dear, and listen well. Thou shall escape.
Run. Run and do not look back until thou get to the forest. Hide there, do
not let these people see thee."
E antes que a menina pudesse fazer qualquer coisa, Katherin usou suas
últimas forças para transportá-la para a campina que havia há alguns
metros da casa. Dawn viu seu próprio corpo brilhar intensamente, antes de
fechar os olhos com força. Quando voltou a abri-los, não estava mais perto
de sua mãe.
Dentro da cabana, Katherin rezava por sua pequena. Dawn tinha que
escapar. Ela não merecia tudo aquilo.
"May the Grace
that was given to me be passed to her." sussurrou a mulher.
Ao longe, Dawn contemplava a casa onde estivera há momentos atrás.
Ao redor dela, inúmeras pessoas se postavam, rodeando a pequena construção
como chacais à espreita de sua presa. O desespero começou a tomar seu coraçãozinho,
já há muito despedaçado.
Lembrou-se das palavras de sua mãe. Não queria, mas se forçou a
correr o mais rápido que pôde até a entrada da densa floresta que havia
ao fim daquela elevação. Parou uma vez mais e tornou a olhar para trás.
Os gritos insanos daquelas pessoas chegavam ao longe, pungentes, ferindo
seus ouvidos e atormentando sua alma.
"Devils! Kill
them all!" era o que as vozes proclamavam em sua demência
infinita.
As lágrimas corriam incessantemente pela face rosada da menina,
arrancando-lhe soluços e gemidos de medo, dor e tristeza.
Fechou os olhos com força, querendo que aquele pesadelo pudesse
terminar. Quando tornou a abri-los, pôde ver o casebre onde estivera há
alguns instantes atrás sendo completamente consumido pelo fogo. Do lado de
fora, as pessoas comemoravam, erguendo suas tochas para os céus e louvando
algo que suas mentes obstinadas insistiam em chamar de Deus.
"Mama... Papa..." murmurou a pequena. Estava cansada de fugir
daquele jeito. Não tinha mais forças nem vontade de correr. Queria poder
descansar, não queria mais viver com medo, não queria mais sofrer...
Queria apenas encontrar felicidade... Felicidade, aquela palavra simples de
cinco sílabas, dez letras. Aquela palavra mágica que ninguém precisa
explicar, mas todos conhecem o significado.
O casebre agora estava completamente inflamado pela ira daqueles aldeões.
Era noite e a Lua se escondia sob o véu do desconhecimento. Na treva que
rodeava aquele lugar, a única luz que se via era a da casa em chamas e das
dezenas de tochas que continuavam sua dança macabra ao redor da cabana.
O fogo lentamente consumiu a humilde construção de madeira e palha,
carregando consigo os sonhos e as esperanças daquela menina. Lá, ao longe,
ela observava sua vida se despedaçar em um espetáculo de cores e luzes que
em nada refletiam as emoções que dominavam seu peito naquele momento. E o
fogo brilhou ainda mais, iluminando o céu naquela noite sem Lua, e se
elevando às alturas para brindar os aldeões com sua pureza e para
assombrar Dawn com sua força destruidora.
____________________
Sakura abriu os olhos lentamente, após minutos incessantes
percorrendo o abismo entre as eras. Estava cansada, a viagem fora realmente
estafante. Logo ao seu lado, Katrina se fez ver, aparecendo com sua habitual
graciosidade de trás de um antigo carvalho.
Estava escuro, era noite. No céu, a Lua estava em seu quarto
minguante, brilhando junto com as estrelas e lançando sua luz escassa por
entre os galhos e folhas de todas aquelas árvores, que se entrelaçavam em
uma intrincada malha esverdeada. Exceto por algumas corujas aqui e acolá,
nenhum som podia ser percebido. Entretanto o silêncio não era de todo um
incômodo. De fato, estava longe de ser, trazia consigo a reflexão dos
raios que a Lua lançava com sensualidade.
Contemplou o luar por entre as copas das árvores. A visão da Lua
sempre lhe parecera sensual, bela, tocante e naquele momento, filtrada pelas
folhas e galhos daquele bosque, a rainha da noite adquiria um aspecto ainda
mais surreal e etéreo.
Suspirou, ainda envolta naquele manto irreal formado pelo encontro
conflitante de luz e sombras que dividiam o mesmo espaço. Deteve seu olhar
por um momento no bosque ao seu redor até que seus olhos cruzaram com os de
Katrina. Sorriram mutuamente, satisfeitas em pelo menos poderem estar em
companhia uma da outra. De seu bolso saiu Spinel, que voou ao redor das duas
feiticeiras, pousando no ombro de Sakura logo em seguida.
"Onde estamos?" indagou o pequeno tentando reconhecer o lugar.
"Não sabemos ainda, mas tenho certeza de que logo iremos
descobrir." falou Katrina, estreitando os olhos na tentativa de recolher
pistas.
"Assim espero!" proclamou Sakura, suspirando e esticando os braços
acima da cabeça, sentido seus ossos cansados estalarem.
Passaram a caminhar por entre aquelas árvores. Com passos firmes e
decididos, buscavam respostas para as questões que pairavam, na tentativa
de descobrir onde se encontravam.
Notou que a fraca luz da Lua não era suficientemente forte para
iluminar o caminho que tinham diante de si — se é que realmente tinham um
caminho a seguir.
"Está escuro..." murmurou Sakura, forçando os olhos. "Em
horas como esta eu penso como deve ser horrível ser cego."
"Ora, nada que não possa ser resolvido." falou Katrina em tom
simples. Ergueu uma das mãos a sua frente, com a palma virada para cima.
Sakura e Spinel sentiram uma ligeira mudança no padrão energético do
lugar, como se as energias ao redor da feiticeira fossem condensadas em um
único lugar. Não durou mais que alguns segundos e logo um pequeno ponto
luminoso se fez ver sobre sua mão espalmada. A minúscula esfera luminosa
flutuou logo a frente dos três companheiros, fornecendo-lhes luz e calor.
"Que lindo!" exclamou Sakura. "Gostaria de saber fazer isso."
"Por que não tenta?" indagou a maga.
"Eu não sei se posso. Nunca aprendi a fazer nada disso. Minha
magia ainda depende muito das cartas."
"Sua magia depende da sua fé." replicou Katrina, pousando a mão
no ombro da jovem. "A magia nada mais é que o poder de acreditar, ela
consiste simplesmente em saber sentir o universo ao seu redor e utilizar as
energias deste mundo de acordo com seus desejos e sentimentos. Feche os
olhos e concentre-se."
Sakura sorriu e fez o que Katrina havia pedido. Ouvia o sibilar que a
brisa noturna fazia ao passar entre os galhos das árvores, balançando-os
levemente e fazendo-os roçarem uns nos outros, produzindo um chocalho
natural e relaxante.
"Agora, sinta o ambiente ao seu redor, sinta como todos os
elementos interagem entre si e encontre um ponto de sintonia entre tudo."
A jovem concentrou-se ao máximo e logo passou a sentir a aura cálida
que era emanada pela própria terra. Era uma aura diferente; acolhedora e
familiar, mas ao mesmo tempo distante e estranha. E mesmo parada com olhos
fechados, Sakura percebeu que podia sentir e tocar todas aquelas árvores,
cada uma delas estava ao seu alcance. Sentia Katrina ao seu lado e Spinel
voando perto de sua cabeça.
Sorriu ao sentir o timbre suave que aquela energia possuía.
Lentamente ela sentiu aquela aura sintonizar-se com a sua própria, e foi
então que ouviu novamente a voz de Katrina.
"Relaxe e faça toda essa energia confluir para um único ponto.
Traga tudo para a palma de sua mão e imagine-se acendendo uma lâmpada, mas
ao invés de usar energia elétrica, use essa energia para acender o ar
sobre sua mão."
A garota empertigou-se e relaxou, sentindo a palma de sua mão
esquentar. Quanto abriu os olhos de novo, uma pequenina esfera luminosa
flutuava sobre sua mão espalmada, indo logo se juntar à outra, criada por
Katrina.
A Guardiã da Luz olhou satisfeita para a jovem e lançou-lhe um
sorriso de aprovação. Sakura sorriu de volta, orgulhosa de si mesma pelo
que tinha feito.
Voltaram a contemplar o caminho que se abria logo adiante. Uma
pequena trilha se fazia ver, iluminada pelas duas pequeninas esferas
luminosas e pelas estrelas que fulgiam no topo do firmamento. Caminharam por
alguns minutos, passando por carvalhos e freixos, sempre guiadas pelas
esferas de luz que flutuavam logo a frente.
Não demorou muito e logo uma cidadela pôde ser vista ao longe,
erguida em meio a um vale. O interior das construções era iluminado pela
luz de velas e lampiões alimentados a óleo animal. Entretanto, exceto
pelas tavernas e bordéis, o movimento perceptível era quase nulo. Nas
janelas, réstias de alho e arranjos de arruda compunham um adorno bastante
singular.
Ainda contemplando a cidade, as duas companheiras desceram a colina
até chegarem perto da entrada principal, onde uma estradinha de terra
calcada e pedras — aparentemente a única rua pavimentada do local —,
levava à maior estalagem que aquela vila possuía: o Unicórnio Perolado.
"É um belo nome." proclamou Katrina.
"Me lembra de nomes de tavernas que li em livros de fantasia."
murmurou Sakura, pensativa. Ambas sorriram diante da colocação. De fato,
parecia que estavam em um cenário digno dos maiores romances de fantasia
medieval, com todas aquelas casas de palha e madeira, as ruas de terra
batida, as velas e lampiões. O ambiente era inegavelmente irreal, muito
embora a realidade, após todos aqueles acontecimentos, já não pudesse ser
tão facilmente distinguida da ilusão.
Cruzaram a entrada principal e passaram a caminhar pela rua de pedra,
prestando atenção ao ambiente ao seu redor. Um súbito silêncio recaiu
sobre as duas, à medida que uma estranha sensação de desconforto passou a
tomar seus corações e inquietar suas almas. A cada passo que davam sentiam
uma crescente tristeza, que permeava aquele lugar em sua totalidade, tomando
frestas e cobrindo buracos, como se o próprio sentimento fosse algo
inerente à cidade; parte de sua estrutura e sua fundação.
Olharam ao redor, procurando algo que pudesse justificar tamanha
opressão mas, não conseguindo identificar nada relevante, apenas se forçaram
a prosseguir, trilhando a estradinha de pedras lavradas que cortava o cidade
e conduzia os viajantes e peregrinos.
"Não gosto dessa sensação." falou Sakura, incomodada com
aquela atmosfera carregada.
"Eu muito menos." proclamou Katrina, visivelmente tensa. Sakura
estranhou o comportamento de sua companheira. Era a primeira vez que via
Katrina realmente incomodada com algo e isso a preocupava em demasia.
"Esse sentimento é forte e agoniante. Não é algo natural muito menos
saudável. Quem quer que seja, deve ser encontrado. Nesse estado, essa
pessoa pode cometer muitos atos impensados. Ela é perigosa se continuar
assim."
"Não podemos perder tempo então!" exclamou Sakura, agitada.
"Temos que encontrar essa pessoa e fazê-la se acalmar."
"De fato!" replicou Katrina simplesmente, antes de retomar a
caminhada entre os casebres espalhados desordenadamente por aquela cidadela,
seguida de Sakura e Spinel, escondido no bolso da jovem.
Percorreram a cidade durante alguns minutos, rondando casas e
examinando ruelas. Entretanto, por mais que se esforçassem, não conseguiam
encontrar a mais ínfima pista sobre as origens daquela atmosfera tão
carregada de ódio e melancolia. Já estavam prestes a dar a busca como
perdida quando uma grande explosão chamou sua atenção. Do outro lado da
vila, um bordel estava em chamas e os gritos das pessoas se espelhavam por
todo o local, aumentando ainda mais a confusão que se instalara.
Correram até o bordel incendiado, desta vez com atenção redobrada,
com olhos, ouvidos e intuição a postos para captar qualquer possível
oscilação ou movimento suspeito, algo que não demorou muito para
acontecer. Súbita como um relâmpago, uma forte energia foi sentida pelos
três companheiros, vinda de algum lugar não muito longe. Era uma energia
carregada de ódio, tristeza e melancolia, mas Katrina também sentiu medo e
insegurança em meio a todos aqueles sentimentos hostis.
"Por aqui!" exclamou a Guardiã da Luz, contornando o bordel e
virando em uma ruela estreita. Sakura não precisou pensar duas vezes para
seguir a feiticeira, pondo-se a correr tão rápido quanto podia atrás de
sua amiga.
Percorreram a ruela escura e passaram por uma bifurcação, caindo em
um pequeno beco mal-iluminado. O cheiro forte de urina impregnava o
ambiente, causando náuseas e desconforto. A presença naquele lugar era
forte, marcante, podendo ser sentida em toda sua plenitude.
Katrina correu os olhos de um canto a outro, sondando o pequeno espaço
que tinha diante de si. Uma ligeira variação no padrão energético do
local chamou sua atenção mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma
grande muralha de fogo se ergueu, rodeando as duas companheiras totalmente.
"Mostre-se!" ordenou Katrina, em um tom que fez Sakura
estremecer. Por entre as chamas, formou-se uma silhueta feminina, que
lentamente cruzou o pequeno espaço que a separava das duas feiticeiras.
"Mas é só uma menina!" exclamou Sakura, espantada. Deu um passo
a frente, no intuito de se aproximar
"Don't come
any closer!" gritou a garota.
"O que ela disse?" indagou Sakura. Mas Katrina não respondeu.
Apenas deu um passo a frente e estendeu a mão.
"Thou art too
frightened, children. There is no need to fear us."
"I do not fear anything! I am the Devil's daughter! And I shall
burn all those who get in my way!"
A garota levantou a mão na direção das duas companheiras mas antes
que pudesse fazer qualquer coisa se sentiu imobilizada. O fogo que as
rodeava vacilou, faiscou e desapareceu, tão súbito quanto havia se
acendido.
Todos olharam para os lados, tentando entender o que estava
acontecendo. Das sombras, uma figura se revelou. Patrick saiu lentamente,
proferindo estranhos versos em um idioma que lhes era desconhecido.
"Stop it!" berrou a menina, antes de desmaiar.
"Patrick!" exclamou Sakura, espantada. "O que você fez?"
"Vocês chamam muita atenção sobre si, sabiam. Aqui qualquer um
poderia vê-las!" sussurrou o cavaleiro, embora seu tom de voz não
mostrasse sinais de repreensão ou aborrecimento. "Sei de um lugar onde
poderemos nos esconder. Lá poderemos descansar."
"E quanto a essa criança?" indagou a jovem.
"Vamos leva-la conosco. No estado em que ela se encontra é bem
capaz que aconteça algum desastre. Você viu o que ela fez com aquele
bordel. Quando ela acordar poderemos fazer as perguntas que quisermos. Por
hora vamos apenas nos esconder. As coisas estão mais graves do que
aparentam."
Katrina e Sakura se olharam mutuamente, imaginando o porquê da
pressa do companheiro. Decidiram não perguntar nada por hora, apenas se
puseram a caminhar atrás de Patrick, que já tomara a dianteira e agora
virava uma esquina com a garota no colo.
Caminharam furtivamente e voltaram a contornar o bordel. Sakura não
deixou de notar a comoção que se instaurara após o súbito incêndio da
casa de meretrício. A cidade, antes pacata e sem movimentação, estava em
polvorosa. Casas tinham luzes acesas e portas abertas. Pessoas gritavam e
balançavam tochas no ar, praguejando aos quatro ventos, tomadas de uma cólera
amedrontadora.
"Não podemos ser vistos." murmurou Patrick, sem olhar para trás.
"Essa criança corre perigo."
"Pois não me espanta! Você viu o que ela fez!" falou Sakura,
correndo.
"Sim, e é isso o que me preocupa. Essa garota tem potencial, mas
toda sua capacidade está sendo canalizada da pior forma possível. Ela está
inundada de sentimentos negativos e isso faz mal não só a ela mas a todos
ao seu redor."
Sakura balançou a cabeça em concordância. Continuaram caminhando
por mais alguns minutos, até chegarem em uma casa na periferia da cidade.
Era uma casa bonita. Não de todo luxuosa, mas bem cuidada e delicadamente
acabada. As paredes de madeira ornavam perfeitamente com o teto feito de
palha. Muito embora a combinação fosse de todo comum, havia um quê de
aconchego naquele casebre. Não havia luzes acesas nem dentro, nem fora da
construção, onde a escuridão se fazia dominante. Nem mesmo os escassos
raios da Lua Minguante eram suficientes para penetrar aquelas sombras e
iluminar ao menos fracamente o espaço ao redor.
Patrick se aproximou e abriu a porta, acenando para seus amigos e
lhes dando passagem. Entraram um após o outro, silenciosamente, tomando
cuidado para não despertar olhares curiosos sobre si.
A porta se fechou tão logo Patrick colocou a menina deitada na cama.
Naquele meio tempo Katrina havia acendido algumas velas para iluminar o
aposento onde se encontravam. Estavam exaustos com a caminhada, mas
continuavam com os sentidos a postos.
Sakura olhou discretamente pela janela, observando o rebuliço de
pessoas ao longe. Provavelmente ainda estavam em choque, especulando sobre a
explosão repentina no maior bordel da cidade.
Afastou-se na janela e sentou-se na cadeira que havia ao lado da
cama. Foi então que olhou com mais cuidado para a garota que as atacara
instantes atrás. Não possuía uma constituição física muito avantajada,
não era muito alta, mas Sakura deduziu que ela tinha aproximadamente uns 11
anos. Certamente, por baixo daqueles trapos que ela usava e de toda a
sujeira, havia uma garota muito bonita. Seus longos cabelos que um dia
haviam sido castanhos agora estavam sujos e embaraçados, mais parecendo um
emaranhado sem fim de fios achocolatados. Suas feições eram leves e
serenas, mas Sakura não deixou de perceber naquele rosto angelical vestígios
de um sofrimento antigo, traços de lágrimas derramadas há muitos anos e
que o tempo se encarregara de secar, deixando apenas seu rastro para marcar
seu passado, seu presente e seu futuro.
"Sinto dó dela." murmurou Sakura, acariciando o rosto da garota
ternamente.
"Imagino porquê ela nos atacou." disse Spinel, enquanto saía do
bolso da jovem. "Ela disse que era a filha do demônio e isso me
preocupa."
Sakura nada disse. Apenas voltou a fitar a menina, imersa em seus
pensamentos.
"A sorte não está a nosso favor." falou Patrick, após retirar
o manto e ajeitar-se em uma cadeira. "De todos os períodos históricos,
fomos cair exatamente na época em que o Tribunal da Inquisição está mais
forte e ativo e isso limita nossas ações."
"Ora, Patrick, você não está preocupado com algumas pessoas
balançando tochas ao léu, está?" perguntou Sakura.
"Não se engane, minha amiga. O Tribunal da Inquisição representa
um perigo maior do que você imagina. Ao contrário do que dizem os livros
de História, a Igreja tinha meios bastante eficientes para capturar
magos."
"Sim, Patrick tem razão." interpelou Katrina. "Devemos ter
cuidado e usar nossos poderes o menos possível. A Inquisição é perigosa.
Me pergunto como essa menina escapou todo esse tempo. Me parece que ela vive
escondida há anos."
Ninguém falou nada. Apenas olharam para a menina, que ainda dormia.
Patrick levantou, caminhou novamente até a janela, espiando discretamente
através dela. Seu nervosismo era visível. Ao longe o topo das tochas ainda
podia ser visto, em um movimento frenético e ininterrupto.
Inconscientemente agarrou a bainha da espada, firmemente atada
ao seu cinto. Correu a mão pelo punho trabalhado da arma, contornando com a
ponta dos dedos o entalhe característico da ampulheta dourada, presente em
todos os instrumentos que os membros da Ordem usavam.
Atreveu-se a retirar a espada e empunhá-la junto ao peito, sem ao
menos desviar o olhar da movimentação que se desenrolava na cidade. Tocou
a fria lâmina de aço, meticulosamente cuidada, polida com esmero. Sentiu
seu fio, constatando o quão perigosa era a arma de fato.
"Poderia facilmente partir uma árvore ao meio." pensou consigo
mesmo. "Por que essa sensação de infortúnio me incomoda tanto? Sinto um
aperto no peito, uma sensação de tristeza."
Balançou a cabeça, procurando afastar aqueles pensamentos incômodos.
Fechou as cortinas e tornou a se sentar, contemplando fixamente a chama da
vela a sua frente. Katrina e Sakura trocaram olhares confidentes, imaginando
o que se passava pela cabeça do companheiro.
Sentado em sua cadeira, Patrick divagava, relembrando com nostalgia o
dia em que havia recebido o título de Cavaleiro da Ordem dos Dragões do
Tempo, havia 29 anos.
____________________
O
ritual fora realizado na noite do dia 13 de Novembro do ano de 1977, dia em
que Patrick completara 18 anos. Junto a ele estavam mais quatro jovens.
O
rapaz estava apreensivo, quase nervoso na verdade. Afinal, não era sempre
que se recebia um título tão importante e almejado. Era hora de ver se o
treinamento árduo que recebera durante toda sua vida valera alguma coisa.
Olhou
a sala onde se encontrava. A câmara ritualística era oval, rodeada de
altos vitrais por onde a Lua e as estrelas lançavam sua luz fugaz. O altar
emergia da água da pequena piscina que havia ao centro. Não era muito
profunda, apenas o suficiente para cobrir até a cintura uma pessoa de
estatura mediana. A única porta de madeira que dava acesso ao salão estava
fechada, guardada do lado de fora por dois sacerdotes da Ordem.
Do
lado de dentro, sete Sacerdotes e sete Cavaleiros se postavam intercalados,
distribuídos ao redor do aposento de forma a rodear totalmente os futuros
acólitos da Ordem dos Dragões do Tempo. No altar ao centro, dois
Cavaleiros e um Alto Sacerdote se concentravam, um de costas para o outro.
"Como
será o teste?" indagou-se. A curiosidade era grande, tão grande quanto a
apreensão e a expectativa. Como será que testariam suas habilidades?
Aquele espaço apertado poderia limitar suas ações.
Ao
seu lado, os outros quatro jovens também pareciam inquietos. Olhavam
incessantemente para o altar, imaginando se seriam aprovados ou não.
"Vamos
dar início à cerimônia." disse o Alto Sacerdote, atraindo as atenções
daqueles cinco jovens todas para si.
Patrick
empertigou-se e ergueu a cabeça, contemplando o altar e as três pessoas
que nele estavam. O Alto Sacerdote era um homem de constituição física
bastante avantajada. Era alto e tinha a pele muito bronzeada. Com traços
orientais, seu rosto exibia uma beleza exótica, assemelhando-se a um monge
de um templo chinês. Trazia os longos cabelos presos em uma trança, que
descia pelas suas costas até sua cintura. O manto era branco, com a
tradicional ampulheta dourada bordada no peito.
Uma
após a outra, as duas figuras que acompanhavam o Sacerdote retiraram seus
mantos. Uma delas era uma mulher na casa dos 30 anos. Tinha cerca de 1,60
metro e possuía clara descendência italiana. Os olhos cor de chocolate
transmitiam um aspecto imperioso e rijo, mas ao mesmo tempo lhe conferiam
uma graça peculiar e uma aparência bondosa.
O
outro era um homem magro de meia idade, que mantinha um aspecto
introspectivo e compenetrado. Sua postura altiva era realçada pelo olhar
penetrante e analítico, que corria de um lado para outro da sala, como se
quisesse ver dentro de cada um dos presentes. Ambos traziam junto à cintura
a espada sagrada, concedida aos Cavaleiros no dia de sua nomeação, e
trajavam a armadura tradicional, com o emblema da Ordem gravado no peito e
nos punhos.
"Aproximai-vos."
ordenou o Sacerdote. Os cinco jovens fizeram como lhes foi dito. Um a um
entraram na piscina e se postaram ao redor do altar, esperando pelas próximas
instruções.
Silêncio.
Os minutos se passaram vagarosamente. A água fria da piscina começava a
incomodar os cinco jovens.
"Que
horas são?" pensou Patrick. "Já estamos aqui há muito tempo."
Ainda
o silêncio. Os três veteranos não se moviam nem se pronunciavam. Apenas
permaneciam no mesmo lugar, os olhos fechados e a postura compenetrada, como
se houvessem esquecidos dos cinco jovens imersos na água gelada.
Patrick
olhos para seus quatro companheiros. Todos eles pareciam estar extremamente
incomodados com tudo aquilo, intrigados com o súbito silêncio que se
instalara no recinto.
Tornou
a fechar os olhos, fazendo o possível para não pensar naquilo tudo, mas
novamente lhe veio a pergunta:
"Quanto
tempo já se passou?"
Balançou
a cabeça, afastando aquele questionamento.
"Ora,
o que eu estou perguntando? Estou aqui, prestes a me tornar um Cavaleiro da
Ordem dos Dragões do Tempo e fico me questionando sobre o tempo quando
deveria estar agradecendo a ele. Afinal, se não fosse pelo próprio tempo
eu não estaria aqui."
Olhou
ao seu redor.
"O
tempo é nosso aliado mais poderoso. Ele nos guia e nos ensina cada vez mais
a ter coragem, paciência e sabedoria."
"Muito
bem, passaste no teste!" bradou o Alto Sacerdote, atraindo as atenções
dos cinco para si. Seus olhos cravaram em Patrick, fazendo o jovem
estremecer. "Os outros quatro podem sair. Tu deves ficar."
Entreolharam-se,
procurando compreender o que estava acontecendo. Não demorou muito para que
tudo ficasse claro. Sem dizer mais nada, os outros quatro jovens se
retiraram, cabisbaixos, entendendo que haviam falhado no teste. Na piscina,
mergulhado até a cintura, restou apenas Patrick, que assistia aos colegas
saírem do salão lentamente.
"Subas
até o altar." ordenou o Sacerdote. Patrick caminhou até a escada e
subiu, degrau após degrau, a escada que se tornara sua estrada de tijolos
amarelos; a escada que o conduzia à vida que sempre sonhou em ter.
Parou
frente aos três membros e se ajoelhou. Os dois Cavaleiros se aproximaram,
um de cada lado, a mulher trazendo um manto e o homem trazendo uma coroa de
prata, ao mesmo tempo em que o Sacerdote colocava a mão direita sobre a
fronte do rapaz e orava:
"Dominus
Deus, exaudi nos. Dona nobis pacem. In
nomine Patris et Filis, et Spiritum Sancti, Amen."
"Amen." disseram todos em coro.
"Patrick
Lancaster, Descendente da honrosa Família Lancaster, filho de Margareth e
Bishop Lancaster, nascido aos 13 dias do mês de Novembro do ano de 1959. Nós,
da Sagrada Ordem dos Dragões do Tempo, te recebemos hoje em amor e
respeito, de braços abertos. Desejas te tornar um de nós."
"Eu
desejo." respondeu o rapaz.
"Receba
a coroa de prata, símbolo do respeito e da virtuosidade." falou, ao mesmo
tempo em que o Cavaleiro colocava a coroa sobre sua cabeça.
"Eu
te nomeio agora Sir Patrick Lancaster, Cavaleiro Iniciado da Sagrada Ordem
dos Dragões do Tempo. Que os Dragões te iluminem e te tragam sabedoria."
A
guerreira que segurava o manto o ajudou a se levantar, logo em seguida
pousando o manto sobre seus ombros. Então o Alto Sacerdote voltou a se
aproximar, trazendo em suas mãos uma espada bonita, trabalhada em pura
prata. A bainha de couro trazia detalhes bordados com fios de ouro,
delicados como pétalas de rosas recém desabrochadas. O punho trazia um
entalhe de uma ampulheta dourada contornada por um dragão chinês, símbolo
que identificava a Ordem.
"Recebas
a Espada Sagrada, arma dos Cavaleiros do Tempo. Que ela te acompanhe em
todos os momentos, em tuas conquistas e em tuas derrotas. Jamais retire-a da
bainha em vão. A violência desnecessária trás desonra ao nosso nome.
Entretanto, uma vez fora da bainha, ela não poderá retornar ao seu
descanso sem provar o gosto de sangue. Honre teu título, tua Família e tua
Ordem."
"Amém!"
falou Patrick.
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"Nem parece que já se passaram 29 anos." pensou o Cavaleiro.
"Muito aconteceu desde então. Nem tudo foi bom, é verdade, mas nem tudo
também foi ruim. Apenas vivi um dia após o outro, como todos deveriam
fazer..."
Remexeu em sua cadeira e correu os olhos pelo aposento. Fitou
longamente a menina que dormia sobre a cama, logo em seguida desviando o
olhar para Sakura e Katrina, que conversavam. Deteve sua atenção sobre
Sakura. Tinha sua idade quando ingressara na Ordem. Sonhador, pensou em como
tinha saudade de sua juventude, quando tudo era uma eterna aventura. Os anos
trataram de ensiná-lo que nem tudo era sonhos e risos. Passara por muita
coisa, vira e ouvira muita coisa naqueles 29 anos, suficientes para fazê-lo
amadurecer e refletir; sobre a vida, sobre o tempo, sobre as pessoas. E
quanto mais ele pensava, menores eram as conclusões.
"A garota vai demorar para acordar e temos quase quatro horas até
a alvorada." disse o Cavaleiro, saindo de seus devaneios. "Hoje a Lua
carrega perigos consigo, portanto vamos nos revezar em turno de vigilância
até que o Sol nasça e nós possamos resolver o que fazer com a menina.
Katrina fica no primeiro turno. Depois Sakura a substitui. Depois Spinel e
por fim eu assumo o último turno de guarda."
Os três assentiram, sabendo da gravidade da situação. Katrina
levantou-se, tomando o lugar antes ocupado por Patrick. Enquanto a
feiticeira se preparava, os outros se acomodaram como conseguiram no intuito
de dormir um pouco antes do amanhecer.
A primeira hora se passou rapidamente sem qualquer transtorno e logo
foi a vez de Sakura assumir. Sonolenta, a jovem tomou seu lugar, balançando
a cabeça para acordar e manter-se atenta.
Tinha toda a atenção voltada para o que acontecia ao redor da casa.
Prudentemente escondera sua energia, a fim de evitar possíveis
rastreadores. De quando em quando olhava para a garota adormecida, intrigada
com sua figura e suas atitudes. Quem seria ela? Inglês não era seu forte,
mas ela podia jurar que a garota mencionara o demônio.
Voltou a se concentrar na área que rodeava o casebre, atenta a tudo.
De olhos fechados, a jovem feiticeira podia sentir cada pedaço do território,
cada folha que se movimentava no chão, levada pela brisa noturna. Pensou em
como tudo aquilo era harmonioso, em como tudo aquilo lhe parecia perfeito. E
logo seu turno acabou.
Sacudiu Spinel levemente, chamando o pequeno amigo para seu turno de
vigília. O guardião de Eriol rapidamente despertou e assumiu sua forma
real, postando-se com graça próximo à porta.
Viu Sakura acomodar-se rapidamente e logo pegar no sono. A alvorada
se aproximava rapidamente, à medida que a Rainha Lua se movia pelo
firmamento em direção ao oeste, para se esconder e permitir ao Rei Sol
ocupar seu trono por outras 12 horas, onde as pessoas daquele vilarejo
teriam luz e calor.
A vez de Patrick chegou e o Cavaleiro se ajeitou na cadeira,
arrumando a espada que levava presa ao cinto de couro.
Os minutos de passaram, rapidamente levando a noite embora. Sentado,
Patrick parecia pensativo.
"Sinto que ele se aproxima..." sussurrou, colocando seus sentidos
a postos.
Logo a alvorada despontou no horizonte, pondo fim ao turno de
Patrick. Levantou-se e caminhou em direção a seus companheiros, suavemente
despertando todos. Spinel foi o primeiro a se levantar. Sakura e Katrina se
colocaram em pé logo em seguida.
"Bom dia a todos." cumprimentou o Cavaleiro. "Um novo dia
desponta no horizonte, trazendo novas indagações."
"Espero apenas que tais indagações possam ser solucionadas."
falou Sakura.
Não houve tempo para que Patrick respondesse, foi no instante
seguinte um forte batida na porta foi ouvida, seguida de um estalo. A porta
se escancarou, revelando um homem em trajes religiosos.
"Enfim eu os achei!" exclamou.
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Tradução dos Diálogos em Inglês no início do capítulo:
Katherin: God Father, be
merciful... Help us Father! - Senhor, seja misericordioso... Ajuda-nos,
Pai!
Aldeões: Kill the Devil and his
family! Burn them all! - Matem o Demônio e sua família! Queime-os
todos!
Aldeão: Get out, Devils! Get out, otherwise you will be burned with the house! -
Saiam, Demônios! Saiam, caso contrário serão queimados com a casa!
Katherin: Dawn! Listen, my daughter,
thou shall run away. - Dawn! Escute, minha filha, tu deves fugir.
Dawn: I don't want to
leave thy side, mama! - Não quero te deixar, mamãe!
Katherin: Thou hast to. Listen,
my dear, and listen well. Thou shall escape. Run. Run and do not look back
until thou get to the forest. Hide there, do not let these people see thee.
- Tu deves. Escute, minha querida, e escute bem. Tu deves escapar. Corre.
Corre e não olha para trás até chegares à floresta. Enconde-te lá,
não deixe que estas pessoas vejam a ti.
Katherin: May the Grace that was
given to me be passed to her. - Que a Graça que me foi dada seja passada
a ela.
Aldeões: Devils! Kill them all! - Demônios! Matem todos!
Tradução dos Diálogos em Inglês entre Dawn e Katrina:
Dawn: Don't come any
closer! - Não chegue mais perto!
Katrina: Thou art too
frightened, children. There is no need to fear us. - Estás muito
assustada, criança. Não há motivo para nos temer.
Dawn: I do not fear anything!
I am the Devil's daughter! And I shall burn all those who get in my way!
- Eu não temo nada! Eu sou a filha do Demônio! E vou queimar todos
aqueles que entrarem no meu caminho!
Dawn: Stop it! - Pare com isso!
Tradução da Prece em Latim na Cerimônia de Nomeação da Ordem do
Tempo:
Alto Sacerdote: Dominus Deus, exaudi nos. Dona nobis pacem. In nomine Patris et Filis, et Spiritum Sancti, Amen. -
Senhor Deus, escuta-nos. Dê-nos paz. Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, Amém.
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Nome: Inghrid McAlister
País de Origem: Escócia
Idade: 66 Anos
Data de Nascimento: 21 de Setembro de 1940
Tipo Sangüíneo: O+
Elemento Regente: Luz
Ocupação: Guardiã da Lua do Supremo
Conselho de Magos, Suprema Da'ath Keter da Golden Dawn.
Passatempo: Estudar física e astronomia.
Ficha Pessoa: Ingrid nasceu durante o conturbado período da Segunda
Guerra Mundial. Seu primeiro contato com a magia se deu aos 15 anos, quando
surpreendeu sua mãe, uma bruxa da ordem da Golden Dawn, realizando um
ritual durante o solstício de verão.
Possuidora de uma mente extremamente cética, a jovem Inghrid se
negou durante muito tempo a aceitar que a magia era parte de sua vida. Seu cérebro
obstinado teimava em buscar explicações racionais para tudo aquilo que
presenciava. Logicamente, ela logo desistiu de lutar contra sua natureza e
aceitar quem era realmente.
Uma vez começados seus estudos, a maga rapidamente progrediu. Já
aos 25 anos tinha um prestigio bastante elevado dentro da Ordem. Aos 36 foi
convidada a integrar o Conselho de Magos, sendo a mais jovem maga a ser
convidada até então.
De todos os membros do Conselho atualmente, Inghrid é quem está ao
lado de Magno há mais tempo. Por isso, compreende as atitudes do amigo
melhor que ninguém.
Quando não está lidando com magia, Inghrid trabalha no instituto
astronômico de Glasgow, onde reside juntamente com seu marido, sua filha
mais jovem e sua gata de estimação.
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Finalmente, depois de muito tempo, aqui está o capítulo 13 de
Chrono. Peço desculpas a todos pela demora, mas final de ano é sempre um
bagunça. Tive provas e trabalhos para entregar na faculdade, fora a minha
mudança, que consumiu muito tempo e muito esforço. Eu pretendia publicar
esse capítulo no fim de semana passado, mas por motivos de força maior
isso acabou não sendo possível.
Enfim, desculpas à parte, eu espero que tenham gostado deste capítulo,
que me deu bastante trabalho. Reescrevi várias partes inúmeras vezes até
me dar por satisfeito, o que acabou colaborando ainda mais para o atraso.
Curiosos para saber o que o padre vai fazer com o grupo? Então
aguardem o próximo capítulo de Chrono: "De Lágrimas e Carinhos".
Este capítulo não teria sido possível sem o apoio de duas pessoas.
Agradeço à Bruna pelo auxílio e à Stella pelo apoio. Vocês me escutaram e
me ajudaram em todos os momentos. Obrigado.
Até o próximo capítulo.
Peace, Love and
Hope to all and each one of you. Now and Forever.
Namárië
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