N/A: Eu demorei, né? É que tive um bloqueio terrível, estava terminando Procurando Ginny e essa fic ficou um pouco... empacada. Mas o próximo capítulo está praticamente pronto, então acho que não vou demorar tanto dessa vez. Espero que gostem desse capítulo!

Capítulo1 – Abigail

Ela era escocesa, e ouvia piadas desde que se mudara para a Inglaterra, aos onze anos de idade, para cursar Hogwarts. Aquele tipo de paciente não era nenhuma novidade; Abby estava tão acostumada a ouvir ingleses tirando sarro de seu sotaque que deu alta rapidamente, ostentando um sorriso amarelo. Ela mal ouviu a piada da vez.

Seus pais tinham decidido, logo após Abby receber a carta de Hogwarts, que se mudariam para a Inglaterra. Ela não havia ficado surpresa; sendo a escola em algum lugar da Escócia, seus pais fariam o possível para ficar o mais longe da filha que pudessem.

Os Keaton, família de Abby, faziam parte de uma das mais ricas famílias bruxas da Grã-bretanha. Seu pai, Jonathan, era um herdeiro que não trabalhava, e sua mãe Mary, descendente de outra família rica, não podia pensar em fazer outra coisa que não fosse compras. Jonathan e Mary haviam se conhecido na escola, mas nunca haviam se falado até que seus pais arranjassem o casamento.

Nenhum dos dois ficou preocupado com aquele casamento. Jonathan sabia que sua única obrigação era dar um herdeiro à família Keaton, e Mary queria apenas um marido tão rico quanto a sua própria família. O primeiro filho, Mark, viera no primeiro ano de casamento. Era o grande herdeiro, mimado e como diria Abby, estragado.

Os Keaton levavam a vida que queriam, com dinheiro e um filho. E então, três anos após o nascimento de Mark, Abby nasceu, muito para o desgosto de Jonathan e Mary. Como não havia necessidade de outro filho, Abby foi deixada de lado. Seus pais davam todo o apoio financeiro que ela precisava, já que dinheiro não era o problema, mas desde bebê, ela tinha sido educada pelos criados da casa.

Não foi nenhuma surpresa e nenhum aborrecimento quando Abby deixou a casa dos pais, logo após terminar Hogwarts, para cursar medi-bruxaria. A faculdade também havia sido financiada pelos Keaton, dinheiro que Abby detestava. Fora logo morar com as duas colegas da escola, e ganhava o suficiente para levar uma vida confortável. Nunca pedia nada ao pai, raramente falava com a mãe, e não via seu irmão Mark há mais de um ano. Até mesmo mudara seu nome, de Keaton para Lockhart. Os Keaton estavam definitivamente fora da vida dela.

- Dra. Lockhart, Ninfadora Tonks acabou de acordar.

Abby saiu de seu devaneio e agradeceu à enfermeira com um sorriso.

Ela não tinha tido tempo de conversar com Ninfadora Tonks naquele dia. A Auror já tinha acordado uma outra vez, pela manhã, mas ainda não tinha permissão para deixar o hospital. O outro Auror, Remus Lupin, tinha vindo visitá-la todos os dias, mas Abby não ousava perguntar nada a ele; Remus Lupin parecia tão sério que ela se sentia genuinamente assustada com ele.

Abby entrou no quarto e viu Ninfadora Tonks sentada na cama, encostada na cabeceira.

- Olá! Como está se sentindo?

- Bem melhor, obrigada. Quando vou poder sair?

- Ainda preciso de alguns exames. Você sabe me dizer exatamente quais feitiços a atingiram?

- Não me lembro, foram muitos. Estou surpresa de não ter sido morta!

- Era sua tia, não era?

Tonks a olhou, desconfiada.

- Li nos jornais, está em todo lugar. – Abby disse rapidamente.

- Era, sim, irmã da minha mãe.

- Vai ver foi por isso que ela deixou você viver, por ser da família.

A auror deu uma risadinha de escárnio.

- Eu não seria a primeira. – ela murmurou.

- Como assim?

- Ah, nada.

Abby não insistiu; Tonks não deixaria escapar mais nada por enquanto, e a medica não podia parecer muito interessada no caso.

Ela checou o estado de saúde de Tonks e lhe deu alguns remédios; logo depois deixou a saleta, pensando no que a auror dissera. Não seria a primeira. Tonks havia lutado com Belatriz Lestrange, isso Abby bem sabia. Então a senhora Lestrange já havia matado alguém da família. Mas seria naquele incidente ou em algum evento anterior?

Abby encontrou a doutora Corday no corredor, e a amiga lhe disse:

- Aquela sua amiga, Lily, apareceu na lareira. Pediu pra você entrar em contato com ela.

- Ah, obrigada, Lizzie.

Abby foi para a sala dos medi-bruxos, pegou um pouco de pó de flu, enfiou a cabeça na lareira e gritou:

- Escritório de Elizabeth Rush!

Segundos depois, ela viu o escritório, mas Lily não estava ali. Havia um homem sentado à mesa da amiga, que deu um pulo ao ver a cabeça de Abby.

- Oi? – ele disse, assustado.

Abby o olhou bem. Ele tinha os olhos e os cabelos castanhos, bem claros. Era bonito, e a medi-bruxa tinha certeza que não o conhecia.

- Acho que caí no lugar errado. – ela disse.

- Quem está procurando?

- Lily Rush.

- Ah, você está o lugar certo, esse aqui é o escritório dela. Lily só foi buscar café. Sou Martin Fitzgerald, o parceiro dela.

- Ah, você é o Martin. Sou Abby Lockhart.

Martin sorriu.

- Uma das moças que mora com ela. Lily me falou sobre você. É medi-bruxa, não é?

- Sou. Lily queria falar comigo?

- Sim, queria. Na verdade, ela queria marcar um almoço. Você pode sair hoje?

- Posso. Onde?

Ele passou um endereço para ela, que perguntou:

- É sobre aquele caso?

- Sim. Mas não vamos falar sobre isso agora. Te vejo no almoço, Abby.

- Até logo, Martin.


A cena do crime já estava fechada e inatingível, Martin havia dito. Lily tinha contado ao seu parceiro sobre sua curiosidade no caso, e apesar de Martin ter dito que ela deveria esquecer, ele não havia ficado surpreso com a reação da parceira. Ele tinha até mesmo se oferecido pra ajudar, e Lily aceitou a ajuda de bom grado.

- Oi, Martin.

- Ah, oi Lily. – ele respondeu, pegando uma das xícaras de café da mão dela. – Você demorou. Sua amiga Abby esteve aqui, eu passei o endereço do restaurante.

- Aproveitei que a máquina de café fica um pouco longe e fui dar uma olhada em uns arquivos.

- De quem?

- Ninfadora Tonks.

- A Auror de quem sua amiga está cuidando?

- Sim.

- O que você achou?

Lily sentou, e Martin puxou uma cadeira.

- O pai dela, Ted Tonks, é trouxa, e foi atacado por Comensais da Morte quando Ninfadora era muito pequena. Não morreu, mas ficou muito machucado. Claro que já está bem agora.

- Não é de se espantar que ela seja uma Auror agora.

- Mas é aqui onde pega. A mãe dela é Andrômeda Black, irmã de Belatriz Lestrange e Narcisa Malfoy, e prima de Sirius Black, como já sabemos.

- Todos eles envolvidos com Você-Sabe-Quem.

- Sim. Mas Andrômeda foi expulsa da família quando se casou com Ted Tonks. Totalmente deserdada, sem direito algum à herança. Os Tonks não são nem um pouco ricos agora.

- Você acha que Ninfadora Tonks pode ter ido pelo caminho das tias? Acha que ela pode estar espiando para Você-Sabe-Quem?

- Talvez. Isso explica porque Belatriz Lestrange não a matou.

- E como isso a relaciona com a vítima?

- Não sei, Martin. Mas temos que investigar sobre todos que estavam lá. Não temos muita coisa. Quer dizer, e se no fim nós descobrirmos que Shacklebolt estava dizendo a verdade?

Martin sorriu.

- Não, ele estava mentindo.

- Como sabe disso?

- Nós conversaremos no almoço.


Ela estava quase dormindo ali mesmo, sobre sua mesa. Toda aquela papelada era apenas um borrão, Jo estava tão cansada que mal escutou quando Amy, estendendo-lhe uma xícara de café, disse num tom de voz muito baixo:

- O Sr. Weasley está vindo, ele quer que você o acompanhe até uma casa em Notting Hill.

- O que aconteceu?

- Aparentemente, a cozinha de uma senhora começou a trabalhar sozinha esta manhã. Não sei direito. Enfim, estava querendo te perguntar a manhã toda, por que está tão cansada?

- Não dormi direito à noite.

O que não era mentira. Jo, Lily e Abby tinham passado a noite toda trabalhando no arquivo que Lily havia levado para casa. Elas não tinham conseguido muitos avanços; o arquivo, como esperado, era muito incompleto. A única conclusão óbvia que elas tinham tirado era que os Aurores e Dumbledore estavam escondendo informações de propósito.

E como Amy havia dito, Arthur Weasley apareceu na mesa de Jo alguns, parecendo tão cansada quanto ela.

- Ah, olá, Srta. Montgomery. Eu acredito que a Srta. Bishop já lhe disse o que aconteceu.

- Sim, senhor.

- Ótimo, então vamos já. Quero terminar o trabalho hoje mais cedo.

Jo pediu a Amy que anotasse qualquer recado, e ela e Arthur aparataram direto no local. Encontraram uma senhora chorosa no sofá, amparada por duas vizinhas. As três gritaram ao vê-los, mas enquanto Arthur ia ajeitar a bagunça na cozinha, Jo apagou as memórias recentes das três e disse logo em seguida:

- Meu parceiro já deve estar terminando. Há algum outro vazamento, senhora?

A dona da casa a olhou confusa.

- Vazamento?

- Sim, como aquele da cozinha. Já terminamos lá. Há algum outro?

- Não... Não.

- Ótimo! Mandaremos a conta pelo correio!

Arthur reapareceu, sorrindo.

- Já está tudo terminado bonito, madame. – ele disse, com um sotaque que lembrava muito o interior dos Estados Unidos.

Jo se segurou para não rir, e os dois deixaram a casa rapidamente. Ao atravessar a porta, ela teve certeza que ouviu uma das senhoras dizer:

- Esses encanadores se vestem engraçado hoje em dia, não? E eu nunca tinha visto uma encanadora mulher!

Aparataram de volta para o escritório, e encontraram Amy esperando.

- Sua amiga Abby mandou um recado.

Amy entregou um pequeno papel com um horário e um endereço de um restaurante. Jo olhou para o relógio e viu que ainda tinha pelo menos uma hora antes de sair, então resolveu que tentaria conversar com Arthur.

Aproximou-se da mesa dele e puxou uma cadeira, sentando-se em frente ao chefe. Arthur olhava uma porção de papéis com um certo desânimo.

- Tem que preencher um relatório sobre o incidente de hoje? – ela perguntou.

- Sim, como sempre. Alguém tem que fazer a parte burocrática, não é?

Ela sorriu num sinal de encorajamento, e depois perguntou:

- E seus filhos, como estão? Digo, depois daquele incidente do Ministério?

- Ah, estão bem, já. Hogwarts termina amanhã, então eles estarão em casa.

- Eram os únicos lá, Sr. Weasley?

- Não, não, estavam quatro coleguinhas com eles. Você leu os jornais?

- Li, mas só diz o nome de Harry Potter.

- É, o Harry, ele é quase um filho para Molly e eu. É o melhor amigo de nosso filho Rony – ele sorriu com orgulho. – Harry é um excelente garoto. Hermione também, uma das moças que estava lá. É muito inteligente.

- Hermione?

- Sim, Hermione Granger. Também é amiga de Rony, e de Gina também.

- Quem mais estava lá?

- Por que está tão interessada no caso, Srta. Montgomery?

- Ah, o senhor sabe. Todos nós queremos saber como foi que Você-Sabe-Quem voltou ao poder.

- Eu também não sei de detalhes. – ela sabia que ele estava mentindo; tinha certeza que Arthur era um dos colaboradores de Dumbledore. – E mesmo que soubesse, acho que não poderia ficar falando por aí, não é?

- Claro, Arthur. – Jo resolveu mudar de assunto. – O senhor sabe quando vão anunciar o novo Ministro da Magia?

- Creio que ainda não tenha data. Não sei se farão alguma festa, como é o costume, já que estamos em Guerra novamente.

Jo achava difícil; todos estavam preocupados demais com Comensais da Morte e o retorno de Você-Sabe-Quem. Ela tinha grandes esperanças em quem seria o novo Ministro. O ultimo, Fudge, que ainda não tinha se afastado oficialmente, havia deixado uma impressão tão ruim que Jo achava quase impossível alguém pior. Cornélio Fudge só poderia renunciar quando um novo Ministro fosse eleito, mas todos na Comunidade Bruxa sabiam que o atual Ministro já estava boicotado. Até mesmo o Profeta Diário havia anunciado, era apenas uma questão de tempo.

Olhou para o relógio, despediu-se de Arthur e deixou o Ministério, aparatando diretamente no restaurante. Abby já estava lá.


Jo se sentou, sorrindo para a amiga. Pediu ao garçom uma cerveja amanteigada e disse:

- Lily ainda não chegou?

- Não. Ela vem com o parceiro dela, o Martin. Acho que ele está investigando o caso também. Escuta, eu não olhei o jornal direito, você sabe se saiu no Profeta Diário o nome de Belatriz Lestrange?

- Como assim?

- Eu meio que disse para Ninfadora Tonks que tinha saído nos jornais que Belatriz Lestrange a tinha atacado.

- Bem, não saiu exatamente isso, não. Mas saiu o nome de alguns Comensais, todos os que o Ministério conseguiu identificar, para que as pessoas ficassem avisadas. Não se preocupe com isso. Ela provavelmente não vai te perguntar nada.

Lily e Martin chegaram naquele momento, e logo depois de todos pedirem os pratos ao garçom, Lily disse:

- Então, vocês descobriram alguma coisa?

- Não muito. – disse Jo. – Arthur Weasley ficou um pouco desconfiado quando comecei a fazer perguntas demais. Ele disse apenas que haviam seis crianças lá. Os nomes que consegui são Harry Potter, Hermione Granger e os dois filhos mais novos de Arthur, Ginevra e Ronald Weasley. Faltam dois, mas não sei se isso vai fazer muita diferença. E você, Abby?

- Também não consegui muita coisa, mas Ninfadora Tonks me disse uma coisa interessante. Nós estávamos conversando, e ela disse que não sabia porque Belatriz Lestrange não tinha a matado. Eu disse que talvez fosse porque eram da mesma família. Então Tonks disse que ela não seria a única da família a ser assassinada por Belatriz Lestrange.

Os quatro se entreolharam.

- Então pode ser que a pessoa morta no incidente do Ministério era alguém da família Black. Ou Belatriz pode ter assassinado alguém da família Black antes disso tudo, talvez na época que Você-Sabe-Quem estava com toda a sua força, dezesseis anos atrás. – disse Martin.

- Mas todos os bruxos da família Black, com exceção dos Tonks, eram pelo menos um pouco voltados para as Artes das Trevas. – disse Lily. – Martin e eu pesquisamos hoje. Abby, você disse que Tonks lutou com Belatriz, não foi?

- Sim, foi a própria Belatriz a atacou.

- Então porque não a matou? Martin e eu temos um palpite, entende. Achamos que Ninfadora Tonks pode ter ido no mesmo caminho que as tias. Acho que devemos investigá-la mais.

- Não sei, Lily. Acho que Tonks é uma pessoa íntegra e uma Auror confiável. – respondeu Abby.

Ficaram em silêncio um tempo, até que Martin se lembrou do que tinha pesquisado.

- Eu fui fazer uma pesquisa com uma amiga, que trabalha no Departamento de Aurores. Ela me arrumou os arquivos.

- É incrível, Martin, que você ainda venda seu corpo para conseguir informação. – Lily disse, muito séria. – Achei que você já tivesse parado de se prostituir.

Martin olhou para Jo e Abby com as sobrancelhas erguidas. As duas riram e Lily deu um tapinha no ombro do parceiro.

- Por favor, continue, Sr. Fitzgerald.

- Essa amiga conseguiu os registros de todos os formados na Academia de Aurores nos últimos dois anos. Quim Shacklebolt disse que era um Auror bem jovem, provavelmente alguém formado recentemente. Eu olhei os registros, nenhum bate com a descrição que Shacklebolt deu. Nenhum Auror com menos de vinte e cinco anos é loiro de olhos claros.

Lily sorriu.

- Então Shacklebolt estava realmente mentindo. Nós não estamos tão no escuro assim.

- Lily, acho que não vou conseguir muita coisa com Arthur. – disse Jo. – Vou pedir ajuda à minha irmã.

Abby a olhou.

- Tem certeza?

- Bem, Sammy é muito centrada em relação a esse negócio de Auror, mas não vai negar ajuda à única irmã que ela tem. E vocês sabem quem é a melhor amiga dela.

- Quem? – perguntou Martin.

- Andrômeda Tonks. – respondeu Abby, fitando-o com gravidade. – Se Sam resolver nos ajudar, o que acho difícil, vai ser muito importante, Jo.

- Eu sei, por isso vou pedir. Também acho difícil, mas não custa tentar.

O garçom chegou com os pratos, que eles comeram com pressa. Lily pagou a conta dessa vez, e os quatro deixaram o restaurante. Jo foi a primeira a aparatar, já estava um pouco atrasada e não queria levar nenhum desconto no salário.

Quando Lily estava aparatando, Martin disse que já a encontrava e se despediu. Quando Lily desapareceu, ele perguntou à Abby:

- Porque a Josephine acha que a irmã dela não vai ajudar?

- A Sam é muito ligada na Academia de Aurores. Não acho que vá se envolver com uma investigação ilegal.

- Ah... Escute, você quer sair para jantar qualquer dia desses?

Abby sorriu.

- Claro. Eu tenho que ir agora.

- É, eu também. Até mais, Abby.

Com isso, ele aparatou, e logo isso Abby voltou para o hospital.

Continua...

N/A: Gostaram? O nome do próximo capítulo é Josephine. Então, não é porque a Abby é a mais focada nesse capítulo que ela é... não vamos dizer personagem principal, mas sim personagem com maior participação. Mas a Abby não está descartada. Pode ser qualquer uma das três, D.

Obrigada pelas reviews: bru, Nick Malfoy, ang, MarcelleBlackstar (quando sai capítulo novo de Atrás das Sombras?) e Jessie Evans (desculpe pela demora!).

Deixem mais, me dá inspiraçao, hehehe...

Beijos !