Como esse é curtinho, já postei agora, para não ter reclamações... e obrigadérrima pelas DOZE reviews, entre pvt, fosff e ff ! Vocês são uns amores completos !

2 – Talvez

Talvez

Tal vez no ser es ser sin que tú seas,

sin que vayas cortando el mediodía

como una flor azul, sin que camines

más tarde por la niebla y los ladrillos,

sin esa luz que llevas en la mano

que tal vez otros no verán dorada,

que tal vez nadie supo que crecía

como el origen rojo de la rosa,

sin que seas, en fin, sin que vinieras

brusca, incitante, a conocer mi vida,

ráfaga de rosal, trigo del viento,

y desde entonces soy porque tú eres,

y desde entonces eres, soy y somos,

y por amor seré, serás, seremos.

Pablo Neruda

- ... E as últimas notícias então são essas. Alguém tem mais alguma coisa a trazer à Reunião ? Ótimo, então está encerrada. Kingsley, posso falar com você um momento ?

- Sim, Albus ?

- Vou precisar de alguém muito próximo de Severus hoje, ou ele pode ter alguma ação que resulte em algo profundamente errado.

- O que ?

- Apenas não o deixe sair de onde estiver esta noite toda, acha que consegue fazer isso ?

- Tentarei. Severus não é propriamente a pessoa mais fácil do mundo de se enganar...

- Não se engana Severus Snape, meu caro Kingsley, lembre-se sempre disso. Apenas jogue limpo com ele e verá que será infinitamente melhor do que parece no momento. Ah... e ele também não pode ficar aqui. Acho que quando eram adolescentes e viviam brigando esses dois se entendiam melhor... Pensei se você não faria a gentileza de levá-lo para seu apartamento ? Obviamente, estarão sob o feitiço

- Fidelius, claro...

- Sim.

Silêncio. Pesado e Morno, com as verdades não ditas mas pressentidas. Severus estava sob fogo cruzado, pelo visto. Mas era necessário certificar-se da gravidade da situação.

- É tão sério assim, Albus ?

- Mais do que consiga suspeitar, caro Kingsley... preciso dele devidamente "entretido" esta noite.

- Não sei o que o meu apartamento de Auror solteiro iria ter para entreter um Mestre de Poções, Albus, mas se você acha será o suficiente...

- Será, Kingsley. Ele não precisa de um bom espaço, precisa de um bom amigo hoje.

- Talvez eu não seja o melhor, Albus.

Olhos azuis brilhantes, novo silêncio de palavras não ditas ...

- Talvez não. Ou talvez sim. Mas sempre existe o talvez, não existe ?

Xoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxoxox

- Já está pronto, Snape ?

- Há quase uma hora, Shackelbolt. Como foi a reunião ?

Tediosa.

- Teve pontos interessantes.

- Você achou-a tediosa, Shacklebolt.

Não se engana Severus Snape...

- Sim, achei. E você achará a noite tediosa em minha companhia.

- Dumbledore acha que Black e eu não conseguiríamos conseguir conviver uma noite sob o mesmo teto, pelo visto.

- Desde quando você não usa mais varinha para fazer Legilimens, Snape ?

- Desde que sejam coisas tão evidentes que não seja necessário dispender energia com um feitiço, Shacklebolt. Apenas lógica. Pura e simples, sem magia alguma.

Teimoso. Arrogante. Insensível... e com os pés mais maravilhosos que eu já tinha visto no mundo bruxo. Hipnotizado novamente pela visão deles, eu me forço a responder qualquer coisa.

- Lógica...

- Lógica.

- E como iremos nos locomover até o meu apartamento ? Seus pés ainda estão com bolhas, pelo visto.

Essa foi realmente infantil, Shacklebolt. Digna do menino Weasley, todo feliz com seu novo distintivo de latão. Ele não sabe o peso daquele distintivo...

- Meus pés são MEU problema, Shacklebolt. Apenas mostre o caminho.

- Sua segurança, aliás a segurança de seu corpo inteiro é problema meu hoje, Snape.

- Inclusive meus pés...

- Não costumo fazer segurança apenas de partes de pessoas vivas, Snape, portanto seus pés estão inclusos no pacote de proteção. Precisa que seja feita mais alguma poção ? Não tenho muitos ingredientes em casa.

- Você tem Calêndula ? Belladona ? Aconitum ? Urtica arens ?

- Sim, esses básicos eu tenho.

- É o suficiente.

- Então vamos. Leia isso.

- Fidelius ? Raro...

E sem mais perguntas ou respostas, Shacklebolt pegou um atônito Severus Snape no colo, desceu as escadas, empurrou com os pés a porta da frente e aparatou instantaneamente para seu próprio apartamento.

Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

Pablo Neruda