Acho que ele não ouviu muito bem, até porque Sirius falou rápido na pressa de ir logo para a próxima opção.
A PRÓXIMA pessoa que teríamos que ver estava alí mesmo, naquele andar, mas por sorte no outro lado do salão, longe do velhote surdo. Não tivemos dificuldades para achar a seta que indicava "Srta. Cookie", ao canto oposto.
A mulher estava com os pés calçados de saltos altos cruzados em cima da mesa. Nas mãos, jornal. Na boca, um cigarro. Na cabeça, um chapéu (?).
Me senti entrando num filme. Daqueles em preto e branco em que a mocinha entra no escritório de um advogado ou detetive particular para pedir ajuda. Mas éramos adolescentes querendo um apê e ela uma vendedora, algumas pequenas diferenças.
Remo pirragueou para chamá-la a atenção. Ela tirou a vista do jornal. Tirou os pés da mesa e levantou, tirando o chapéu e jogando em baixo da escrivaninha. Era alta (talvez fossem só os saltos), cabelos loiros até a cintura, usava uma saia e um blazer por cima de uma blusa branca decotada. O queixo de Remo foi caindo até ele ficar com uma cara bem engraçada, de quem vê um ET.
Oh-oh! Ele não pode ver uma loira que fica assim. O único motivo de Remo não ser como Sirius com as garotas é haver poucas loiras mais ou menos da nossa idade em Hogwarts (com as quais ele já saiu, à propósito). Estranho, não? Almofadinhas prefere as morenas. Já eu sou mais as ruivas. Pro Rabicho qualquer uma que saiba cozinhar está de bom tamanho.
'- Posso ajudá-los?- ela perguntou com uma voz de telefonista (N/A: não pergunte se ele já usou um telefone pra saber como é voz de telefonista! O fato é que era.)
Nessa altura eu já tinha dado uma cotovelada no Aluado, que fechou a boca e continuou com o olhar vidrado nela. Almofadinhas devorava a moça com os olhos, mas ela não demonstrava se encabular com isso. Quanto a mim, tive que controlar os hormônios explosivos, porque se Lily me visse ter uma reação como as dos garotos ela me acharia um idiota que baba por qualquer rabo-de-saia ou decote. Além disso, acho que ela tem trauma de loiras. Só lembrando: a Clío é loira, e isso não conta pontos a favor ao ver da ruivinha. Foi ela mesmo que respondeu:
'- Ah, sim, por favor. Gostaríamos de visitar o número 3.111.- lançou um olhar feio para a fumaça produzida pelo fumo da tal de Cookie e começou a tossir forçada e fingidamente.
'- Hum, 3.111, vejamos.- pegou uma lista e correu o olhar por esta, parando em um ponto ao final.- Claro, queiram me acompanhar, sim?- apagou destraidamente o cigarro em um cinzeiro e seguiu para a lareira mais próxima.
Devido a uma momentânea dificuldade de locomoção dos meus amigos, tivemos que ir puxando-os. Chegando perto, a moça nos deu um papel com o nome do prédio para que não errássemos de endereço e entrou nas chamas depois de jogar um pouco de pó nelas. Imitamos-na, e assim chegamos à portaria do condomínio Mauvais voisinage, que comportava seis prédios bruxos grandes e meio tortos. Formavam uma pequena ruazinha, com três de cada lado.
'- O Caldeirão Furado é a três quarteirões daqui.- disse Cookie.- Por aqui: o de vocês é o último.
Andamos e andamos, e entramos na última portaria à direita. Um cara com um bigode branco e espesso tinha os braços cruzados e uma expressão carrancuda, estava sentado atrás de um balcão. Provavelmente era o porteiro.
'- Bom dia, sr. Oletz.- a vendedora cumprimentou.
'- E o que é que tem de bom?- ele gruniu de volta. Ela pareceu não se abalar, e explicou vendo nossa cara de surpresa:
'- Não liguem pro sr. Oletz. Está ficando rabugento com a idade, mas é ótima pessoa.
Pegamos um elevador igual aos do Ministério e subimos até o oitavo andar. O ato de abrir a porta do apartamento foi bem prejudicial à nossa visão, já que as paredes estavam pintadas de amarelo-gema-berrante.
'- A cor está assim desde os últimos moradores, mas vocês podem pintar se comprarem...
A porta principal dava numa sala bem grande, que tinha duas saídas: uma pra cozinha e outra pro corredor, o qual dava acesso ao banheiro e aos dois quartos, um de tamanho normal e o outro bem pequeno. A Srta. Cookie falava sobre a parte do encanamentos, circuito de gás, telefone e eletricidade (fora um prédio trouxa inicialmente) enquanto andávamos e examinávamos cada aposento. Quando já tínhamos visto tudo, ela parou perto à janela e olhou para baixo. Fechou as cortinas rapidamente e perguntou:
'- Não gostariam de comer alguma coisa?- conjurou uma bandeja de biscoitos.
'- Muito obrigada, mas não podemos nos demorar muito.
'- Alguns minutos não fazem diferença! Quem sabe um suco os convença?- uma jarra de suco de abóbora e copos substituiram os biscoitos.
'- Não, de verdade, precisamos ir. Obrigada mesmo assim.- Lily respondeu e se encaminhou para a porta. Nós a seguimos e a Srta. Cookie também.
Descemos e voltamos ao térreo, onde o sr. Oletz, agora, resmungava baixinho. Ouvi umas vozes longe, mais precisamente gritos, mas não dei muita importância.
'- Que tal irmos pela lareira daqui?- a vendedora perguntou.
'- Não dá. Uns vândalos do Prédio Um a quebraram ontem de madrugada.- o porteiro resmungou metendo o bedelho.
'- Teremos que ir até a entrada do condomínio, então.- ela nos disse inconformada.
Ao atravessar o portão quase fui atingido. Senti uma mão me puxando para baixo pela frente do casaco e uma garrafa verde de vidro passou zunindo sobre a minha cabeça. Olhei pro lado e vi Lily abaixada também, fora ela quem me salvara de um triste fim.
'- Obrigado.
'- Eu te pego, Perkins, seu dragão pestilento!- uma velha passou correndo atirando mais garrafas em um homem que corria bem mais à frente.
'- Isso se você me alcalçar! Mais parece um cavalo reumático!- gritou o tal Perkins de volta, sem parar de correr.
Olhamos inquisidoramente para a vendedora.
'- Aqui tem umas rixas familiares, mas nada muito significativo. A vizinhança é super calma.
Contrariando o que ela disse, uma mulher segurando uma espingarda saiu de outro portão berrando para a janela em frente.
'- Jorge, apareça que eu ainda acabei com você!
'- O que foi dessa vez?
'- Já disse pro idiota do seu filho parar de vir atrás da minha princesinha!
'- Eu também já disse! Você acha que eu quero meu Júnior e a gorda da sua filha juntos?
O Jorge teve que se abaixar depois disso, pois a mulher deu um tiro que quebrou o vidro da janela. Desta saiu voando uma dúzia de ovos (com certeza enfeitiçados) que começaram a perseguí-la. Ela os quebrou um por um com tiros. Olhamos aparvalhados.
'- Que é? Tão olhando o quê? Nunca viram uma dessas?- apontou a arma para o alto a atirou. Depois seu olhar pousou na vendedora, que pareceu encolher. A senhora adquiriu uma expressão de quem tenta se lembrar de algo.- Você não é a sobrinha do Ernie?- a moça sorriu sem graça.- Seu tio me deve 50 pratas!
'- Ahn... Então, agora que já vimos tudo vamos embora?
Não precisamos nem responder, recomeçamos a andar e rapidamente chegamos à
portaria geral.
Assim que pudemos despistamos a mulher. Mais uma opção descartada. Segundo
Sirius, dezesseis anos da vida vivendo com pessoas malucas já era o sufuciente.
AS OUTRAS três visitas foram bem rápidas. A primeira era um apartamento
oferecido por uma mullher vestida do que me pareceram roupas de cigana (me controlei para não perguntar se era carnaval na religião dela). O prédio oferecido até que era bom, mas havia a desvantagem dos moradores. Um bando de hippies parecendo achar que o tempo parou nos
anos 70. Usavam cordões de contas e óculos escuros enormes, faixas na cabeça, calças boca de sino bicolores, saias longas e coloridas, batas largas e o cabelo precisando urgentemente de corte, já que estavam quase até a altura dos joelhos. Era uma daquelas comunidades em que todas as crianças são filhas de todos os adultos, todos os adultos são pais de todas as crianças, ninguém é de ninguém. Além de ter um cheiro horrível de fumo, com que Remo teve um ataque de tosse horrível e por pouco não sufocou. Nos cantos e nos corredores havia porcos e correndo por aí havia galinhas! Tropecei em uma e tive que me segurar na Lily pra não ir direto pro chão, e por conseqüência caímos os dois. Todos pareciam largados de mais, meio desligados da realidade e da atualidade. As portas dos apartamentos ficavam abertas, mostrandoseu interior a quem passasse. Enfim, não era muito a cara do Almofadinhas.
A segunda opção era a de um cara de chapéu. Ele pareceu bem simpático e
profissional no início, em pensar que os adultos falaram tanto do tal chapéu. Em
compensação, a cada passo que dávamos pela casa o chão parecia tremer
ligeiramente. O vendedor foi se encostar na parede com a mão e abriu um buraco nessa. E
ainda disse que o lugar só precisava de alguns reparos. Foi o cúmulo quando
ele abriu uma torneira e saiu uma água marrom. A desculpa foi que a caixa
d'água estava para ser limpa na próxima semana. Resumindo ele estava nos
empurrando uma ruína. Despensamos.
A nossa última esperança era um homenzinho...bem baixinho. Na verdade, era um
anão. Dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos, então esperei que fosse um bom sinal.Parecia ser a melhor opção até agora, mas qual não foi a surpresa ao ver
que a casa se assemelhava e até demais com a maquete. Achamos que era outra
miniatura, mas estava em tamanho real! Uma casinha de anões! Como naquele
desenho infantil trouxa que a Lily já me falou, acho que é "A moça de neve e
os seus anões", ou algo assim.
Saímos inconformados de não termos conseguido nada.
'- A gente ainda pode voltar lá no velhinho...ele pode já ter achado o tal papel.- ela sugeriu.
'- Como é bom poder sempre contar com as palavras de apoio de Lílian Evans.-
Almofadinhas implicou.
'- Ai, seu estúpido!- ela disse se fazendo de ofendida.- Eu só quis ajudar, mas não sou eu que tenho mania de individualidade e cismei que quero morar sozinha.
'- Não é mania de individualidade, isso se chama independência, já ouviu falar?
Já no Salão Comunal, de volta ao colégio, uma coruja enorme preta batia sem
cessar na janela. Fui abrir, mas ela voou para Almofadinhas. Voltei a me
sentar onde estava, num sofá de dois lugares com a Lily, e Sirius leu uma
carta oficial do Gringotes:
"Sr. Black,
Devido ao acontecimento de exatamente 18 minutos atrás, da fatídica morte de
Alfardo Black, seu tio, temos o dever de passar-te todos os seus bens, como
pedia o testamento e consta na lista que segue em anexo.
Atenciosamente,
Banco Gringotes."
Aí está a continuação do capítulo anterior! Nem demorou tanto dessa vez, vocês tem que reconhecer! Ih, o que será que está anexado na carta?
Amadas e adoradas reviwes:
GaBi PoTTeR: eba! que bom que você gostou! eu quis mesmo fazer uma Lily mais diferente, e sempre quis narrar do jeito como Tiago via ela (na minha cabeça). espero que continue acompanhando!
Amelia das Flores: oii! é, falta mesmo "action" entre eles, mas como esse capitulo já estava pronto eu nem incluí, mas vou tentar colocar algo bom no próximo! obrigada pela review!
Palas: que bom que voce voltou! ah, eu adoro o velhinho tambem, era pra ele ser mais surdo e mais confuso, mas não ficou muito bom. por causa da sua review decidi colocar o casal-cópia daqui a alguns capítulos! só não digo em qual neh? obrigadaaaa!
Cecelitxa E. Black: brigadaaa mesmo! que bom que gostou do sistema imobiliário! já penso se fosse assim como seria mais fácil? mas sem a recepcionista chata neh? esse cap. veio bem rapido (comparado aos outros) e espero publicar o outro logo tambem.
beijooos
