Acordei tremendo de frio. Logo senti que algo estava estranho, pois costumo sempre dormir com de duas a cinco cobertas.
'- LE-VAN-TA!- Almofadinhas gritou no meu ouvido entre travesseiradas. Agora descobri quem tinha roubado meus cobertores.
'- Se você continuar com isso vai engolir esse travesseiro pena por pena!- falei sonolento, porém nervoso.
'- Se arruma logo, Pontas, hoje é o grande dia! Temos que ir depois do almoço e já são onze e meia!
'- Isso são três horas mais cedo do que eu normalmente acordo nas férias!
'- Pára de frescurinha, você já dormiu umas doze horas essa noite!
'- Ai, que saco! Eu sabia que essa idéia sua de sair lá de casa não ia dar em boa coisa.- eu escondi o rosto no colchão, mas ele recomeçou a agressão com o travesseiro e tive que sair da cama. Depois de me vestir desci com meus amigos para almoçar, no meu caso tomar um café da manhã. Lily já estava lá. Sozinha, pelo que pude ver.
'- Bom dia, meninos!- cumprimentou alegremente. Mais do que de costume.
'- Bom dia. Posso saber o motivo de tanta animação?- perguntei empurrando delicadamente Sirius para poder me sentar ao lado dela.
'- Pensem só! Quatro dias sem professores, sem pais, sem irmãos insuportáveis, só fazendo o que quisermos!
'- E com os três garotos mais disputados da escola, não esqueça!- Almofadinhas disse convencido.
'- Se apenas a modéstia matasse, você seria imortal.- ela rebateu inteligentemente, revirando os olhos de uma maneira que a fazia ficar linda.
'- Quantas garotas nessa escola queriam poder estar no seu lugar?
'- Tem louca pra tudo, né?
Discussão Lily/Sirius logo pela manhã, mas até aí normal. Quando os dois pararam de se bicar, a ruivinha tirou um pergaminho amassado do bolso do casaco e me entregou, explicando:
'- Chegou com o meu nome, mas tem uns recados para você.- e continuou a comer a sobremesa.
Adivinhem? Isso mesmo, minha mãe ataca de novo. Mandou uma carta a Lily pedindo para que ela cuidasse de mim! Ainda bem que ela já acostumou, se fosse outra garota estaria rindo de se acabar da minha cara. Fora isso os avisos de sempre (não falar com estranhos, não abrir a porta para qualquer um,...) e recados como: "Lembre-se de comer direitinho" ou "Não vá dormir muito tarde", coisas de mãe. E é claro, o clássico "Não esqueça de se agasalhar".
A temperatura estando a uns cinco graus (N/A: inverno na Inglaterra é assim mesmo, e se não for a gente finge que é!) seria meio difícil esquecer um casaco.
Terminada a refeição, subimos para verificar se não esquecíamos nada, e nos encaminhamos para o escritório do diretor, cuja lareira usaríamos para chegar ao Caldeirão Furado, e só então seguir para a casa. Segundo Dumbledore era melhor fazer isso, pois não sabíamos se a lareira do Tio Alfardo estaria em boas condições para irmos direto para lá, provavelmente estava em desuso há anos.
'- Caldeirão Furado, Beco Diagonal.
As imagens passavam e passavam rodando e...
POW no chão. Odeio viajar com Pó de Flú. Quando saio no lugar certo caio de cara no chão e coberto de fuligem.
Me levantei e saí da frente para o próximo que viesse não tropeçar em mim. Lily chegou como se tivesse entrado por uma porta.
'- De novo se atrapalhando na viajem de Flú, Tiago?
'- Claro que não!- tentei disfarçar.- É só que...
'- Não se dê ao trabalhado de inventar uma desculpa, não vai colar mesmo.- rebateu rindo.
Quando Remo e Sirius chegaram pudemos seguir para nosso real destino. Cada um carregava duas malas, uma sua e outra da Lily, que tinha levado três, além de uma mochila.
Duas ruas depois estávamos em frente a um prédio pequeno, de três andares. Não havia portaria nem ninguém do lado de dentro.
'- Qual deles é o seu?- Lily perguntou.
'- Todos.- ele respondeu como se a pergunta fosse absurda. Obviamente ela não conhece a família do Sirius. Nenhum deles compra um apê sem comprar um prédio inteiro.
Almofadinhas tirou do bolso uma chave cujo chaveiro era um vidrinho do tamanho de um dedo com algo vermelho dentro.
'- É o sangue do Tio Alfardo.- ele explicou com um arrepio.- Tem um feitiço aí que impede qualquer um que não tenha o sangue dele de entrar. Sinistro né?
Colocou a chave na fechadura e girou. A porta abriu com um clique e entramos.
Inicialmente...bem, não havia nada. O térreo era apenas o hall. Um pequeno corredor, uma sala enorme com cadeiras de veludo já mofadas, uma lareira meio destruída, uma pequena porta para a copa, que mais parecia uma cozinha de tão grande.
O que me incomodou um pouco foi a cor: bege. Essa cor me lembra a casa da minha avó, que me lembra almoços em família. Uh, não gosto nem de pensar! Pelo menos estou aqui agora e minhas costelas estão a salvo.
Havia também uma escada (forrada com um tapete bege).
'- Será que é seguro subir?- perguntei.
'- Só há um jeito de descobrir.- a ruivinha disse, já andando em direção à escada, sem nos dar tempo pra impedi-la de subir.
Primeiramente pareceu não haver perigo. Mas quando ela estava no quinto degrau, esse afundou e ela caiu, e todos os outros malditos degraus desabaram. Corremos para tirar os "entulhos" de cima dela, mas pareciam não acabar mais!
'- Pra quê vocês têm uma varinha, espertos?- meiga até aterrada, não? Pelo menos a idéia foi boa. Pouco tempo depois tiramos a ruivinha de dentro do "mini desabamento", e estava toda branca por causa do pó que caiu com a escada, parecia um fantasma.
Me controlei pra não rir, mas meus amigos não. Lílian estava com uma expressão de "maldita escada" misturada com "socorro-me-deixa-sair-daqui" com "parem de rir, seus idiotas".
'- Vem, Lily.- a conduzi até uma das poltronas. Quando ela sentou a madeira velha fez um barulho alto. Pedi aos céus mentalmente para que a poltrona não quebrasse. Fiz um sinal para Almofadinhas e Aluado segurarem o riso.- Você ta bem?
'- Tenho cara de alguém que está bem?- perguntou brava.
'- Calma, isso vai melhorar.- apontei a varinha e a fiz ficar limpa com um feitiço.
'- Obrigada.- ela disse com um sorriso, após se olhar. Apoiou as mãos nos braços da poltrona para levantar, mas voltou a se sentar na mesma hora, com um:- Ai!
'- Que houve? Você se machucou?- lembrei daquela cantada velha que eu e Sirius costumávamos usar quando éramos mais novos ("Você se machucou?", "Não, por quê?", "Porque você caiu do céu"). E não me olhe desse jeito nem ria, éramos só do terceiro ano! E para sua informação isso sempre funcionava, por incrível que pareça.
'- Acho que torci o pulso, caí em cima dele.- disse segurando o pulso direito.
'- Eu tentaria fazer alguma coisa, estou sempre me machucando no Quadribol, mas não sei curar um corte sequer. Eu poderia piorar a situação ainda mais, prefiro não fazer nada.
'- Ah, tudo bem. Vou ficar bem. Sabia que tinha que trazer uma caixa de primeiros socorros para passar mais de um dia com os marotos, só não pensei que eles não seriam o motivo disso.- ela riu.
'- Me deixa ver isso.- ajoelhei na frente dela para ficar de sua altura. Peguei seu pulso com calma para ela não sentir dor e vi que começava a inchar.- O que os trouxas fazem quando isso acontece?
'- Passam gelo e imobilizam.
'- Tem algum pedaço de pano aí?
'- Tem na minha mochila, pode pegar.- achei um daqueles lenços de cabelo no meio de várias coisas inúteis, mas sem as quais as garotas não vivem. Amarrei no braço dela, nem frouxo nem apertado.
'- Obrigada, está ótimo.- ela disse sorrindo docemente.
'- Se o casalzinho apaixonado me permite interromper o momento de vocês...- meu desagradável amigo Sirius Almofadinhas Black tinha atrapalhar, deixando a mim e a Lily sem graça. – agora que a escada caiu não tem como chegarmos nos andares de cima, ou seja, dispomos de meia dúzia de poltronas mofadas, uma lareira destruída e uma copa com comida estragada para passar quatro dias.
'- E uma árvore.- a garota na minha frente disse. Pobrezinha! Deve ter batido a cabeça na queda e agora não está dizendo coisa com coisa.
'- Lily, você está bem? Ainda está abalada?- Remo disse cautelosamente.
'- Não, gente, ali! Uma árvore!- Seguindo o olhar dela avistamos no outro canto da sala uma enorme árvore. E não me pergunte o motivo de ter uma bem ali, porque ainda não descobri.
'- Ótimo, se ela der frutos podemos temos um problema a menos.- Almofadinhas disse feliz da vida.
'- Sr. Idiota.- Lily disse como se ele estivesse afirmando que dois mais dois somam cinco.- Não reparou que os galhos vão até o teto?
'- E...?
'- Podemos quebrar o teto naquele ponto e subir por ali.
'- Quer que brinquemos de subir em árvore pra chegar lá em cima?
'- Quer que durmamos nesse chão com carpete mofado e fedido?
'- Ok, você venceu dessa vez.- ele disse jogando as mãos pra cima num gesto de rendição.
Nos aproximamos da árvore.
'- Ei!- Lily parou bruscamente, assustando a todos. Paramos também.
'- O que houve? Viu alguma coisa suspeita?- Aluado perguntou alarmado.
'- Não, mas é que... e se for um Salgueiro Lutador como aquele do colégio?
'- Só há uma maneira de descobrir.- Sirius disse já seguindo em direção ao canto da sala. Lily o puxou de volta pela camisa.
'- Da última vez que alguém disse isso olha o que aconteceu.- disse mostrando o pulso, se referindo a si mesma.
'- Bem, há um jeito...- Remo disse.
'- É, vamos jogar uma daquelas poltronas no tronco e ver se ela meche!- Sirius e suas idéias de jerico.
'- Você está com um instinto destrutivo ultimamente, Almofadinhas.- falei.- Ele falava do outro jeito! Lembra? Outra forma.
'- Ah, sim, claro! Vai, Pontas, leva a ruivinha pra dar uma volta, enquanto nós cuidamos disso.
Aproveitando a deixa a peguei pelo braço e fomos para a copa.
'- Seus amiguinhos e você com esses segredinhos irritantes.- ela disse com um bico, sentando em uma cadeira que havia lá, apenas depois de checar se essa agüentaria o peso.
'- Um dia você vai saber.- disse evasivamente, abrindo armários a procura de algum suprimento não-perecível.
'- Um dia, um dia... Porque eu sempre ouço isso? Sou tão "inconfiável" assim?- chantagem emocional pra cima de mim? Esse tipo de coisa eu já conheço.
'- Se fosse um segredo exclusivamente meu, juro que te contava. Mas é dos meus amigos também. Você quer que eu traia os meus amigos e fique falando os segredos deles?- devolvi na mesma moeda, e acho que funcionou.
'- Obviamente que não! Mas confesse que é insuportável conviver com pessoas que vivem cheias de mistérios pra lá e pra cá.
'- Eu não vou te contar, mas isso não significa que você não possa tentar arrancar a informação dos outros. Quem sabe eles te contam?- falei sufocando o riso.
'- Há há há. Muito engraçadinho o senhor.- ela disse se aproximando.- Você quer rir, é? Quer rir? Vou te ajudar um pouquinho então.- ela veio pra de mim e começou a fazer cócegas na minha barriga, meu ponto fraco para cócegas. Começamos uma guerra de quem fazia o outro rir mais.
Estava quase sem ar quando Aluado e Almofadinhas apareceram na porta.
'- Como é lindo um casal apaixonado lutando entre si.- Remo suspirou.
Paramos na hora, vermelhos e com a respiração cortada. Olhei pra ela e ela pra mim e caímos na gargalhada. Meus amigos se entreolharam estranhando.
'- Venham logo, conseguimos parar a árvore.- Remo disse.
'- Conseguimos uma vírgula! EU consegui.
'- Remo,- Lily disse meigamente.- como vocês conseguiram parar um Salgueiro Lutador? Porque deve ter sido muito difícil, não?- perguntou como uma criança que espera por uma historinha.
'- Na verdade foi fácil.- ele disse olhando desconfiado. Essas chantagens não pegam o Remo também. Ele olhou pra mim e disse:- Quando você e o Tiago namorarem, ele te conta.
'- Mas nós namoramos.
PÁRA, PÁRA, PÁRA TUDO. Eu ouvi mal, ou a ruivinha disse que nós namoramos?
'- Ele não contou a vocês? Pensei que já soubessem!- ela disse me abraçando.
Eles olharam pra mim, como se pedissem explicações. Pareciam estar acreditando. Normalmente eu era quem fazia essas brincadeiras. Olharam estupefatos pra mim, e eu devolvi o olhar. Como se eles não me conhecessem, se eu e ela estivéssemos juntos, digo realmente juntos, não só eles como a escola inteira saberiam.
Lily me deu um beijo no rosto e saiu andando saltitante. Parou na frente e gritou:
'- Brincadeirinha!- começou a rir pela terceira vez em cinco minutos.- Foi ótimo ver a cara de surpresa de vocês. Espero que não fiquem assim quando for de verdade.- mandou uma daquelas indiretas diretas que fez meus amigos olharem com cara de "E você não faz nada", e começou a escalar os galhos até um ponto do teto que o Salgueiro, provavelmente, tinha quebrado.
Subimos atrás dela, mas não conseguimos ver nada. Estava tudo completamente escuro. Reinava o mais absoluto silêncio Não sei se é besteira, mas isso não me parece nada bom.
Ok, ok, não me matem! Eu sei que o capítulo está mais curto do que os outros e que depois de um mês sem publicar eu resurjo das cinzas... mas enfim, sabem como é final de ano, os problemas se multiplicam e temos que correr atrás do prejuízo na escola. Fazer o quê?
Agora que está tendo um intervalo entre as provas vou tentar deixar o máximo de capítulos já prontos. Espero que ninguém tenha desanimado de ler!
REVIEWS, REVIEWS!
Amelia das Flores: eee! que bom que você gostou da action! nessa tem duas pequenaspartes T/L que eu gostei mas não sei se é considerável como action. Mesmo assim espero que goste!
GaBi PoTTeR: hahahaha, o Tiago é meio lerdo mesmo pra entender. Coitada da Lily nesse caso né? Tem que ficar conversando sobre isso com o melhor amigo dele. Espero que goste desse cap.!
Cecelitxa E. Black: acho que esse cap compensou a embromation do cap passado, nao? por enquanto nao quase aparece nada do apartamento, mas pelo pouco que dá pra ver não é muito animador ne?
Mile: hahaha, eu sabia que ninguem ia gostar do remo e clio juntos, mas eu tinha que colocar, porque sei la, eu achei muito bom! que bom que gostou do climinha T/L!
Flavinha Greeneye: quase sem erros essa né? espero que não tenha restado nenhuma das palavras que voce nao conhece! hahhaha.
beeeeijos
