Como seguir em frente quando se tem a possibilidade de perder tudo? Os fogos de artifício tornar-se-ão estrelas ou sumirão e ficarão esquecidas para sempre?

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Hoshi ni Natta Hanabi Arc

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Fic 5: Hitoribochi - Parte II

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- Kodoku wo sobani oite

minai furi wo shitetta

Doko to naku ore to nite ita ne -

#Você fazia de conta que não via

a solidão que estava bem ao seu lado

De alguma maneira, assim como eu...#

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- Definitivamente, é uma situação inusitada - o médico que examinou meus olhos disse, intrigado - Seus machucados externos são o de menos... mas eu nunca vi algo do gênero com relação aos seus olhos. Você disse que ele injetou chakra?

- Foi o que ele disse - murmurei incomodado.

- Sinceramente, não tenho o que fazer sem ter o risco de acelerarmos o processo de prejuízo do seu sistema óptico. O que podemos fazer no momento é esperar pelo seu instrutor, que foi buscar a Tsunade-sama...

- Está dizendo que Kakashi vai trazer a Hokage-sama? - inquiro espantado.

- Creio que ela seja a única capaz de dizer o que fazer. Amanhã de manhã ela já deve estar aqui.

Fico sem palavras. Meu caso era tão sério? Digo... não é uma coisa tão anormal ter seu sistema de chakra alterado por um inimigo. No entanto, ao que parecia, meu caso era raro... tão raro que o médico sequer sabia o que fazer sem judiar ainda mais dos meus olhos.

Permaneço de olhos abertos, "olhando" qualquer coisa que esteja à minha frente. Sei que não estou incomodando o médico com o meu olhar vazio, já que ele está à minha direita, aparentemente arrumando qualquer coisa em sua mesa.

Quando cheguei ali, pergunte ao médico se eu podia tocar em algumas coisas no lugar para conseguir fazer uma imagem mental do lugar, coisa que consegui fazer em uns dez minutos, apesar de ter que usar um pouco da ajuda dele: logo que se entra, há uma maca encostada na parede à direita e uma mesa com um porta-lápis no canto esquerdo de quem se senta em uma das duas cadeiras; uma pilha de papéis e um caderno que talvez seja uma agenda à direita; não sei se tem quadros, pois não cheguei a verificar; há também um armário alto ao lado esquerdo, provavelmente onde ele guarda seus instrumentos; e por último, há um armário de gavetas baixo encostado à parede esquerda, com alguns porta-retratos, provavelmente de familiares.

Por que perdi meu tempo fazendo esse tipo de coisa? Bom... digamos que eu não quero alimentar esperanças de que vou recuperar minha visão. Sei que a vida shinobi é a única coisa que sei fazer, mas... achar que tudo é como um conto de fadas, que tudo vai terminar bem e que todos irão "viver felizes para sempre" é besteira. Uma visão pessimista? Talvez... mas não dá para ser otimista, se no final das contas eu posso simplesmente dar com a cara no chão.

Não quero mais que isso aconteça comigo.

- O Uchiha...? - pergunto, tentando mudar um pouco o rumo de meus próprios pensamentos.

- Ele está bem. Está recuperando um pouco dos movimentos das pernas... não está cem por cento, mas com certeza está bem melhor.

Ficamos um tempo em silêncio. Até mesmo o som dos movimentos de ele guardando o material médico cessou.

- Anou ne, Naruto-san...? (1) - a voz neutra dele me despertou de qualquer pensamento meu.

- Hai.

- Eu tenho que admitir... que fiquei impressionado com você. Digo, você está sem a sua visão... mas conseguiu chegar aqui como se tivesse lutado normalmente. Como conseguiu?

- Não foi eu... foi o Sasuke - admiti, abaixando a cabeça - Se não fosse por ele estar usando o sharingan dele, eu sequer teria conseguido me defender do primeiro golpe...

- E quem disse que você não tem crédito pelo que aconteceu? - a voz dele sorria para mim mornamente - Se vocês não tivessem uma boa interação, jamais teriam conseguido lutar... ele foi o seu apoio, assim como você o foi para ele. Nenhum de vocês teria resistido sem o outro.

Ergo a cabeça e olho para a direção geral em que ele estava, tentando demonstrar um pouco do meu susto. No entanto, não sei se consegui, pois ele não falou mais... ou ele só estava fazendo suas coisas... não saberia dizer. Apenas fico sentado naquela maca, a espera de qualquer coisa, qualquer instrução do que fazer... até que uma voz corta a atmosfera tranqüila do local, aparentemente mais alto que o normal.

- Naruto... - era a Haruno - Como você está...?

Mas que abusada! Preferia que ela não tivesse aparecido por aqui. Quando cheguei com Sasuke no escritório, ela simplesmente pareceu não ter me enxergado, indo direto perguntar e bajular o herdeiro Uchiha. Não me surpreenderia que ela sequer saiba o que acabou acontecendo comigo... a não ser que o Sasuke tenha contado. Mas algo me diz que ele acabou não fazendo isso.

- O que a senhorita deseja? - o médico murmurou em um tom seco, o que me assustou um pouco... mas o que mais me assustou foi o que ele disse logo depois - Independente do que seja, seja rápida, por favor.

- Ah, claro... - ela murmurou intimidada, quase arrancando uma risada maldosa de minha parte, mas consegui conter. Ela preferiu repetir a pergunta anterior - Como está?

- Por que pergunta? - bem que eu tentei ser mais educado... mas não consegui - Você não estava bajulando o Sasuke? Por que não volta lá?

- Eu... queria saber como você está, só isso...

- Ah, claro... bom, já viu como estou, né? Então acho que pode se mandar - saio de cima da maca, contente comigo mesmo por ter conseguido fazer isso sem me desequilibrar - Doutor, posso sair?

- Você consegue, Naruto-san? - ele parecia genuinamente preocupado.

- Consigo. É só me dizer onde o Sasuke está - tento agir como se eu não estivesse com problema algum.

- Está na porta no final do primeiro corredor à direita. Não hesite em chamar caso precise de alguma coisa.

- Eu te levo até lá - Haruno tentou entrar na conversa novamente.

- Vou sozinho. Não preciso da sua ajuda.

E parto, seguindo direto até onde eu sabia onde estava a porta. Bati levemente com o ombro no batente, mas não cheguei a me desequilibrar. Mais um ponto para mim.

Fui caminhando vagarosamente, tateando a parede que estava à minha direita (agradeço o fato de a Haruno não ter me seguido. Acho que ficou para perguntar algo para o médico). Passei por umas três portas antes de sentir o vazio que indicava um corredor. Sem hesitar, tomo essa direção, ainda me guiando pelo toque sutil na parede próxima. Chego rapidamente ao fim do corredor, sentindo a porta com a ponta dos dedos... e o chakra dele com o sentido shinobi que todos nós acabamos desenvolvendo ao longo das nossas vidas. Como sempre, o chakra dele emanava aquele poder alucinante... mesmo que ele estivesse debilitado. Gostaria de saber como ele conseguia isso. Digo, não é qualquer um que conseguia ter um nível de chakra tão grande como aquele... tá, eu sei que eu também tenho um nível alto até demais, mas eu sou um caso à parte, lembram?

- Entra, Naruto - a voz dele soou alta antes mesmo que eu pudesse encontrar a maçaneta para abrir a porta.

Depois que eu localizei a maçaneta, abri vagarosamente a última barreira que existia entre nós dois. Coloquei a cabeça para dentro do quarto, esperando que ele dissesse qualquer coisa, para que eu pudesse chegar mais próximo a ele.

- É só seguir reto - ele não precisou de um pedido explícito para saber o que eu queria. Sorrio comigo mesmo antes de seguir a direção dada.

- Como está...? - pergunto silenciosamente enquanto caminho até ele.

- Melhor... digo, ainda tá difícil mexer a perna, mas estou conseguindo... você?

Fico em silêncio, com um pouco de medo de falar qualquer coisa com relação à minha cegueira. Eu não sei... mas eu achava que ele se sentiria culpado ou qualquer coisa do gênero. Estranho, não? Quero dizer, o Sasuke nunca mostrou sentir-se culpado de coisa alguma... por que eu achava isso?

- Ah, levando como dá - tento sorrir, em vão. Apoio-me na beirada da cama, duvidando da minha própria capacidade de me manter ereto, e viro a cabeça para a direita, a direção que ele estava de mim.

- O que o médico disse sobre os seus olhos...?

Um calafrio sobe minha espinha. Eu realmente não queria comentar sobre aquilo, mas... eu sei lá porque, mas sentia que ele queria saber. Eu não via, mas sentia o olhar dele me suplicando para falar qualquer coisa sobre o assunto, para que ele não se sentisse excluído de qualquer coisa que fosse.

Suplicar... uma palavra que eu acho estranha de se colocar numa mesma frase que a palavra Uchiha, assim como afeto. (2)

Suspiro alto e me preparo mentalmente para falar. Se era para ser, que fosse, não é?

- Ele não sabe o que fazer... - confesso - Disse que não quer arriscar qualquer intervenção e acabar com qualquer esperança de recuperação do meu sistema óptico. Prefere que esperemos que o Kakashi-sensei traga a Tsunade-sama para me examinar melhor...

- Está dizendo que Kakashi vai trazer a Hokage-sama?

Não consigo conter a risada. Foram exatamente as mesmas palavras que eu proferi para o médico, e com o mesmo tom assustado. Se o moreno estranhou a minha atitude, não perguntou qualquer coisa com relação a ela.

- É, parece que os dois estarão aqui pela manhã de amanhã.

- Menos mal... - e sinto um leve toque no dorso da minha mão direita, a que estava apoiada sobre a cama. As pontas dos seus dedos fazem desenhos amorfos sobre minha mão, fazendo cócegas - Não quero que você fique assim por minha causa.

Então o que eu havia pensado não era mentira? Ele realmente estava sentindo-se culpado por tudo?

- Por que acha que a culpa é sua...? - pronuncio com a voz rouca.

- Eu poderia ter dado conta das coisas sozinho... e não ter te envolvido nisso... e te deixado ainda pior - ele soltou um forte suspiro antes de prosseguir - Tenho te sentido muito distante, ultimamente. Digo, não é aquela frieza do começo... mesmo porque, você continua agindo desse modo com os outros... mas comigo eu tenho sentido como se você estivesse muito longe, e ao mesmo tempo como se estivesse pedindo por ajuda.

Agora eu estava realmente incomodado. E como se notando isso, sabe-se lá porque motivo, ele pára de brincar de desenhar na minha mão e a pega firmemente... mas, ao mesmo tempo, ele parecia tão carinhoso...

E esse movimento foi o suficiente para colocar para escanteio (pelo menos por enquanto) minhas preocupações.

Se ele queria dizer qualquer coisa a mais, não o fez por pelo menos cinco minutos. Apenas ficou brincando mais um pouco de fazer desenhos no dorso da minha mão, só que dessa vez com o polegar. Eu não tinha intenção alguma de afastar o carinho... estava tão gostoso...

- Eu vou te ajudar, Naruto, - ele declarou depois de longos minutos reconfortantes - nem que eu tenha que deixar de ser ninja... nem que eu tenha que desistir de caçar o Itachi.

- Não diga besteiras - eu sei lá, mas aquilo que ele me disse não me assustou tanto quanto deveria - Não foi culpa sua. Você não vai largar seus sonhos só porque eu fiquei cego.

- Mas...

- Não foi culpa sua - repito em um tom mais firme, para fazê-lo parar de dizer coisas sem nexo - E mesmo que fosse, não deixaria que você largasse tudo por minha causa. Vou ficar satisfeito só de saber que você mesmo atingiu suas próprias metas.

Por que falei isso?

- Gostaria de saber... porque você é desse jeito comigo - ele parecia sorrir de maneira triste.

- Eu sinceramente também não sei... - confesso, apertando a mão que segurava a minha com mais força, também sorrindo fracamente - Mas admito que não me sinto mal com isso.

Ele diz nada... apenas largou a minha mão e entrelaçou nossos dedos. Ergueu-os e beijou delicadamente o dorso da minha mão... causando um calafrio pela minha espinha e um confortável formigamento no local que seus lábios me tocaram.

- É estranho estarmos conversando desse jeito, não é...? - ele falou silenciosamente, ainda com os lábios muito próximos a minha mão (até pude sentir seu hálito morno).

Apenas acenei com a cabeça... mas em minha mente martelava uma perguntinha chata... e uma frase totalmente inocente.

"Nenhum de vocês teria resistido sem o outro".

É... talvez haja uma verdade nisso. Então, por que não perguntar, não é mesmo?

- Sasuke, tem algum lugar aqui onde eu possa dormir...?

Ele fica alguns rápidos segundos sem responder, mas estava começando a fazer com que eu começasse a me arrepender de ter feito a pergunta.

- Bom... eu poderia pedir para colocarem uma outra cama aqui... mas tem um sofá de dois lugares aqui perto, se você não se importa...

- Não, não, nem um pouco - retruco rapidamente, sorrindo mais amplamente - Não seria bom você ficar sozinho, ainda mais sem o Kakashi-sensei por perto. Acho bom alguém estar por perto caso o Kabuto resolva aparecer por aqui de novo, não é?

- Claro... e acho que ninguém melhor que você.

Aquilo fez meu sangue todo subir para minhas faces. Ele havia me elogiado? Nossa... nunca imaginei que uma simples frase pudesse me afetar tanto.

- Dê um passo para frente e dois para a esquerda - ele falou as coordenadas, poupando-me de dizer qualquer coisa a mais.

Fui até o sofá e deitei-me, rapidamente sentindo o sono me dominar. Não havia notado o quanto estava cansado. Talvez a adrenalina da luta houvesse me amortecido... ou a preocupação com o Sasuke... tem tanta coisa, que não me sinto bem o suficiente para pensar no real motivo.

- Naruto... - a voz dele soou sonolenta, e eu apenas soltei um som que indicava que eu, apesar de também com sono, estava ouvindo - Obrigado por estar aqui...

Apenas sorrio discretamente, soltando um "Não tem de que..." e virando para dormir. Gosto de saber que, apesar de tudo o que aconteceu entre nós, ele sente-se bem com a minha presença.

Talvez sejamos duas almas incompletas, solitárias... mas que poderiam encontrar um apoio uma na outra. Será que ele sabia, que ele sentia, o quanto sua alma era solitária, assim como eu? Talvez... mas ele também, assim como eu (e disso eu tenho certeza), durante muito tempo, fingiu não ver o vazio em nossos corações... para que não nos machucássemos.

Será que foi um erro? Será que não deveríamos ter sido um pouco mais corajosos e simplesmente ter encarado o fato de que o nada estava ali, ao nosso lado o tempo inteiro? Eu não sei... normalmente as crianças tentam esquecer as coisas ruins de suas vidas. Não é covardia... é meramente um instinto de sobrevivência. Normalmente isso funciona... mas apenas para pequenas coisas. Mas... para o abandono, para a indiferença... isso apenas protela um processo irreversível de auto-destruição.

Acho que eram contradições fortes demais para meras crianças encararem...

Estou delirando. Melhor dormir.

.&.&.

Como o médico havia dito, Tsunade-sama chegara no dia seguinte, totalmente esbaforida e revoltada em saber que nós havíamos sido atacados por ninguém mais ninguém menos que o medi-nin do Orochimaru. Por pouco ela não colocou a construção principal da Vila da Cachoeira abaixo (tenho certeza que Shibuki (3) quase borrou as calças por causa dessa ameaça).

Ela, depois de falar (ou devo dizer berrar loucamente?) com o líder da vila, foi me examinar, com Kakashi sempre por perto.

- É... há uma leve alteração ao nível do nervo óptico - ela murmurou depois de ter me examinado de todas as formas possíveis (só faltou me virar do avesso ou de ponta cabeça) - Mas o que me preocupa não é o nervo óptico em si... e sim a alteração que encontrei no seu sistema circulatório de chakra.

"Olhei" para ela interrogativamente. Ela ficou uns segundos em silêncio (até parecia estar examinando os arredores) antes de prosseguir.

- Estranhei logo de cara quando o vi sem ter melhorado em nada. Era para a Kyuubi ter dado um jeito nisso rapidamente - ela sussurrou ainda mais baixo (agora entendi o porquê dos segundos que ela levou para responder) - Mas aquele moleque deu um jeito de impedir que o chakra da raposa chegasse aos seus olhos. Eu não sei como, mas ele conseguiu impedir não só os impulsos nervosos, mas também o chakra da Kyuubi.

Agora aquilo havia me deixado espantado. Realmente, agora que havia surgido em minha mente a possibilidade de a Kyuubi ter podido me recuperar... e que isso só não ocorrera porque algo grave havia ocorrido.

Gente, como sou toupeira, não é? Havia esquecido completamente da raposa maldita.

- Tem alguma coisa que possa ser feito, Hokage-sama? - a voz de Kakashi interrompeu nossa conversa.

- Bom, talvez... mas é meio perigoso. Quero dizer, a idéia é bem simples, mas é o "pós-operatório" que me preocupa. Poderíamos tentar uma "filtração de chakra". Consiste numa retirada de chakra da região afetada, tirando não só o chakra invasor, como também uma parte do chakra do hospedeiro. É como se estivéssemos retirando um tumor... normalmente se faz isso quando o chakra injetado no corpo de alguém demora a sair.

Realmente, a idéia era bem simples: era apenas retirar uma parte do meu chakra e estava tudo certo... não é?

- Porém... - por que sempre tem que existir esse maldito "porém"? - Eu não quero te iludir, Naruto, mas as chances de seqüelas irreversíveis são bem altas... uns quarenta e cinco por cento, eu diria mais ou menos por cima, e isso em medicina é muito alto. E se levarmos em conta que o sistema óptico é um sistema delicado... as chances aumentam para uns cinqüenta por cento de chance de falhas.

Machucava ouvir isso. Por mais que eu soubesse dos possíveis problemas, que eu soubesse que a minha Hokage estava falando aquilo querendo ser o mais transparente possível, sem querer esconder coisa alguma de mim... ainda assim machucava. E muito.

- Quem... quem faria esse procedimento...? - resmungo baixo, achando que assim eu poderia esconder meu coração despedaçado.

- Eu mesma... - ela murmurou no mesmo tom - Eu não poderia deixar você nas mãos de qualquer um. Eu sei que vou me culpar eternamente caso alguma coisa muito grave aconteça... mas eu não conseguiria te deixar na mão.

- Então está tudo bem - sorrio, tentando parecer mais aliviado... tenho que admitir que estava mais aliviado, sim... mas ainda assim estava com medo - Se é você quem vai fazer isso, eu não tenho com o que me preocupar... Tsunade-baachan.

E eu levei um bruta susto quando ela me abraçou forte, chorando compulsivamente, chegando a soluçar. Minha nossa, o que havia acontecido?

- Naruto, por favor, não me odeie se alguma coisa acontecer... eu não conseguiria viver com essa culpa.

- Eu não vou te odiar... mesmo que eu queira - respondi ao abraço, dessa vez falando mais verdadeiramente, entendendo o motivo daquela reação - Tenho certeza que você vai dar o melhor de si, e isso já basta para mim.

- Então vai querer fazer a filtração?

- Sem dúvida. Se é para ter essa chance de ter a minha visão de volta... mesmo com uma grande margem para falhas, eu quero. Só tenho a ganhar.

- Tudo bem - ela afastou-se um pouco - Pode voltar lá para o quarto do Sasuke... ele me disse que gostaria de falar com você quando eu terminasse com você.

- Como ele está?

- Bem melhor. Já consegue ficar de pé e dar alguns passos.

- Bom saber - saio de cima da maca... a mesma maca que eu estive sentado no dia anterior.

- Quer ajuda, Naruto? - Kakashi se manifestou mais uma vez.

- Não, obrigado. Sei ir até lá sozinho.

E os dois adultos abriram espaço para eu passar. Fiz o mesmo caminho até o quarto do moreno, da mesma maneira do dia anterior. Cheguei lá e me surpreendi quando a porta se abriu sozinha.

- Imaginei que fosse você... - a voz de Sasuke me recepcionou.

- Agora virou vidente, é? - sorrio mais largamente, entrando no quarto. Ouço o som da porta se fechando silenciosamente.

- O que aconteceu? Você parece estar feliz... mas ao mesmo tempo com medo - ele tinha um tom de estranhamento na voz.

- A Tsunade-sama falou que pode fazer com que eu recupere minha visão - ele soltou uma exclamação, que eu achei muita graça - As chances são pequenas... mas entre fazer e não fazer o procedimento, prefiro fazer. Só tenho a ganhar.

- É bom saber... mas por que o medo...?

Ouço os passos dele se aproximarem de mim e ele pega delicadamente a mesma mão com a qual ele estivera brincando ontem... e entrelaçando os nossos dedos do mesmo modo. O mesmo aquecimento percorreu meu íntimo, fazendo meu sorriso passar de levemente forçado para um sorriso mais tranqüilo.

- Eu... apesar de só ter a ganhar... tenho medo de ficar cego para sempre - confesso - Quer dizer, eu venho tentando me conformar com a idéia da cegueira pelo resto da minha vida... mas quando veio essa possibilidade de eu recuperar minha visão... a minha esperança voltou... e eu não queria isso.

- Vai dar tudo certo - ele sussurrou, apertando mais a minha mão - Mesmo que você fique cego... vai dar tudo certo.

Rio mais alegre. Ele sente isso, mesmo? Puxa... eu não esperava ouvir ele falar isso.

Beijo o dorso da mão dele, com o mesmo carinho que ele o fez no dia anterior. Não tive medo de ele não gostar... porque eu sabia que ele não ligava. Já que eu não conseguia demonstrar isso com os olhos, esperava que com essa atitude eu pudesse demonstrar que a amizade dele era algo muito importante para mim.

- Gosto de saber que está aqui...

Ele apenas fica em silêncio... mas isso não me incomoda. Sei que ele também se sentia do mesmo jeito

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.&. Fim da segunda parte da Fic 5 .&.

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(1) "Sabe, Naruto-san...?"

(2) Uma referência à fic 3 desse arco

(3) Shibuki, para quem não lembra, é o líder jounin da Vila da Cachoeira (lá eles não têm um Kage, como Konoha ou a Vila da Areia). Ele aparece no segundo OVA da série... e é um carinha muito do covarde, coitado... mas é gente boa.

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Hehehehehe... :3 Bom, eu sinceramente espero que eu tenha agradado a todos. Se eu não coloquei muito yaoi na primeira parte, acho que recompensei nessa parte, né?

Eu gostei de escrever essa parte... achei que ficou mais tranqüilo... mais ou menos no mesmo estilo da terceira fic... só que com mais yaoi! XD Estou tão orgulhosa de mim mesma X3 A partir daqui o yaoi vai estar bem mais presente... prometo.

Digam o que acharam, sim? Essa Fighting Dreamer precisa de reviews para viver (que exagero...).

Agora, vamos às reviews da primeira parte da fic 5, né?

Kuny-chan: (KS faz uma reverência oriental) Domo arigato, Kuny-san! Faço o meu melhor para escrever cada ver melhor :3 Espero que essa parte da fic tenha lhe agradado.

Iwakura Mari-chan: Bom, essa parte ficou mais light... mas isso não significa que eu vá pegar leve (eu diria que é uma "calmaria antes da tempestade"). E espero que essa demonstração de carinho dos dois tenha sido de seu agrado.

Thaissi: Muito obrigada pela visita. Adorei ler suas observações. Eu também acho que o Sasuke seja um pouco mais lento na parte sentimental... mas como o Naruto, nesse meu arco, ele está tão denso quanto o Sasuke é no anime, acho que não fugi muito nesse aspecto... e mesmo porque, acho que deu pra notar, nessa parte, que os dois estão dando os mesmos passos com relação ao relacionamento... e ao mesmo tempo. E quanto à fase de negação... espero que você tenha gostado dessa parte, porque a partir daqui eles estarão mais abertos aos sentimentos que alimentam um pelo outro (e espero ter compensado o suficiente a falta de yaoi da parte anterior :3 ). E sobre a cegueira do Naru... bom, espero que eu tenha dado uma explicação no mínimo "engulível" XD Espero por mais de suas visitas, seus comentários super-lokas... e por suas fics, viu?

Larissa Chan: Moça:D Espero que tenha curtido essa "ajuda" que o Sasu deu pro Naru :-) Foi o que eu disse no começo: o relacionamento desses dois, a partir daqui, vai evoluir pra uma coisa mais... íntima, eu diria :3 Espero por você com um próximo comentário, hein?

Fallen Angel: Obrigada pelos seus comentários, moça! Você não imagina (sério mesmo) o quando isso tem me animado.

Agora vou-me mesmo... espero vocês na próxima parte da fic (que eu acho que agora vai ficar com umas quatro partes :P ). Ja ne, minna-san! o/

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PS: Ops... quase esqueci de falar que... agora eu tenho meu próprio fotolog! o/ Adoraria receber a visita de todos: www ponto fotolog ponto net/ koorimeshinigami. Deixem seus comentários lá... ou caso não consigam visualizar o guestbook, deixem o comentário aqui mesmo :-) Espero vocês por lá, também, viu? B-jaum! o/