Autora: Sumi Tradutora: Gigi ( MistyShrine )
Todos os direitos dessa fanfic estão reservados a Sumi . Gostei muito de traduzi-la, pois é uma fanfic muito doce e encantadora! Espero que apreciem ela... é pokeshipping!
Engano
Capitulo 1
+ Ele +
Virei os olhos e me acomodei no assento, evitando olhar para o Brock que estava do meu lado.
Ele sabia que eu me sentia responsavél e o que eu menos necessitava neste momento era de sua compaixão.
Sem me dar conta voltei a balançar as pernas rápido. Parecia que a gente estava no centro pokémon a uma eternidade, em vez dos trinta minutos. Em que lugar se meteu a Enfermeira Joy?
Bem... era certo que se estavamos aqui era por minha culpa. Pelo MEU gênio precipitado e MINHA sede de vingança. Mas se ela não tivesse me colocado em ridiculo na frente de todos, isso nunca haveria acontecido! "Teve o que mereceu" murmurou minha voz interna, e eu lhe dei a razão. De todas as formas o tinha merecido.
- Ash quer fazer o favor de ficar quieto ? -
- O que houve, Brock? - me voltei para ele
- Você não faz outra coisa além de grunir e andar de um lado para o outro, pela sala, como se tivesse formigas no traseiro! Eu sei que você está preocupado pela Misty, mas isso não é forma de...-
- Não estou preocupado com ela! - Falei alto, fazendo Brock se assustar - Ela teve o merecido depois do que me fez. -
- Você procurou e achou... - sentenciou, deixando a frase no ar.
Me apoiei na parede sentindo de novo essa sensação de vazio no fundo do meu estomago. Culpa.
Apertei o meu ventre, tentando fazer essa "dor" passar, porém só consegui fazer ela piorá-la.
- Enfermeira Joy! -
A voz do Brock me trouxe a realidade.
- Enfermeira Joy - Disse caminhando na direção dela - Como ela está?
- Bom, aparentemente não é nada grave, somente um golpe. Só que devido a isso ela ficou com um pouco de amnésia - me olhou - De todas as formas considero que deveria levar ela a um médico. -
- Claro - cruzei meus braços e tratei de deixar um tom de preocupação na minha voz quando perguntei - Podemos vê-la?
Notei que Brock me olhava sorrindo.
- Só um momento, ela necessita descansar, quando ela acordar eu agradeceria se vocês forem embora - Franziu a testa - Não é que eu tenho algo contra vocês, mas a minha especialidade são os pokémon... vocês me entendem -
Ambos concordamos com a cabeça.
- É que esse era o lugar mas próximo que tinhamos - disse Brock - Nos assustamos muito ao ver que ela não acordava e não tivemos outro remédio, além de que... -
Deixei de ouvir o Brock, na minha mente, no exato momento se formou um filme.
Eu estava parado a uma certa distância com os braços cruzados. Ela não parava de me lançar toda classe de ofensas e palavrões, e visualizei com uma certa alegria o que estava nas suas costas. Fechei os olhos e por um milésimo de segundo ocorreu tudo, logo ela se encontrava no chão, estendida na grama, com um enorme tronco caído de baixo dos seus pés. Deduzi em seguida que havia tropeçado. Não me aproximei.
Ao principio acreditei que estava fazendo alguma brincadeira, mas os minutos passavam e não respondia. Todavia com desconfiança a balancei com um pé e...
- Ash, você vai? -
Olhei para o Brock - O que? -
- A enfermeira Joy disse que só um de nós pode ir vê-la, você vai?
- Bom, segundo o seu critério eu sou o responsavél do que aconteceu... não suspeita que eu queira asfixia-la com uma almofada? -
- Eu sei que você não faria isso... -
" sim... como não? "
- Está bem eu irei - Falei ignorando o seu sorriso. Cruzei com uma chansey que levava um meowth ferido na maca. Realmente não havia prestado atenção aonde eu estava andando, e fiquei parado como um idiota no meio do corredor sem saber o que fazer.
- Neste quarto - A enfermeira Joy, me mostrou o caminho correto.
- Obrigada -
Esperei que continuasse o seu caminho e logo me dirigi para o quarto. Minha mão começou a tremer quando girei a maçaneta da porta. De alguma maneira imaginei que Misty seguiria com sua larga lista de insultos duros quando me visse entrar. Sabia que eu havia ganhado o seu ódio, e com razão. Tinhamos oito anos largos de amizade e ela estava quase chegando ao seu fim. Oh, sim, as coisas nos últimos tempos se colocavam cada vez pior, já não passava um dia sem que brigassemos.
Quando passamos da adolescencia para o mundo dos adultos surgiu várias crateras profundas entre nós.
Não tive que me aproximar muito para ver se ainda dormia. Com todo o silêncio possivél entrei no quarto e me sentei na sua cama. Agora não me olhava com ódio e desprezo, parecia uma menininha. A menininha que eu havia conhecido. Seu sono era pacifico e me trazia certo alivio de certa forma.
" Essa paz não durará muito Ketchum, quando ela acordar irá te degolar vivo pelo o que você fez..."
Suspirei, isso era certo. E pela centésima vez me perguntei como haviamos chegado a nos separar a esse ponto. Nós eramos os melhores amigos do mundo... então me recordei o que ela me tinha feito. A humilhação que eu havia passado por sua culpa e uma nova onda de raiva entrou rapidamente em meu orgulho. Não. Jamais a perdoaria.
" Jamais "
Ouvi um barulho quase inauditivél que vinha dela e me aproximei, sua respiração era agitada.
Notei que o seu rosto estava mais pálido do que o de costume e que seus lábios estavam contraídos numa forma de dor.
- Misty - murmurei pegando na mão dela.
Ela moveu a cabeça suavemente, mas não respondeu.
- Misty... me ouve? Acorda! -
De forma inesperada seus dedos se apertaram contra os meus.
- Acorda Misty... -
Apesar da senhorita " sei tudo sobre a água " parecer vuneravél, não me agradava fazer o papel de relógio despetador. Eu imaginava como ela iria agradecer se ao despetar visse o rosto do seu inimigo número um.
De repente ela começou a abrir os olhos... Logo me preparei para ouvir a bofetada verbal da sua parte, mas essa nunca chegou. Me olhava com os olhos assustados e vazios buscando algo.
" Ou alguém como... você " Gritou minha mente.
Ela apertava minha mão com um certo nervosismo. Se via assustada, não parecia com a Misty que eu conhecia, ela jamais iria deixar que vissem o seu medo.
- Alguém me empurrou - murmurou limpando uma lágrima que escorria pela sua bochecha.
"Ops... Ketchum temos um grande problema..."
- Era um sonho - finalizou tentando convencer a si mesma, se sentou ainda segurando minha mão. Observou o lugar - Aonde eu estou?
- No centro Pokémon
- Ah - me olhou fixamente - O que aconteceu?
Franzi a testa - Você não lembra? - Essas perguntas não estavam me agradando nem um pouco... estaria tramando algo?
- Não - com a sua mão livre tocou a cabeça e ocultou a sua cara de dor.
- Você... teve um acidente - pulemos os detalhes - O centro pokémon estava perto...-
- Ah! - Respondeu cortando minha frase. Notei que parecia incomoda e esta nova reação não me agradou. Preferia mil vezes que continuasse brigando comigo e me insultando como de manhã. Mas só voltou a tocar a cabeça e fechou os olhos - Eu não lembro de nada, nada... -
Abri a boca " O que... ? ". O golpe que ela levou na cabeça resultou em algo grave.
- Se acalme - aclarei minha garganta - Vamos por partes... o que você se lembra exatamente ? -
Furiosa fixou seus olhos em mim - Se eu soubesse, não estaria aqui perguntando! - Esse gesto me mostrou que continuava sendo a mesma... e eu um completo idiota por perguntar isso.
- Você sabe quem você é? -
- Misty - Afirmou com a voz firme.
- Você sabe quem eu sou? -
- Sim - Sorriu - Ash. E também está com o Brock. -
Até aí ia tudo muito bem, ainda que vacilava um pouco antes de afirmar, como se não estivesse segura do que ia falar.
- Se lembra do Tracey? -
- Tracey? - Baixou sua vista - Não... -
- Do Rudy? -
- Era o meu cachorro? -
Quase comecei a rir - Não. Era seu... um amigo - tomei ar - Que dia é hoje? -
- Segunda? -
- Sábado -
- Em que mês estamos? -
Pareceu pensar - Junho - sua voz foi muito segura.
- Não, dezembro... faltam cinco dias para o Natal -
Suspirou, ela se encontrava triste.
Minha mente dava voltas. Amnésia? A enfermeira Joy havia me dito isso. Misty voltou a cabeça e enxugou algumas lágrimas, estava chorando de novo e isto realmente me chocou. Nunca a tinha visto assim... tão sensivél, tão necessitada de proteção... me comoveu.
- Hey... - sussurrei tocando o seu ombro para que me visse - Se acalme, logo tudo se resolverá -
- Oh, Ash! - Exclamou se jogando para os meus braços - Tudo está tão confuso... -
Essa repentina pressão contra o meu corpo me tomou desprevenido, que estive a ponto de perder o equilibrio... seu rosto estava próximo ao meu, que pude perceber sua suave fragancia, lentamente deslizei minhas mãos em sua costa, devolvendo o abraço. Era a primeira vez que me abraçava dessa forma e... sinceramente a sensação era muito prazerosa.
- Sh... - murmurei acariciando seu cabelo - Está tudo bem -
- Tenho medo - dizia entre os soluços - Me sinto vazia... -
Não sabia o que dizer... deslizei mais uma vez minhas mãos na sua costa, tratando de transmitir conforto. Segundos depois havia parado de chorar.
- Vou ter que lavar sua camisa - murmurou contra minha garganta - A humedeci com minhas lágrimas - Sentir o seu hálito no meu pescoço me provocou um formigamento estranho.
- Não importa... - Conclui
Se incorporou e me olhou, esboçou um sorriso - Que bom que você está aqui, Ash... - Logo ela fez o que eu nunca imaginei que faria. Lentamente aproximou seus lábios aos meus e... me beijou. Assim, sem mais nem menos... como se fosse a coisa mais natural do mundo.
E logo encontrei a mim: Ash Ketchum, o inimigo número um da senhorita " sei tudo sobre a água", devolvendo o beijo com uma ternura que nunca havia sentido antes.
Ela apoiou seu peito com o meu - É bom saber que mesmo com toda essa confusão, tem coisas que seguem no seu lugar - sorriu buscando minha mão e entrelaçando meus dedos com os seus.
Não sabia o que dizer, estava acontecendo algo que eu não compreendia e não me referia somente a Misty, mas também a mim mesmo.
Nesse momento a porta se abriu e entrou a enfermeira Joy, seu rosto se mostrou aliviado ao ver que a sua paciente estava acordada.
- Como se sente? - Lhe perguntou.
Ela respondeu - Bem... com uma pequena dor de cabeça -
- É normal devido ao golpe - me olhou - Algo mais que deseja saber? -
- Sim... amnésia -
- Sério? - Se aproximou preocupada - Deve ser por pouco tempo, você deve ver um médico -
- Sim -
A enfermeita Joy estava a ponto de sair quando voltou - Ash, se não for muito encomo... - não terminou a frase.
- Sim, já estamos indo - Respondi. Ela saiu sastifeita.
Misty se incorporou, mas acabou caindo de bruços sobre mim, ela riu - Acho que hoje eu estou um pouco instavél -
Aquele calafrio estranho percorreu meu corpo novamente.
- Deixa eu te ajudar - Eu disse. Passei um braço em sua volta, estava seguro de que se a soltasse, cairia no chão feito um ovo. - Melhor?-
- Sim, só estou enjoada... mas eu sobreviverei! -
Abri a porta e saimos do quarto, Brock nos esperava.
- Como se sente? - perguntou.
- Bem... estou um pouco enjoada devido ao golpe - respondeu me olhando.
Brock levantou um sombrancelha e olho em minha direção, obviamente havia notado nossa reconciliação.
- Eu vou levar ela no hospital - Disse ignorando seu gesto interrogante.
- Está bem. - Sua resposta foi tranquila - A gente se vê no hotel -
Confirmei e continuei caminhando com ela. Suavemente se "desgrudou" de mim e pegou a minha mão. Eu caminhava com naturalidade.
Enquanto andavamos na rua, ela virou para mim e me olhou... estava séria. - Queria lembrar de tudo antes de hoje - apertou meus dedos com força.
Foi aí que caiu minha ficha e entendi o que estava acontecendo. Com profunda sastifação descobri que Misty, achava que eu era seu namorado. De alguma forma as recordações haviam se torcido e havia criado uma espécia de realidade alternativa. Não sei por que eu não havia adivinhado antes. Claro, quando acordou eu estava a seu lado fazendo o cargo de toda a situação... assumindo a responsabilidade de um namorado. E sem demora, continuava sendo o garoto que ela havia humilhado na frente de todos dias atrás.
Todo aquele conceito errado me cativou, nesse momento e em todas as circunstancias e para todos os fins eu era o namorado de Misty Waterflower. O garoto por quem ela havia se apaixonado.
Vingança.
Essa palavra dava voltas na minha cabeça. Me deliciava a oportunidade de pagar com a mesma moeda por tudo que havia me feito. Sim, ela vai ver o que é se sentir ridícula... qualquer hora ela poderá se recordar do passado. E quando chegar esse momento, a expressão indignada do seu rosto vai ser digna de uma foto e essa imagem merecerá sem dúvida um grande prêmio. Sorri discaradamente.
Nada poderia ser mais delicioso que o prazer de uma vingança.
