Autora: Sumi Tradutora: Gigi ( MistyShrine )
Todos os direitos dessa fanfic estão reservados a Sumi . Gostei muito de traduzi-la, pois é uma fanfic muito doce e encantadora! Espero que apreciem ela... é pokeshipping!


+ Capítulo 3 +

Ela:

Saí do banho secando o meu cabelo com uma toalha. Acabei de tomar uma rápida ducha e ainda podia sentir o quente vapor que vinha da minha pele úmida.

" Hoje é 22 de Dezembro" disse para mim mesma " Devo comprar presentes de natal ".

Enquanto continuava com a "manobra", recordei que haviam sido estes os primeiros dias de minha " nova vida ". Conheci a Duplica ( minha companheira de quarto ), havia sido uma experiencia muito interessante. Não sei quem se surpreendeu mais de quem... se foi ela ou eu.

Duplica era uma garota bonita e magra, mais baixa do que eu, em estatura. E era ela quem eu havia visto dias atrás. Tinha uma forma de se vestir bastante exibicionista para o meu gosto e era extrovertida e meio louca ( no bom sentido da palavra, claro ). Mas eu ia com a cara dela, talvez por que todos diziam que ela era minha melhor amiga. Quando a conheci, eu estava na cozinha ajudando Brock ( que se proclamou como o meu irmão mais velho ) estava preparando alguns pastéis, quando me viu, ficou imovél, como se estivera vendo um fantasma. Suponho que estar de avantal e estar com as mangas do sweater levantado, não era algo que eu fazia todo os dias. Comecei a rir e ela se uniu a minha risada. Disse que nunca viu eu cozinhando algo, e que esse algo fosse comestivél. Ela se via tão desconcertada e surpreendida... ao parecer fazia muito tempo que renunciei a arte culinária. Mas não sei por que, isso não se encaixava com a minha nova personalidade.

As seguintes horas, eu passei a bombardeando de perguntas, da qual me respondeu com certa tensão. Foi assim que eu soube do meu passado, minha família e minha personalidade. Segundo a Duplica eu tinha um caratér muito explosivo, e em certas ocasiões eu era difícil de entender. Sempre estava na defensiva, esperando um outro golpe, para dar um outro pior.

Me sobessaltei, não acreditava que eu tinha uma personalidade tão violenta. Senti que isso não se encaixava comigo. Não podia me imaginar sendo fria e calculadora. Pensei que Ash era tão cálido e terno, o que lhe havia atraído numa garota oculta e com uma dura fachada? Anciosa, pedi mais detalhes de nossa relação, mas ela se negou a me dar. Se desculpava falando que se eu queria saber algo deveria perguntar ao mesmo.

- Não sei muito da história - dizia me olhando com melancolia - Mas o seu namoro com o Ash, foi uma das coisas mais bonitas que aconteceu... -

Notei um certo tremor em sua voz, e ela não aparentava ser uma pessoa que se emocionava tão facilmente. Aliás falava de uma forma rara... ou se contradizia. Suas palavras me deixavam pensando.

Também me falou do Gary ( a quem eu cheguei a conhecer depois ). Um garoto amavél e simpático que havia visto junto a ela na sala. Logo que passou o tempo eu conheci um pouco de ambos, tive a suspeita de que Duplica não via Gary como um mero amigo, mas ele não parecia muito disposto a dar o primeiro passo, apesar de que Duplica também gostava dele. Eles passavam a maior parte do tempo juntos, e eu esperava que um dia eles acertassem sua situação.

Gary era extremamente maduro e sério ( tudo o contrário de Duplica! ). E segundo Brock havia me dito, ele e eu so íamos ser grandes amigos e... eu esperava que apesar de minha amnésia seguiriamos conservando essa amizade. Era uma das pessoas que eu mais gostava de falar: muito cortez, inteligente e seguro de si mesmo apesar de parecer ser frio e solitário. Em pouco tempo que eu passei com ele, me brindou uma ajuda valiosa para me relaxar e me deixar de lado a ansiedade que corroía minha memória. Mas não agradava a Ash, que eu passasse tanto tempo com Gary, muito menos sozinhos. Ciúmes? Não, não eram ciúmes. Era algo que ia além disso, como se havia um desacordo ou desconfiança entre eles...

- Misty, aconteceu alguma coisa? -

Voltei a realidade. Ainda tinha uma toalha na mão, mas eu não a estava usando. Duplica estava encostada na sua cama tratando de escolher alguma presilha para colocar, entre todas as que tinha ao seu arredor.

- Não - Coloquei a toalha pendurada na porta - Só estava pensando -

- Pois você estava uns 10 minutos viajando - Agora me olhava fixadamente.

- Analizava todo esses dias, não foi tão difícil como eu imaginava - me sentei na frente do espelho com uma escova na mão.

Duplica terminou de se vestir ( uma calça preta e uma camiseta roxa ) e se aproximou. Parou atrás de mim - Me deixe ver um negócio -

Observei os seus olhos através do espelho - O quê? -

- Por que você não deixa o seu cabelo solto ? -

- Solto ? -

Pegou a escova e me penteou. As pontas do meu cabelos chegavam um pouco abaixo dos meus ombros.

- Você um cabelo tão bonito e sempre deixa ele preso num elástico, fazendo rabo de cavalo. Nunca deixa ele solto -

Olhei para a minha imagem - Não sei... você acha que eu fico bem? -

- Você está brincando? Claro que você fica bem! Só precisa... - pegou uma tiara - Assim está bem melhor...

Me sentia confundida –Porque sempre eu prendo ele? - ouvi o ruído da tiara fazendo sua ação fechei os meus olhos.

- Suponho, que nunca ninguém te disse que você ficava bonita assim. Pronto. -

Olhei para cima e observei o meu reflexo. Bom, tinha que admitir que eu estava bonita, mesmo que me sentia estranha. Olhei para Duplica, da qual sorriu para mim. Ela sempre deixava os cabelos soltos.

- Agora sim, parece uma menina disposta a namorar... -

Sorri. Não entendia tudo o que ela falava. Pela centésima vez parecia que todos sabiam algo que eu não sabia. Me levantei deixando o lugar, para que a Dupliace se maqueasse. Me aproximei do armário e comecei a procurar roupa. Nenhuma era do meu gosto.

- O que você está procurando? - Ela me olhou enquanto passava o lápis no olho.

- Uma calça -

- O QUE? -

Apenas pude ouvir o seu grito. No segundo seguinte ela já estava na minha frente.

- Você quer uma o que? -

- Uma calça - Levantei a sombrancelha - Mas não encontro nenhuma -

- Isso é normal. Você não encontra nenhuma, por que você não usa calça -

Fiquei surpreendida. Tinha a sensação que era tudo o contrário.

- Por Deus Misty, o máximo que você chegou usar foi um short! - Logo se dirigiu para o armário e voltou com uma roupa, da qual me deu - Prove isso -

Estudei o que ela me oferecia. Era uma mini saia azul. Traguei saliva, admirava o seu evidente sentido de moda, mas não me imaginava vestindo algo tão vulgar.

- Não tem algo mais... largo? -

Começou a dar gargalhadas - Você é a Misty de sempre! Pensei que poderiamos aproveitar essa oportunidade para explorar o seu lado provocativo, mas vejo que me enganei - Foi para o armário e me deu um jeans - Fica com esse, acho que é o mais conservador que eu tenho.

Minutos depois, voltei a me olhar no espelho. O tom azul suave do espelho, parecia refletir nos meus olhos. Observei o meu tênis e a calça que escondia minhas pernas.

- Me sinto estranha... - Disse insegura.

Duplica colocou uma jaquete de couro e um colar ao redor de seu pescoço.

- Bobagem, você está muito bem -

- Você acha que o Ash vai gostar? -

- Linda, Ash vai cair no chão quando te ver -

Ruborizei rapidamente.

- Ah, vamos Misty! - Duplica agarrou um braço meu - Demorou um pouco para falar desse imbecil! -

E fechando a porta do nosso quarto, me arrastou até a sala consigo.

Ele:

Observei Brock, estava sério e não me custou adivinhar que estava bravo ( para não dizer furioso ) comigo. Abaixei a vista lentamente e ele apenas me olhou.

- Já passaram dois dias - começou com o típico sermão que vinha se repetindo desde acidente - E você não fez nada para esclarecer o mal entendido, que prometeu fazer -

- Eu sei, eu sei... -

" Se fosse tão fácil" pensei. Mas por mais que eu tentasse, sinceramente eu não conseguia.

- Dois dias é um tempo razoável, para saber como explicar a verdade a Misty - seguiu dizendo.

- Você deve me achar um verdadeiro idiota, certo? -

- É uma maneira amavél de dizê-lo - levantou uma sombrancelha - O que houve ? -

Suspirei - De verdade, as coisas estão complicando cada vez mais -

- Sua brincadeira não saiu tão bem como tinha planejado, verdade? -

Não tive necessidade de responder, achei que a expressão desesperada do meu rosto falava por si só. Ultimamente tinha a sensação de que me encontrava dentro de um ovo e que Misty me jogaria na terra de cabeça, apenas se soubesse quem eu sou.

Gemi - Não sei o que fazer, Brock -

Ele colocou a mão no meu ombro - Se você quer conservar um vistígio da sua amizade com ela, deve dizer a verdade, antes que ela recorde que você é o garoto que a enfureceu, de tal modo que decidiu te humilhar diante a todos... - me olhou com tristeza.

Mordi o meu lábio " O problema é que eu acho... que eu não quero ser somente seu amigo mais..."

- Mas ela vai me odiar! -

- Isso não seria nenhuma novidade. Te odiará muito mais, se descobrir por seus meios. Pelo menos se você falasse com suas palavras... teria a oportunidade de explicar e suplicar que te perdoe -

- Sim, eu irei dizer - Concordei - só tenho que escolher o momento adequado... -

- Está bem - Deu umas palmadas no meu braço - Mas não demore muito -

Se afastou deixando-me sozinho com a minha negra consciencia. A três dias do natal, o única coisa que eu iria receber do papai noel seria uma enorme bomba. Suspirei, na verdade parecia mais um gemido. Cada vez que eu ficava sozinho com a Misty, sentia um gio de guilhotina prendendo sobre a minha cabeça e gloriandominha culpa. Como eu cheguei a esse ponto ?

Roguei para que existisse uma possibilidade - pequena, remota - de que tudo isso acabasse bem.

Olhei para ver de quem era os passos que vinham. Era Gary.

- O que você faz aqui? - Lhe perguntei áspero, por que eu não queria escutar mais sermões.

Sorriu - Parece que o grande mestre pokémon, ficou preso no seu próprio jogo -

- Cala a boca -

- Sabe Ash? Sempre pensei, que você usava o seu cérebro... mas agora me dei conta que nem sequer você tem um, por que para ter cometido tamanha estupidez, é óbvio que tem a cabeça vazia.

Gemi, até o meu pior inimigo sabia que eu estava arruinando a minha vida!

- Olha, se eu aceitei fazer parte disso, é por que Duplica e Brock me pediram encaredecidamente. Aliás não queria prejudicar a Misty, mas do que já está. Mas não vou permitir que continue brincando com ela. Ela é minha amiga e vale muito.

" Não me diga algo, que eu já sei..."

- Cale-se - Repeti me sentindo pior.

Gary franziu a testa - Ah! Quer dizer que você quer ela? -

Senti que ficava vermelho - Cala a boca! -

Ele começou a gargalhar ( de todos os anos que eu o conheço, nunca tinha visto ele rir ) - Então é verdade o que a Duplice me disse - colocou as mãos nos bolsos - Se você quer ela, deveria fazer algo a respeito. Se Misty descobre isso, creio que você sofrerá uma morte lenta e dolorosa -

"Eu sei" gritou minha voz interior " Eu sei! " - Me deixa em paz, eu sei muito bem o que eu estou fazendo -

- Como quiser... - Deu meia volta - Mas é certo dizer que você não sabe mentir -

" Nem me lembre " . Ouvi que se afastava e me deixei cair no sofá " Que recorde! Dois sermões em menos de uma hora". . Apertei os meus olhos e senti o nó que me apertava na garganta durante dias, a outra parte de mim temia o olhar da Misty que iria dar para mim, quando se lembrasse da realidade.

- Somente um dia a mais... - disse em voz alta -Um dia a mais e eu irei contar tudo... -

Já estava seguro que eu ia enfrentar a realidade e que não havia nada entre nós e que depois disso perderia até o seu mínimo carinho. Talvez... se a pegasse de surpresa em um dos momentos que se sente generosa comigo... Bom, seu caratér teve uma grande mudança. Já não estava na defesa, seu gênio se suavizou e havia se convertido em uma garota terna. Era minha amiga, mas uma amiga que apenas eu conhecia.

Ouvi risos femininos e levantei de imediato. Duplica vinha descendo a escada, Misty a seguia de uma maneira quase timida.

- Hey, Ash. Aqui estamos! - Exclamou - Duas belas mulheres esperando os seus cavaleiros -

Observei a Duplica, logo a Misty.

"Woaw..." foi tudo o que me ocorreu quando a vi. De pé, segurando o corrimão da escada, sua silueta destacava por causa do sol de inverno que batia na escada. Linda, é a palavra correta para descrevê-la. Por vários segundos não fiz outra coisa, a não ser olhá-la como um idiota. Notei que ela estava vermelha e ouvi Duplica rindo.

Voltei a terra e me dei conta de que estava com a boca aberta e não estava dizendo nada. Logo desejei que a Duplica desaparecesse.

- Eh... Duplica - me virei rapidamente para vê-la - Seu cavaleiro de armadura brilhante está por ali - mostrei para ela o caminho.

Ela riu mais forte ( suponho que a minha voz não foi convicente ) - Claro, Ashy Boy... deveria ter me dito que queria estar sozinho com a sua namorada -

Apesar de ser um gesto natural,não pude evitar de sentir um calafrio gelado pela minha espinha dorsal, apenas quando pronunciou a última palavra.

Era um sinal inconfundivél que me acabava com o tempo.

Misty me espiou timidamente deixando escapar um sorriso. Estavamos sozinhos. Rapidamente encurtei a distância que me separava dela e enlacei sua cintura com os meus braços.

- Ash... - murmurou surpreendida, me olhando através dos seus grandes olhos.

Não a deixei continuar e aproximei os meus lábios aos dela e a beijei ali mesmo. Duas, três, quatro... não sei quantas vezes. Só tinha em mente que deveria fazer isso e que com um beijo não bastaria.

O momento se aprofundou e o resto do mundo pareceu desaparecer em uma bolha. Mas a lembrança de que a nossa relação não existia parou sobre o meu ouvido.

Ela apertou os seus dedos no meu cabelo e eu senti que devia deixa-la respirar. Quando percebi que a minha própria respiração era agitada e não tinha idéia quanto tempo nós nos beijavamos. Se apoiou contra mim.

- Tenho a sensação de que nunca havia me beijado desta forma... - sua voz foi muito suave.

Senti que o sangue tinha subido no meu rosto - Eu... bom... não quis... é que jamais... - enrolei um pouco, tentando criar uma oração coerente.

Misty riu e colocou seu dedo sobre os meus lábios - Eu gosto que você seja assim -

- É que eu jamais te vi, como você está hoje. Está diferente- Busquei uma palavra adequada - Linda -

Suas bochechas se encendiaram - Então você gostou? -

Acariciei seu cabelo solto - Amo -

Sorriu e me deu um pequeno beijo na bocheca.

- E a que devo a honra dessa mudança? - A obriguei mover da escada ( ainda continuavamos parados no último degrau ).

- Bom, foi idéia da Duplice, disse que eu precisava de uma nova imagem. Aliás, a gente vai ao centro comercial -

- Aonde? -

- Vamos comprar presentes de natal - Respondeu uma voz que não era da Misty.
Virei para trás. Duplica e seu cavaleiro com armadura, claro.

- Nós já vamos ? - perguntei com um ar impaciente.

- Sim - Misty apertou minha mão. Era sua forma de nos comunicarmos quando tinha mais gente por perto. - Nós já vamos? - Perguntou com um ar de impaciência.

- E vamos perder os hot-dogs ? Nem nos sonhos!

Alívio... não me agradava a perspectiva de estar com Gary enquanto as garotas estariam fazendo compras. Essa bendita mania feminina...

- Detesto comer hot-dog e você já sabe - comentou Misty - OW, recordei de algo a mais! - Franziu graciosamente o nariz em um gesto de nojo - Sempre detestei hot-dog -

Duplica e Gary riram.

Eu senti que fiquei pálido. Outra peça do seu quebra-cabeça foi encontrada. Que sua cor favorita era celeste, que adorava tomar sorvete, que tinha como sonho se tornar a melhor treinadora de pokémon tipo água e... que detestava hot-dog. Pode parecer insignificante esses detalhes da sua vida, mas na verdade eram muito importantes. Obviamente seu passado estava voltando... em pouco tempo, mas também lembraria que odiava cozinhar, usar colares, e um sujeito chamado Ash Ketchum.

Tremi.

- Ash, ouvi o que eu te disse ? - Misty se aproximou e colocou uma mão na minha bochecha.

- Ah... não, estava pensando... -

Duplica respondeu - Nós vamos ao centro comercial e voltaremos em algumas horas -

Aclarei minha garganta. Estava seguro que meu rosto ainda não tinha cor - Está bem. Tenham cuidado. -

Duplica saiu em seguida de Gary. Misty se voltou para mim - Aconteceu alguma coisa? -

Observei seus tristes olhos verdes me olhando fixadamente, como se pudesse ler meus pensamentos.

- Ash ?-

Parei de olhar ela - Nada, estou bem -

- Seguro ? Posso ficar com você, se quiser -

- Não, pode ir -

Não se moveu - De verdade, não aconteceu nada? Você está estranho, tem alguma coisa que quer me dizer ? -

Nesse momento tive o impulso de lhe confessar tudo. Senti uma corrente de palavras queimando ácidamente a minha boca... mas como outro dia a mais, minha covardia ganhou e eu me calei. Traguei saliva afogando o discurso. Não, não podia. Sinceramente não era capaz de enfrentar sua reação.

- Misty, estou bem. Só estou cansado - Minha voz foi apagando - Vai com a Duplica -

- Tem certeza ? -

- Sim - Tomei o seu rosto em minhas mãos e a beijei - Se cuida -

- Confie em mim! - Sorriu.

" Eu posso confiar em você... Mas você pode confiar em mim? " Pensei em silêncio.

Continuará...