Corações Prisioneiros

-by Heaven Criminals

Sinopse: Quando se trata de sentimentos, somos reféns de nós mesmos... Fazemos loucuras, atos insanos, erramos por ciúmes... Quem controla o amor? Não sabemos... Nossos corações são controlados pelos sentimentos e... Entre muitos, o Amor é um dos que mais nos prende... Somos reféns de nossos corações, pois eles nos comandam... A qualquer instante, há qualquer momento, corremos o risco de termos nossos corações aprisionados...

Capítulo I – Nunca é fácil aceitar

"Ecoa no Santuário

O som mortuário

do meu sofrimento...

Amor, algoz tormento

dos incautos!

Athena, quebra o dilema

Da minh'alma!

Dá-me a calma

que não sinto!

Minto

quando digo que não o amo.

Ele é meu menino,

O eterno destino

dos meus pecados!

Athena, a arena,

o fervor da batalha...

Tudo é alva mortalha

que oculta os sentimentos,

meus loucos momentos

de paixão!

Aquário, Senhor do Gelo,

não percebe o zelo

que tenho por ti?

Ah, Athena, profetiza

o emblema

desse amor!

Conta agora o teor

do meu destino e do dele!

Sou devoto a ti, mas amo a ele!

E os deuses empalidecem...

De ciúmes adoecem

diante do que sinto

bem aqui, como absinto,

no meu coração!

Eros, Zeus, Poseidon !

Nenhum de vós tendes o dom

de amar verdadeiramente,

de corpo e mente,

como eu!

Desafio os deuses do Olimpo

a acharem um amor limpo

como o meu!

Aquário, fria criança,

minha meiga esperança,

Sou teu !"

Milo gritou suas palavras para o vento, e este pareceu responder elevando os cabelos azuis do belo rapaz para o alto, como se fosse uma carícia. Ali, na porção setentrional da Cadeia do Pindo, era o ponto mais alto da Grécia: o monte Olimpo, a sagrada morada dos antigos deuses!

O ar, ali, era pobre em oxigênio e o frio, intenso! Um frio que cortava a pele e machucava, mas Milo parecia não se importar com aquilo. A baixa temperatura lhe lembrava o frio que apenas o Cavaleiro de Gelo, o seu fúnebre amor, sabia fazer com perfeição... Aquele poema... Nunca tivera coragem de entregá-lo ao amante... E agora... Fariam os deuses isso por ele? Athena entenderia o que ele, Milo, sentia?

'- Zéfiro, deus dos ventos, não levou a Athena o meu clamor? Você gosta de ver os amantes sofrerem, não é? Apolo, senhor do sol, Zéfiro não tomou de você o que mais amava quando desviou o disco que você arremessou para longe, na direção de Jacinto? O quê você sentiu, Apolo, me diga, quando teve o menino sangrando em seus braços, com a cabeça rachada? Pelo menos você, Apolo, não entende o quê eu sinto?'

Estava um dia nublado, imensamente triste como o coração de Milo, mas o sol fez seus raios aparecerem naquele exato instante...

Escorpião continuou o seu monólogo:

'-Zéfiro! Você testemunhou esse amor, e por ciúmes, separou os amantes com a morte, não foi? MAS DEUSES OS SABEM O QUE É O AMOR? EU DUVIDO! VOCÊS NÃO SABEM AMAR!'

O vento aumentou com força e o sol saiu por de trás dos cirros, fazendo um brilho atípicamente forte para um final de tarde, quase noite. Zéfiro, senhor dos ventos, e Apolo, senhor do Sol, pareciam entender as palavras revoltadas de Milo.

As forças das naturezas, luz e vento, se inquietavam...

Milo segurava um jacinto branco na mão direita com tamanha tensão nos dedos, que não percebeu a hora em que o caule da flor se partiu. Acariciou as pétalas como se fossem os cabelos azuis cobalto de Camus... E depois ergueu a flor partida em direção à luz que havia despontado no céu, assustando as nuvens nebulosas...

'-Vejam a flor na minha mão! É a flor favorita de Camus... É a flor jacinto, o rapaz amado por Apolo, assassinado por um impulso de ciúmes de Zéfiro... Então os deuses sabem o que é amar assim, como eu amo? ME REPONDAM! SABEM?'

Mais uma vez, o uivo dos ventos rodopiou os ares e feriu os ouvidos de Milo. O cavaleiro de Escorpião ergueu as mãos para o céu mais uma vez e deixou as pétalas voarem pelo espaço. Elas bailaram pelo céu e começaram uma queda graciosa para o abismo... Deveria seguí-las, mas odiava altura, odiava!

A acrofobia lhe trouxera momentos horríveis durante os treinamentos, quando tinha que se sujeitar a lutar em locais muito altos, sem deixar ninguém perceber aquela sua fobia. Mas também odiava a ausência eterna de Camus. Não conseguia suportá-la mais. Fora vencendo esse medo, que escalara até ali.

Os meses de distância durante os treinos dele; Camus na Sibéria era algo suportável, porque o seu amado sempre voltava, mas agora... Um passo, um único passo enfrentando mais uma vez o seu odiado medo de altura, e seria um caminho para encontrar o seu amor. Era algo tão simples...

Na filosofia grega, o suicídio não era tolerado, apenas se houvesse desrespeito gratuito aos Deuses, se não tivesse um motivo "nobre". Havia algo mais nobre do que o seu amor por Camus?

Em Atenas, os magistrados mantinham um estoque de veneno para quem desejasse morrer. Para ter o direito de usá-lo, o interessado deveria defender a causa de sua morte no Senado para obter a permissão oficial para tirar a sua vida... Mas ele não precisava da permissão de ninguém, nem de Athena; a vida era dele, e apenas dele! Faria dela o que bem entendesse!

Milo deu um passo para frente, algumas pedrinhas rolaram para o desfiladeiro rumo a uma queda que, para um humano, cavaleiro ou não, seria mortal.

'- Ouçam, vocês do Olimpo! Egeu se atirou ao mar por pensar que seu filho Teseu havia sido morto pelo Minotauro. Codro, rei de Atenas, se entregou à morte quando o oráculo previu a ele que a cidade seria capturada em batalha se ele, o rei, não morresse... O povo de Esparta havia jurado ao rei Licurgo , que também fora consultar o Oráculo, fidelidade às leis da cidade, enquanto o rei não voltasse. Para que as leis fossem eternamente cumpridas, Licurgo se matou e jamais retornou... DEUSES, EU OS DESAFIO! Digam-me agora, existe um motivo mais nobre para morrer do que por amor?'

'- Existe, Milo, a justiça.'

Milo se virou, irritado. Como não percebera o cosmo de Hyoga antes? Estava assim, tão distraído?

'- Não lhe dou o direito de estar aqui, Cisne.'

Cisne caminhou alguns passos em direção a Milo, com uma expressão preocupada no olhar.

'- Respeito demais a sua dor, Milo. Eu, mais do que ninguém, sei o que é não ter uma pessoa a quem se ama por perto...'

Milo respirou fundo. Logicamente, Hyoga se referia à mãe que hibernava eternamente nos mares gelados...

'- Eu jamais viria... Se não fosse... Por isso.'

O cavaleiro de ouro de Escorpião se surpreendeu. Havia na mão de Hyoga um jacinto branco, exatamente igual a flor que estivera na mão dele, instantes atrás. A flor estava perfeitamente intacta, congelada, com um pingente de gelo reluzente na sua borda, como se fosse uma lágrima...

Uma lágrima de Camus!

Milo estava quase em choque. Respirou fundo.

'- Se estiver brincando, inventando isso, eu...'

'- Milo, por favor, me escute. Há quatro dias, recebi uma mensagem de Saori dizendo que eu deveria vir ao Santuário e permanecer na Casa de Aquário. Não me disse ela o motivo na carta, disse apenas que eu deveria ficar lá, sem sair, sem me alimentar, em alerta, até que eu soubesse o motivo da minha vinda... Eu obedeci. Fiquei ali, sem comer ou sair, à espera de algo que eu não sabia o que era! No terceiro dia, fui ao jardim da casa de Aquário e fiquei lá, meditando, tentando entender a vontade dos deuses... Foi quando... - havia um brilho emocionado nos olhos claros de Cisne...'

'- Foi quando vi um pequeno escorpião passar por entre as flores... Quando ele passou pela mais bela, ela se congelou, formando a lágrima de gelo que eu tenho nas mãos agora...'

'- Isso é mentira...'

'- Você sabe que eu jamais mentiria. Sou um cavaleiro, como você... Quando o escorpião passou pela flor, e ela congelou, entendi que eu deveria procurar o seu cosmo... Achar você... E lhe entregar esta flor!'

O silêncio, desta vez, tão pesado, pairou no ar ... Podiam os dois apenas ouvir o lamento do vento gelado... Cisne sentia que estava profanando o direito sagrado de Milo sofrer, mas, se aquela flor congelara por milagre, era porque seu mestre Camus precisava dele, Cisne, para ajudar Milo a suportar a morte dele.

Milo precisava de um amigo... Mesmo que esse amigo, fosse o mesmo que matara seu adorado amante na décima primeira casa, a de Aquário.

'- Milo, eu jamais vou esquecer o que você fez por mim na Casa de Escorpião. Quando eu enfrentei você, eu não estava preparado. Camus havia tentando despertar meu sétimo sentido, fazendo o barco onde minha mãe estava afundar ainda mais fundo no Oceano. Quando ele não conseguiu elevar o meu cosmo com esse gesto, me congelou no esquife de gelo, para me poupar!'

'- ...'

'- Você sabe, Shiryu me libertou, eu fui enfrentar você e você... Lutou contra mim... Atirou as quinze agulhas do golpe de Escorpião e quando o último golpe, o que representava a estrela Antares, me atingiu... Você me despertou o sétimo sentido. E depois me salvou da morte, estancando o veneno e a hemorragia... Você acreditou em Athena. Você é um verdadeiro cavaleiro. Como era Camus... Me deixou livre para partir, mesmo sabendo que, com aquele gesto, você estaria arriscando a vida de Camus. Você sentiu que ele iria morrer. Você sabia e me deu condições de igualdade para lutar com ele. Os dois sabiam... E os dois fizeram o que deveria ser feito!'

'- Nobreza de ideais não me serve de nada agora!'

'- Você pensa mesmo assim? Veja, não fui eu quem congelou a flor! Foi Camus, seja lá onde ele estiver agora! Seja o que for que essa flor represente para vocês dois, Milo, você deve ser forte agora, mais do que sempre foi!'

Havia lágrimas contidas nos lindos olhos de Milo. Ele segurou a flor congelada como se fosse o bem mais precioso do mundo e sorriu. Um sorriso triste, mas que aliviou o coração de Cisne.

'- Oh, só mesmo Camus pra me mandar um pirralho para me passar lições de vida!'

Cisne sorriu também...

'- Não, Milo, eu não estou aqui para isso... Estou aqui para ir com você até a cidade, beber vodka e ouvir um novo conjunto de rock que vai se apresentar lá no centro...Me disseram que estão procurando um novo guitarrista, achei que você iria querer fazer um teste lá... Deba me contou que você arranha a guitarra...'

'- Minha enxaqueca vai explodir se eu beber vodka... E eu não posso me ausentar do Santuário sem...'

'- As apresentações serão de sexta para sábado, acho que Saori não irá se importar de lhe dar esse dia de folga... Ouvi dizer que você toca mal pra burro, mas vai ser uma chance pra você melhorar!'

'- Mal pra burro o cara...'

Riram.

Milo engoliu sua dor, forçou-se a rir e fingiu que dava um golpe em Cisne; este desviou com rapidez graciosa e os dois começaram a descer o monte Olimpo. Conversavam agora sobre música, como qualquer garoto da idade deles faria... O cavaleiro de Escorpião guardou a flor junto ao coração, como se o frio que emanava do gelo que começava a derreter pudesse esfriar um pouco a dor desumana que sentia.

o0o

Caronte, o barqueiro, era uma visão horripilante para qualquer humano desencarnado, cavaleiro ou não. Mas Camus não disse nada. Atravessou o rio Acheron em silêncio, suas preces e mente voltadas para Milo. Num último esforço, vislumbrou os jacintos que eles dois haviam plantado na Casa de Aquário. Mentalizara fortemente aquele jardim como se pudesse, de alguma forma, chegar até Milo. Não sabia o porquê daquela intuição tão forte de mentalizar as flores, mas, durante todo o percurso, não vira as almas gemendo no fundo do rio, nem os lamúrios dos que caiam no buraco da morte. Também não perguntou a si o destino de Máscara, de Afrodite, ou de Shura, muito menos o de Saga. Também não se impressionou quando viu Cérbero, o cão de três cabeças de Hades, a margem do rio... Tudo que sua razão e coração mandavam-no fazer, naquele instante, era mentalizar o jardim. E foi o que fez!

'- Pode descer do barco, cavaleiro, sua travessia já foi paga.'

Camus saiu do seu transe, e olhou para Caronte. Não entendeu bem as palavras do barqueiro. Quem havia pago a travessia dele? Milo, ao enterrá-lo, deveria ter colocado as moedas em seus olhos, como mandava a antiga tradição grega.

Mas Caronte não queria moedas reais, o que ele queria dizer, com "sua travessia foi paga" era que sua morte fora encomenda do Destino. Era a vontade dos deuses!

Camus desceu do barco, tentando acostumar os olhos àquela eterna penumbra. Os lamentos das almas que sofriam incomodavam menos do que o frio do lugar. Era estranho aquele frio! Sempre imaginara o inferno como um lugar quente, cheio de labaredas, e agora, subitamente, descobria que o desconforto do frio que fazia ali era pior do que o gelo das dimensões terrestres! Um frio que não cortava o corpo, mas sim, a alma.

Subitamente, algumas tochas foram acesas por alguém que ele, Camus, não conseguiu ver, e elas iluminaram uma escadaria impressionantemente extensa. O cavaleiro de Aquário caminhou por ela com a dignidade de um cavaleiro que não temia ser julgado pelos seus atos...

Chegou ao final das imensas escadarias. Onde estava?

Ouviu passos. Estava nu, mas não se envergonhava disso. Homens nasciam nus, deveriam estar nus também quando morriam...

Ergueu o rosto com aquela altivez tão típica sua, que nem os reis conseguiam imitar... Ouviu uma voz hostil:

'- Você não deveria ter mandando uma mentalização de sua aura para as flores terrestres... Foi uma violação muito séria às nossas leis. Mas garanto-lhe que foi a última mentalização com a Terra que conseguiu, Camus...'

'- Quem está ai? Apresente-se!'

Um espectro saiu da escuridão, veloz e furioso. Camus conseguiu vislumbrar a beleza do rosto e dos cabelos exóticos de um rosa brilhante e sedoso; se desviando do golpe que o espectro lançou sobre ele. Sua agilidade, espantosa para alguém que havia acabado de chegar ao reino de Hades, irritou o desconhecido ainda mais!

O espectro desferiu um novo golpe, ainda mais rápido, acertando em cheio os rins do cavaleiro de Aquário. Camus caiu no chão, de joelhos. Tentou levantar-se, mas novos golpes, rápidos e sucessivos, numa velocidade maior do que a luz, atingiam-no impiedosamente. Para sua surpresa, a dor no corpo desencarnado era ainda maior do que seria nas dimensões terrestres. Seus lábios e supercílios sangravam! Como podiam sangrar se ele era um morto?

Soltou um grito de ódio, porque percebia que não conseguia soltar elevar seu cosmo, ali, nas dimensões infernais!

O espectro gritou:

'- Como ousa, seu insolente? Você não tem o direito de exigir nada, nem de falar! Como manda que eu me apresente? Vai engolir essa empáfia! Aqui, você não é um cavaleiro, não é nada!'

'- Dane-se, você!'

'- Vou desintegrar você, fantoche de Athena!'

O espectro ergueu as mãos para desferir o poderoso golpe "Devorador de Vida" sobre Camus, mas uma voz soberana ecoou nos ares infernais, impedindo-o de fazê-lo.

'- Chega,Valentine. Eu ordeno.'

Imediatamente, Valentine segurou seu ataque e se ajoelhou no chão, na direção em que vinha a voz ríspida.

'- Sim, meu senhor!'

Mesmo com os supercílios cortados, fazendo escorrer um sangue sobrenatural em seus olhos, Camus conseguiu ver a reluzente armadura negra do espectro alto e forte que surgia. Os olhos eram amarelos e brilhantes como os de um gato selvagem... A voz do altivo espectro parecia um trovão.

'- Camus de Aquário... Sua força é lenda mesmo aqui.'

'- Quem é você?'

Valentine soltou uma exclamação indignada. Meteu os pés na cabeça de Camus, fazendo os lábios dele tocar o chão sulfuroso.

'- Como ousa interrogar um kyoto? Vou jogá-lo nos lagos de sangue!'

'- Valen...- a voz de Radamanthys de Wyvern soou perigosamente baixa- Se tocar em Camus de novo sem a minha ordem, você vai lamentar esse dia.

Valentine abaixou a cabeça e se afastou do prisioneiro.

Radamanthys aproximou-se do corpo metafísico de Camus. Para o espanto de Valentine e dos outros espectros que ainda se mantinham entre as sombras, jogou sua capa reluzente sobre o cavaleiro de Aquário, cobrindo sua nudez, num evidente gesto de proteção.

'- Lamento, cavaleiro, a hospitalidade de meu reino não é das melhores... Levante-se.'

(capítulo by Jade Toreador)

N/A: Quem vos fala aqui é a SinistraNegra, uma das autoras da fic... Na verdade... Nem isso... É uma fic escrita em conjunto, cada autora pega um capitulo, mas já viu um trabalho em grupo? Sempre tem um folgado, dessa vez eu preenchi a vaga e até que preenchi bem a vaga! HAUHAUHAUAH...

Brincadeiras a parte, já que quem menos faz alguma coisa sou eu... Tomei a responsabilidade de cuidar da conta no e de montar um blog (não que eu entenda muito..mas...)

Pra quem quiser entrar no blog:

www ponto heavencriminals ponto blogspot ponto com

Ali vamos colocar um pouco da fic, responder reviws, já que este site é um 'amor'... E também um pouco de nos, um bando de, poderia se dizer... Hum... Tresloucadas, apenas não sei dizer quem é mais quem é menos...