Corações Prisioneiros

-by Heaven Criminals

Sinopse: Quando se trata de sentimentos, somos reféns de nós mesmos... Fazemos loucuras, atos insanos, erramos por ciúmes... Quem controla o amor? Não sabemos... Nossos corações são controlados pelos sentimentos e... Entre muitos, o Amor é um dos que mais nos prende... Somos reféns de nossos corações, pois eles nos comandam... A qualquer instante, há qualquer momento, corremos o risco de termos nossos corações aprisionados...

Capítulo IV – Pós Atum

A dor da traição

da emoção

rompida!

A alma partida

em pedaços...

Aços

são meus sentimentos

E tormentos

são minhas lembranças

das nuanças

que eram nossos sonhos!

Tristonhos

são meus minutos...

Brutos

são meus algozes!

Mas as vozes

que em mim ecoam

são nossos risos...

E as minhas lágrimas

se ocultam!

Camuflam

a dor que sinto...

Minto quando digo que está liberto de mim!

Querubim...

De que vale a liberdade sem amor?

Milo, meu menino,

meu destino além da morte...

Não ligo para a minha má sorte

Só penso em você...

(Camus by Jade Toreador)

o0o

O cômodo que Camus se encontrava ficou vazio de repente. Ele caiu de joelhos no chão. Não agüentava mais se manter impassível a tudo que acontecia ou lhe diziam! Estava sendo muito forte e leal aos seus conceitos até agora, mas aquelas imagens o deixaram, momentaneamente, sem forças para continuar.

Fora morto por seu pupilo querido, que agora se encontrava com seu amado namorado... Isso até parecia história de um filme de segunda linha qualquer! Agora, só faltava ele, Camus, ressuscitar e amaldiçoar os dois! Porém, o que vira era dolorosamente real...

No entanto, seu amor para com os dois era maior que isso! Jamais faria algo para machucá-los, mesmo que sofresse!

Os momentos de reflexão acabaram rapidamente quando entraram dois homens pela porta do cômodo. Eles tinham um olhar sádico e divertido nos lábios. Ambos se entreolharam sorridentes, vendo como era belo o homem que iriam torturar.

'- Quem são vocês?' – indagou Camus, levantando-se do chão rapidamente.

'- Então é esse o homem que está teimando em desobedecer ao grande kyoto?' – indagou um cara, que falava de um jeito estranho, parecia que cantava. Era um malandro.

'- É o que parece, Pen!' – disse o outro, que parecia ser mais sério.

Eles usavam roupas simples e sem cor alguma, não deveriam ser importantes. Eram altos e musculosos. Não eram nada bonitos, mas não chegavam a ser monstros. Eram comuns. E para completar esse quadro, mais uma pessoa entrou na sala, mas desta vez era um espectro. E esse sim, era feio de doer!

'- Vamos levá-lo logo'! – disse – Verá que o inferno não é muito agradável! – riu alto, colocando as mãos na cintura.

'- Senhor Zeros! – chamou um deles – o quê faremos primeiro?'

'- Humm... Vejamos... – Zeros ficou um tempo pensativo, até que sorriu, prosseguindo – peguem-no e me sigam!'

Os dois foram andando lentamente até Camus, que deu alguns passos para trás, pensando em se defender de um possível ataque, mas de repente seus sentidos ficaram lentos, e ele acabou se abaixando lentamente, não agüentando o peso do seu corpo. O quê estava acontecendo? Por que não tinha forças? Aquário olhou para cima, vendo aqueles dois homens, que já trataram de puxá-lo e arrastá-lo para fora daquele quarto. Camus viu também o olhar inexpressivo de Radamanthys, que, naquele instante, pareceu brilhar um sentimento de apreensão. Estava louco! Um Kyoto, um inimigo seu, não iria se preocupar com seu destino!

Camus, para estar daquele jeito, deveria esta sob algum efeito mágico. Seu corpo doía, mas não era nada incômodo. Mas também não conseguia reagir... Ele olhou para os lados, vendo que os três conversavam sobre algo a respeito de Cocytos, entretanto não deu muita importância. Estava mais preocupado em se manter consciente.

Enquanto ele era arrastado, grandes paredes rochosas apareciam, mas elas iam se modificando a cada passo que davam e um frio perturbador invadia o corpo de Camus. Ele que havia treinado em um dos lugares mais gelados da Terra, e que tinha suas técnicas baseadas no zero absoluto, não estava agüentando o gelo que estava invadindo seu corpo! Os seus olhos miraram as paredes brilhantes e o belíssimo gelo que as cobria. Apesar daquele frio congelante, havia um rio no estado líquido no meio de tudo aquilo! Como podia aquela água não se solidificar? Seria mesmo água?

Os três cavaleiros pararam de andar. Eles tremiam violentamente, até mais que Camus, pois este, apesar de tudo, graças aos treinos feitos na Terra, ainda conseguia resistir melhor ao frio. No entanto, o plano daqueles três cavaleiros não seria ficar ali segurando o cavaleiro, pois, se assim o fizessem, quem iria sofrer ali seriam eles e não Camus, que era a sua vítima.

'- Joguem-no!' – ordenou Zeros, abraçando seu próprio corpo e tiritando de frio...

'- Sim, senhor – disseram em uníssono.'

O corpo de Camus foi levado até a beira do rio. Tão limpo e transparente era o rio, que dava para ver as preciosas pedras raras que havia no seu fundo! E sem demorar mais, o corpo de Camus foi largado nas águas mágicas, e ele foi afundando lentamente... Não dava para nadar ali! Camus tentou voltar à tona, sem sucesso em seu intento. Aquelas águas não permitiam que ninguém conseguisse voltar à superfície.

'- Está gostando, cavaleiro?' – indagou Pen, com uma risada divertida, mas logo abraçou seu próprio corpo e foi saindo dali.

'- Vamos sair daqui, estou congelando! – comentou o outro.'

Os três homens saíram lentamente. Suas juntas pareciam estar grudadas, não conseguiam andar direito! Aquele castigo imposto ao rebelde seria pior que o calor dos rios de sangue?

Duvidavam. Ninguém ali saberia responder, ambos castigos eram dolorosos!

Sozinho naquele lugar hediondo, Camus sentiu fortes dores invadirem seu corpo. Ele abriu a boca, num determinado momento, não agüentando mais ficar sem respirar e descobriu, surpreso, que havia oxigênio ali para ele.

Na verdade, buscou ar desesperadamente apenas por costume, pois seu corpo já não necessitava disso! Era ele também um espectro agora! Ele não morreria, pois já estava morto!

Ficaria agonizando naquele lugar até que eles, seus algozes, se satisfizessem! Aquilo não era como o frio que existia na Terra: era mil vezes pior, e a cada segundo, ao invés de se acostumar a ele, Camus sentia mais frio e mais dor. Era insuportável!

'- ... Isso é... Ah! Milo... Agora mais do que nunca desejo seu corpo junto ao meu. Por quê? Por que está com outro...? Outro? Hyoga... Ah! Quanta... Quanta dor, eu lamento tanto, Milo! Por quê?...Não quero culpar você, mas... Por que justo com ele? – pensava, tentando suportar tudo aquilo.'

oOo

Radamanthys dava passos rápidos e pesados em direção ao seu quarto. Ele queria fingir que não se importava com o destino de Camus. E também queria ver a situação do seu fiel subordinado, e não seria arriscado dizer: companheiro, mesmo que nunca admitisse isso para ninguém. Afinal, não deveria mostrar fraqueza ou muitos sorrisos aos outros.

A porta se abriu num único empurrão e, quando entrou no quarto, encontrou Valentine sentado à beira da sua cama com uma mão segurando sua própria testa, que parecia estar molhada de suor. Os grandes olhos rosados perderam todo o brilho ao ver Radamanthys parado na porta do quarto. E Rada teve a nítida impressão que o corpo espectral do amigo empalidecia...

'- Ah! Senhor, desculpe-me – pediu, fazendo uma longa reverência, fazendo suas mechas caíram para frente.'

'- O quê aconteceu? – indagou.'

'- Eu... Eu... Estava treinando. E bom, eu peguei um pouco pesado, intensifiquei meu cosmo demais e acabei perdendo a noção das coisas! – mentiu.'

'- Não é bom ficar treinando desse jeito, isso não traz bons resultados! – disse Radamanthys surpreso. Valentine, não era de ficar se matando em intensos treinamentos. E seu cosmo era muito forte. O quê poderia ter enfraquecido o seu corpo espectral daquele jeito? – Tome mais cuidado!'

'- S-Sim! – disse, sentindo-se péssimo por mentir para seu querido Kyoto.'

As íris amareladas de Radamanthys analisaram a face de Valentine, vendo que este escondia algo. Talvez ele tenha se sentido por mal por outra coisa e não queria dizer, mas não iria obrigá-lo a verdade, não agora. Tinha mais o quê fazer!

'- Eu deixei algumas ordens com Lune, vá falar com ele! Depois, por hora, descanse mais um pouco – disse, se aproximando dele – você me parece muito abatido! – tocou em seu ombro, sentindo que o outro estremeceu.'

'- Sim, senhor – disse Valen.'

'- Você está estranho... – comentou, vendo que ele estava falando pouco e parecia estar assustado.'

'- Impressão sua! – Valen retrucou, com um sorriso tímido no rosto. Estava adorando perceber que Radamanthys percebia suas mínimas reações – Eu vou falar com Lune, então.'

'- Descanse primeiro, não quero nenhum espectro meu caindo no chão por aí como uma donzela! – disse.'

As faces de Valen coraram:

'- Sim, eu irei. Eu já estou bem melhor, muito obrigado' – disse, sem deixar de guardar as seguintes palavras em sua cabeça: "...Nenhum espectro "meu"...".

Valentine ficou um tempo parado olhando para aquela face tão séria e fria que de repente mostrou a ele um sorriso discreto, fazendo seu coração bater com força novamente, mas, desta vez, se controlou. Se desse mais um desmaio iria ser questionado pelo Kyoto outra vez!

Com passos lentos e inseguros, Valentine pegou seu elmo em cima da cômoda que ficava perto da cama, vendo que, ao seu lado, tinha uma bacia com água e uma toalha. Olhou de soslaio para Radamanthys, pensando se teria sido ele que havia tomado conta dele... Essa idéia o fez ficar imensamente feliz!

'- Obrigado! – disse mais uma vez, passando ao lado do outro.'

'- Cuide-se. – disse Radamanthys.'

Quando Valentine finalmente saiu, o Kyoto olhou para a grande janela de vidro de seu quarto e foi andando lentamente até ela, vendo aos poucos seu rosto naquele reflexo. Algumas gotículas de água estavam, ali, no vidro. Havia chovido horas antes, mas nada forte demais, como sempre. Naquele lugar, o tempo pouco mudava.

Após ficar um tempo refletindo sua imagem no vidro, viu-se pensando no cavaleiro de Athena que, com certeza, deveria estar sendo torturado por seus subordinados. Por que ele não havia aceitado sua oferta numa boa? Suspirou, chateado. Mas ele, Radamanthys, não tinha tempo para pensar nisso. Tinha que falar com os outros Kyotos que o haviam chamado.

o0o

Os ventos frios da manhã batiam contra seus corpos nus. Milo abriu os olhos lentamente, sentindo um corpo quente em cima do seu. Ele abriu a boca, pronunciando o nome do seu amado, mas, quando viu realmente quem estava em cima dele, acabou gritando de espanto.

'- O quê foi'? – Hyoga indagou, sonolento, quando abriu os olhos viu Milo nu, embaixo dele. E teve a mesma reação, acabou gritando.

'- Ah! Minha cabeça. Eu não acredito, que fiz isso!' – lamentou, sentando-se na areia.

'- Nem eu! O quê aconteceu?' – indagou, fechando os olhos, sentindo seu estômago embrulhar e sua cabeça latejar. Hyoga olhou para os lados, vendo que passava alguns carros na avenida. Tinha que se trocar o quanto antes!

Eles se afastaram rapidamente e se trocaram sem um olhar para a cara do outro. Milo estava arrasado por ter deixado um fedelho possuir seu corpo daquela maneira! Agora ele lembrava de cada toque, gemido e suspiro que dera para Hyoga, que correspondera com igual intensidade! O loiro, por sua vez, também estava constrangido. Ele, horas atrás, estivera pensando em ir atrás de Shun para pedir a ele o seu amor e uma nova chance, mas agora não iria ter coragem de encarar o cavaleiro de Andrômeda!

"Eu, Milo, o cavaleiro de ouro de escorpião entregou-se para um garoto? Eu não acredito. Como eu pude? Isso é... tão, tão..." Milo pensava, constrangido.

Quando terminaram de se trocar os dois ficaram em silêncio, olhando para os lados, mas evitavam cruzar os seus olhares. Até que Milo abriu sua boca, fazendo Hyoga encará-lo.

'- Estávamos bêbados! – disse o óbvio.'

'- Sim! – concordou com a cabeça.'

- Isso não devia ter acontecido!

'- Sim!'

'- Nunca mais vai acontecer!'

'- Sim!'

'- Será que dá para você falar outra coisa?' – gritou, estava irritado com que fizera. Ele olhou para aquela face assustada, arrependendo-se instantes depois. Afinal, ele, Milo, também tivera culpa, não tivera? Participara naquilo tudo! Sexo sozinho não era sexo, era mastur...

'- Desculpe-me... Eu... Sinto-me horrível! Não tenho o que dizer' – revelou, abaixando a cabeça.

'- Tudo bem!' – disse Milo, andando até o loiro, passando o braço por seus ombros, sentindo-se um pouco menos desconfortável com isso.

Os dois foram andando lentamente para fora daquela praia. Eles se sentiam sujos! Tinha areia em todos os lugares dos seus corpos, e, com certeza, demoraria um tempinho para se limparem completamente. Quando finalmente chegaram na calçada, eles olharam para os lados, vendo que não havia ônibus algum... Nenhum táxi também.

'- Como viemos mesmo? – indagou Hyoga.'

Milo ergueu uma sobrancelha, olhando-o de canto. Aquele ali era pior que ele, quando estava de ressaca! Escorpião sorriu com os canto dos lábios e puxou o loiro pelos ombros. Pelo que se lembrava, eles haviam vindo com seu carro velho, que estava na rua do barzinho que se encontravam.

Quando finalmente chegaram na rua, olharam para os lados atentamente, procurando o automóvel.

'- Cadê? – indagou Milo, assustado.'

'- Acho que você está louco, Milo!' – disse Hyoga, segurando sua cabeça – e eu preciso... – ele se afastou e colocou uma mão na parede e abaixou a cabeça, vomitando.

Milo olhou para trás, fazendo uma careta ao ver o estrago daquele garoto. Entretanto, não ficou muito tempo olhando, pois seu corpo poderia pedir a mesma reação para ele, Milo, e isso seria horrível! Estava muito nauseado também!

Milo foi andando lentamente, procurando seu carro, que devia estar estacionado em algum lugar daquela rua.

'- Não está aqui, Milo! – gritou Hyoga, fazendo a frase ecoar pela rua vazia.'

'- Claro que está! – gritou.'

'- Então roubaram! – disse baixinho.'

'- Cala a boca e continua vomitando, fedelho!' – disse irritado. Estava com um péssimo humor, não parava de pensar em Camus e ainda por cima, havia perdido seu carro!

Escorpião deu a volta pelo quarteirão procurando seu automóvel, e, após um tempo, voltou para a rua onde estava Hyoga. O escorpiano parou na frente do loiro, que estava sentado no chão ao lado do seu próprio vômito, tentado normalizar a respiração.

'- Roubaram meu carro – disse, finalmente.'

'- Ah! Por Athena, era o que me faltava!' – disse o loiro, se levantando – Você provocou muita baderna também!

'- Hum? – não entendeu.'

'- Milo, você ficou gritando para todos os músicos saírem do palco, dizendo que até sua avó tocava melhor! O quê você acha?'

Milo ficou um tempo pensativo, e indagou:

'- Como iam saber que o carro era meu?'

'- Sei lá! Perguntaram para alguém talvez... Como é que eu vou saber!' – disse Cisne, sentindo uma pontada forte na cabeça.

'- Merda, porcaria, caralho, porra...!' - Milo começou a gritar, chutando a lata de lixo que se encontrava na esquina, fazendo-a cair no chão, sujando toda a calçada.

Após o acesso de raiva, Milo respirou bem fundo e olhou para o loiro, que parecia estar melhor, e disse:

'- Vamos caminhando!'

'- É o jeito! – disse Cisne, andando lentamente ao lado de Milo.'

Os dois foram caminhando lentamente. Milo abraçou seu corpo, tentando evitar os incontáveis arrepios do vento frio que insistia em perturbá-lo, ele olhou para o lado, vendo que Hyoga andava normalmente, como se o frio não fosse nada para ele, e, por isso, acabou se lembrando do seu amado Camus.

"Como eu pude?" , pensou entristecido. E logo depois sentiu as dores da noite anterior correrem por seu corpo, tudo doía. Principalmente mais embaixo... "Maldição...!"

o0o

Camus não sentia mais seu corpo. Nem percebeu de imediato quando este foi puxado finalmente para a superfície por aqueles mesmos homens que o haviam jogado no rio. Ele não se encontrava consciente.

'- Que estado deplorável – comentou Pen.'

'- Sim! Mas isso não foi nada, até que pegamos leve... Até agora!' – disse o outro, puxando Camus pelo braço para fora dali, o arrastando pelo chão frio e liso, que continha algumas pedras pontudas. Elas faziam à pele de Camus se rasgar...

O rastro de sangue ia se formando pelo caminho. Camus estava sendo levado para longe daquele inferno de gelo, e, aos poucos, sentia o ar quente a sua volta, mas mesmo assim não tinha idéia do que estava acontecendo. Seu corpo estava duro como uma rocha, sua face estava tão branca como as pedras congeladas daquele lugar. Sua boca encontrava-se roxa e rachada, e, quando a abriu para buscar um pouco de ar quente, ela se cortou ainda mais, fazendo um pouco de sangue seco surgir.

Seu ouvido não captava direito o som do mundo exterior. Ele parecia estar fechado no seu próprio mundo. Havia ficado 20 horas naquele mar de gelo, e a única coisa que pensava era na traição do seu amado escorpião. Estava tentando entender à situação do outro, mas não conseguia. Estava com raiva, ciúme, ódio e no final, sentia-se enganado e traído. Não sabia o que doía mais, mas era um cavaleiro. Tinha que ser forte.

Seu corpo foi jogado num lugar muito quente. Podia agora sentir sua pele suar levemente. Quando finalmente abriu os olhos, percebeu que se encontrava numa sala enorme e vazia, onde havia uma corrente com duas algemas penduradas no teto. As paredes eram escuras e lisas. Não havia mais nada ali além de uma cadeira num canto, onde parecia ter alguém, mas sua face estava oculta pela escuridão.

'- Coloquem-no ali! – disse Zeros.'

Os homens puxaram as correntes, fechando as grossas e frias algemas de metal no pulso do francês e logo seu corpo foi erguido, ficando acima vinte centímetros do chão. Seu corpo doeu por inteiro ao ser esticado daquele jeito, e, além disso, estava ainda morrendo de frio. Seu corpo tremia com tanta força, que as correntes batiam uma na outra, fazendo um som característico de metal contra metal.

Das correntes, subitamente, desceu uma descarga elétrica muito forte que envolveu todo o corpo do aquariano, fazendo-o gemer alto de dor!

Parecia que seus ossos iriam se quebrar com a nova tortura, mas nada acontecia, apenas a dor o consumia a cada instante! O frio nem o perturbava mais, aliás, nem o sentia mais. Aquela corrente ficou um tempo ligada para seu sofrimento, mas, quando foi finalmente desligada, o corpo de Camus ficou imóvel e este não fez ou disse nada. Estava com seu semblante impassível.

'- Agora vamos ver essa sua indiferença sumir!' – disse Boren, olhando para os outros dois, que sorriam sadicamente.

'- O quê faremos primeiro? Vejamos...' – indagou Pen, olhando para o corpo esticado à sua frente. Ele sorriu de canto, amando saber que teria momentos preciosos com aquele homem maravilhoso.

O som de um chicote ecoou pela sala. Camus abriu os olhos de repente, imaginando a tortura, mas mesmo assim não iria desistir.

Ficou olhando para frente, mirando a parede escura, e fechou os olhos ao sentir a primeira chicotada em suas costas. Mais uma vez, não deu um gemido sequer.

'- Hum... Não vai gritar?' – indagou Zeros, dando um soco em seu estômago, fazendo-o se encolher um pouco, e abrir a boca soltando um gemido mudo. E vendo que ainda resistia aos seus golpes, o espectro continuou a socá-lo, até fazê-lo cuspir sangue.

Enquanto isso, as chicotadas em suas costas não cessaram em momento algum. Sua camisa já havia sido completamente rasgada.

Pen pegou uma faca e começou a cortar suas roupas, jogando-as no chão, onde seu sangue já se encontrava esparramado numa feia mancha. Suas costas estavam cheias de marcas profundas.

O sangue de Camus escorria por seu dorso, passando por suas pernas, chegando na ponta dos seus pés pendurados, para depois pingar no chão, fazendo um barulho fraco e sutil, de uma gota caindo numa pequena poça de sangue, .

'- Está gostando, cavaleiro? Ah? Está?' – indagou Pen, passando a faca por seu rosto, ameaçando furar seus olhos com a mesma, mas não o fez. Ele preferiu deslizar a faca pelo peito de Camus, fazendo cortes superficiais.

"... Ah! Milo, eu... estou aqui, querendo tanto você... estou, desejando tanto você. Cadê você? Cadê?" – Camus pensou entristecido, sentindo vontade de derramar as lágrimas que começavam a derreter em seus olhos, mas resistiu. Era um cavaleiro do gelo! Nada, nem seus dramas pessoais, iriam mudar seus valores! Não iria fraquejar diante do inimigo!

Uma hora se passou. Boren estava com os braços doendo de tanto bater nas costas do francês!

Ele parou um pouco e passou as costas de sua mão em sua testa, retirando algumas gotículas de suor, e depois olhou para o estrago que fez. Estava admirado com a resistência assombrosa de Camus! Com uma mão, chamou Zero, que sorria ao ver aquele corpo todo ensangüentado, e o mais impressionante, é que Camus não havia gemido uma vez sequer!

'- Soltem-no! – ordenou o espectro.'

O corpo de Camus caiu no chão. Ele já não tinha forças para se manter de pé e seria inútil tentar se levantar ali, pois, com certeza, o jogariam contra o chão novamente.

Camus ouviu seus torturadores pegarem alguma coisa, mas não conseguiu ver o que era. Eles estavam muito quietos!

Alguns segundos se passaram. Camus, subitamente, gritou alto, não suportando a dor que sentiu! Ele tentou escapar, sair dali; mas os outros dois homens o seguraram.

Zeros ria alto, se divertindo com o sofrimento do outro. Ele havia jogado um balde de álcool no corpo do francês.

Camus respirava fundo, tentando se acalmar, sentindo sua pele arder violentamente! Aquilo parecia não ter fim! Seu corpo doía tanto... Realmente, seus sentidos estavam mais aguçados do que nunca, para sua infelicidade.

'- Ajoelhe-se perante mim, e eu o pouparei de mais sofrimento!' – disse Zeros, chutando sua costela direita. No entanto, Camus nem se moveu; ainda resistia. - Não percebe que sua lealdade não lhe ajuda em nada? O quê ganha com isso?

'- Um verme como você nunca entenderia...' – disse Camus, irritando ao máximo aquele espectro.

'- Vamos ver quem é verme, seu fantoche! – gritou.'

Zeros retirou sua roupa, assim como os outros homens que o acompanhavam naquela deliciosa tortura. O espectro puxou a cintura de Camus, fazendo-o ficar de quatro na sua frente e sem aviso o penetrou com força, abrindo caminho, rasgando-o por dentro, destruindo qualquer barreia que houvesse entre a sua carne e a de Camus!

Os olhos de Camus arregalaram-se de repente, ele abriu a boca num grito mudo e então cerrou seus olhos e seus punhos com força, suportando toda aquela dor e humilhação.

Mas ainda tinha mais!

Pen sentou-se na sua frente e puxou-o pela nuca na sua direção, pedindo que ele começasse a chupar seu membro. Camus nem se moveu, recebendo um tapa na cara.

'- Anda! Quer apanhar mais?' – Pen indagou, fechando sua mão no queixo de Camus, arranhando o cavaleiro com sua unha, furando e entrando em sua carne. A boca de Camus foi aberta com a ajuda de Boren, e finalmente aquele membro a invadiu, mas Camus nem se moveu.

'- Estou perdendo a paciência! – disse Boren.'

'- Eu também! Bata nele... – Pen pediu.'

Boren pegou o chicote e começou a dar novamente em suas costas.

Camus pensou que ia desmaiar de tanto sofrimento, mas para sua infelicidade, seu corpo não mostrava indícios de que faria isso. A mão afobada de Pen fechou-se em seu cabelo e começou a mover sua cabeça para frente e para trás, exigindo que ele iniciasse o movimento erótico em seu membro, mas Camus não o fazia.

Pen começava a se excitar com isso, ele gostaria que Camus se movesse, é claro, mas como não conseguia, ia ser dessa maneira mesmo, Nem se importava com isso, pois seu orgasmo logo viria à tona, com a ajuda de Camus, ou não!

'- Vai logo, eu também quero! – disse Boren.'

'- Ah! Ahh...!' – Pen gemeu alto, ao gozar na boca de Camus, que caiu para frente , graças a uma investida mais forte de Zeros, que também havia gozado no seu interior. O francês se sentia incrivelmente sujo e perturbado com tudo aquilo.

Foi à vez do outro homem torturá-lo. Ele pegou o lugar de Zeros e invadiu aquele corpo, sentindo como a passagem estava facilitada. Camus sentia todo seu corpo arder, ele era uma ferida aberta!

Depois que Boren terminou com ele, Camus foi erguido e jogado na parede, foi segurado, pois não conseguia se sustentar sozinho. Iria cair no chão.

'- De que mais você precisa, verme?' – indagou Zeros, se aproximando dele, dando outro soco em seu estômago.

'- Disso... – disse Pen, apontando para o membro de Camus.'

Zeros sorriu e segurou aquele pedaço de carne, que estava desperto apesar da dor e humilhação, e então começou a masturbá-lo lentamente, fazendo movimentos circulares, depois um lento vai-e-vem. Apertava a cabeça do membro, fazendo Camus gemer baixinho e virar a cabeça para o lado, envergonhado com as sensações do seu corpo.

Zeros sorriu ao ver alguma reação, então acelerou os movimentos, vendo aquele homem gemer mais alto e seu corpo tremer levemente.

'- Assim que eu gosto, seu posto!' – disse, beliscando seu mamilo, o cortando com a unha.

Pen mordeu o pescoço de Camus e ficou ali chupando sua pele, sentindo seu gosto, enquanto o outro, Boren, dava o mesmo tratamento em seu ombro: mordidas e chupadas. Camus se encontrava no máximo do seu prazer, e sentia-se péssimo por isso. Finalmente, gozou nas mãos daquele verme maldito, chamado Zeros.

'- Você gostou, não é?' – indagou, Pen, puxando seu rosto e beijando sua boca, forçando a passagem com sua língua.

- Claro que gostou, olha a cara dele! – disse o outro, Boren, puxando o seu rosto, beijando-o também, sentindo o gosto de sangue que saia dos lábios cortados.

Camus estava quieto, ele estava muito cansado...Parecia que iria desmoronar, mas mesmo assim, não iria se entregar àqueles malditos vermes. Não iria!

Subitamente, gritou ao sentir a afiada faca ser cravada em sua coxa para, logo em seguida, ser puxada para cima. Era uma dor dilacerante que não o deixava manter-se impassível!

- E agora, vamos desfigurar esse rostinho! Primeiro pelos cabelos... – disse Zeros, retirando a faca e puxando uma mecha de trás. Ele cortou três dedos do seu cabelo e levou a altura dos olhos de Camus, que se mantinham semi-cerrados.

- Vamos deixá-lo careca! – disse Pen.

- Sim – riu o outro.

Zeros pegou seus cabelos, fechando sua mão e colocou a faca ali, arrumando todos os fios, para que cortasse tudo de uma vez, mas a voz autoritária de Radamanthys chegou ao seus ouvidos.

- Já chega!

- Senhor... – Pen e Boren disseram em uníssono.

- Mas... Não íamos jogá-lo no mar fervente de sangue? – Zeros tentou argumentar, mas o olhar assassino do Kyoto o deixou sem ação.

- Vão embora! Agora, já fizeram o serviço.

Os homens se entreolharam e soltaram Camus, deixando-o cair de cara no chão, como se fosse um peso morto. Zeros o olhou e cuspiu no seu rosto, que estava de perfil, e logo saiu da sala sob o olhar atencioso e tenso de Radamanthys.

- Eu lhe disse que seria humilhante... Mas fiquei impressionado com sua lealdade – disse, encantado com a força de espírito daquele homem. – Nem todo mundo que ficou tanto tempo em Cocytos conseguiu sair... – comentou, caminhando lentamente até ele.

"...Milo..." , pensou.

"Tudo acabou..."

Se foi...

Como o sol que se põe,

Mas... Com uma diferença...

Não existe a esperança de um novo alvorecer...

E fica somente o lugar vazio que você deixou...

O frio no lugar do calor de seus braços...

E fico somente só...

Solitário em minhas lembranças...

No meu canto vazio e escuro...

Meu corpo dói, mas mesmo assim,

Essa dor ainda é menor...

Que a de minha alma sem você!

A solidão como companhia...

Companheira deste frio corpo sem amor

Porque agora não tenho mais você para me aquecer...

Eu seguirei sozinho por estes caminhos de agora...

Mas sei que minha alma se perdeu...

E, mesmo perdida, ela deve ter forças para lutar..."

(Camus, by Sinistra).

o0o

Já no santuário, Milo estava na casa de Virgem junto de Hyoga. Os dois estavam num estado deplorável.

- Obrigado! – agradeceu Hyoga, ao receber um copo d'água de Shaka.

- Não quer também, Milo? – Shaka, solícito, indagou.

- Não, obrigado. Eu pego do dele... – disse, arrancando o copo da mão de Cisne, que o olhou de cara feia, mas logo sorriu, pensando: "Eu é que peguei você, otário!".

Milo não percebeu o pensamento oculto que estava naquele sorriso, e se tivesse percebido iria se lamentar cada vez mais e jogar aquele "pato" escada abaixo da casa de Virgem, para que Cisne largasse de ser convencido.

Escorpião ficou olhando para o líquido transparente do copo, se lembrando de como eram puros os sentimentos do aquariano em relação a ele.

Deu um gole naquela água com açúcar, fechando os olhos por um instante.

Os pensamentos de Milo estavam totalmente voltados para o aquariano, quando ele sentiu uma pontada forte em seu peito. Era uma dor dilacerante e sufocante que o fez se encostar na parede da casa de Virgem, para agüentar o impacto dos sentimentos que invadiram sua alma.

Ele olhou para o copo, vendo nele o olhar de Camus e logo depois, a face borrada do seu querido. O copo foi deslizando lentamente, e caiu no chão, partindo-se em mil pedacinhos, fazendo a água escorrer e fugir pelo piso liso e escuro do azulejo. Parecia que em cada pedacinho fragmentado daquele copo estava o coração frágil de aquário.

o0o

"As infinitas maravilhas do Universo são a nós reveladas na medida exata em que nos tornamos capazes de percebê-las. A agudeza da nossa visão não depende do quanto podemos ver, mas do quanto sentimos".

(Helen Keller).

(by Leona-EBM)

n/a: desculpem a demora.. eu planejei esse cap o dia 20, uma semana depois mais ou menos eu posto.. Mas eu posso explicar, eu entrei em semana de provas! ta... não conta tanto assim mas..rs E ainda fiquei de recu... Como devem imaginar, a Sini aqui está um pouco neurótica com o colégio.. E por escolha propria eu fiquei de recu, se non iria com 7,0 em fisica, tá certo que a media é 6,0 mas... acontece que a materia era optica e isso sempre cai no vestiba, e eu quero ter um melhor dominio da materia.. Mesmo que eu não vá precisar de Fisica no meu vestibular... ¬¬'

Bela Patty: Ele é até camarada, mas ainda fico com o Valen! XD

Brigada pela dica! Milo sofrer? Que isso.. Agora vc queria o que, quanto ao Ka? Ta no inferno? Abraça o capeta! Hauhauahuahuahau.. eu e meu humor ¬¬ de qualquer forma, ele está no inferno, então.. ser tratado a pão de ló é que não seria! E bem.. poemas não faltaram nesse capitulo! XD

Lola: sini se escondendo Eu juro que foi sem querer, mas eu sempre esqueço de ler.. Vamos fazer o seguinte a próxima vez que tu postar um cap de mais uma vez te amo, eu leio! Que tal? XD O que o Rada vai fazer com o Kamus? Hum...sini vira pro resto do grupo e grita MENINAS! E Eros também... Sem me esquecer... O que vocês irão fazer com o Ka? Além do que já foi feito, é claro.. sorriso maquiavélico Eu pergunto pra elas, Lola, minha cara, pois como vais perceber, eu sou a inútil e não faço quase nada...

Litha: Oi! sini inclina a cabeça eu sei que você acompanha desde o inicio, mas eu não te conheço muito XD Mas eu sei que você e a chefa Jade estão escrevendo ÓTIMAS ficas em conjunto - (sim... ela é louca, mesmo não parecendo muito...)

Shakinha: Heyas! Bem vinda a fic.. espero que esteja gostando.. e o poema é de autoria da Jade! Como o do inicio deste! como puderam perceber é fácil diferenciar os autores de poemas do grupo... A Jade tem rima.. Eu não XD Eu as aboli! XD

Semana que vem.. ou durante esta.. eu vou atualizar o blog das Heaven... olhar acusador pro resto da turma Vou por um poema meu.. inspirado no Valen e na musica Nom me lo spiegare do Tiziano Ferro eu estava a ouvir a musica no momento, referente ao capitulo 2!

Blog: www . heavencriminals . blogspot . com

E-Mail: heaven criminals terra . com . br – pra quem preferir... Mas lembrando que olhamos esta caixa de mensagem de vez em nunca, pelo que eu descobri, já que eu sou esquecida e o resto do grupo é mais ainda! Mas de vez em quando eu entro e leio! XD

Beijos a todos

Sini