Título: Um namorado para o Natal

Autor: Bela-chan

Pares: Harry/ Severus e outros pares.

Classificação: M (R) (slash, lemon e trapalhadas élficas)

Resumo: Numa época de relacionamentos difíceis e guerras, três corajosos fantasmas e um conhecido elfo se unem para presentear alguns habitantes de Hogwarts com um Natal inesquecível.

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a J K Rowling, nós apenas os pegamos emprestados para dar vida às nossas idéias loucas e maravilhosas!

Beta : Marck Evans

Nota: Este é o primeiro trabalho da brava armada do "The Slash Round Robins", esperamos que curtam nosso trabalho! Lembrem-se, reviews são sempre bem vindas! 

Nota 2: Esta fic não segue a cronologia de Half Blood Prince.

Cap. 04 – Por Bela-chan

Harry saíra apressado de seu quarto, quase correndo em direção às masmorras, os pensamentos no último bilhete que recebera.

Quando os bilhetes começaram a chegar Harry achou graça e pensou que se tratava de algum aluno tendo uma paixonite tipicamente adolescente. E ele, mais do que ninguém sabia o quanto era fácil se apaixonar por um professor durante a adolescência, pois fora exatamente isso que acontecera com ele.

Mas esperava que se não demonstrasse nenhum interesse pelos bilhetes, eles parariam de chegar e a pessoa desistiria dele. Mas o que aconteceu foi o contrário, os bilhetes tornaram-se mais freqüentes, e não se passava nem dois dias sem que Harry encontrasse um deles em sua cama.

Bem, talvez nem todas as paixonites adolescentes passassem rapidamente. Afinal, a sua também durava até hoje, não é? E ele duvidava que acabasse um dia.

Chegando à sala de Severus, Harry bateu na porta e esperou que fosse aberta. Já havia escurecido, mas ele não se preocupou com o horário, sabia que o Professor de Poções dormia tarde. De fato, não se surpreendia que uma pessoa de personalidade tão sombria quanto Severus Snape apreciasse a noite. Combinava com ele.

Ouviu o trinco da porta estalando e o rosto de Snape apareceu quando ele a abriu claramente irritado com a visita.

- Potter? O que foi?

- Preciso falar com você, Severus...

Dizendo isso, Harry deu um passo a frente e entrou na sala sem esperar pelo convite de Severus. E, pela naturalidade com que agiu, percebia-se que isso era normal nele, ele estava acostumado a visitar aquele lugar.

Severus apenas suspirou e fechou a porta. Virando-se, encontrou Harry sentado na beirada de sua mesa.

- Desça daí, moleque, minha mesa não é nenhum poleiro, você vai quebrá-la.

- Qualquer coisa você conserta depois. – respondeu Harry, sorrindo com displicência.

- Fale logo o que você quer, estou sem tempo. Não veio me perguntar se já jantei, ou me dar outro sermão sobre dormir tarde, não é? Porque isto já está além do ridículo...

- Não é nada disso. Se bem que você deveria parar de dormir tão tarde, assim não pareceria tão abatido. Sem contar que isso não faz bem. – disse Harry, observando o rosto de Snape com atenção.

- Que ironia... Quando eu era seu professor você teria adorado que eu caísse morto na sua frente.

- Mentiroso. Sabe muito bem que o que sinto por você mudou depois do 7º ano... Mudou muito. – Harry respondeu suavemente, olhando nos olhos de Severus.

O ambiente ficou imediatamente carregado, as palavras não-ditas pairando sobre os dois. Até que Severus desviou o olhar, quebrando o clima na mesma hora.

- Então... O que veio fazer aqui, Potter?- perguntou, encostando-se na parede do lado oposto ao de Harry e cruzando os braços sobre o peito.

Harry piscou e se recriminou mentalmente. Não pretendera se insinuar daquele jeito, mas estava cada vez mais difícil controlar seus sentimentos pelo ex-professor.

- Eu recebi outro bilhete, Severus. Alguém o deixou em minha cama quando fui fazer as compras de Natal.

- A pessoa se identificou? Deixou alguma pista?

- Não, nada. Mas esse bilhete era diferente dos anteriores. – disse Harry, retirando o pergaminho de dentro do bolso e estendendo-o ao professor. – Olhe:

Severus apanhou o pergaminho e leu os versos escritos em tinta negra:

Não facilite com a palavra amor.

Não a jogue no espaço, como bolha de sabão.

Não se inebrie com o seu adocicado som.

Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro).

Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão

de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra

que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.

Não a pronuncie.

- Eu não entendi nada, Severus. O que ele quis dizer? – perguntou Harry, confuso.

- O que você não entendeu? Me pareceu muito claro. – Severus estava relendo a poesia, um leve sorriso em seus lábios.

- Então me explique, porque não está nada claro para mim.

Severus ergueu os olhos do papel e encarou Harry nos olhos, pensativo.

- Você é só um menino, acho que não entenderia...

- Não sou menino e entenderia se você me explicasse. – retrucou Harry, irritado. Odiava quando Snape o tratava como criança, era como se ele esfregasse em sua cara o quanto o achava imaturo.

- Que seja. – Severus franziu as sobrancelhas ante a demonstração de raiva tão típica de Harry. – O poema fala de amor, Potter.

- Não é o contrário? – interrompeu Harry – Não fala justamente pra não falar de amor?

- Se você parar de me interromper, quem sabe eu consiga te explicar alguma coisa. – disse Snape, ríspido – O poema fala em não usar a palavra amor levianamente. Porque é isso que os jovens fazem, falam de amor aos quatro ventos e se dizem apaixonados por pessoas diferentes uma vez por mês.

Harry ia comentar que nem todos os jovens eram assim, mas se calou com o olhar de Severus.

- Amor é mais do que isso. Mais forte, mais profundo. E é uma ofensa para quem ama realmente perceber que o objeto do seu amor – neste caso, você – não entende o quanto esse sentimento pode ser único.

- Mas eu entendo. – exclamou Harry quando Snape fez uma pausa, recebendo um olhar incrédulo do outro. – Entendo mesmo, Severus! Mas não acredito que quem manda esses bilhetes sinta isso. O que ele sente é só curiosidade somada a excesso de hormônios adolescentes.

- Se for isso não é amor, é paixão. – retrucou Severus – Amor é um só, para a vida toda. Você acha que vai morrer quando se descobre amando, mas também tem certeza que morreria se lhe tirassem isso. – a voz de Severus se tornou mais baixa, mais suave. – É intenso, é único. Muitas vezes machuca, mas também pode curar qualquer ferida. É a comunhão perfeita de corpo e alma. Nada se iguala a isso, Potter, nada.

Harry estava bestificado, não acreditava que estava ouvindo Severus falar de amor com ele. E ele falava como se soubesse, como se já... Já tivesse sentido aquilo por alguém.

A surpresa passou, dando lugar a um ciúme irracional que tomou conta de seu coração.

- Você fala como soubesse como é sentir isso. – a voz de Harry soou amargurada, mas ele não conseguiu impedir. – Isso quer dizer que você já encontrou sua metade perfeita, Snape?

Severus olhou atentamente para ele, os olhos negros quase perfurando o rosto de Harry.

- Acho que já está na hora de você ir. Estou cansado, quero me recolher.

Harry, emburrado, desceu de cima da mesa e apanhou o pergaminho que Severus lhe estendia.

- E acho que você deveria repensar aquela sua teoria de que o admirador secreto seja um aluno, Potter.

- Por que? – perguntou Harry, abrindo a porta da sala.

- Porque nenhum adolescente teria profundidade suficiente para escrever uma coisa assim, muito menos sentir esse tipo de amor por alguém.

- Está enganado, Severus...

- Estou? – Severus ergueu a sobrancelha, claramente duvidando do que ouvia.

- Está. Eu sinto tudo o que você descreveu desde os 17 anos de idade. – respondeu Harry, saindo da sala e deixando um professor de poções pensativo olhando-o partir.

Continua...

N/A: O poema não é meu, claro. Chama-se "O Seu Santo Nome", de Carlos Drummond de Andrade.