Título: Um namorado para o Natal
Autor: HalfDane
Pares: Harry/ Severus e outros pares.
Classificação: M (R) (slash, lemon e trapalhadas élficas)
Resumo: Numa época de relacionamentos difíceis e guerras, três corajosos fantasmas e um conhecido elfo se unem para presentear alguns habitantes de Hogwarts com um Natal inesquecível.
Disclaimer: Todos os personagens pertencem a J K Rowling, nós apenas os pegamos emprestados para dar vida às nossas idéias loucas e maravilhosas!
Beta : Marck Evans
Nota: Este é o primeiro trabalho da brava armada do "The Slash Round Robins", esperamos que curtam nosso trabalho! Lembrem-se, reviews são sempre bem vindas!
Nota 2: Esta fic não segue a cronologia de Half Blood Prince.
Capitulo – 5 por HalfDane
Naquela noite Severus acordou suado. Sentia suas costas molhadas, os cabelos grudados na testa e uma sensação incômoda no coração e na mente. Um misto de vergonha e frustração percorria-lhe o corpo e ele detestava ter de lidar com esses sentimentos, de ter que se sentir adolescente de novo.
Há anos ele ocultava esse desejo romântico e erótico que lhe corroia as entranhas e a alma. Há anos ele tentava não olhar para Potter como um homem pronto para ser amado.
Ele não ousaria se permitir amar mais nada que não fosse seu trabalho, muito menos o filho de James, seu inimigo de infância e juventude.
Ele havia sido humilhado quando jovem, e essas memórias são as mais difíceis de serem esquecidas, de serem perdoadas. As mágoas de infância são sempre as mais profundas e perniciosas, e ele se sentia patético ao admitir para si mesmo que ainda odiava seu avô; que odiava James Potter, e Black, e Lupin… e muitas vezes enquanto estava sozinho, odiava a si mesmo.
Quando Potter lhe admoestava para dormir mais cedo e descansar; para arranjar algo mais divertido para fazer nas horas vagas além de criar e testar novas poções, ele se sentia confortado e querido. Sentia-se quente por dentro, como se estivesse sendo acariciado, porque ninguém em muitos anos havia se importado com ele daquela maneira quase maternal.
É verdade que Potter mudara muito. Tornara-se um belo homem, com porte esguio e belas pernas. As pernas mais bonitas de Hogwarts, como disse uma estúpida aluna Gryffindor do sexto ano. A pobre infeliz perdeu vinte pontos de sua Casa e levou quatro semanas de detenção com Filch por esse comentário impertinente sobre um professor diante de Snape.
Severus nem mesmo se lembrava ao certo quando foi que começou a amar Harry. Talvez tenha sido depois das aulas fracassadas de Oclumência. Ele jamais entendeu porque o garoto nunca se aproveitou do que viu na penseira para infernizá-lo. Na verdade se a situação fosse ao contrário ele faria exatamente o que Potter não fez: aproveitar-se da situação para se vingar, atormentando e envergonhando seu professor de Poções.
Severus sabia que mereceria uma vingança como essa, sempre agira com Potter de maneira leviana e dura. Ele odiou o garoto porque ele era a cara de seu pai, até mesmo os cabelos bagunçados eram idênticos, mas quando ele viu aquele moleque de onze anos, com olhos verdes como os de Lily e um ar incerto e temeroso estampado no rosto branco, fitando Snape com receio, o professor de Poções logo entendeu que ele não era James Potter. Harry era especial! Sempre foi e sempre seria especial!
Mas ele nunca deu seu braço a torcer. Ele era um Slytherin, oras, uma serpente orgulhosa sempre pronta a dar o bote. E por este mesmo motivo ele detestava admitir para si mesmo que amava o Garoto-Dourado-de-Dumbledore. Amava sua força, sua audácia, sua lealdade, sua honestidade. Amava seus cabelos sempre revoltos e aquele redemoinho sempre espetado no alto de sua nuca, que freqüentemente deixava Harry irritado quando estava se arrumando em frente ao espelho.
Severus tinha convicção de que jamais poderia ser amado por ele. Afinal de contas ele era um homem muito mais velho, e mesmo que Potter o tratasse com respeito e não demonstrasse nenhum tipo de ressentimento pelo passado, Snape não alimentava ilusões amorosas com o rapaz, mesmo sabendo de sua bissexualidade.
Mas naquela noite tudo mudou. O muro precariamente erguido por Snape, a fim de proteger a si mesmo e a Harry da paixão que se transformara em amor dentro de seu coração e mente, havia sido destruído, e tudo voltara como num enorme turbilhão de desejos contidos arrasando o coração de Severus Snape. Torturando-lhe a mente sempre tão racional.
Sonhara com Harry novamente em situações eróticas que ele se envergonhava de lembrar. Afinal o menino era puro demais para aquilo, para ser beijado da maneira possessiva que Severus sempre sonhou. Para ele o corpo perfeito de Harry não poderia ser tocado, apenas admirado de longe, como se fosse o próprio Sol. Além do mais, mesmo sendo adulto, Severus ainda o enxergava como um garoto. Ele não ousaria pensar ou sequer fazer aquelas coisas com Harry, o rapaz merecia coisa melhor.
A imagem do sonho atormentava-lhe. Mesmo sentado na beira da cama em meio ao escuro do quarto, ele podia se lembrar do calor do corpo de Harry junto ao seu, do toque macio de seus lábios e das palavras de carinho ao pé do ouvido.
Uma angustia lhe apertava o peito, uma necessidade de sair dali e correr para os aposentos de Harry e, tomando-o nos braços, beija-lo com toda sua força pedindo-lhe que o amasse, como ele amava Harry.
Mas aquilo era uma loucura, ele jamais faria tal coisa. Jamais se humilharia assim, mesmo por amor.
E pensar no ódio que sentira hoje à noite ao ler aquele poema deixado no quarto de Harry. Tão lindo e profundo como os sentimentos que ele próprio possuía pelo rapaz.
Ele conhecia aquele autor Muggle que escrevera o poema. Ele apreciava por demais poemas, embora todos acreditassem que ele fosse um cretino frio e calculista.
E aquelas palavras verdadeiras penetraram fundo dentro dele. Porque quando se abre esta pequenina caixa de Pandora que é o Amor, não se pode mais voltar atrás. Não se pode tocar a face da divindade e sair impune.
Severus suspirou fundo e se levantou ainda descalço. Ele sorriu de leve ao pensar, fugazmente, que com certeza Potter lhe daria uma bronca se o visse andando descalço sobre o piso frio da masmorra. Tratou logo de afastar esse pensamento e concentrar-se no que ia fazer: tomar uma generosa dose de uísque e tentar voltar a dormir.
Sentou-se em uma poltrona macia que possuía num cômodo transformado em sala de leitura em seus aposentos. A poltrona era muito antiga, mas bem conservada, e Severus gostava de se reclinar nela apoiando os pés sobre o pufe.
Naquela noite alguma coisa além do sonho e de seu amor sufocado, incomodava Severus: eram os olhos e as palavras de Harry. Havia alguma coisa no semblante do rapaz que o deixara com um ar triste de repente. E havia aquela frase estranha antes de sair. Será que Potter estava com problemas amorosos? Será que gostava de alguém?
Este último pensamento deixou Severus um tanto irritado pelo ciúme. Detestava admitir para si mesmo que há tempos sentia ciúmes do rapaz. Não gostava de pensar em Harry com mais ninguém que não fosse ele mesmo, e isso era uma atitude egoísta de sua parte, Severus sabia.
Ele não lia nada na mente de Harry havia anos, o garoto tornara-se um bom oclumente. Mas o corpo fala, e seus olhos, embora vedassem sua mente para a Legilimência, por um instante denunciaram uma angústia latente, e isso deixara Severus preocupado e infeliz.
Severus gostaria de poder fazer algo. De se aproximar de Potter, não como antigo professor e atual colega de trabalho, mas como conselheiro. Ele não nutria a ilusão de ser confidente do rapaz, ele era um homem realista. Desejava apenas saber o que afligia a mente dele, e dar-lhe seu parecer, tentando direciona-lo a um bom termo, assim como fizera com Draco no passado.
Mas Harry não era Draco. Harry sequer era Slytherin. E talvez fosse melhor manter uma distância segura do rapaz. Talvez fosse melhor para os dois – em especial para ele, Severus – que esta distância dita "segura" entre eles fosse mantida para evitar dissabores futuros e mais dor.
Naquela noite insone, Snape ficou lá, sentado confortavelmente sobre sua poltrona, tentando afogar seus sentimentos, desejos e sonhos com Harry, e isso ele achava que sabia fazer muito bem.
O que ele não sabia era que Lily estava por perto naquela noite e planejava algo para ele e Harry naquele frio Natal em Hogwarts.
