Título: Um namorado para o Natal
Autor: Marck Evans
Pares: Harry/ Severus e outros pares.
Classificação: M (R) (slash, lemon e trapalhadas élficas)
Resumo: Numa época de relacionamentos difíceis e guerras, três corajosos fantasmas e um conhecido elfo se unem para presentear alguns habitantes de Hogwarts com um Natal inesquecível.
Disclaimer: Todos os personagens pertencem a J K Rowling, nós apenas os pegamos emprestados para dar vida às nossas idéias loucas e maravilhosas!
Beta : Lilibeth
Nota: Este é o primeiro trabalho da brava armada do "The Slash Round Robins", esperamos que curtam nosso trabalho! Lembrem-se, reviews são sempre bem vindas!
Nota 2: Esta fic não segue a cronologia de Half Blood Prince.
Capítulo 8 – por Marck Evans
No entardecer da véspera de Natal quatro fantasmas, um elfo doméstico e dois bruxos se reuniram desanimados.
-Eu não sei mais o que fazer. – James Potter flutuava junto à janela com uma expressão fechada no rosto. – Nós já usamos todos os truques que pudemos pensar, e nada deu certo!
Draco tirou um pergaminho do bolso e começou a ler a lista das tentativas fracassadas:
-Nós já os trancamos juntos três vezes...
-Quatro. – Corrigiu Lily flutuando ao lado do marido.
-Quatro? No armário de vassouras, na sala de poções e na sala dos professores. Só três.
-A do banheiro dos monitores.
-Ah, sim, claro. – Draco anotou a quarta tentativa de juntar dois teimosos usando o velho truque de trancá-los juntos. – Já pusemos fogo nas veste do Severus, nas do Harry, já rasgamos a roupa do Harry na frente do Severus.
-E o Seboso em vez de fazer alguma coisa ficou olhando com cara de tarado pro garoto.
-Ele não estava olhando com cara de tarado, e foi muito prestativo arrumando uma coberta para o Harry.
-James!
-Sirius, você sabe que no início dessa história eu realmente não acreditava que eles pudessem dar certo juntos. Eu só vim para poder dizer depois que eu tinha avisado. Mas que droga, o Snape realmente gosta do Harry. E meu filho é louco por ele. Portanto vamos deixar velhos ressentimentos de lado e nos concentrar? Temos só até o amanhecer de amanhã para tentarmos ajudar os dois. Continua lendo a lista, Draco, quem sabe a gente tem alguma idéia.
Remus e Albus trocaram um olhar de entendimento enquanto James volta a olhar pela janela.
-O feitiço de proximidade, para fazê-los sentir dor cada vez que se separavam também não funcionou. Eles quebraram o feitiço em tempo recorde. A poção que faria um ler a mente do outro e assim pararem com a babaquice de esconder seus sentimentos também foi um fiasco.
-Mas foi muito engraçado ver Severus com um turbante de alumínio berrando as instruções para Harry fazer o antídoto.
-Albus! – O coro de vozes indignadas acabou sendo substituído por risadas.
-Eu nunca imaginaria que alumínio atrapalha a telepatia, e muito menos que Severus teria esse material tipicamente trouxa à mão.
-Sabe, eu achei mais engraçado os dois correndo como loucos para longe um do outro por causa do Veritaserum que a gente pôs na bebida deles ontem.
-Draco!
-É, mas não funcionou. Nem o mapa astral combinado dos dois que a gente pôs nos quartos deles. Mas isso é natural, nenhum dos dois ia levar nada que remotamente parecesse ter sido feito pela Sibila a sério.
-E então atingimos o ponto mais baixo da falta de criatividade. O momento mais vergonhoso para os Marotos. – Remus se manifestou pela primeira vez.
Draco apertou a mão do lobisomem numa tentativa de consolo.
-Foi desespero, Remus.
-Eu sei. Mas fazer Harry trombar com Severus e cair por cima dele foi tão... tão...
-Patético. – Até Lily estava perdendo a paciência já. – E o pior é que não funcionou e que nós não conseguimos pensar em mais nada. A única coisa que ainda funciona, pelo menos um pouco, são as poesias.
-Dobby colou mais uma, dessa vez Dobby colocou na cama do professor Snape do mestre Harry Potter.
-Ótima idéia, Dobby. E o que Severus fez?
-Dobby ficou espiando escondido para ver o que professor Snape de Harry Potter faria. Professor leu e pareceu ficar triste, muito triste. Então Harry Potter chegou e professor Snape não deixou ele entrar.
-Que raio de poema você mandou dessa vez, Albus?
Dumbledore tirou do bolso um pergaminho que se leu em voz alta:
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor
Lily suspirou profundamente e entrelaçou os dedos nos de James.
-E A BESTA DO SEBOSO NÃO GOSTOU?
-Sirius!
-Ele gostou, meu jovem. Assim como Harry gostou dos vários que mandamos para ele. O problema é que os dois estão confusos e inseguros.
O pequeno grupo de conspiradores ficou em silêncio por longos minutos até Draco se manifestar:
-Eu tive uma idéia. É meio cruel, mas pode dar certo.
E diante do silêncio, a principio intrigado e depois respeitoso dos outros, Draco explicou seu plano.
-Moony, esse garoto teria dado um Marauders e tanto.
-Eu sei. Ele é brilhante.
Sirius deu uma gargalhada tão descaradamente safada que fez Remus ficar roxo de vergonha.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Draco fez sua cara mais preocupada e bateu na porta do quarto de Severus. O professor de poções abriu lentamente a porta e só depois de verificar que Draco estava sozinho no corredor o deixou entrar. O que ele não viu foi Albus e Sirius atravessarem a parede, invisíveis, e flutuarem a seu lado.
-Severus, algum problema?
-Só umas coisas esquisitas que vem acontecendo nos últimos dias. Nada demais. – Severus indicou uma poltrona pra Draco. – A que devo sua visita inesperada? Achei que fosse estar se enroscando com seu lobisomem.
Albus segurou Sirius firmemente.
-Acredite-me, eu preferia estar. – Draco sorriu sem deixar-se enganar pela máscara do chefe da Sonserina. – Na verdade ele está fazendo um favor para mim agora, e eu preciso de seu conselho sobre um assunto delicado. Um assunto profissional, de certo modo.
-Ora essa, Draco, você nunca foi de pedir e muito menos de seguir conselhos.
-É sobre Harry.
Severus empalideceu horrivelmente. Depois da batalha contra o Lorde das Trevas Draco fora um dos curandeiros que examinara Harry.
-Harry está... – Severus pigarreou tentando dar mais firmeza à voz. – Harry está com algum problema de saúde?
-Essa é a questão. Eu não sei. Eu notei algumas coisas estranhas, mas ele é teimoso. Diz que já passou tempo demais em hospitais e não me deixa examiná-lo.
-Draco, vá para a enfermaria. Eu vou levar Harry para lá agora.
-Severus, é véspera de Natal, talvez fosse melhor deixar isso para depois, eu não quero magoar o Harry.
-Draco - Esse era sem dúvida uma voz de comando. –, vá para a enfermaria, agora.
-Sim senhor.
Draco riu baixinho, junto com os dois fantasmas, assim que Severus saiu da sala.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
-Então é isso, Harry: Draco suspeita que Severus tenha algo grave e não consegue convencê-lo a ir até a enfermaria.
A expressão de Harry foi tão intensamente preocupada que Remus quase fraquejou, mas o Garoto-Que-Sobreviveu-Inúmeras-Vezes-E-Que-Gosta-Do-Professor-De-Poções não lhe deu tempo pra voltar atrás.
-Eu vou falar com Severus.
Como se convocado por Harry, Severus escolheu justo esse instante para bater na porta.
-Harry, eu preciso falar com você.
-Severus! Eu estava indo ver você.
-Harry, preste atenção, Draco falou comigo...
-Eu sei, Remus acabou de me contar. Severus, nós temos de ir a enfermaria. Eu vou com você.
-É claro que eu vou com você, Harry. Vai ficar tudo bem, você vai ver.
Harry segurou as mãos de Severus tentando mantê-lo tão otimista quanto ele parecia estar.
Com o coração apertado de medo de perder Harry, Severus não teve coragem de se afastar. Os dois acabaram indo para a enfermaria de mãos dadas.
-Chega a dar pena dos dois agora. – Remus olhava o casal virando no final do corredor.
-Mas eles ficam lindos juntos!
James apenas abraçou a esposa e fez sinal para Remus ir na frente.
-Lily...
-Sim, meu amor.
-Eu tenho uma poesia para você.
Era a primeira vez que James, vivo ou morto, lhe falava de poesia. Lily sorria feliz enquanto ouvia o marido sussurrar baixinho no seu ouvido:
Esse longo caminho percorrido
lado a lado, nos bons e maus momentos,
faz de nós dois um ser unificado
pelos mais fundos, ternos sentimentos.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
-MAS EU NÃO ESTOU DOENTE! DRACO ME DISSE QUE VOCÊ ESTÁ DOENTE!
-SEVERUS, NÃO GRITA!
-NÃO GRITE VOCÊ, PIRRALHO.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
-Lily, os dois se separaram antes mesmo de chegar à enfermaria. E aos berros. – Sirius flutuava no meio do corredor, esquecido de manter sua invisibilidade. – Eu não me lembrava que Harry fosse tão bravo. É bom você e Draco sumirem de perto dos dois uns tempos, Moony.
-Droga, e lá se foi outro bom plano.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Severus se fechou no seu quarto andando de um lado para outro, depois de procurar Draco e Remus por todo o castelo e não encontrar.
Que inferno era esse que estava acontecendo na sua vida?
Era como se alguém o estivesse tentando juntar com Harry. Merlin sabia o quanto ele gostaria de apenas fechar os olhos e deixar acontecer, mas não era certo. Harry é um homem, é verdade, mas tão mais novo, tão puro apesar de toda a dor. E ele, Severus, era um velho amargo e feio.
Mesmo assim, tudo parecia empurrá-lo para perto de Harry. E agora Draco e Lupin com essa conversa furada.
Por tudo que havia de mais sagrado Severus queria ir até Harry e pedir desculpas por ter se alterado, explicar que fora alívio por saber que não ia perder Harry para alguma doença misteriosa. Era frustração por não poder apertá-lo em seus braços e cobri-lo de beijos.
Seus sentimentos pelo garoto não eram nada castos e hoje tudo parecia pior.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Harry deixou Severus firmemente decidido a esganar Draco, arrancar a pele de Remus e esquecer de uma vez por todas o desgraçado que tinha seu coração nas mãos e só fazia magoá-lo.
Depois de quase destruir o quarto atrás do Mapa lembrou que Remus o havia pegado emprestado há alguns dias, mas quebrar e espalhar coisas surtira um efeito positivo: Harry estava mais calmo e já conseguia pensar.
Merlin! Como ele sentira medo de perder Severus. Foram momentos horríveis.
Por que Remus e Draco fariam uma coisa tão cruel?
Com um gesto de varinha colocou um pouco de ordem no caos que se tornara seu quarto, mas um pergaminho não parecia achar seu lugar.
Harry o pegou no ar e leu mais uma poesia enviada por seu admirador secreto:
Na curva perigosa dos cinquenta
Derrapei neste amor. Que dor! Que pétala
Sensível e secreta me atormenta
E me provoca à síntese da flor
Que não sabe como é feita: amor,
Na quinta-essência da palavra, e mudo
De natural silêncio já não cabe
Em tanto gesto de colher e amar
A nuvem que de ambígua se dilui
Nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais defeso, corpo! corpo, corpo,
Verdade tão final, sede tão vária,
E esse cavalo solto pela cama,
a passear o peito de quem ama.
-Severus!
E então tudo o que vinha acontecendo nos últimos dias fez algum sentido. Alguém queria mostrar que talvez ele e Severus tivessem alguma chance.
-Griffindor, dai-me coragem.
E Harry foi quase correndo em direção aos aposentos privados de Severus.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Chegar até ali foi fácil, difícil seria dizer o que sentia na frente de Severus. Talvez devesse ter pedido inspiração às musas e não apenas coragem.
Harry fechou os olhos e bateu na porta.
Severus a abriu lentamente e deixou que ele entrasse. Um silêncio diferente e cheio de expectativa se instalou entre eles.
Harry não conseguia achar sua voz e Severus parecia desconcertado em vê-lo ali.
Era tanta coisa para falar, tanto sentimento para explicar e Harry apenas conseguia olhar para ele e sorrir. Sorrir porque as únicas palavras que lhe vinham à mente eram versos que ele lera há alguns dias, e por expressarem tão bem o que ele sentia haviam se instalado naturalmente na sua mente.
Severus o olhava com se ele tivesse enlouquecido de vez. Ele não sabia que ali, parado com um sorriso nos lábios e os olhos brilhando como nunca ele parecia a Severus a luz que brilhava na escuridão, o porto de paz pelo qual ansiara vida toda.
Harry se aproximou até quase tocar Severus e deu voz às palavras que rondavam sua mente:
Amor, Amor meu, minhas penas, meu delírio,
aonde quer que vás, irá contigo
meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma,
sabendo embora ser perdido intento
o de cingir-te forte e de tal modo
que, desde então se misturando as partes,
resultaria o mais perfeito andrógino
nunca citado em lendas e cimélios.
-Eu esqueci o resto Severus, mas...
Não eram mais necessárias palavras. Não quando os lábios de Severus se apossavam dos seus daquela forma apaixonada.
-Harry, não é um intento perdido, faz muito tempo que isso é tudo que eu quero.
-Eu te amo, Severus.
E Harry descobriu uma outra forma de poesia. Poesia feita com toques, lábios, gemidos. Poesia que se vê ao desnudar o corpo que se deseja tanto. Poesia de sentir-se carregado até a cama e de ser tocado com reverência. Poesia de descobrir devagar o gosto e o cheiro de cada parte do corpo e da alma da pessoa que se ama. Poesia de mãos e corpos e almas e corações entrelaçados. Poesia de gemidos e de nomes sussurrados. Poesia de gozar e de fazer gozar. Poesia de repousar no corpo suado do seu amor. Poesia de Severus e Harry, de Potter e Snape. Poesia.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Remus e Draco haviam se refugiado na casa do lobisomem. Totalmente a sós pela primeira vez desde que ficaram juntos.
Draco gemeu, feliz, ao ser prensado contra a porta assim que ela se fechou.
A mão de Remus sob suas vestes o fazia ronronar implorando por mais. Eles tentaram chegar até o quarto, largando uma trilha de roupas no caminho, mas no alto da escada eles perderam de vez o juízo.
Remus possuiu Draco ali, no chão, sentindo os dedos do jovem curandeiro marcarem suas costas. Gemidos, quase rosnados, escapavam roucos dos lábios dos amantes. E quando o orgasmo veio, quase simultâneo, eles se deixaram cair abraçados e arfantes.
Draco se sentindo livre como nunca antes, e Remus feliz como um adolescente.
Quando se sentiu recuperado o suficiente para se levantar Remus puxou Draco para seus braços e o conduziu, enfim, para o quarto:
O Chão é a cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para cama.
Sobre o tapete, ou duro piso,
a gente compõe de corpo
e corpo a última trama.
E para repousar do amor,
vamos a cama!
-Poesia, Remus?
-Acho que Albus contagiou todos nós.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
Harry deslizava os dedos pelo rosto de Severus, que se deixava tocar com um leve sorriso nos lábios.
-Então você andou lendo poesia?
-Sim. Você me fez gostar de poesia, Severus. - Harry se aninhou nos braços do amante.
De olhos fechados, como se contasse uma história para fazer o garoto dormir, Severus falou baixinho:
Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
-Isso é nojento!
-Fica quieto, Sirius. Eles são lindos juntos.
-Mas, Lily, é nojento.
-Não é não.
-É estranho, mas era o que nós queríamos. – James ainda não conseguia olhar para o filho adormecido nos braços do ex-inimigo. – Harry está feliz, isso é o que importa.
-Severus também está. – Albus olhava para os dois com os olhos brilhando. – E no final não foram precisos planos mirabolantes.
-Só um pouco de poesia.
O sol da manhã de Natal nasceu lentamente, enquanto quatro fantasmas desapareciam e um elfo doméstico fazia chover pétalas de rosas sobre dois casais de bruxos adormecidos.
/ Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal / Um namorado para o Natal /
As poesias são, pela ordem:
As Sem-Razões do Amor, bilhete do Severus,
Esse longo Caminho, James declamou para Lily,
O Quarto em Desordem, bilhete do Harry,
Porque, Harry declamou par Severus só a primeira parte,
e O Chão é Cama, Remus falou para Draco.
Todos de Carlos Drummond de Andrade.
O que Severus fala para Harry é Pranto Para Comover Jonathan, de Adélia Prado.
Poesia mineira, uai!
