Resumo:
Harry, Ron e Hermione estão no sexto ano em Hogwarts e mais uma vez têm que enfrentar a profunda antipatia de Snape. O que pode acontecer quando os três amigos resolvem procurar um livro na secção de reservados? Que mistérios os esperarão e até onde os levará o que começou por ser o cumprimento de um castigo.
IOs Pergaminhos
Harry suspirou exasperado. Como é que se iria safar daquela?
Não te chateies! animou-o Ron Eu e a Hermione vamos ajudar-te, não é? virou-se para a amiga que assentiu prontamente.
Claro, havemos de descobrir uma maneira. respondeu Hermione olhando para Harry encorajadoramente e ele sorriu debilmente. O professor Snape castigara-o mais uma vez sem motivo algum.
Onde é que eu vou descobrir como se faz uma poção de invisibilidade? disse ele sem olhar para os amigos Se não a fizer esta noite o Snape dá cabo de mim. Claro que se a fizer ele dá cabo de mim na mesma mas essa não é a questão. Ron despenteou o seu cabelo ruivo e olhou desesperado para Hermione em busca de ajuda.
Bom! exclamou ela hesitante Eu tenho uma ideia, mas é muito arriscada e não sei se vai dar certo, mas tu Harry já o fizeste uma vez e conseguiste e acho que talvez, mas só talvez...
Oh, desembucha logo! atirou-lhe Ron.
Pronto! Hermione fulminou o amigo com o olhar e dirigiu-se a Harry com um suspiro Podemos ir à Biblioteca!
Hermione! São dez da noite, não nos é permitido andar fora da sala comum...
Ninguém precisa saber! Hermione interrompeu Harry com impaciência. Ainda não percebeste?
O manto da invisibilidade! sussurrou Ron Claro! Como é que não nos lembrámos disso? Não sei o que seria de nós sem ti, Hermione. ela sorriu-lhe e continuou.
Pois é! Podemos entrar na Biblioteca com o manto e procurar na secção dos reservados.
É isso mesmo! exclamou Harry sorridente. Ron olhava Hermione abismado.
E tu estás disposta a quebrar as regras e a arriscar a pele por uma coisa destas? perguntou ele incrédulo.
Ora Ron, já quebrei tantas regras que descobri que não é mau de todo quando é por uma boa causa. E fazer um trabalho, mesmo que tenha sido passado como castigo, é sempre importante, assim como é importante livrar o Harry de outro castigo mais severo.
Óptimo! O que estamos à espera? disse Harry verificando que estavam sozinhos na sala comum e correu escada acima até ao dormitório dos rapazes para ir buscar o seu manto. Dois minutos depois estava de volta com um ar satisfeito.
Enfiaram-se todos debaixo do manto, saíram da sala comum e percorreram os corredores até à Biblioteca. Uma vez lá foram à secção dos reservados e começaram a procurar um livro que falasse da poção de invisibilidade. Não era fácil pois, segundo Hermione, era uma poção muito delicada de se fazer e não devia ser utilizada de ânimo leve.
Não há aqui nada! exclamou Harry impaciente.
Achei! gritou Hermione, tapando de imediato a boca quando os amigos a olharam reprovadoramente Desculpem, está aqui! disse ela baixinho, enquanto mostrava feliz um livro grande e volumoso numa página central onde se podia ler o título Poção de Invisibilidade, imagens que se moviam ilustravam a poção.
Boa, Hermione! Harry estava exultante, ia dar uma lição ao Snape.
Espera! disse Ron que não escutara o que os amigos estavam a dizer e olhava admirado para um conjunto de pergaminhos que tinham caído de um livro muito antigo que se denominava O Livro Vermelho O que é isto? continuou ele passando folha atrás de folha cada vez mais surpreendido. Hermione tirou-lhe os pergaminhos das mãos e leu em silêncio acompanhando o texto com o indicador direito.
Isto não é possível! disse ela a sorrir para Harry Estes pergaminhos estão a contar a história da Terra Média, isto são os últimos dias de O Senhor dos Anéis. Deve ser algo que a Madam Pince anda a ler às escondidas.
O Senhor dos quê? perguntou Ron confuso.
Oh! Deixa lá... disse Harry fitando a amiga com um sorriso divertido É um livro Muggle.
Não! ripostou Ron peremptoriamente Isto é verdade, estes pergaminhos são autênticos!
Ron, não sejas ridículo! ripostou Hermione agora a rir Se tivesses lido o livro como eu, não acreditavas nisso. disse ela com um ar superior É pura fantasia, fala de um mundo fantástico, cheio de criaturas mágicas, monstros e Feiticeiros...
E tu o que és? perguntou ele picado.
Ha... sabes bem o que eu quis dizer! Hermione corou furiosa Seja como for é um livro, não aconteceu de verdade! disse ela categoricamente.
Ah, sim? Então como explicas isto? Ron tirou-lhe os pergaminhos das mãos e mostrou-lhe um onde se lia numa letra antiga e meio apagada:
Gondor, 25 de Março de 3019
A Terceira Era terminou, com ela grandes terrores findaram e novos tempos virão.
A quarta Era trouxe consigo a Profecia, a última dos Elfos na Terra Média. O mundo como o conhecemos vai sofrer grandes alterações, muitas criaturas desaparecerão, os Homens ficarão mais fracos mas entre eles sempre haverá aqueles poucos em cujas veias correrá sangue poderoso. Os três Feiticeiros que ajudarão a mudar o mundo estão prestes a chegar!
Seguia-se um estranho poema:
Três Feiticeiros de muito longe, no tempo e no espaço, hão-de vir
E de volta regressarão,
Para ao longo de distantes Eras
Mudar o mundo
Com a força do coração.
Determinação têm que possuir
E também força e lealdade,
Além de uma grande coragem.
No lugar mais escuro e tenebroso da terra deverão procurar
Um Ceptro tão brilhante como os raios de luar,
Leve como a brisa na serra,
Poderoso como as estruturas da terra,
Misterioso como as águas do mar.
Através de alguém como eles irão encontrar
A magia do passado, do presente e do futuro.
Por baixo acabava de aparecer um desenho a carvão que mostrava três jovens, dois rapazes e uma rapariga. Harry e Hermione olhavam o pergaminho siderados. Aquelas pessoas eram, sem qualquer sombra de dúvida, eles os três.
Isto não… Hermione tinha a voz rouca enquanto fitava incrédula o pedaço de pergaminho Isto é impossível! Como é que… olharam uns para os outros sem saber o que dizer. Harry já esquecera Snape e a poção. Aquilo era muito mais importante. Como é que era possível que houvesse um desenho deles num pergaminho que visivelmente datava de há séculos ou milénios atrás.
Um ruído ali próximo sobressaltou-os e enfiaram o manto à pressa. Harry sentia o coração a martelar-lhe no peito enquanto esperavam uns minutos em silêncio. Como não ouviram mais nada saíram da Biblioteca em passo de corrida até à Torre dos Gryffindor sem falar durante todo o caminho.
Uma vez na sala comum sentaram-se em poltronas a respirar com dificuldade. Harry pousou o livro com a poção que se esquecera de deixar na Biblioteca. Ron ainda segurava o Livro Vermelho e olhava para o pergaminho que continha o desenho deles.
Isto não pode ser verdade Harry, tu e eu sabemos que não! Hermione falou em voz sumida e parecia estar a tentar convencer-se a si mesma mais do que a Harry ou Ron.
Hermione, eu já não sei de nada! Harry mal conseguia raciocinar com tudo aquilo Tudo é possível!
Olhem! interrompeu Ron Eu não sei de nada sobre esse livro de que estão a falar mas pensem bem, por que motivo estaria logo aqui em Hogwarts? Era como se estivesse à espera de ser encontrado, como se estivesse à nossa espera! Ron abanou a cabeça como que para voltar à realidade. Seja como for parece que temos que fazer algo para mudar o mundo, pelo menos é o que diz o pergaminho!
Ah, sim! E como vamos fazê-lo, posso saber? perguntou Hermione irritada e mantendo-se agarrada ao seu cepticismo Saltamos para dentro do pergaminho? ficaram todos em silêncio até que Ron disparou.
O vira-tempo!
O quê? Harry olhava-o abismado.
Ouçam! continuou Ron num tom prático Isto já aconteceu, portanto seja lá o que for que tenhamos que fazer tem que ser no passado. Precisamos de um vira-tempo para ir até 3019 dessa tal Terceira ou… Quarta Era, é só isso! Harry e Hermione olhavam-no sem palavras.
Ron! exclamou Hermione muito mais calma Às vezes surpreendes-me, de verdade! Acho que tens razão, o teu raciocínio é brilhante! Ron corou até à raiz dos cabelos de modo que mal se distinguia o cabelo do rosto com o elogio inesperado de Hermione.
Bem, não é nada de especial! ripostou ele atrapalhado Tenho a certeza que vocês chegariam à mesma conclusão se acreditassem mesmo que isto é verdade.
Desculpa, eu não devia ser tão céptica, afinal de contas sou uma Feiticeira! Hermione parecia um bocado envergonhada Mas é que… é tão difícil acreditar e acho que não queria mesmo acreditar, porque isso significa que temos que ir ao passado para salvar o futuro. Harry olhava em silêncio de um amigo para o outro. Concordava com Hermione, era muito difícil acreditar naquilo mas as provas estavam à vista e afinal de contas o raciocínio de Ron fazia todo o sentido.
Bem, pelo menos chegámos a uma conclusão! disse ele decididamente Vamos salvar o mundo do que quer que seja. Não deve ser assim tão difícil depois do que já passámos e afinal não é a primeira vez que vamos ao passado alterar o futuro. sorriu para Hermione que lhe retribuiu. No terceiro ano em Hogwarts tinham salvo Sirius e Buckbeak Mas como vamos fazê-lo?
OK! Hermione tomou o controlo da situação O Ron tem razão, precisamos de um vira-tempo e só há um sítio onde podemos encontrar um.
O Ministério da Magia! sussurrou Harry apreensivo.
Exacto!
Então e como chegamos lá? perguntou Harry e Hermione pensou uns segundos.
Temos que ir pela rede de Floo, é a maneira mais segura. Levamos o manto da invisibilidade, entramos na lareira do escritório da McGonagall e uma vez no Ministério ninguém nos vai ver. Os olhos de Hermione estavam a brilhar de entusiasmo Roubamos o vira-tempo, salvamos o mundo e estaremos de volta sem que ninguém dê pela nossa falta. Amanhã estaremos a tomar o pequeno-almoço com a consciência tranquila. Harry e Ron olhavam-na rindo baixinho O que foi?
Estás bem Hermione? perguntou Harry.
Porquê?
É a segunda vez esta noite que transgrides as regras! continuou Ron com um ar trocista.
Bem, sabes! disse ela sorrindo maliciosamente Por algum motivo o Chapéu Seleccionador me colocou nos Gryffindor.
Porque és rebelde? perguntou Ron duvidoso.
Não, para que alguém transgrida as regras com inteligência! riram-se todos baixinho Além do mais a culpa é vossa se não cumpro as regras Hermione sorria agora abertamente encontram sempre uma maneira de me envolver nas vossas estranhas aventuras e de qualquer modo alguém tem que tomar conta de vocês os dois.
Pois, nós acreditamos nisso! ripostou Ron a rir-se.
Bom! exclamou Harry vamos lá! Temos que levar o manto, eu vou buscar o avisoscópio, só para o caso de fazer falta, e a minha Flecha de Fogo, nunca se sabe. Levem as varinhas e, não Hermione, não podes levar nenhum livro! ela olhou-o furiosa mas não respondeu.
Depois de terem reunido tudo o que precisavam olharam uns para os outros receosos mas decididos.
Têm consciência do perigo que vamos correr? perguntou Harry. Ron e Hermione acenaram afirmativamente.
Já estivemos em situações muito difíceis e nunca recuámos! afirmou Hermione.
Pois! concordou Ron.
Certo, então vamos lá! terminou Harry.
Pegaram nos sacos e Ron prendeu a sua vassoura. Voltaram a meter-se debaixo do manto e seguiram, o mais silenciosamente possível até ao escritório da Professora McGonagall que estava fechado à chave.
Alohomora! exclamou Hermione baixinho, a porta abriu-se com um estalido e eles pararam em frente à lareira.
Eu vou primeiro! disse Harry decidido. Levou o manto consigo e pegou num pouco de pó de Floo que se encontrava num pote em cima da secretária. Os amigos ouviram a sua voz na lareira.
Ministério da Magia! Harry sentiu a habitual vertigem de cinzas e imagens ofuscadas e foi dar a uma lareira no Ministério. A viagem correra-lhe muito melhor desta vez e ele olhou calmamente em volta. Não se avistava o guarda o que o deixou mais descansado, se ali estivesse alguém teriam problemas.
Segundos depois Ron surgiu ao seu lado, seguido de Hermione e esconderam-se os dois novamente debaixo do manto antes que aparecesse alguém.
Sem dizer uma palavra dirigiram-se com a respiração acelerada e as batidas do coração mais rápidas até ao Departamento dos Mistérios. Harry sentiu um nó no estômago e percebeu que os amigos se chegavam mais para ele com olhares assustados. Aquele lugar não lhes trazia boas recordações. No ano anterior tinham passado um mau bocado ali e tinham perdido o Sirius. Harry empurrou a porta ao fundo do corredor e encontraram-se os três na sala circular tão sua conhecida.
Mostra-me o caminho! exclamou Harry com voz trémula. A sala girou e quando parou uma porta à esquerda deles estava aberta.
Harry, Ron e Hermione dirigiram-se para lá ao som do tique-taque dos relógios que se encontravam na sala para lá da porta. Já sem o manto, Hermione aproximou-se do armário dos vira-tempo e tirou o mais sofisticado que encontrou, pois teriam que viajar milénios para o passado. Os três amigos entreolharam-se, era aquele o momento. Hermione colocou ao pescoço a corrente da qual pendia uma pequena ampulheta muito brilhante.
Venham cá! ordenou ela e colocou-lhes também o vira-tempo ao pescoço Segurem-se a mim! Isto deve ser bastante rápido e vertiginoso Harry e Ron obedeceram, segurando-lhe cada um deles um braço, o último com as duas mãos pois nunca viajara com o vira-tempo e sentia-se inseguro.
Espero que isto não corra mal! disse Ron engolindo em seco.
Vai correr bem! assegurou Hermione No entanto aviso-vos de que nunca viajei para um passado tão longínquo.
Depois de verificar a data no pergaminho que trouxera consigo e fazer algumas contas mentais, Hermione inspirou fundo, deu algumas voltas à ampulheta e fecharam todos os olhos com força. Harry sentiu-se pela segunda vez como se estivesse a voar rapidamente para trás, entreabriu os olhos e foi envolvido por uma vertigem de cores e formas que passavam velozmente por ele. O martelar nos ouvidos deixou-o tonto e voltou a fechar os olhos até finalmente sentir outra vez terra firme por baixo dos pés.
