Resumo:

Harry, Ron e Hermione estão no sexto ano em Hogwarts e mais uma vez têm que enfrentar a profunda antipatia de Snape. O que pode acontecer quando os três amigos resolvem procurar um livro na secção de reservados? Que mistérios os esperarão e até onde os levará o que começou por ser o cumprimento de um castigo.

As personagens e os locais não são meus. É tudo da fabulosa J. K. Rowling, do absolutamente genial J. R. R. Tolkien e do brilhante Michael Ende. Eu só detenho este modesto enredo.

II

Do Covil para o Monte

Quando Harry abriu novamente os olhos não conseguia ver nada e olhou para todos os lados tentando habituar-se à escuridão. Assim que conseguiu voltou a olhar em volta tentando captar tudo no local e percebeu rapidamente que se encontravam numa intersecção entre vários túneis.

"Onde estamos?" perguntou Ron nervosamente pois não conhecia a história e obviamente não fazia a mínima ideia do que poderia esperar. Harry e Hermione entreolharam-se quando finalmente perceberam onde estavam e não responderam logo ao amigo, pois sabiam o que mais o aterrorizava.

"Bem! Acho melhor contarmos a história ao Ron para ele ficar a par." decidiu Hermione tentando esconder o ar assustado.

"Pois, mas vamos andando! Não vamos ficar aqui parados, pois não?" disse Harry enquanto todos dirigiam o olhar para a mochila dele, dentro da qual se ouvia o avisoscópio a apitar freneticamente.

"O que se passa?" perguntou Ron cada vez mais enervado.

"Oh!" respondeu Harry aflito "O avisoscópio é muito sensível, apita por tudo e por nada." tentou tranquilizá-los mas pelo olhar aterrorizado de Hermione percebeu que não conseguira e ele próprio estava bastante apreensivo, sabendo que ao virar de cada esquina poderia aparecer o que ele mais receava naquele momento.

Começaram, a andar e em poucos minutos Ron sabia o essencial sobre a história do Senhor dos Anéis. Embora ele não tivesse feito muitas perguntas, preocupado como estava limitara-se a ouvir o que os amigos tinham para lhe dizer.

"Então e que lugar é este?" perguntou Ron finalmente chegando ao ponto que, de momento, mais lhe devia interessar.

"Bem, se eu não estou enganada" Hermione trocou um olhar nervoso com Harry "é o Covil da Shelob!" a voz tremeu-lhe ligeiramente.

"De quem?" Os olhares de Harry e Hermione encontraram-se e nenhum deles teve coragem de responder. Subitamente ouviu-se um ruído por trás deles e olharam todos assustados naquela direcção mas não viram nada. De repente os olhos de Hermione arregalaram-se fixos à direita de Harry, ela estava muito pálida e toda a tremer.

"O que foi?" o olhar de Ron dirigiu-se de imediato para o local que ela fixava e ficou transido de medo. Harry também se virou e sentiu-se fraquejar quando viu uma aranha enorme, muito maior que Aragog. A criatura olhava-os de cima e avançou devagar para eles.

"Olhem só o que temos aqui!" sibilou ela batendo com as tenazes "Mais carne fresca, hoje vou fazer um festim. O Gollum não me avisou destes três petiscos."

Harry colocou-se imediatamente à frente dos amigos, não ia deixar que nada de mal lhes acontecesse. Hermione recuou gritando ao ver a criatura aproximar-se mais e segurou com muita força o braço de Ron, os dois encostados à parede de rocha. Ele parecia não perceber o aperto tal era o terror que sentia. A aranha avançou mais ainda e Harry sacou da varinha, Hermione parecia prestes a desmaiar e Ron estava muito branco. Harry aclarou a voz com o coração a mil, tinha que fazer qualquer coisa.

"Arania Exumai!" gritou ele e o feitiço afugentou a aranha que desapareceu nos túneis no meio de um grande ruído de tenazes. Hermione escorregou para o chão a tremer como varas verdes e Ron sentou-se muito pálido ao lado dela.

"Aquela era a Shelob!" esclareceu Harry finalmente.

"Ah!" exclamou Ron num fio de voz, ele que visivelmente ainda não se restabelecera totalmente do susto.

"Então a Aragog deve ser descendente da Shelob!" exclamou Hermione começando a recuperar as cores perante uma descoberta daquelas, apesar de continuar a tremer muito "As Acromântulas são descendentes de Ungoliant e, portanto, de espíritos superiores por isso é que têm inteligência própria."

"Eu não precisava ter conhecido a antecessora da Aragog, já tive que chegue com ela!" disse Ron passados alguns segundos e olhou para Harry a sorrir. Começando a recuperar a dignidade levantou-se e ajudou a amiga a pôr-se de pé "Vá lá, já passou!" disse ele com a voz ainda ligeiramente trémula enquanto dava palmadinhas suaves nas mãos de Hermione "Não tenhas medo, eu e o Harry estamos aqui!" Hermione fitou-o vermelha de fúria mas uma escaramuça para lá do túnel onde Shelob desaparecera impediu-a de responder.

Harry puxou Hermione por um braço que por sua vez arrastou Ron até ao fundo do túnel que desembocava de frente para Barad-dûr. Aí Sam lutava furiosamente contra Slellob.

"Oh, não!" exclamou Hermione aflita "Fomos nós! Nós é que a espantámos para aqui. Eu nem acredito!" Harry deu um passo resoluto em frente mas ela segurou-o. "Onde vais?"

"Ajudar, claro!"

"Não podes interferir!" disse ela numa voz clara.

"Ah, é?" ironizou Harry "Então o que estamos a fazer aqui?"

"Viemos cumprir uma missão que não tem nada a ver com isto!" ripostou Hermione firmemente. Entretanto, enquanto eles discutiam, Sam afugentou Shelob e dirigiu-se em passos apressados a Frodo.

"Então e agora?" perguntou Ron, olhando nervosamente para todos os lados "O que fazemos? Há mais como ela?"

"Não, é a única aqui!" explicou Harry mas aquilo não pareceu confortar Ron que continuou a olhar desconfiado para todos os lados.

"Temos que ir ao Monte da Condenação, é isso!" exclamou Hermione que estivera a reler o pergaminho. "Aqui diz que devemos procurar no local mais escuro e tenebroso da terra." Harry acenou em concordância, pela descrição só podia ser o Monte da Condenação em Mordor.

"Então e como fazemos para chegar lá?" perguntou Ron desanimado "Vocês sabem onde isso fica?"

"Sim! anuiu Hermione com o seu ar mais enfático "Ainda bem que eu tenho boa memória para mapas, acho que ainda sei o caminho. E tu Harry?"

"Eu acho que também sei!" disse ele um bocado inseguro pelo desembaraço da amiga.

"Então vamos a isso!" exclamou Ron resoluto e muito mais controlado, agora que não havia aranhas à vista.

Começaram a andar mas passadas algumas horas estavam cansados e com fome. O ambiente que os rodeava era asfixiante e assustador mas eles sabiam o que tinham que fazer e não iam desistir assim tão facilmente. Se Frodo e Sam tinham conseguido então eles também conseguiriam.

"Não nos lembrámos de trazer comida nem água!" resmungou Hermione mal-humorada.

"Eu lembrei!" disse Ron alegremente abrindo a mochila e mostrando uma enorme caixa de sapos de chocolate, tartes que a sua mãe lhe mandara nessa manhã e algumas garrafas de água.

"Ron, tu és genial!" disse Hermione dando-lhe um grande abraço.

"És mesmo!" concordou Harry dando-lhe palmadas nas costas enquanto sorria agradecido. Mas Ron não se devia ter apercebido pois quando Hermione o soltou parecia um tomate de tão vermelho que estava e nem sequer olhou para o lado de Harry quando falou.

"Eu não fiz nada de especial!" disse ele encolhendo os ombros num gesto despreocupado mas Harry e Hermione riram-se um para o outro bastante contentes com a lembrança do amigo.

Sentaram-se muito satisfeitos para comer, escondidos entre umas rochas para que ninguém os avistasse e Ron começou a retirar comida da mochila, todos já praticamente esquecidos do motivo que os levara ali, ou pelo menos isso pensava Harry.

"É melhor pouparmos as provisões porque a viagem vai ser longa e cansativa!" exclamou Hermione preocupada, revelando que afinal de contas era a única pessoa presente que mantinha o cérebro a funcionar com lógica perante um manjar daqueles e Harry acenou em concordância sentindo-se subitamente bastante infeliz.

"Então quantas horas faltam para chegarmos lá?" perguntou Ron descontraído enquanto retirava um sapo de chocolate da caixa.

"Bem, não te consigo dizer agora em horas mas são aproximadamente… deixa-me ver, tendo em conta que seguimos o caminho certo e não nos perdemos… cerca de nove dias e meio! O Monte da Condenação fica ali! terminou Hermione apontando para o longínquo vulcão.

"O quê?" gritou Ron atónito, deixando cair o sapo de chocolate e Harry ter-se-ia rido da cara do amigo se não soubesse que teriam que passar por aquilo.

"Exactamente o que te estou a dizer, nove dias!" confirmou Hermione depois de, com um ar pensativo, ter feito mais alguns cálculos mentais.

"E meio!" acrescentou Harry com um sorriso infeliz.

"Exacto!" concordou ela "Se tudo correr bem chegamos antes dos outros. Neste momento Frodo está com os Orcs em Barad Dûr, amanhã Sam vai salvá-lo e só depois de amanhã…

"Bem podemos ir a voar e uma vez lá avançamos no tempo!" sugeriu Ron com um ar pensativo.

"Só temos duas vassouras!" esclareceu Hermione suspirando exasperadamente "Além do mais Sauron ver-nos-ia e os Orcs também. O manto não pode tapar-nos a todos e não nos podemos arriscar a ser apanhados."

"Então como pensas chegar a esse monte, a pé?" perguntou Ron rindo-se sarcasticamente.

"Exactamente!" esclareceu Hermione e Ron fitou-a indignado.

"Tu estás maluca?" gritou ele aturdido "Diz-me, Harry, que ela não nos está a pedir para andarmos nove dias e meio a pé com duas vassouras às costas e varinhas nos mantos!" Harry abriu a boca para responder mas Hermione não o deixou falar.

"É a única maneira, Ron!" disse ela baixinho.

"Tu só dizes isso porque não sabes voar!" atirou-lhe Ron chateado e Hermione lançou-lhe um olhar paralisador.

"Por favor, não vão começar a discutir agora, pois não?" implorou Harry sentindo no ar um prenúncio de guerra.

"Porque é que o meu pai não me ensinou a desmaterializar, agora dava jeito!" refilou o amigo num murmúrio quase inaudível.

"Francamente Ron, usa a cabeça!" admoestou-o Hermione bruscamente como se estivesse a falar para uma criança teimosa "Mesmo que soubesses desmaterializar-te não podemos usar magia desse calibre dentro de Mordor, Sauron perceberia na hora e apanhava-nos em três tempos."

"Mas qual é o medo desse Sauron, não pode ser pior do que o Voldemort!" disse Ron dando um pontapé numa pedra "Ou pode?" perguntou ele logo a seguir a Harry que tinha algumas dúvidas a respeito do que o amigo acabara de dizer e estava a olhar para ele com um ar preocupado.

"Bem o Sauron é realmente poderoso e tem um exército de Orcs e outras criaturas." esclareceu Harry pensativo.

"Trolls das montanhas, Haradrim e Easterlings, por exemplo. Já para não falar em meros apoiantes ou em todos aqueles que mesmo sem causa definida acabam por ajudar os intentos de Sauron de dominar a Terra Média, os Balrogs estão entre esses." acrescentou Hermione ignorando o ar confuso dos amigos "E depois há aqueles como Saruman que o ajudam em próprio proveito. Além do mais o Sauron é um Maiar! Só para teres uma ideia ele foi o maior servidor de Morgoth! Por outro lado o Voldemort já não deve ter tanta força, tem sangue misturado. Os Feiticeiros devem ter perdido poder com o decorrer dos anos e a união com os Muggles…"

"Caramba, pareces uma Slytherin a falar!" interrompeu Ron em tom trocista.

"Não sejas parvo, eu estou a falar dos Feiticeiros e da humanidade em geral." disse Hermione agora profundamente exasperada "Tu leste os pergaminhos, os homens perderam força e poder, os Feiticeiros também, só isso, todos nós sem excepção. E quer nós queiramos, quer não a verdade é que os Muggles não têm a nossa força nem o nosso poder."

"Estou só a brincar contigo!" esclareceu Ron a sorrir apesar de ter um ar um bocado aflito.

"Vamos comer, ou não?" perguntou Harry faminto e cansado da discussão.

"Vamos!" disse Ron um pouco mais contente. Dividiram infelizes uma tarte em três pedaços mas Hermione sorriu com um ar misterioso e sacou da varinha aumentando os pedaços para um tamanho considerável.

"Pensei que não pudéssemos usar magia!" disse Harry na brincadeira.

"Isto é magia fraquinha, o Sauron nem sequer vai perceber!" respondeu ela a sorrir. Durante um bom bocado ninguém disse nada e limitaram-se a comer avidamente e a beber água que Hermione também fez aumentar.

"Temos mesmo que ir a pé?" murmurou Ron aborrecido quando se prepararam para continuar a viagem.

"Temos!" disse Hermione compreensiva "Mas pensa bem vamos fazer uma viagem todos juntos e divertir-nos imenso." Harry duvidava sinceramente daquelas palavras e, pela cara da amiga, ela própria não acreditara muito no que dissera mas o ar carrancudo de Ron desanuviou um pouco o que foi bom para todos.

Seguiram viagem tentando ao máximo não desanimar. Harry e Hermione insistiram em dividir o peso pelos sacos. Era estranho para eles os dois ver aquilo que apenas tinham imaginado. Os filmes, apesar de bastante fiéis, não tinham passado todo o terror que se respirava naquela terra. Mordor era assustadora e asfixiante e agora Harry compreendia perfeitamente o que Frodo e Sam tinham passado.

Só pararam quando lhes pareceu ter chegado o anoitecer, o que era difícil de perceber pois a luz do sol não chegava até ali mas o relógio de Harry mostrava as oito horas. Decidiram dormir cedo e continuar quando a alvorada chegasse.

Os dias que se seguiram foram todos iguais. A paisagem não ajudava, era desolada e triste, parecia ser sempre de noite. Eles passavam o dia a viajar, comendo pouco e quase não descansando. Harry e Ron preocupavam-se com Hermione apesar de, para falar a verdade, ela ser quem demonstrava menos cansaço, mas eles suspeitavam que aquilo não passava de orgulho feminino. À noite escolhiam uma cratera para dormir e ficava sempre um de vigia, conversavam pouco e dormiam menos ainda. De vez em quando avistavam Frodo e Sam ou Gollum nas sombras das terras mas, para sorte deles ainda não tinham encontrado nenhum Orc.

Uma noite em que Harry estava de vigia um grito agudo irrompeu no silêncio da noite. Ele sentiu-se arrepiar até à ponta dos cabelos e um gelo cortante entrou-lhe na pele até aos ossos. As únicas vezes que se sentira assim fora por causa dos Dementors o que o fez suspeitar que de alguma forma os Nâzgul estavam relacionados com os guardas da prisão de Azkaban.

Harry arriscou olhar para cima e viu um Fell a sobrevoar a zona e quando desviou os olhos para os amigos percebeu que estavam ambos bem acordados. Ron fitava os céus de sobrancelhas franzidas e Hermione estava a segurar o braço dele com ambas as mãos e um olhar aterrorizado na direcção do Nâzgul. Nessa noite já ninguém conseguiu dormir e Hermione entreteve-se a contar a Ron toda a história dos Cavaleiros Negros, servos do Anel, arrancando do amigo diversos revirar de olhos, o que pelo menos animou Harry um pouco.

A partir daí nada mais de extraordinário aconteceu e o tédio voltou a instalar-se entre eles. Assim passaram os dias até finalmente avistarem o sopé do Monte da Condenação. Ao longe pareceu-lhes ver Sam e Frodo a serem perseguidos por Gollum o que os animou a avançar mais rapidamente.

"Devemos ter seguido por um caminho mais longo!" queixou-se Hermione "Devíamos levar-lhes um bom avanço."

Harry conteve-se para não dizer à amiga que fora ela quem escolhera o caminho. Nem ele nem Ron responderam ao comentário desanimador e sem outra alternativa treparam o monte a pulso. Quando finalmente chegaram, estavam cansados, famintos, pois as provisões tinham chegado ao fim, e extremamente desanimados. Ali, no cimo do Monte da Condenação, assistiram de longe à luta entre Frodo e Gollum. Harry teve que se conter várias vezes para não interferir e viu Hermione segurar Ron outras tantas sempre que ele fez menção de avançar sobre os outros. Finalmente viram a estranha criatura cair na lava e Hermione tapou a boca, abafando um pequeno grito aterrorizado.

"Não me digas que tens pena do Gollum?" admirou-se Harry.

"Bem ele … coitado a culpa foi do anel e…"

"O Gollum não é um Elfo Doméstico Hermione e…"

!É quase a mesma coisa!" ripostou ela começando a zangar-se.

"Hermione!" interrompeu Ron a sorrir "Não sejas parva!" ela não respondeu, obviamente não queria discutir naquele momento, mas cruzou os braços visivelmente amuada.

Harry no entanto tinha coisas mais importantes em que pensar. Sauron fora destruído e Frodo e Sam tinham-se ido embora dali a correr, sem saber que dentro de pouco tempo seriam salvos pelas Águias. O chão tremia, a lava borbulhava, Harry e Ron olhavam em volta perdidos e Hermione respirava aceleradamente, segurando-se aos dois amigos para não cair.

"E agora?" gritou ela.

"Tu é que disseste que devíamos vir aqui!" reclamou Ron segurando-a e evitando que caísse.

"Eu sei, mas não acontece nada! Devia acontecer qualquer coisa." Harry sentiu-se dominar pelo desespero que tomara conta da amiga. O que é que eles teriam feito de errado, não seria aquele o local de que a Profecia falava?

Nota da Autora:

Parti do princípio que os leitores tinham algum conhecimento das histórias em questão e não me alarguei em explicações que teriam aumentado significativamente a narrativa. No entanto estou disponível para esclarecer toda e qualquer dúvida que vos ocorra.

Por favor leiam e deixem o vosso comentário.