Os flocos de neve caiam lentamente do lado de fora da janela, Botan apenas acompanhava essa dança mágica feita pelo gelo no ar, com os olhos expressando um certo desânimo. Soltou mais um suspiro quando ouviu outro berro de raiva vindo de Keiko, que agora quase quebrava o telefone:

- Mas que droga! Será possível uma coisa dessas? Três celulares e nenhum deles atende? Onde que aqueles quatro foram se meter ein? - a garota esbravejava enquanto soltava violentamente o telefone no gancho.

- Relaxa Keiko. Já, já eles aparecem. As estradas estão perigosas, eles devem vir bem devagar. - Shizuka acalmava a amiga enquanto sorvia uma taça de champagne.

Botan desviou sua atenção da cena e voltou a fitar a janela. Nenhum carro aproximava-se, será que algo acontecerá? Não, seria muita ironia do destino aqueles quatro sofrerem um acidente depois de tudo que já haviam passado. Ai, era melhor nem pensar nisso, balançou a cabeça como se quisesse apagar este pensamento. Poderia ter ocorrido algum problema com um deles? Um atraso básico de Yusuke ou Kwabara? Uma desistência? De...Hiei! Balançou a cabeça com mais força, para apagar qualquer possibilidade dessa hipótese. Ele não desistiu, nunca desistia, estaria ali, junto com os outros, em instântes, com aquela mesma cara amarrada de sempre, suportando todas as piadas de Yusuke, irritando-se com Kwabara, chamando-a de baka onna, como sempre. Um sorriso veio aos seus lábios, no começo ficava muito brava com a citação constante, não exitava em arremeçar seu remo, embora nunca tenha conseguido atingí-lo, contudo, com o passar do tempo, deixou de se importar, muito pelo contrário, era bom ouvi-lo chama-la assim, pelo menos ele estava falando com ela, do jeito dele, mas estava:

- Botan! - Yukina pousou a mão sobre o ombro da guia, tirando-a de seus devaneios. - Você está realmente distraída, estou te chamando a um bom tempo. Nem notou que os nossos covidados já chegaram.

- Nossa! Já estão aqui! Desculpa Yukina, eu estava concentrada nos meus pensamentos! - Botan estava vermelha de vergonha, sempre ficava assim quando era pega pensando no koorime.

- Deveriam ser pensamentos muito bons pra você se perder dessa forma neles. Não é Botan? - Shizuka se aproximou das duas garotas, encarando a de cabelos azuis com um olhar de quem conseguia ler sua mente, o que deixou a menina ainda mais vermelha.

- É...melhor recebermos os convidados não acham? - Botan desconversou e se dirigiu à sala, onde Keiko recepcionava Linko, Tyu, Touya, Jin, Mitari, Shishiwakamaru e ainda Suzuki.

Todos estavam acomodados na sala, conversando e bebendo, na verdade, esta última era a única ocupação de Tyu. Keiko já estava a beira de um ataque de nervos, Yusuke disse que passaria no caminho para comprar mais bebida, pois conhecia o amigo muito bem, e sabia que tudo, nunca era o suficiente. Tyu já estava na terceira garrafa e nada do anfitrião aparecer. Como o dono da festa podeira não estar presente? Ah! Aquele idiota pagaria muito caro por colocá-la naquela situação. De repente ouviu-se um barulho de freiada brusca. Eram eles! Keiko saiu porta à fora pronta para dar um esporro, nos quatro! Ficou assistindo furiosa o desembarcar do carro.

Kwabara saiu às gargalhadas e comentando:

- E depois vocês dizem que eu não sou veloz, chegamos em menos de 10 minutos! Ah! Vocês viram a cara do policial?

- Ha Ha Ha! Foi a melhor! Aquela cara de tacho, você deixou ele comendo poeira mesmo! - Yusuke quase caiu pra fora do banco do caroneiro, mal se segurando de tanto rir.

Kurama saiu, se dirigindo ao Porta-Malas:

- Só espero que essa corrida não tenha detonado com todas as bebidas. Opa! - O ruivo avistou Keiko e seu olhar assassino. - Acho melhor carregar as caixas pra dentro.

Ao ver a face de Keiko, Hiei e Kwabara pararam de rir na mesma hora e correram para ajudar Kurama, dando um jeito de sair dalí o mais rápido possível e deixando Yusuke com a batata quente nas mãos. O ex-detetive ficou encarando pasmo a atitude dos seus "amigos" e falou baixinho:

- Amigos da onça! Bando de covardes. - virando-se para a namorada, deu seu melhor sorriso e abriu os braços, dirigindo-se para a garota.- Keiko meu amor!

- Nem pense em se aproximar Yusuke Urameshi! - A menina apontava o dedo para o namorado, tentando manter distância, a qual foi facilmente quebrada pelo mesmo. - O que pensa que está fazendo? Chegando a essa hora? E os seus convidados? E...que cheiro é esse? Yusuke! Andou bebendo antes de vir pra cá?

O ex-detetive agora a abraçava e lhe beijava o rosto e o pescoço, ignorando as reclamações e empurrões de sua namorada:

- Não tem problema, nem é meia noite, e eles não se incomodam com um atrazinho de nada. - disse sorrindo enquanto continuava a beijá-la na face, aproximando-se de seus lábios. Keiko acabou por se render, correspondendo às carícias do namorado:

- É ISSO AI URAMESHI! MANDA VER! MOSTRA QUEM É QUE MANDA! - Jin gritava da janela, já meio alto pela bebida.

Yusuke o encarou com raiva enquanto Keiko apenas recostou sua cabeça no peito do namorado, dizendo num sussurro:

- É melhor entrarmos, estão nos esperando. - Depois sorriu - e não pense que os seus beijos me fizeram esquecer o que você acabou de me aprontar. Ouviu Yusuke Urameshi?

O rapaz soltou uma gargalhada e respondeu:

- Acho que estou perdendo meu poder de sedução sobre você. Vamos, tem uma festa de natal pela frente e eu to louco pra abrir o meu presente. - Os dois encaminharam-se para dentro da casa, ainda abraçados.

Com a chegada do anfitrião e seus amigos, a festa pôde, finalmente, começar.

oooOooo

Muita música, conversas, gargalhadas, a festa corria sem nenhum problema, aparentemente, todos os convidados se divertiam, todos, menos um. Hiei estava encostado num canto, tomando uma taça atrás da outra e encarando aquele bando de idiotas rindo por nada, só havia uma razão para estar suportando aquilo, e ela estava ali, sentada à sua frente, conversando com Yukina. Sempre aquele sorriso bobo nos lábios, os gestos exagerados, as inúmeras gafes que só ela conseguia cometer e que todos perdoavam porque sabiam que sem isso, ela não era Botan. Como aquela baka onna conseguia acumular tantos defeitos? E como todos eles juntos a deixavam tão perfeita? Hiei olhou para os presentes na árvore, entre eles havia uma sacola de papel muito pequena, lembrou-se do objeto que ela continha. Não tinha dúvidas, escolhera o presente perfeito para ela, aquela jóia era da cor dos seus olhos e conseguia representar toda a sua beleza, graça e fragilidade. Soltou um leve suspiro e esboçou um sorriso ao imaginá-la com a jóia:

- Um suspiro e um sorriso? Juntos? Em você? Diga-me, quem é a autora desse feito? - Kurama aproximou-se do amigo tirando-o de seu doce sonho.

- Você não tem outro pra encher o saco raposa? - Disse o amigo recuperando a pose de durão. O ruivo sorriu ignorando o comentário arisco de Hiei e sentando-se ao seu lado:

- Tudo bem, se não quer me contar, fique à vontade.

Hiei irritou-se com a atitude de Kurama:

- Mas o que está tentando insinuar seu...

- Meia noite galera! Feliz natal pra todo mundo! - Yusuke gritou interrompendo Hiei. Todos levantaram-se e começaram a se abraçar, desejando feliz natal uns aos outros. Essa atitude irritou mais ainda o koorime, mal tinha tempo de respirar e já vinha outro lhe abraçando, dando tapinhas nas costas, desejando muita paz e outras coisas que o youkai simplesmente ignorava. Após um longo abraço e um cafuné de Suzuki, que também já se encontrava mais pra lá do que pra cá, Hiei foi se desvencilhando do emaranhado de cumprimentos, virando-se bruscamente, pronto para sair dalí o mais rápido possível, acabou detido por imensos olhos cor-de-rosa:

- Hiei! - Botan abriu seu costumeiro sorriso - Eu ainda não o cumprimentei, acho que só falta você. - ela falou após um intervalo para uma respiração profunda.

Antes que ele pudesse responder alguma coisa, a garota o enlaçou em seus braços, envolvendo-o num abraço tímido e delicado. Botan apenas fechou seus olhos, que estupidez, era mais que óbvio que ele não responderia ao abraço, Hiei manteve seus braços colados no corpo em todos os abraços. Como ela pensou que seria diferente na sua vez? Afastou-se devagar, a cabeça baixa, tentando esconder o rosto vermelho de vergonha, por fim, apenas murmurou:

- Feliz natal, Hiei. - e dirigiu-se abatida para a mesa, onde os outros já se reuniam para a ceia.

oooOooo

"Estúpido"! Era a única coisa em que Hiei conseguia pensar. Depois do ocorrido na sala, perdera o apetite, o que deixou Kwabara muito feliz, enquanto se ocupava em roubar o pedaço de peru que estava no prato do koorime, parecia que o baixinho metido não se importaria muito, afinal, não notou quando ele roubou o pedaço de tender, anteriormente. O demônio de fogo estava alheio à mesa, xingava-se, cortava-se, queria se matar por dentro, graças ao tamanho de sua estupidez. O que custava ter retribuído ao abraço dela? Precisava ficar tão atônito com o ato que não conseguiu responder? Onde foram parar os anos de treinamento, se dedicando ao aprimoramento de seus reflexos? Droga de reflexos, como podem funcionar tão bem durante uma luta, e são incapazes de responder a um abraço? Hiei olhou de relance para Botan, que estava sentada ao lado de Shizuka, ela mal tocava na comida, estava calada, abatida, triste, e tudo por sua culpa. Respirou fundo, ainda faltava a maldita brincadeira do amigo secreto, se não fosse por isso já teria se mandado dalí. Teria sido melhor nem ter vindo, pelo menos não veria aqueles olhos que sempre carregaram alegria, repletos de tristeza por sua causa.

oooOooo

Após a ceia, todos voltaram à sala para a tão esperada revelação do amigo secreto. Como anfitrião da festa, Yusuke foi o primeiro a se dirigir à árvore e pegar o presente, preparou-se como se fosse fazer um longo discurso e começou:

- É o seguinte! O meu amigo secreto é um cara que... como eu posso dizer, esse sujeito sabe aproveitar a vida. Ele adora um rabo de saia, uma boa briga, mas tem uma coisa que ele não dispensa por nada nesse mundo...uma boa garrafa de sake! - e num grito revelou - Tyu! É você meu camarada!

Tyu levantou-se um pouco cambalenate mas com um sorriso de orelha a orelha, abraçou Yusuke agradecendo:

- Valeu ai Urameshi! Cara! Tú mora no meu coração! - e terminou com um beijo na testa do ex-detetive, o que o deixou muito sem graça. Tyu abriu a caixa preta que recebera, retirando de dentro da mesma uma garrafa de "Johnnie Walker Gold Label 18 anos". O presenteado parecia uma criança ao ganhar seu novo brinquedo, Tyu correu para Yusuke, o abraçou pelo pescoço e lascou outro beijo na testa do amigo, dizendo:

- Urameshi, eu te amo!

A chuva de gargalhadas foi inevitável, deixando Yusuke verde de raiva. Tyu voltou já com o presente de seu amigo secreto nas mãos e começou a revelá-lo:

- A minha amiga secreta, é uma mulher de fibra. Ela tem que ser considerada uma heroína, porque só ela tem o poder de suportar por tanto tempo alguém como o Urameshi e ainda querer casar com ele! Palmas para a heroína Keiko!

A garota de cabelos catanhos acabou por ficar verelha de vergonha, ele precisava ser tão espalhafatoso? Keiko levantou-se, abraçou Tyu e recebeu seu presente, uma lingerie branca linda da "Victoria´s Secrets", o que deixou Keiko ainda mais vermelha de vergonha. Adorou o presente, mas definitivamente não esperava ganhá-lo de amigo secreto. Jin, Kwabara e companhia limitada gritavam e riam para Yusuke:

- ESSA NOITE PROMETE EIN URAMESHI! NÃO VAI DAR MOLE HOJE NÃO YUSUKE! - os convidados não se aguentaram de tanto rir com a última declaração.

Após esperar que todos acalmassem seus ânimos e a deixassem falar, Keiko respirou fundo e começou a descrever seu fatídico amigo secreto:

- Bem, eu confesso que estou conhecendo esta pessoa bem aos poucos então não sei muito o que falar dela, mas de uma coisa eu sei, que ele arrasa corações de muitas youkais, tanto aqui no Ningenkai, quanto no Makai. Shishiwakamaru, pra você.

Shishiwakamaru levantou-se recebendo seu presente e, ao abraçar Keiko, não exitou em escorregar levemente sua mão pelo quadril da moça, o que a deixou praticamente bufando de raiva. Keiko só não desceu seu famoso tapa nele por...por...ai...ela estava com tanta raiva que não conseguia nem pensar. Só Yusuke tinha o direito de passar a mão lá, e mesmo assim acabava levando um tabefe! Ah, isso não ficaria assim!

As revelações continuaram por um tempo até que quase todos já haviam entregado e recebido seus presentes, faltavam apenas duas pessoas:

- É, parece que Hiei tirou a Botan e ela o tirou. - Shizuka resolveu colocar alguma ação naqueles dois. - Vamos, troquem os presentes, estamos curiosos para ver o que vão receber!

Ambos dirigiram-se ao centro da sala, dessa vez Botan apenas o encarava, não iria abraçá-lo, não passaria pelo mesmo vexame de algumas horas atrás. Aproximou-se do demônio de fogo e apenas lhe alcançou uma caixa branca com um laço vermelho:

- Aqui está, Hiei. Feliz Natal, mais uma vez. - falou baixando o olhar para evitar de encará-lo.

O koorime pegou o presente, dizendo um "obrigado" quase inaudível, depois retirou do bolso uma pequena caixa de veludo preto, alcançando a mesma para Botan, que a pegou meio sem jeito. Enquanto a menina observava a caixinha, Hiei abriu seu presente, era uma camisa preta, muito bonita. É, a baka onna tinha bom gosto, mais uma vez agradeceu e ficou na expectativa, esperando que ela abrisse o seu. A garota o olhou rapidamente e voltou a encarar aquela caixinha preta. Parecia ser uma jóia, no mínimo ele pediu para Kurama comprar qualquer coisa, não duvidava que ele fizesse isso. Depois daquele abraço frustrado, estava com muita raiva de Hiei, já estava imaginando o que ele pediu para Kurama comprar, uma coisinha bem baratinha. Abriu a caixa com certo despreso e se surpreendeu com o que havia lá dentro.

Botan tremia. Com um cuidado exagerado, retirou da caixa uma linda gargantilha, de um trançado bem fino, toda em ouro branco, carregando um pingente em forma de uma borboleta, também em ouro branco, com pequenos detalhes em quartzo rosa. Era simplesmente linda, delicada, frágil, tão...graciosa. Ela estava sem palavras, esperava tudo de Hiei, menos um presente desses. Em sua frente, o rapaz esperava com os olhos fixos em seu rosto, à procura de alguma reação que lhe demonstrasse alguma coisa. O youkai buscava uma resposta com os olhos, uma expressão de agrado, ou até mesmo de decepção, mas aquela baka onna não demonstrava nada. Apenas o fitava com um olhar que mais parecia perplexo. É isso, ela odiou! Como pôde acreditar que agradaria a guia com aquela maldita borboleta? Mas que merda, já era a segunda vez que pisava na bola com a garota, na mesma noite.

Os outros ficaram impressionados com o presente de Botan, ninguém imaginava que Hiei tivesse sensibilidade para comprar algo assim. Yusuke cochichou com Kurama:

- Foi você que comprou pra ele?

- Não. Quando estávamos no shoping, ele correu pra joalheria e saiu de lá de repente, com uma sacola, eu nem vi o que era o presente. - Kurama respondeu também surpreso, mas contente por saber que, mesmo não admitindo, Hiei fez o possível para demonstrar o que sentia com aquela jóia. Ele entendia quanto cuidado o amigo teve com o presente da Dama da Morte, tudo para agradá-la, para não decepcioná-la. Hiei queria que aquilo fosse especial, o primeiro presente que ele dava à ela.

Todas as garotas estavam em volta de Botan, comentando e paparicando seu presente, ela mostrava a pequena borboleta sem expressar seu famoso sorriso. Hiei resolveu que não deveria continuar ali. Virou-se e saiu em silêncio, caminhando até um canto da varanda, num lugar em que não poderiam vê-lo de dentro da casa, onde a música voltava a tocar e a festa recomeçava. Droga! Aquela tinha sido uma noite perdida, no começo não gostou da idéia de participar dessa festa ridícula, mas com o passar do tempo e a possibilidade de estar bem próximo à Botan, foi se animando. No entanto conseguiu estragar tudo, mais uma vez seu orgulho, sua arrogância entraram no caminho entre ele e a guia, e o resultado foi o despreso dela. Ele mereceu, sabia que mereceu essa reação, foi incapaz de demonstrar um mínimo de afeto num simples abraço e agora ela pagava na mesma moeda. Era um idiota mesmo...:

- Hiei. - a voz de Botan o tirou de seus pensamentos.

- O que você quer? - falou de costas para a garota, não queria encará-la.

- Eu não tive a oportunidade de agradeçer pelo presente. É lindo. - sua voz saiu doce, mas pesarosa.

Hiei levantou o olhar, encontrando a lua, respirou fundo dizendo:

- Não precisa fingir. Apenas diga que não gostou e pronto.

A menina baixou a cabeça, encarando os próprios pés:

- Não é isso. Eu...eu fiquei surpresa com o presente, não esperava algo assim de você, e também...eu estava... - Botan engoliu em seco tentando continuar, ele não aceitaria suas desculpas, iria ignorá-la, e com todo direito. Ela tinha agido como uma idiota. Hiei nunca demonstrou afeto por ninguém, demosntrações físicas de carinho nunca foram o forte dele, e ela queria obrigá-lo a agir como todos e sair abraçando todo mundo. Esse não era ele, sabia disso, e mesmo assim o culpou por ser ele mesmo. Não merecia um presente tão especial. - Eu fui uma tola. Fiquei brava porque não me abraçou e não me desejou um feliz natal, por isso acabei ignorando seu presente. Me desculpe Hiei, mas eu não mereço algo tão valioso, não sou uma boa amiga.

Dito isso, Botan se aproximou do koorime, estendendo a ele a caixa com a gargantilha dentro. Hiei virou-se para ela, pegando o objeto, ele abriu a caixa e tirou com cuidado a joia, abrindo-a. Chegou mais perto da garota e colocou a peça em seu pescoço, fechando-a, logo em seguida puxando-a delicadamente para junto de si envolvendo-a em um abraço. Colou seus lábios no ouvido de Botan sussurando:

- Agora seu presente de natal está completo.

Botan ficou perplexa com a atitude dele, aos poucos, foi se sentindo feliz e por fim, emcionada. Correspondeu ao abraço daquele a quem ela queria como algo além de simples amigo, caindo num choro leve, recostada em seu ombro. Hiei a afastou um pouco, tocando seu rosto e limpando a lágrima que escorria solitária:

- Você é uma baka mesmo. Chora por qualquer coisa. - Suas palavras não foram duras, muito pelo contrário, vieram carregadas de carinho. Botan sorriu com o comentário:

- Desculpa...eu me emocionei. - abriu mais o sorriso enquanto ele continuava a acariciar sua face.

Com a outra mão, Hiei tocou a borboleta delicadamente, confessando finalmente:

- Não é o preço dessa jóia que a torna valiosa, mas sim o que ela significa pra mim. Eu te vejo como esta borboleta, linda, delicada, frágil, e ao mesmo tempo livre, para fazer e sentir o que quizer. Eu a estou lhe dando porque quero que saiba que você derrubou todas as barreiras que eu mesmo construi em torno de mim e me tornou livre para sentir o que sinto. Eu te amo.

Botan não acreditava. Hiei abrira seu coração para ela. Ele a amava! As lágrimas escorriam agora livres pelo seu rosto, ela sorriu e se atirou nos braços de seu koorime, beijando-o e demonstrando assim, que correspondia aos sentimentos dele.

Escondidos atrás da porta, um trio travesso os observava:

- Finalmente. Como demorou para ele admitir! - Shizuka espiava por cima da cabeça de Kurama.

- Mas deu tudo certo. Nosso plano era infalível. Colocar os nomes deles nos papeis que a Genkai usou para sortear os candidatos à sucessor funcionou. A energia deles transformou o nome no papel e ambos se sortearam, Não tinha erro. - Kurama comentou assistindo ao beijo do casal.

- É, mas precisava ter me dado uma cotovelada tão forte pra me lembrar de colocar os papeis no saco? Dói até hoje sabia Kurama! - Yusuke reclamava esfregando a região das costelas.

- Os fins justificam os meios, meu amigo. - Kurama falou sorrindo e apontando para o casal que se beijava sob a luz da lua, banhados pelos flocos de neve da noite de natal.

FIM

N/A: Sim! Eu consegui terminar esse fic...infelizmente, não antes do natal... mas ainda tá valendo... Quero agradecer a todo apoio que recebi, principalmente sendo uma iniciante. Valeu pessoal, ajudou muito. Sei que este capítulo saiu grandinho...confesso que forçei um pouco para o 5º ser o último, Por favor, mandem reviews comentando o final. Preciso de uma opinião imparcial...não tenho certeza da qualidade desse final. Obrigada mais uma vez e até o próximo. B-jão.