Sirius ainda pensava no que fazer sentado na frente da lareira da sala comunal da Grifinória. Sem dúvidas, era difícil pensar em arrumar uma encrenca e colocar a culpa em cima de um aluno tido como "santinho". Sem contar que Snape era tudo o que não prestava, exceto bobo. Aparentemente não baixava a guarda nem mesmo para os professores. Exceto... Bingo! Poderiam usar uma história envolvendo a única pessoa em Hogwarts que Snape demonstrara algum "afeto" nos últimos tempos. Só não sabia se Tiago iria gostar muito da idéia...
No dia seguinte os quatro alunos estavam sentados na mesa da Grifinória tomando café, Tiago já havia sido liberado para as aulas que teriam pela manhã.
- Então, já tiveram alguma grande idéia pra pegar o Severo? – De todos eles Remo era o que tinha maior apetite. E também o que mais gostava de carne e coisas parecidas. Falou e enfiou uma enorme garfada de bacon na boca.
- Bem... – respondeu Sirius enquanto engolia sua torrada – ... na verdade sim. Mas não sei se o Tiago vai gostar.
- Eu? Porquê não? Por mim qualquer coisa que dê uma boa lição no Snape está ótimo, de bom tamanho! – falou desdenhoso.
- Bom... é que... eu tive sim uma idéia, mas... envolve a Lilian Evans. - Tiago olhou para o amigo com uma expressão entre o incrédulo e o " você está louco?" – Claro que ela não vai saber de nada...
- Ahhhh, sim claro, vamos conjurar a Maldição Imperius sobre ela e ela não se lembrará de nada, só irá nos ajudar um pouquinho...
- Não deveria falar nessas coisas... – retrucou Remo.
- Mas é que ás vezes, ele realmente se comporta como um Black! – respondeu Tiago exasperado, recebendo imediatamente um olhar reprovador e ressentido de Sirius.
- Não é nada disso! Aquela queda afetou realmente a sua cabeça, ainda não está raciocinando direito e nem fala coisa com coisa...
- Não precisa me lembrar daquele acidente infeliz em que todo mundo riu da minha cara...
Pronto. Começaram a discutir feito duas matracas velhas rabugentas. Remo largou o garfo no prato com ares incrédulos e cansados enquanto Rabicho, quieto até aquele momento fez uma expressão cuidadosa de olhos um tanto arregalados até falar com sua vozinha fina:
- Senhores, eh... não estávamos falando do plano para pegar o Snape?
"Enfim um comentário útil para variar!" , pensou Remo, voltando a comer. Os dois amigos olharam um para o outro piscando, como se tivessem acabado de aparatar e não soubessem o que estava acontecendo.
- Bem, como eu ia dizendo, tenho um plano para pegar o Snape, e, vamos enganá-lo através da Lilian Evans. Claro que ela nem precisa ficar sabendo disso – lançou um olhar emburrado para Tiago – e se tudo der certo, não seremos pegos.
- Bem, e qual é a idéia?
- É o seguinte: vamos precisar de...
Depois de discutirem rapidamente os detalhes da "façanha" e de terminarem o café da manhã rumaram para a primeira aula: poções. Novamente Snape estava lá com aquele seu livro totalmente ilegível de tão rabiscado, puxando o saco do professor Slughorn.
- ... Ah, Severo, Severo, sem dúvidas é um dos alunos mais brilhantes que já tive! Parece não haver uma poção que sua mão não consiga preparar com perfeição! Vinte pontos para a Sonserina!
Slughorn era sem dúvida um puxa-saco de seus próprios puxa-sacos. Gostavam dele, mas aquele seu jeito de dar preferência a alunos "bem-nascidos" no mundo bruxo ou que o bajulavam até a exaustão (coisa que geralmente coincidia) era um tanto reprovável. Hagrid ao vê-lo costumava dizer que "velhos hábitos não mudavam nunca, fosse o que fosse". Tiago pensava o que ele queria dizer com aquilo. Sirius fazia uma leve idéia, mas assim como Remo e Pedro achava melhor deixarem o assunto pra lá.
- E claro, não podemos esquecer da estrela da nossa aula! Afinal, não é só a bruxa mais bonita de Hogwarts, como também a melhor aluna de todas as casa! – Empolgava-se o professor gordinho ao apontar uma garota ruiva bastante envergonhada.
- Olha lá! – bufava Sirius – Olha a cara daquele morcego mirrado do Snape!
Pela primeira vez em que o professor elogiava outro aluno em sala de aula, Snape não fazia careta, ao contrário, olhava a garota com aprovação sincera, apesar do jeitão sombrio.
- Venham cá, vocês dois. Quero pedir um favor, que creio eu, também será de grande interesse de vocês. Estou pensando em preparar uma poção maravilhosa, e seria interessante que vocês aprendessem e porque não, pusessem também seus dedinhos talentosos no preparo dela! – animava-se um sorridente Slughorn.
Pronto. Provavelmente, teriam de suportar um Tiago extremamente rabugento pelo resto do dia...
O dia foi passando sem sobressalto, e Snape e Lilian já haviam ido acompanhar Slughorn no preparo da famosa Felix Felicis, na torre da sala de poções. De repente viram, depois do jantar, o professor conversando animadamente com Dumbledore.
- Ele deixou os dois sozinhos na sala de poções? Esse Slughorn é...
- Calma, Tiago. Pelo menos sabemos onde o Snape está. Isso nos dá a chance de procurarmos nas coisas dele o nosso mapa.
- Por que acha que o mapa está com ele?
-Por que eu ví.
Todos olharam estupefatos para Remo. Viu? Onde? Como? Quando?
- Lembram de quando eu fiz aquela poção polissuco em sala de aula e conseguí terminá-la?
- Sim, e transformou seu sapo em rato?
- É, pois é. Eu ainda tenho um pouquinho, sobrou bastante na verdade. Da última vez que você me emprestou a sua capa Tiago, para fugir do Severo eu o encontrei com um pedaço de pergaminho na mão, proferindo algum feitiço, creio que para descobrir o segredo do mapa, mas não conseguiu.
- E por que está contando isso só agora? – Sirius estava alarmado.
- Oras não seja idiota Sirius, isso foi ontem, lembra? Enquanto o Tiago estava na enfermaria.
- Arre, e porque ele estava trás de você? – Tiago não ouvira aquela história ainda.
- O Snape queria que eu lhe dissesse algo sobre o mapa eu acho. Achou que talvez pudesse me convencer de algum modo...
- E convenhamos – adiantou-se Remo – não seria um método lá muito ortodoxo, vindo de quem viria...
Petigrew estremeceu. Era um medroso.
Bem, e o que tem a poção polissuco a ver com tudo isso?
- Aí está! Vamos até os dormitórios da Sonserina buscar o mapa, usando a poção polissuco.
- Grande! – debochou Sirius - E em quem exatamente pretendem se transformar para remexer nas coisas do Snape sem que ninguém por lá estranhe?
- No próprio Snape, é claro. – Pedro respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
S e g u e ...