CAPITULO 16: UMA NOVA LUNA

Algumas pessoas gostam de classificar as outras à primeira vista. Esta parece assim, logo é assim. Aquele parece assado, logo é assado. Enfim, a partir do momento em que entrámos na sociedade, ela cola-nos um rótulo na testa com os dizeres: "Esta pessoa é assim: …".

Mas eu sou a prova viva de que tudo não passa de análises antes do tempo. Que por vezes as pessoas gostam de ser injustas e dizerem "Tu és fatela…" mesmo antes de conhecer a pessoa.

Hogwarts, embora muitos alunos não queiram, é tal como a sociedade. É uma sociedade estratificada em que dificilmente existe mobilidade social. Normalmente, se tu entras como Nerd, acabas os estudos como Nerd. Se tu entras como Popular, acabas os estudos como popular. Cada um ocupa o seu pequeno lugarzinho e nada mais que isto. Sem direitos a poder se impor e dizer "Eu não sou impopular!" e as outras pessoas acreditarem.

Muitas vezes as pessoas esperam que nós ajamos de uma maneiro só porque a maioria das pessoas da nossa família age assim. E claro, aqui em Hogwarts não há oportunidade para as pessoas crescerem e mudarem de estrato social. Acredita-se que os alunos entram de uma forma e saem da mesma forma, que não existe qualquer mudança.

Por vezes, pessoas sofrem apenas para conseguirem ser o que ambicionam. Não se importam de rebaixar os outros, desde que elas mesmas consigam subir nem que seja apenas um centímetro nessa extensa pirâmide de estratos sociais. Tantas vezes que eu já presenciei isso, tantas, tantas. Tantas pessoas que se rebaixaram e rebaixaram as outras apenas para subir um pouco.

Quantas vezes eu já me encontrei pensando sem querer se tinha magoado alguém. Quantas vezes eu pensei comigo própria se por acaso rebaixei alguém, não propositadamente, para subir o que fui obrigada a subir.

Provavelmente, obrigada é uma palavra demasiado forte. Mas apenas digamos que eu não subi porque quis, nem fui obrigada. Mantenho-me no meio-termo.

A verdade é que eu subi por causa da minha mudança de visual. E, por eu ter mudado de visual, eu não queria definitivamente ter mudado de estrato, apenas aconteceu porque os rapazes me acharam gostosa.

Eu ao certo, ainda não consigo ter a certeza do que me fez mudar. Possivelmente o facto de ser Draco Malfoy, o Draco Malfoy a propor-me esta mudança. Talvez por mim, talvez por ele, talvez por ninguém. Quem sabe, eu mudei apenas para modificar os critérios de Hogwarts. Apenas para mostrar que uma pessoa pouco popular também pode ser bonita.

Mas como sempre, as minhas convicções foram por água abaixo assim que me viram. Quando me tornaram popular. Era apenas mais uma, no meio dessas poucas pessoas que tinham a sorte (ou o azar) de ser popular. Arrependi-me várias vezes por ter mudado, mas tê-lo perto de mim levava todo o arrependimento.

Sentir os braços dele em volta da minha cintura, me transmitindo confiança sempre fez com que eu não desistisse. Ou quando depois de tudo e depois de um dia de merda eu sentia ele beijando os meus lábios me fazendo sentir no paraíso.

Todas aquelas brincadeiras e joguinhos de sedução que ele fazia comigo, tudo isso parece agora tão longe. Por vezes sinto que sou apenas mais uma pessoa vagando por esse universo, esperando que o mundo se decida se quer odiar-me ou amar-me.

É assim que eu fico quando estou sem ele. Eu sinto-me incompleta, totalmente desarmada perante os outros, totalmente indefesa. E então, quando eu estou a ponto de desistir de tudo, eu o vejo, piscando de forma divertida para mim, perdendo um pouco do seu tempo apenas para me animar. Por vezes apenas um sorriso, apenas um gesto, basta para me fazer sorrir. Eu acho que ele está se tornando uma espécie de coisa que me faz depender dele. Se me perguntassem o que eu achava de Draco Malfoy à um ano atrás, provavelmente eu diria que ele era um Slytherin irritante e prepotente. Agora eu acho que diria que ele é um Slytherin, que gosta de irritar-me, que se acha o melhor, que é sexy e extremamente lindo, ao mesmo tempo que consegue ser bastante sarcástico. E isto tudo acondicionado por um toquezinho especial que eu não sei ao certo o que é, apenas sei que é por demais especial.

Mas tentando não desviar de assunto, o que eu já falhei miseravelmente, populares e não-populares ficam divididos em Hogwarts por uma linha nada ténue. E é aí que eu entro, quebrando totalmente o que é imposto pela sociedade.

Eu sempre achei o completo cumprimento das regras extremamente tediante. Possivelmente, tudo isso é resultado de demasiado tempo passado com Fred e George. Possivelmente o facto de eu ter crescido com eles quebrando regras faz eu também gostar de quebrar algumas regras. Mas nada tão importante quanto o que eles faziam.

Onde eu quebro o que é imposto pelos princípios básicos da sociedade? Na minha amizade com a Luna, na minha amizade com uma garota totalmente desleixada e nada popular. Eu, como menina popular, deveria no mínimo passar o meu tempo com outras pessoas como eu, populares. Com essas menininhas fúteis que têm um QI de 20 (e já estou a favorecer muito) e apenas sabem falar de duas coisas: beleza e rapazes. Isto quando elas não juntam ambas as coisas em tópicos como: Quem é o menino mais bonito de Hogwarts.

Mas os principais tópicos são coisas como: Quem namora com quem, Qual é o ultimo mexerico da escola, Que verniz é que fica bem com a cor da minha pele, Como está o meu cabelo, Qual a ultima moda da Trapobelo, Preciso de um namorado novo porque cansei do meu.

Tudo tópicos fúteis e sem qualquer interessa para as pessoas normais, mas totalmente interessante para pessoas com um quociente da inteligência abaixo da média, aliás, muito abaixo da média.

Sinceramente, eu não me acho nenhuma pessoa extenuantemente inteligente que sabe todo o género de coisas ininteligíveis. Mas também digo com prazer que não sou nenhuma pessoa com cérebro de ervilha, onde funciona apenas dois neurónios para os estudos e o resto do cérebro para vernizes, rapazes, roupas e penteados.

Ok, eu também tenho de admitir que eu sou um pouco vaidosa. Estaria mentindo se dissesse que nunca demorei mais de 30 minutos para me vestir para uma ocasião especial, ou se dissesse que nunca fiquei um dia inteiro pensando no que vestiria para sair com o meu namorado, o que é que faria com o meu cabelo ou que adereços usaria. Mas também todo o mundo sabe que eu não sou do género d pessoa de ficar dias inteiros conversando sobre o mais recente casalinho da escola.

Mas, enfim, eu sou normal dentro do possível, logo toda a preocupação sobre algumas coisas fúteis quando vou sair com alguém, ou assim. E também não nego que por vezes tenho conversas fúteis com Luna só para passar o tempo, assim como comento um pouco sobre os casalinhos de Hogwarts com Colin. Mas tudo isso é normal, e eu só quero citar que a prática dessas coisas com moderação é normal, mas se falarmos dessas coisas vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, aí já é de se preocupar.

Luna sempre me compreende na maioria das vezes. Ela é uma daquelas pessoas com que se pode dizer: "Eu acho o Malfoy extremamente e irritantemente sexy e gostoso!" e ela concorda absolutamente, mas se eu questionar a existência de uma daqueles animais que ela julga reais (não me perguntem o nome de nenhum deles porque eu não sei) ela me achará de outro planeta e criará uma extrema falta de simpatia por mim.

É claro que, com estas ideias difusas, a Luna é vista como uma espécie de lunática amalucada e tresloucada. Mas no fundo, ela é um amor de pessoa, apesar de ela não ligar lá muito em tratar de si própria.

Sabem aquele contentamento que se atinge quando se consegue uma coisa? Mas não uma coisa qualquer, eu estou a falar de uma coisa que nós cogitávamos impossível. O género de coisa que acabámos por dizer ser irrealizável.

Bem, a minha espécie de projecto com a Luna era para mim, inexequível. Quando eu via o esforço que tinha para ela mudar e ela a teimar comigo de que não era assim e que eu estava errada, eu sentia-me totalmente no fundo do poço. Isso é o que faz prometer coisas para a melhor amiga e depois tê-la que cumprir senão a nossa honra está em causa.

Então, um dia eu perdi toda a esperança de conseguir fazer qualquer coisa com ela. Eu tenho de admitir que não era Draco Malfoy, que não conseguia fazer à Luna o que ele me fez: mudar o meu visual para melhor. E aí tomei medidas realmente drásticas: quando não se consegue fazer uma coisa sozinha, recorresse a profissionais. E foi o que eu fiz.

O final de semana tinha chegado, e eu não tinha conseguido nem sequer melhorar uma ponta do cabelo dela. E isso me deixava desesperada e fazia Luna afirmar que era uma desnaturada. Só Merlin sabe o quanto eu passei para ter paciência suficiente para ouvi-la queixar-se sobre o seu cabelo. Então eu tomei uma atitude nessa mesma noite.

Eu enviei uma carta a Luna dizendo para me encontrar no Hall de Entrada assim que acabasse as aulas, às 17:30.

O enorme relógio da escola batia as 17:30, e eu estava a chegar pontualmente. E, como sempre me acontece, Luna estava atrasada. Eu não posso querer, a Luna atrasou-se para fazer uma das coisas mais importantes para a socialização dela.

Humf… É preciso ter paciência, onde é que já se viu, um atraso destes?

Consultei o meu relógio, passava exactamente 5 minutos do horário previsto… E lá ao fundo, eu vislumbrava um reflexo de cabelos que parecem palha a vir em direcção a mim.

-Tsk, tsk, tsk, parece que ainda temos que melhorar a pontualidade, não é mesmo, Miss Lovegood? – Falei eu, um pouco ácida. Talvez ácida demais?

-Ginny! – Ela arregalou muito os olhos, e depois sacudiu-me pelos ombros – Sai daí, espírito do Malfoy, sai daí!

Eu afastei as mãos dela dos meus ombros.

-O que é que te deu, Luna? Passaste-te ou quê?

-Ai, Ginny, que susto, agora tu a falares parecias mesmo o Malfoy! Até tive medo que a alma dele tivesse substituído a tua por algum motivo, ou então que vocês tivessem tomado Poção Polissuco!

-Porque é que eu faria isso?

-Sei lá, diz-me tu!

Eu rolei os olhos nas órbitas ao ouvir o último comentário dela, que eu ignorei propositadamente. Apenas fiz sinal para ela me seguir, e comecei a andar suavemente, revendo o caminho para a Bruxa de um só olho, uma das passagens secretas para se ir ter a Hogsmeade. É claro que eu a conhecia porque Fred e George um dia tinham me falado dela.

Fui andando até lá, com Luna nos meus calcanhares, espreitando a cada esquina de corredor para me certificar que não encontrava o Filch. Definitivamente, preferia andar à noite, sem ter a preocupação de não esbarrar em ninguém.

Consultei de novo o meu relógio ao avistar a Bruxa. 17:40, o tempo urge. Retirei a minha varinha das vestes e murmurei num sussurro a palavra-chave para abrir a passagem. Eu disse a Luna para ir primeiro e depois fui eu.

Andámos o mais rápido que conseguimos através da passagem, pela qual saímos, hesitantes. Até agora ainda não sei como consegui sair da loja sem ser vista. Aliás, como eu e a Luna saímos da Doces dos Duques (N.A.: O mesmo que Dedos De Mel).

Nós encaminhámo-nos para algumas lojas de roupa, para comprar algo decente para a Luna vestir. Sim, porque ela não ia arranjar um namorado se continuasse a andar por aí com aquela roupa folclórica…

Às 19:00 nós estávamos a entrar na porta dum enorme Salão de Beleza, chamado Pretty Beauty. Dirigimo-nos à simpática, sorridente e loira recepcionista, que tentava responder a uma coruja inquieta.

-O que desejam? – Perguntou-nos ela, sorridente

-Nós temos horário marcado em nome de Luna Lovegood.

A recepcionista abriu uma agenda e começou lá a procurar por algo, e então ela apenas disse:

-Sigam-me.

Nós seguimo-la (hum, meio lógico, não?), passamos por trocentas portas (ok, foram só 4) e cinco minutos depois estávamos paradas em frente a uma mulher que estava com uma escova numa das mãos e a varinha na outra. Ela olhou horrorizada para o cabelo da Luna e colocou uma das mãos no peito, como se fosse ter um ataque de coração. Depois ela olhou para mim e disse:

-Diga-me que vai ser a si que vou prestar serviços? – Eu meneei a cabeça para que ela percebesse que Não. A cabeleireira deu um sorriso fraco enquanto indicava para Luna se sentar. Ela (cabeleireira) foi chamar mais duas moças que chegaram e começaram a fazer as unhas das mãos e dos pés de Luna. Eu sentei-me numa cadeira, enquanto dizia à cabeleireira para dar um jeito no cabelo de Luna, cortar as pontas espigadas, dar um tratamento naquele cabelo seco, enfim, para fazer o que pudesse.

Enquanto a cabeleireira ia tratando os cabelos de Luna, ela ia falando comigo. Quando soube que quem me tinha cortado o cabelo naquele penteado que encaixava perfeitamente com o meu modo de ser tinha sido Monique Passepartout, ela quase teve um treco.

-Eu não acredito, a Monique, quer dizer a Monique Passepartout? – Ela deu um daqueles gritinhos histéricos – Ela é a melhor cabeleireira do mundo!

-É? – Eu perguntei, indiferente. Uau, o Draco devia ser mesmo muito importante.

-Quem foi que te arranjou um encontro com ela?

Mas antes de eu articular as palavras que constituíam a resposta, Luna respondeu por mim:

-O namorado dela.

-Quem é o namorado dela?

Luna ia responder mas eu cortei-lhe a fala.

-Hum… Não é ninguém, não.

Eu não acredito, depois da seca que eu tinha apanhado enquanto tornavam a Luna bonita e tudo isso, como é que a Luna podia ter dito que o Draco é meu namorado? Não é que eu não quisesse… Quer dizer, eu NÃO quero… Bem, seja como for… Mas a Luna não tinha o direito de dizer que ele era meu namorado… Mesmo não tendo dito o nome dele e tudo isso… Quero dizer… Hum… Não sei mais o que pensar.

Eu e Luna ficamos ali horas e horas. Horas passadas para unicamente ela ficar bonita. Horas pela beleza e tudo o resto. Horas para ela ficar com umas unhas lindas e com os cabelos bem tratados. Enfim, uma montanha de dinheiro desperdiçado para ela ficar bonita.

Quando saímos de lá, já devia ter passado da hora do jantar em Hogwarts. Por isso, demos uma passadinha rápida no 3 Vassouras apenas para comermos algo e bebermos uma cerveja amanteigada.

Voltamos para Hogwarts pela passagem a partir da qual tínhamos saído. Felizmente, o corredor estava vazio. Saímos cada uma para a sua Sala Comum, esperando não encontrar o Filch ou Mrs. Norris.

Eu caminhava com passos rápidos pelos corredores, esperando alcançar rapidamente o quadro da Dama Gorda. E foi então que eu senti uma mão pousar-se no meu ombro.

Ok, eu admito que apanhei um grande susto. Quer dizer, com os corredores escuros de Hogwarts e as horas que já eram, era anormal alguém me abordar desse jeito. Assustei-me tanto que paralisei de medo. Mas então, a respiração suave no meu ouvido acalmou os meus nervos, quando senti uns lábios sobre os meus.

É, essa era a forma de Draco Malfoy denotar a sua presença. Ele pousou suavemente os seus lábios nos meus, dando-me a total certeza de que era ele. Logo depois eu sentia o corpo dele prensar-me contra a parede enquanto o beijo se aprofundava. Os meus dedos afundavam-se nos cabelos loiros e sedosos dele, os meus braços envolviam-no pelo pescoço. As mãos dele, estrategicamente posicionadas na minha cintura apertavam-me de encontro à parede.

Os nossos lábios descolaram-se assim que nos faltou o fôlego. Ele encarou-me nos olhos.

-O que é que a Miss Weasley está a fazer fora do dormitório a estas horas?

-Eu estava tentando voltar para o dormitório.

-Os corredores de Hogwarts são perigosos à noite.

-É, eu apercebi-me disso – Eu respondi, logo depois voltando a beijá-lo avidamente, sentindo as mãos dele saírem da minha cintura. Ele segurou-me enquanto eu envolvia a cintura dele com as minhas pernas. Ele parou momentaneamente de me beijar para passar a beijar o meu pescoço.

-O que achas de vires até ao meu quarto? – Ele perguntou-me, enquanto desabotoava o primeiro botão da minha blusa.

-Eu não posso. – Respondi, segurando os cabelos dele com força – Se o Ron descobre que eu não dormi no dormitório estou feita. – Ele soltou um muxoxo, enquanto eu me voltava a pôr de pé.

-Vais à formatura do teu irmão, espero?

-Sim.

-Então recompensas-me lá. – Ele deu um sorriso perverso e voltou a beijar os meus lábios – Onde é que estiveste? Não te vi ao jantar.

-Agora andas a reparar em mim? – eu falei, brincando.

-Desculpa-me se me preocupo contigo – ele rebolou os olhos nas órbitas, parecendo imensamente emburrado. – Vais comigo ao baile de formatura?

-Não sei, Draco, tu sabes que vai lá estar a minha família toda e…

-Não, deixa, Ginevra, eu já sabia mesmo que tu ias ter medo da tua família! – Ele parecia extremamente magoado por eu não ter dito um aberto sim, e agora ele afastava-se de mim – Não, a sério, eu não me importo, afinal de contas, vocês Gryffindors não são assim tão corajosos! Ah, e Weasley, manda cumprimentos ao teu amado Potter.

E isso foi a ultima coisa que eu falei antes de ele virar a esquina do corredor, deixando-me especada a meio do corredor.

Quem é que ele pensa que é para fazer isso? Ele não tem direito de me fazer de boba, de me deixar especada no meio do corredor! Eu não lhe tenho de dar alguma explicação, porque é que ele insistia em ser assim? Quando é que ele se toca que eu gosto dele? Afinal de contas, se eu não gostasse dele eu não tinha perdido a minha virgindade com ele! E depois, como se tudo não bastasse, ele tinha que falar do Potter! Até parece que ele não sabe que eu não gosto do Potter! Mas nãããããããããoooooo, tem que continuar a atirar-me isso à cara, como se eu me orgulhasse dessa fase da minha vida.

Caminhei extremamente chateada para a Sala Comum. Como ele ousava? «Slytherin estúpido, idiota, egocêntrico, asqueroso, repugnante, loiro oxigenado, filhinho de um Devorador, bastardo nojento…»

Parei a minha linha de pensamentos para acordar a Dama Gorda e lhe dizer a senha. Ela rabugentou algo por já ser tarde e eu nem lhe respondi.

«Onde é que eu ia? Ah, sim, bastardo nojento, mentecapto, obtuso, convencido.»

Bati a porta do meu dormitório com força, ainda pensando em adjectivos maus que se relacionassem com Draco Malfoy de alguma forma.

---

A manhã tinha amanhecido clara, com vários raios de sol adentrando no Salão Principal. A grande maioria dos alunos já lá estava para tomar o seu pequeno-almoço, e a barulheira habitual fazia-se ouvir. Os vários alunos conversavam uns com os outros sobre os mais diversos assuntos, desde o Baile de Formatura dos 7ºs anos até às Acções da Bolsa. Dois Slytherins do sétimo ano conversavam de ambas as coisas enquanto desfolhavam os jornais.

-E então, Draco, quando vou ter a honra de conhecer a menina que te roubou o coração?

-No dia em que tirares essa ideia totalmente inexistente e asinina da tua cabeça – Respondeu Draco, com descaso. – Já arranjaste par para o baile?

-Tu sabes que não, as mulheres daqui de Hogwarts estão cada vez mais monótonas, sempre iguais, sempre iguais…

-Elas não têm culpa se já experimentaste as que gostavas mais.

-Por acaso, ainda tem uma que eu gostaria de experimentar antes de ir embora.

-Ah sim? Qual?

-Tu não vais querer saber.

-Se eu não quisesse, eu não perguntaria.

-A Weasley.

-Como? – Draco rugiu, os seus olhos tornando-se cinzento-chumbo.

-Bem, ela está bem jeitozinha este ano… Olha para aquelas curvas… – Blaise indicou, para a ruiva que entrava pelas portas do Salão Principal, Draco nem a encarou.

«Tenho de fazer com que o idiota do Blaise desista desta ideia… Mas como? Ele não pode convidar Ginevra, não pode mesmo!...» Draco pensou, consternado.

Ginevra sentou-se ao lado de Colin na mesa dos Gryffindor, com um sorriso que na realidade não demonstrava o que ela sentia. Sorria por finalmente ter oportunidade de ver como reagiriam as pessoas perante a mudança de Luna, mas interiormente estava arrasada por causa de Draco, por causa do Malfoy.

Luna entrou lentamente pelas portas do Salão, insegura. As várias cabeças dos vários rapazes de todas as casa, admirando a menina loira que tinha entrado. Ginny arriscou dar uma olhadela rápida para a mesa dos Slytherin.

Draco continuou a ler o seu jornal, enquanto ouvia o Salão silenciar-se e a colher de Blaise a cair estrondosamente da mão do mesmo, fazendo com que as pessoas despertassem do seu transe momentâneo. Só então ele levantou os olhos para ver uma garota de cerca de 16 anos, loira, com o cabelo cortado mais ou menos à altura dos ombros, fazendo dégradé. Ela tinha olhos azuis, cabelo loiro, e vestia um top azul e um saia curta. Tinha um bom corpo, pelo que Draco pode avaliar. Mas nesse momento, a maioria dos pormenores passaram despercebidos porque os seus olhos tinham se dirigido à ruiva com quem ela falava, Ginevra. Ambas eram bastante bonitas, mas ele definitivamente preferia a ruiva, a sua ruiva. E então, uma ideia veio à sua mente, enquanto os seus lábios curvavam-se num sorriso malicioso.

-Wow, mas quem é ela? – perguntou Zabini, totalmente aparvalhado.

-Ela? Ela quem?

-A loira, aquele lindo monumento ambulante – Blaise praticamente babava para cima da garota, o que definitivamente ajudava no plano de Draco. – Ela é linda ou é linda?

-Acho que talvez a convide para o baile – falou Draco, vendo a reacção do amigo, que imediatamente tinha olhado para ele e respondido:

-Nem penses, Malfoy, eu vi-a primeiro! – Draco sorriu interiormente, segundo passo do seu plano completo.

-Então acho melhor despachares-te antes que alguém tenha essa mesma ideia.

Blaise levantou-se, decidido. É, seria ele que convidaria aquela beldade e mais ninguém.

Na mesa dos Ravenclaw, a ruiva (Ginevra Weasley) e a loira (Luna Lovegood) conversavam animadamente, perante a perspectiva da entrada triunfal de Luna. Elas falavam num tom baixo, visto que Ginny estava a contar todos os pormenores. Luna virou-se assim que sentiu alguém tocar o seu ombro, apenas para se deparar com um moreno de olhos castanhos, muito bonito, por sinal. Luna paralisou a conversou com aquela magnifica visão.

O rapaz sorriu para ela, charmoso. Luna corou um pouco, afinal, ela nunca tinha tido a atenção de um rapaz assim tão bonito antes.

-Bem, eu agora olhei para ti, a garota mais bonita e deslumbrante deste salão – Blaise pegou na mão dela e beijou-a – e reparei que estás sozinha. Posso saber se uma menina tão linda quanto tu tem namorado?

Eles estavam flertando abertamente, Ginny tinha percebido isso. Luna respondeu, com uma voz quase inexistente:

-Não.

-Não tens namorado ou não posso saber? – Blaise deu uma piscadela marota para ela, que a fez sorrir abertamente.

-Eu não tenho namorado.

-Ohh, que extremo desperdício! – Blaise parecia revoltado com a situação – Então acho que não te importas se eu te fizer um pedido, certo?

-Hum, é, acho que não me importo. – Blaise sorriu abertamente, com a resposta de Luna.

-Bem, é que eu sou do sétimo ano, e vou ter o Baile de Formatura daqui a alguns dias, e eu estava a pensar se me darias a honra de me acompanhares. Espero que digas um sim, porque senão irás despedaçar o meu pobre coração!

-Bem, eu adoraria ir, mas eu… - Ginny deu um chuto na canela da amiga, como se dissesse: "Diz que sim, sua boba!" - … quero dizer, claro que eu aceito ir contigo! – Luna deu um sorriso tímido e Blaise voltou a beijar-lhe a mão.

-Ok, então, depois eu envio-te uma coruja com as horas a que nos encontramos. Só uma pergunta básica, qual o teu nome? E que eu estava tão distraído que me esqueci desse pormenor, de me apresentar!

-O meu nome é Luna Lovegood.

-Blaise Zabini, muito prazer – voltou a beijar a mão dela e sorriu, enquanto retornava à mesa dos Slytherins.

Luna controlou um gritinho histérico, deu um imenso sorriso bobo para Ginny e disse:

-Eu não acredito que o Blaise me convidou para o baile!

N/a: Demoreipa actualizar pk: Estive ontem o dia inteiro a ler o 6º livro de HP, por consequente, fikei sem actualizar ontem!

Já para não falar que as aulas estão aí de novo a bombar! E por isso tenho tido muitos trabalhos!

Bem, vou ver se actualizo o próximo capitulo mais depressa.

Desculpem não responder individualmente, mas é apenas um obrigado aos que deixaram review:

Miaka, vera, -LiLiAn-Hp, aNiTa JOyCe BeLiCe, Nina Black Lupin

Beijos pa kem deixou review:

FenixTonks