ATOS DE VINGANÇA
Capítulo 3
Kanon e os outros foram até as ruínas do Santuário de Posseidon, procurar pistas de Tétis e pegar as escamas de Dragão dos Mares. O templo foi inundado após a destruição dos pilares, mas o cosmo do deus dos mares já o estava lentamente reerguendo.
Parte do Templo Central já estava de pé, e alguns pilares haviam se reconstituído parcialmente. De modo que ao chegarem eles tinham espaço suficiente para andar e respirar, embora a aparência geral do lugar fosse a de uma caverna parcialmente submersa. Alguns peixes nadavam entre as pernas dos cavaleiros.
- Alguém achou alguma coisa? - Dohko se aproxima do templo de Posseidon com água nos joelhos, vindo do Pacífico Norte.
- Nada – Camus olha em volta – Vocês acham que ela ainda estaria aqui?
- Talvez – Kanon retorna vestindo as escamas – Se bem que ela adorava o Solo, talvez o esteja seguindo.
- Boa idéia. Vamos até lá.– Aioria não agüenta mais o templo submarino.
- Alguém viuoMilo?
- Pessoal, olha o que achei! – Milo grita de dentro das ruínas.
- Quando os cavaleiros se aproximam Milo está agachado em frente a uma urna com um selo de papel na tampa. Kanon, Dohko e Shaka ficam brancos.
- A famosa urna de Posseidon! Queria saber como era – o cavaleiro de Escorpião a olha com interesse – este deve ser o se...
- Toque nisso, garoto, e facilito o serviço dos cavaleiros negros.- Diz Dohko pondo o tridente entre Milo e a urna.
- Ahhhhhh...que pena, nós queríamos diversão.
- Quem?- os seis olham em volta, estão cercados.
Vários guerreiros aproximam-se por todos os lados, trajando armaduras negras, exceto três, dos quais um veste vermelho e outros dois branco.
- Raimi?
- Miles?
- Vocês se conhecem? – pergunta Milo preparando a agulha escarlate.
- São espectros. Derrubei Raimi em Leão. – Aioria está pronto para partir todos eles em pedaços.
- Miles foi um dos três que Shura, Saga e eu matamos para escapar da perseguição de Shaka – Camus está apreensivo, matá-lo em uma emboscada foi uma coisa, enfrentá-lo face a face pode ser diferente.
- Tenha certeza de que vai ser diferente Cavaleiro de Aquário – Miles de Elfo avisa.
Shaka se concentra nos cosmos deles, são diferentes, nem todos emanam ódio, alguns deles tem uma tranqüilidade só superada pelo cosmo de Athena. Onde ele já sentiu isso? Claro, o falso Câncer!
- Cuidado, amigos. – alerta o homem mais próximo de Deus – Eles não são adversários comuns. Raimi e Miles emanam o mesmo cosmo que o guerreiro que invadiu o Santuário!
Os cavaleiros negros atacam primeiro, Camus e Aioria são escolhidos por Miles e Raimi e com eles se confrontam. Shaka e Dohko tentam deter a primeira onda.
- Tenma Koufuku!
- Rôzan Hyakuryû Ha!
O resultado esperado era que os adversários voassem como moscas. Só que vários deles se levantam após serem atingidos, suas armaduras com avarias mínimas.
- Nossas armaduras estão em um nível superior, cavaleiro. – um deles fala ao se erguer.
- Recebam um golpe conjunto dos novos cavaleiros negros!
- ENXAME DAS TREVAS! – gritam os cavaleiros negros.
Eles avançam como uma nuvem negra de gafanhotos famintos, os dourados conseguem ouvir nitidamente o zumbido de seus movimentos, as pedras atingidas pelos ataques se esfarelam. Kanon tira Libra e Virgem do torpor.
- Estão esperando o quê? TRIÂNGULO DE OURO!
- Hã? Ah! TEMBU HORIN!
- Tem razão, jovem!BALANÇAS DE LIBRA!
Dohko lança seus escudos contra o enxame maldito. O efeito é mais satisfatório, pois espalha os atacantes deixando-os vulneráveis à sucção interdimensional do golpe de Kanon. Através do Tembu Horin, Shaka inutiliza os sentidos dos demais que caem no chão como insetos que se aproximaram de mais da chama de uma vela.
- Arf, arf...trinta já foram...faltam...cem? – brinca Shaka
- Ora, uma piada Shaka? – Kanon diz – Vou morrer sem ter visto tudo.
Os atacantes estão em vantagem numérica inegável. Mas o ataque conjunto os tornou menos agressivos, ou suicidas como diria Ikki.
- AGULHA ESCARLATE! – grita um Milo triunfante enquanto atravessa as fileiras inimigas em alta velocidade, derrubando seus adversários em agonia- Precisam de mais que isso para derrubar um cavaleiro dourado!
- Que tal isso? – fala o "cavaleiro vermelho" erguendo as mãos e lançando o Cavaleiro de Escorpião em direção ao pilar do Pacífico Sul em meio a uma nuvem de vapor.
- MILO! – Aioria se vê tentado a ajudar mas Raimi parece mais poderoso que antes.
O espectro resmunga umas palavras e de repente a água se enche de sanguessugas, que avançam para o Cavaleiro de Leão.
-E então, gosta Aioria? Esta é a minha SEDE DE VINGANÇA!
As sanguessugas se grudam nas coxas, pescoço, rosto e em todas as partes desprotegidas do corpo de Leão. Uma delas enfia-se em seu nariz.
- Arrghh...já lhe disse isso em Atenas: um leão não será derrotado por um verme!- Ele grita elevando seu cosmo, o calor faz com que algumas criaturas o larguem.
- Mas não é só um, bichano rebelde, você cairá por uma verdadeira INFESTAÇÃO INFERNAL!
Aioria não gosta nem um pouco de constatar que o espectro, além de mudar de roupa, arranjou novos golpes, ainda mais nojentos, neste último os vermes estão entrando em seu corpo e quando não encontram cavidades abertas abrem uma!
- Você ...tem truques novos? Gosta de ver os outros sofrerem por dentro?Eu tenho uma novidade pra você ... é velha mas você não viu...- diz Aioria liberando seu golpe selado- PHOTON BURST!
- Meu corpo! Tem algo erraaaaaaaaaarrrrrrrrghhhhhhhh! – Raimi brilha e desaparece em uma explosão de luz.
Enquanto isso, Camus enfrenta Miles de Elfo, e sente-se péssimo ao descobrir que não errara, o atual Miles é mais poderoso que o que caíra sob seus golpes no Santuário.
- Não pensava ser fácil enfrentar a elite dos cavaleiros de Athena mas confesso que esperava mais dignidade e honra da parte de vocês- ele fala enquanto desfere uma série de golpes em Aquário que tem dificuldade em esquivar por causa da grande quantidade de água à sua volta.
- Fiz o que era necessário. - fala Camus – E se você foi incapaz de notar minhas intenções morreria muito mais dolorosamente nas mãos de outro. Concedi a você o suave abraço da neve.
- Vou mostrar a você se seria capaz ou não de vencer um dourado em luta justa!
Elevando seu cosmo ele faz as algas e corais que cresceram no templo avançarem para Camus como se tivessem consciência e instinto assassino. Dos corais saem dardos e as algas parecem lançadeiras.
- Sinta a REVANCHE DA NATUREZA!
Camus salta e, para se livrar do problema com a água, resolve fazer algo que há muito tempo ensinou a seu discípulo Hyoga.
- PÓ DE DIAMANTE!
- MINHAS PERNAS! – Miles grita ao ver a água que o cercava se tornar um imenso bloco de gelo.
- Agora...Concedo-lhe mais uma vez o doce abraço do frio. – Ergue as mãos formando uma urna – EXECUÇÃO AUROQUÊ? As algas!
O Cavaleiro de Aquário é puxado para debaixo d'água pelas algas e os corais começam a cobrir seu corpo.
- Porco arrogante! – Miles brada enquanto tenta em vão soltar as pernas.- Quem é incapaz de enfrentar um cavaleiro dourado?
- Você- diz Camus aparecendo atrás de Miles.
- Mas como? Você deveria estar...-olha para o local onde o cavaleiro caíra e vê a estátua de um homem envolto por cordas e cristais.
- Congelei as criaturas e saí por baixo – Camus explica – Sua vez.
- Naaaaaaaaahhhhhhhhhh – Miles faz força para se soltar mas acaba quebrando as pernas e caindo de cara na plataforma de gelo.
- Sinto muito se o subestimei no passado, lutaste bem, descanse em paz – diz Camus – Esquife de Gelo.
Milo já esperava que seu adversário não fosse um qualquer. Mas não esperava que fosse alguém tão forte. Pelas suas contas já havia disparado VINTE agulhas escarlates e nada do homem cair. Para piorar ele já estava começando a se cansar, brigar na água exigia muito dele. Não estava conseguindo velocidade suficiente.
- Já faz um tempo que estamos nos enfrentando...-diz Milo após esquivar de um ataque que se choca com a base do destruído pilar do Pacífico Sul - ...poderia pelo menos se identificar?
A única resposta do homem é redobrar os ataques, notando que as agulhas não estão lhe atravessando a armadura resolve tentar uma abordagem mais direta e soca repetidamente o rosto do adversário, terminando a série com um golpe de duas mãos para cima acertando o homem no queixo. O que lhe tira o elmo.
SPLASH! TCHIBUM!
- Feh-hehehe...- ri o homem enquanto limpa o sangue que lhe escorre do nariz – então os Cavaleiros do Zodíaco são capazes de lutar como homens? Megera não contava com isso.
- Nossa, isso que é respeito...- Milo ri aproveitando a oportunidade para observar o inimigo
Sem o elmo repleto de pontas retorcidas ele não era impressionante. Careca exceto por uma única longa trança que pendia da nuca sobre seus ombros, seus olhos eram injetados com um quê de loucura.
- Você tem o olhar de alguém que gosta de matar- Milo tenta ganhar mais tempo para encontrar uma falha na armadura lisa e sem adornos do homem.
Ele se levanta (caíra sentado), encara o Cavaleiro de Escorpião e nada diz por um instante. No seguinte Milo está com a garganta nas mãos do homem que lhe encara face a face.
- Eu não deveria fazer isso. Não é minha função, Athena é. Mas não pretendo deixar que tu escapes. Derrubaste alguns dos meus garotos lá trás. – ele dá um sorriso cheio de caninos e cáries – Não vais ficar impune.
- Seu hálito é punição suficiente! – diz o dourado tentando se soltar do cavaleiro.
- BRAVATAS NÃO VÃO TE SALVAR! SOU IMUNE A TEUS GOLPES!
Milo nunca estudou geologia ou arquitetura, mas com certeza vai ser capaz de identificar cada pedra, entalhe e argamassa utilizada naquele ponto do Santuário Submarino. O guerreiro vermelho esfrega seu rosto no chão por todo o canto, arremessa-o para o alto e o traz de volta ao chão pelos cabelos.
- Só...sabe fazer...isso?
- AHHHHHHHH! FÚRIA MALIGNA! – Um escaldante turbilhão vermelho-sangue se ergue da água e atinge Milo, o calor faz a pele dele criar bolhas. – VOU TE COZINHAR CAVALEIRO!
- AGULHA ESCARLATE! – Em desespero ele lança três agulhas de uma só vez.
O combate prossegue. Milo não sabe se resistirá por mais tempo quando finalmente o homem se ajoelha sem motivo aparente.
- ...meus...meus olhos...onde...você...
Ele tomba com a face voltada para a água, um fino filete de sangue escapa de seu corpo. Milo se senta contra o pilar caído, passa a mão no rosto ensangüentado e ri, ri como nunca riu antes. É assim que os outros cavaleiros o encontram.
- Qual é a graça Milo? Enlouqueceu de tanto apanhar? – Camus fala tentando ajudar o amigo a se erguer.
- Vinte, hahahahah, eu lancei vinte agulhas e ele só caiu na vigésima terceira...hahahahahahahah!Aposto que ele ainda está vivo...aaaaai...minhas costas...
- Você diz isso por que não viu seu rosto ainda.
- Nada mal, Milo – Aioria vira o corpo do homem com o pé- Mas na verdade você só acertou uma.
- Como? – Milo o olha com o único olho que consegue manter aberto.
- Só a última atingiu a pele dele.
- Uma? E já caiu? Há! Fracote! – Milo desmaia, se entregando ao cansaço.
Continua...
Se alguém teve paciência de ler até aqui obrigado, se não tiveram obrigado também :)
