Atos de Vingança
Capítulo 5
Grécia, propriedade de Julian Solo.
Após o combate no templo submarino, Kanon e os outros foram até a mansão Solo, na esperança de ter notícias de Tétis. Sorento de Sirene os recebeu e enquanto Julian levava Milo a uma das suítes para descansar, o flautista arranjou quartos para os outros. Durante o jantar, já refeitos, e satisfeitos, Dohko explica tudo a Sorento.
- ...e é isso Sorento.
- Hmm...- Sorento está debruçado na sacada, durante toda a conversa tocara uma suave melodia para os cansados guerreiros – Após a destruição do Templo Tétis salvou o senhor Solo e desapareceu...
- Droga! – Milo bate na mesa - Levamos uma surra a toa!
- Talvez não – diz o flautista – Vocês conheceram seus inimigos, já é alguma coisa.
- Graaaaaande coisa.-responde Escorpião entre o tédio e o deboche-...AU!
Camus ignora solenemente as feridas de Milo atingindo-o "acidentalmente" no olho com um escargot voador
- Tu pries, que chose plus glissante...- fala Aquáriocomo se nada houvesse acontecido- desculpe-me, Sorento, faz tempo que não tenho acesso a essas iguarias,perdi um pouco a prática
- Tudo bem - ri o marina
- Grrrr...
- Mas pensávamos que vocês soubessem de algo...droga, Milo tem razão, perdemos tempo – fala Kanon desanimado.
- Durmam aqui esta noite. O senhor Solo não vai se incomodar – Sorento desce da sacada – Vocês não estão em condições de seguir em frente.
- Sorento, – Shaka pergunta – Julian Solo não tem a mínima idéia de que já foi possuído por Posseidon?
- Poseidon é para ele mais uma lenda grega. – Sorento tem o olhar pensativo – E espero que assim continue sendo. O senhor Solo não foi feito para essa vida. Ele fica melhor como milionário filantropo do que como encarnação divina.
Enquanto os outros dormem Shaka medita em seu quarto, flutuando acima do chão ele lança sua consciência à distância tentando atingir outras mentes. Se Câncer fosse um homem mais espiritualizado ou mesmo tranqüilo talvez fosse capaz de encontrar sua mente já que seu cosmo parece estar inacessível. Quando decide parar a meditação e dormir sente dois chamados distintos, e no instante seguinte está no jardim da Casa de Virgem.
- Shaka? É você?
- Athena, Shaka!
- Senhorita Saori, Mu! Por que me invocam desse jeito?
- Não os invoquei, estava meditando em meus aposentos e quando me dei conta estava aqui com vocês. – fala a deusa – Mas aproveitemos essa feliz coincidência como estão?
Shaka conta sobre suas aventuras submarinas e Mu explica as peripécias em Veneza.
- Neste momento Saga e Afrodite estão dormindo sob efeito de remédios, Aldebaran e Airos os resgataram há algumas horas. – diz Mu sentando entre as flores.
- Eles se arriscaram demais – Shaka repreende – deveriam ter levado as armaduras.
- Desfilar com as armaduras douradas por Veneza? Não seria prudente. Estaríamos nos expondo a um ataque.
- Vocês foram atacados, Mu. De nada adiantou a cautela. Conseguiram algo mais além de ferimentos? – Athena diz massageando as têmporas.
- Athena...- Mu fala com um tom ferido - ...a senhora está bem? Ocorreu algo no Santuário?
- Sim...- ela suspira – Shun estava comigo no Salão do Grande Mestre quando Hyoga chegou dizendo que Ikki e Shiryu enfrentavam Eaque e Sylphid.
- Mais espectros que retornam... – Shaka fala pensativo - Eles queriam apenas Ikki e o Dragão?
- Não, matar Tétis. – ela sorri um sorriso amargo – Pelo menos na confusão a marina acordou.
- Ótimo! – Mu se empolga, uma boa notícia enfim – O que ela disse?
- Nada de muito útil- Athena cai sobre as flores também, exausta e preocupada – Algo sobre... era um nome diferente... não consigo lembrar...
- Mosi-oa-Tunya,- uma voz doce e suave se ergue das flores - Fumaça Trovejante
- Quem disse isso? – Mu ergue-se de um salto.
A ilusão criada por seu elo mental com Athena e Shaka estava sofrendo interferência externa, e muito poderosa por sinal. Os três em silêncio tentam repelir o cosmo estranho mas parece ser impossível, em uma última cartada tentam rompê-lo, falhando da mesma forma.
- Acalmem-se... – uma voz aguda e desvairada soa pelo jardim das árvores gêmeas.
- ...não lhes faremos mal...- responde uma potente como um trovão
- ...NÃO AGORA. – a última é soturna e rouca.
Os três olham em volta, os galhos das árvores se retorcem como serpentes cujo veneno caustica ochão. As flores murcham e se incendeiam em chamas negras e azuis. Dos céus chove sangue.
Athena não consegue reter um grito de pavor ao ver o corpo inerte e mutilado de Seiya pendendo das árvores.
- Deus! Shaka, Mu! Façam algo! PeloamordeDeus!
- Calma, Senhora – Mu abraça a deusa e eleva seu cosmo.
Shaka abre os olhos lançando seu cosmo na tentativa de proteger a deusa, mas, mesmo com a ajuda de Mu tudo o que consegue é uma pequena bolha de sanidade à volta dos três. E ela não parece que vai resistir por muito tempo.
- IDENTIFIQUEM-SE! – Shaka sabe que não conseguirá segurar o esmagador cosmo inimigo por muito tempo. Ao ver-se deitado sobre o colo de uma bela jovem que ele conhecera na Índia, desfrutando das delícias da juventude, algo ao qual renunciou dolosamente durante seu árduo treinamento, e logo em seguida vê-la morta ele perde a paciência – MANDEI QUE SE IDENTIFICASSEM!
Mu vê em primeira mão a destruição de sua terra natal, a qual nunca tivera a chance de conhecer, e em meio ao caos vê a si próprio afundando nas águas turvas da destruição como já desejara em tantos momentos de dor.
- Aaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh!
Os três cedem, a bolha implode e eles são envolvidos em um doloroso torvelinho de recordações que mistura lembranças, medos e desejos secretos.
- HIAHIAHIAHIAHAA...!
- Fuhuhuhuhuhu...
- HE...HEHEHE...….HEHEAMWAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...!
Quatro mulheres se aproximam caminhando pelo psicodélico jardim. Três delas possuem serpentes em seus cabelos e imensas unhas como garras. A quarta traja uma roupa branca, e alvas asas pendem de suas costas, um diadema de flores coroa sua cabeça. Apesar da situação Shaka e Mu não conseguem deixar de admirar a incrível beleza.
Ela é a primeira a falar, sua voz é doce e suave, seu negro cabelo ondula conforme caminha na direção deles.
- Como já foi dito por minhas irmãs, não temam. Sou Nêmesis.
- Alecto, "a Sempre Irada". – diz uma mulher cujos globos oculares são completamente vermelhos, boca negra, e entre os fios dourados de seus cabelos dançam cobras-rei. Traz um chicote de escorpiões.
- Tisífone, "a Vingadora do Crime"– voando por sobre a cabeça de Athena com quatro asas coriáceas, sem pernas, apenas com uma cauda bifurcada, e longos seios murchos, a vermelha Tisífone deixa o veneno de suas víboras capilares e seu leite maldito se derramar sobre a deusa, que é protegida por Shaka.
- MEGERA, "A VINGANÇA DOS CÉUS" - diz uma criatura com imensas asas de plumas negras, olhos dourados, garras e caninos protuberantes. Os mais venenosos ofídios pendem de seu couro cabeludo contorcendo-se entre suas pernas. É a que emana maior e mais agressivo cosmo.
Athena está sem voz, ela tenta de toda a forma sair do elo mental mas o cosmo das recém-chegadas praticamente inutiliza o seu. Ela tem a impressão de ouvir a voz de Mu.
- As deusas da vingança! – Áries está à beira de um colapso.
- O que desejam aqui filhas da Noite? – pergunta Shaka sentindo sua mente arder.
- Cala-te, Mortal... – começa Tisífone
- ...Não é a ti que dirigiremos nossa voz...- continua Alecto
- ...MAS À CADELA DE ZEUS! – conclui Megera
Apesar de apavorada Athena ainda mantém a dignidade, ao ser tratada dessa maneira, parte de sua coragem retorna.
- O que querem?
- SILÊNCIO!...
-...não nos dê ordens olimpiana...
...vós não tendes autoridade sobre nós.
- Viemos para punir a filha de Zeus e seus cavaleiros.
- Sob qual acusação? – Mu recupera parte de seu autocontrole- Sei muito bem que só podem investir contra alguém se houver um motivo justo.
- Hahahah! Isso vale para Nêmesis e não para nós!
- A noção de justiça dos mortais é irrelevante.
- MAS TENDES RAZÃO EM UMA COISA: PRECISAMOS DE MOTIVOS PARA INVESTIR CONTRA VÓS.
Observando melhor as Erínias, Shaka nota que não são humanos possuídos e sim as criaturas mitológicas o que ele tem diante de si. O homem mais próximo de Deus sente medo como jamais sentiu. Na suíte da mansão Solo seu corpo sua frio.
- Sofrerão nossa ira por motivos diferentes – explica Nêmesis – vim ensinar aos cavaleiros a humildade e o respeito para com os deuses. Eles se tornaram por demais soberbos após os confrontos com os Titãs, Posseidon e Hades. Mortais não devem se sentir superiores aos deuses.
- Já vós, "deusa"... – Tisífone dá uma estranha entonação à palavra "deusa"
...sofrerá por derramar o sangue de tua família...
- Como? Serei punida por ter destruído Hades?
- Exato. Pagarás por ter matado teu tio. nossa missão é destruir todo aquele que atentar contra o próprio sangue.
- Ainda não engolimos a humilhação que sofremos em tuas mãos e nas de teu irmão Apolo...
- ...GRAÇAS À ARDOROSA DEFESA DESTE E A TEU VOTO...
-...Orestes escapou impune de nossas garras, apesar de ter matado a própria mãe.
- Athena – Nêmesis a olha com complacência – Entregue-se e seus cavaleiros não sofrerão os tormentos das Fúrias.
Shaka e Mu se postam na frente de Athena e atacam as quatro deusas, pegas de surpresas elas são obrigadas a se defender, embora um simples aceno tenha desviado o cosmo dos guerreiros.
- Não precisamos que Athena se sacrifique por nós- diz Mu
- Daremos de bom grado nossa vida pela dela, cumpram seu dever, estaremos prontos para cumprir o nosso. – Shaka responde com altivez.
As deusas se entreolham, Nêmesis balança a cabeça como se lamentasse essa decisão. Apesar de ser tão severa quanto as fúrias, lhe falta a crueldade destas, não pretendia matar os cavaleiros de Athena, não todos pelo menos. A resolução deles de enfrentá-las lhe soava absurda.
- Como quiserem... – Alecto fala sorrindo e desaparece junto com as irmãs.
- Antes que entendam a real extensão do que disseram irão se arrepender. – diz Nêmesis enquanto se desvanece em névoa.
Após o desaparecimento das deusas os três são arremessados de volta aos aposentos que ocupam. Athena no templo atrás do Salão do Grande Mestre, Mu no quarto que dividia com Aioros e Shaka na suíte da mansão Solo.
Shaka cai sobre o solo, as deusas da vingança serão adversárias terríveis e implacáveis. Ele precisou de toda a sua coragem e raiva para lançar aquele desafio. Olhando para si percebe que tem suor da raiz às pontas dos cabelos. Sua roupa gruda na pele. Buscando relaxar sai em busca de outro banho.
Enquanto se lava ele reflete no que viu e ouviu. Será que foram elas quem derrotou Máscara da Morte? Apesar de não ter um poder destrutivo muito grande ele poderia facilmente privar seus adversários de suas almas, cavaleiros negros não seriam problema.
Perdido nesses pensamentos ele continua a se banhar, então percebe que há algo estranho com sua pele, ela arde em contato com a água.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Desesperado com a dor ele se joga ao chão e caído,vê dois pés descalsos à sua frente, erguendo o rosto ferido vê uma mulher envolta em um sári a sorrir para ele.Ela se abaixa e lhe toca o rosto queimado com um beijo na testa.
- Ma...ma...nu? - há alívio e surpresaem sua voz.
- Shhhhh...- ela lhe abraça pondo a cabeça dele em seu colo.
Continua...
Esses cinco primeiros capítulos nasceram de uma única vez, por isso foram atualizados tão rápido.os próximos virão mais devagar. O seis e o sete precisam de alguns detalhes a mais.
Obrigado novamente aos corajosos que estão acompanhando a fic e me mandaram reviews:)
Nota: Encontrei várias fontes diferentes sobre as Erínias e seus nomes, por isso é bem possível que algum de vocês ache os nomes e origens diferentes das queeu usei.
Nota² : "Tu pries, que chose plus glissante" Ora, mas que coisa mais escorregadia.
Nota³: O Orestes citado pelas Erínias éfilho de Agamemnom que foi morto pela esposa Clitemnestra ao voltar de Tróia. Na peça "Oréstia" de Ésquilo ele é julgado pelo crime de matar a mãe e Apolo o defende. Na hora dedecidir se ele erainocente ou não o júri fica dividido e Athena( Minerva) vota na inocência do rapaz, frustando as Erínias que atuavam como acusação.
