Atos de Vingança

Capítulo 11

Templo Subterrâneo

As deusas da Vingança tomaram por alojamento o altar principal do templo subterrâneo, quando seus incontáveis servos entram na escura galeria vêem suas mestras. Muitos as estão vendo pela primeira vez.

Tisífone do alto de uma pilastra enrolada como uma gigantesca serpente alada se alimenta com a carne de um suculento bebê. Alecto caminha de um lado para outro num interminável rol de resmungos furiosos estalando seu chicote de escorpiões. Nêmesis e Megera estão sentadas em tronos no centro da sala. Atrás delas onze figuras encapuzadas aguardam. A placidez da bela Nêmesis só é suplantada pelo ódio e crueldade que exalam da respiração de Megera.

- Meus filhos... – Nêmesis começa assim que vê o salão cheio

- ... servos...- Tisífone fala entre bocadas

- ...SOLDADOS...- Megera agita suas gigantescas asas negras

- Seus cães vadios sem mãe, indignos de comiseração. – Alecto fala estalando o chicote – É chegado o momento!

- As preparações chegaram ao fim...

- ...temos em nossas mãos a vida dos guerreiros de Athena...

- Nada pode deter nossas mãos! Nem mesmo toda as forças olímpicas e titânicas reunidas seriam suficientes para tal!

- Apresentem-se, ó comandantes das forças da Justiça e nos informem de seus sucessos.

Thallas e Selene se entreolham, não há exatamente muito sucesso a ser apresentado. Mentir seria inútil, hesitar suicídio, confessar o fracasso assinar a sentença de morte. Por isso resolvem sair pela tangente.

Erguendo-se (todos os guerreiros estavam de joelhos) se aproximam do altar.

- Ilustríssimas Senhoras... – começa Thallas.

- Espero que não pretenda nos amolecer com bajulações, Thallas de Leviatã...

- ...seria decepcionante ver alguém do seu nível cometer tal erro de julgamento...

- Jamais faria tal coisa, Senhoras. Minha prolixidade se deve apenas ao meu imenso respeito por vós!

- Por favoooooooor...- Zéfiro revira os olhos ao ouvir isso.

- Então diga sem rodeios as novas que seus homens trazem do mundo exterior – Nêmesis lhe ordena.

- Senhora Adratéia, é com prazer que lhe digo que vários soldados de Athena já caíram. Os cães e os cavaleiros negros estão prontos para a investida total contra o Santuário Grego.

- O que diz a respeito da queda de Andros e Lisandro?

Thallas sua frio, foram derrotas vergonhosas e a de Andros, particularmente, foi vista, ainda que não associada a eles, por centenas de pessoas.

- Eles saíram sem autorização superior e investiram contra alvos que não faziam parte de suas funções – Selene se adianta, se Thallas cair provavelmente ela cairá junto – Ao saírem por conta própria sem contar com as bênçãos das honoráveis Filhas da Noite eles se expuseram ao fracasso.

- Bem exposto minha jovem, bem exposto...

- ...que sirva de lição a todos vós...

- ...Aquele que se afastar de seus votos e nos contrariar...

Nenhuma das quatro faz nenhum movimento tudo o que ocorre é o leve brilhar de oito olhos e alguns guerreiros que tinham acabado de chegar simplesmente somem deixando no lugar apenas armaduras vazias.

- Que o caos comece! – Tisífone voa em círculos pelo salão deixando um rastro de leite negro nas paredes e no chão.

- Que a suposta virgem de Zeus pague por seus pecados! – estalando o chicote Alecto salta e aterrissa em meio aos guerreiros

- Levem a justiça divina aos quatro cantos da Terra ! – Nêmesis plana no meio da sala acima de Alecto

- Morte à soberba cadela criminosa que é Athena, e aos seus infiéis cavaleiros!

Megera voa no sentido contrário ao de Tisífone formando uma espécie de espiral com seu cosmo. A sala se enche com o cosmo das deusas da Vingança que logo se mescla ao cosmo de seus guerreiros

- O julgamento foi feito, que se execute a sentença!

- MORTE! – gritam todos os soldados.

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Mansão Solo

- Eu disse que lançar o Satã Imperial não seria uma boa idéia – diz Milo ajudando Kanon a se levantar. – Você tá legal?

O golpe de Kanon curiosamente, após horas de suspense, provocou uma espécie de refluxo, não se sabe se devido às próprias defesas mentais de Shaka ou a algo mais. Levando em consideração o efeito do refluxo na adega o motivo é irrelevante.

Shaka liberou tanta energia que as únicas coisas que resistiram relativamente ilesas foram as armas de libra e os cavaleiros que, sabiamente, saltaram atrás de Dohko que vestiu sua armadura segundos antes do pior acontecer. Kanon não teve tanta sorte, foi arremessado de encontro às garrafas na parede oposta, ficando igual a um porco-espinho de cristal verde.

- Fiquei temporariamente surdo e não ouvi a pergunta idiota que você fez, Milo. – responde Kanon completamente desnorteado tirando cacos de vidro das costas.

- Senhores...- Sorento fala com a voz embargada - ...acho que essa explosão foi só o começo.

Shaka flutua com o corpo brilhando, os olhos vidrados e fixos em um ponto distante além das paredes. As armas de libra que o prendem, apesar de não terem nada a ver com as correntes de Andrômeda, se sacodem violentamente como se sofressem convulsões. Da boca de Shaka sai uma voz que nem em um milhão de reencarnações poderia pertencer a ele.

- Preparem-se cavaleiros de Athena...Seu fim chegou.

- Mas de que diabos ele está...?

Um imenso tremor abala o prédio, lascas do teto caem no chão ensopado de vinho, os guerreiros se entreolham.

- Ainda bem que a Senhorita Saori é quase tão rica quanto o Sr. Solo. – Aioria fala limpando a poeira dos cabelos.

- Pra que a música Sorento?

- Para salvar nossas vidas...- diz o flautista entre uma nota e outra –...vistam-se, estamos em perigo.

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Espaço aéreo africano

- O que deseja senhor? – pergunta uma solícita aeromoça a um contrariado cavaleiro de Peixes.

- Água tônica e uma aspirina por favor.

- Afro, não sei se já te disseram, mas aspirina não é biscoito pra você ficar mandando pra dentro com essa freqüência toda – diz Saga através do cosmo, já que estava separado de Afrodite pelo corredor e um adormecido cavaleiro de Touro

- Se você estivesse prensado entre a fuselagem do avião e o babão roncador do Aldebaran ia pedir um coquetel de prozac com gardenol e não aspirinas!

- Você escolheu esse lugar – Aioros se mete na conversa – encheu o saco pra ficar na janela.

- Isso foi antes do bebezão aqui começar a babar em mim!

- Relaxe. Em breve pousaremos para a escala e eu troco de lugar com você – Saga ri – Dê um desconto. Ele passou um dia inteiro lutando.

- Mu tá roncando e babando? E o Shura tá? Não! Por que ELE teve de ficar aqui?

- A expressão "assentos nominais" te diz algo?- Ares resolve intervir.

- Diz mas como eu ia adivinhar que isso ia acontecer?

- Não ia, Afro! Agora fique quieto!Temos muitas horas de vôo pela frente. E eu quero dormir. – Aioros finaliza a discussão.

- Aqui está senhor. - a aeromoça traz a água tônica e a aspirina.

- Obrigado.

Antes que Peixes tenha chance de botar a aspirina na boca o avião treme como se tivesse sido atingido por um míssil. A voz do comandante ecoa pela aeronave.

"Atenção, senhores passageiros. Tenham a bondade de voltar aos seus lugares e apertarem seus cintos de segurança, entramos em uma tempestade e poderemos ter um pouco de turbulência. Por favor nada de pânico, dentro de alguns minutos estaremos acima das nuvens carregadas e o vôo prosseguirá tranquizzzzquirrrrrrrrkkkkk..."

As luzes piscam momentaneamente. Os passageiros gritam assustados, Mu e Shura acordam na confusão, Aldebaran silencia a todos com um sonoro ronco.

"Tudo está sob controle, senhores passageiros, foi apenas uma pequena interferência eletromagnética causada pelos raios. Nada de mais. Fiquem tranqüilos e apreciem a vista em primeira mão de uma tempestade vista de cima."

Afrodite olha pela janela e com o susto acaba enchendo o passageiro da poltrona à sua frente de água tônica. Um homem de longos cabelos castanhos, coroados com flores, e imensas asas de borboleta está voando ao lado da aeronave. Ao ser notado o homem sopra sarcasticamente um beijo na direção de Peixes. A aeronave balança novamente

- Saga? Aioros? Mu? Shura? – chama Afrodite meio desconcertado

- Sim, Afro...– respondem os quatro entediados.

- Quais são as chances de, hipoteticamente falando é claro, conseguirmos salvar alguém além de nós caso o avião caia e nós sejamos atacados, não necessariamente nessa mesma ordem?

- Uaaaahhh...sei lá – Shura volta a dormir.

- Se nos movermos na velocidade da luz sem problema nenhum – Aioros diz

- Como só Sagitário voa, mínimas – Mu responde tentado se ajeitar com o cinto de segurança. – Tirando ele creio que todos nós nos espatifaremos no chão.

- Qual o motivo da pergunta?

- Nada... – ele responde olhando ansioso pela janela

Ooooo

Santuário

Templo de Athena

Saori Kido tomou para si a função de cuidar de Seiya, apesar dos protestos da irmã deste, Seika, que insistia para que a deusa deixasse o trabalho pesado com ela. Após ouvir as últimas palavras da marina negra, Athena foi para os aposentos de Seiya, a presença do cavaleiro, ainda que catatônico, a tranqüilizava.

- Como está hoje, Seiya? – ela pergunta, sempre esperançosa de que ele vá responder – Ah, como eu gostaria que você estivesse bem. Aí eu poderia...

As janelas e portas começam a bater desesperadamente, começa uma leve chuva que em poucos minutos se torna uma enxurrada. Saori se levanta e fecha a janela.

- Curioso, o dia estava tão bonito...

Em um dos jardins Shun de Andrômeda e June de Camaleão tentam recuperar o tempo perdido com as batalhas ficando juntos o máximo que suas obrigações permitem.

Próximo dali Shiryu, Hyoga e Ikki treinam incessantemente com alguns cavaleiros de prata. Nas últimas semanas eles têm se sobrecarregado para dar a Shun e June algum tempo a sós.

- Acho que eles já podem voltar ao trabalho – diz Hyoga rebatendo um ataque de Misty.

- Deixe os dois Hyoga! – Dante estava dando trabalho para Shiryu. – Acho que vocês estão é com inveja.

- Isso aí, Cérbero. Shun precisa de folga, ele fica de guarda no Templo toda noite. Pelamordedeus será que você não pode ser mais rápido, Capela ?– reclama o cavaleiro de Fênix – desse jeito você não acerta ninguém

- Se pelo menos eles saíssem do zero a zero...- Misty e Asterion riem.

KABRRROOOOOOOOOMM!

Um gigantesco raio atinge o jardim lançando Camaleão e Andrômeda longe. O vento se agita. A chuva começa a castigar o Santuário, aprendizes tentam se proteger enquanto os mestres berram para que eles continuem a treinar. Shiryu olha para as doze casas e sente que substituíram sua medula por gelo seco.

Continua...