Capítulo III – Chegando ao Santuário
Natasha chegou na hora do almoço ao Santuário e esperou na entrada até o pôr-do-sol para se postar em frente ao alojamento. A uma daquelas, o pai já havia visto o bilhete e já tinha acendido todas as velas da casa pedindo pela filha. Pelos Deuses, o que ela havia feito! Só naquele momento pensou seriamente sobre a gravidade do que fizera. Ela sabia que muitos problemas a aguardavam dali em diante.
Era o pôr-do-sol. Junto com outros trezentos homens, entre velhos e jovens, ela ficou no regimento dos soldados mais jovens. Nisso, chegou uma garota uns dois anos apenas mais jovem do que ela, acompanhada dos doze Cavaleiros de Ouro. Era ela, a Atena. Natasha sentiu os olhos úmidos ao ver a Deusa, mas engoliu o choro, pois lembrou que homem não chora, ou pelo menos, não admite que chora. A mocinha se apresentou:
- Olá para todos. Sou Saori Kido, a reencarnação da Deusa Atena e convoquei os seus serviços porque há uma guerra iminente e preciso de homens corajosos e leais. Natasha engoliu seco. Pelos Deuses! O que fariam se soubesse que era uma mulher?! Mas não era hora de fraquejar, a vida de seu pai e a honra da família estava em suas mãos.
A Deusa continuou:
- Vocês todos vão ficar no alojamento, e os Mestres de cada grupo, que como vocês vêem foram divididos pela idade irá lhes dar instruções mais precisas. Até mais. – e saiu acompanhada de dois guardas.
Logo após a saída de Atena, Natasha viu um homem lindo se aproximar do grupo, era um Cavaleiro de Ouro, ele devia ser o Mestre do grupo mais jovem. Céus! Como era bonito! Tinha lindos cabelos e olhos azuis, porte atlético, era muito forte e másculo e... Natasha achou melhor para por aí, pois ela era homem, e não podia se esquecer de que não se encontrava ali para admirar a beleza de ninguém, mesmo que aquele homem tivesse aparência de um Deus! O homem apresentou-se:
- Meu nome é Kamus, e eu sou o Cavaleiro de Aquário. Vou logo avisando, que, como são os mais novos e ainda são indisciplinados, não vou dar descanso para vocês! E se fizerem gracinhas, vão ser castigados severamente! Vocês vão ficar no alojamento com os outros, em beliches, o nome de vocês está em papéis em cima da cama, e não quero gracinhas! O toque de recolher é às nove da noite, e nessa hora, quero todos na cama. São uns trezentos homens, mas só há três banheiros, cada um com dez chuveiros, portanto, não demorem no banho! O treinamento começa às sete da manhã, e eu disse o treinamento! Assim, às sete quero todos já enfileirados no campo que fica à direita da Ala hospitalar, nosso local de treinamento. O café da manhã será servido a partir das seis, terão uma hora para almoçar, das doze à uma da tarde, e uma para jantar, das sete e meia às oito e meia. O treinamento se encerra às seis da tarde. Todas as refeições serão servidas no refeitório, no qual todos os cavaleiros, incluindo os de ouro, fazem suas refeições, portanto, acham com educação. No seu tempo livre, no caso, das seis às nove, nada de bagunça ou de paquerar amazonas ou enfermeiras, já sabem o que acontecerá se me desobedecerem, serão punidos! E um último detalhe: não tolerarei molengas ou bebês chorões com saudades de casa, fui claro? Ótimo! – e foi embora.
A sua imagem de homem perfeito desmoronou bem em frente aos seus olhos. Aquele homem podia ser fisicamente perfeito, mas era um grosso, rude, resumindo, uma pedra de gelo. Não era à toa que era o Cavaleiro de Aquário...
Foi ao alojamento e logo achou seu beliche. Era o de cima, e no de baixo, dormiria um ruivo que também estava no seu grupo de treinamento.
- Oi. Tudo bom? – perguntou o ruivo.
- Tudo. – respondeu Natasha sem jeito, tentando engrossar a voz, o que estava sendo meio de difícil, pois sua voz era bastante feminina e delicada. Lembrou-se então de como o pai gostava de vê-la cantar e se entristeceu.
- Meu nome é Dominick, mas pode me chamar de Dom. Como é o seu? – perguntou o ruivo simpático.
- É Natas... – mas paro de súbito lembrando-se de que era um homem agora e precisava ter nome de homem – Nat...Nathan! – disse agradecendo aos Céus por ter se lembrado desse nome.
- Prazer, Nathan.
- Prazer, Dom. – disse já com uma voz bem melhor. Não era grossa como a de muitos homens, mas era masculina o suficiente, e parecia natural, não de alguém que estava fazendo-a. Isso já era um ponto positivo, só tinha que lembrar de fazer aquela voz em tempo integral e tudo sairia bem. Pelo menos, ela achava.
Natasha estava cansadíssima, e suja, precisava de um banho. Pegou sua toalha e foi ao banheiro, a fim de tomar um bom banho. Mas entrou em estado de choque ao ver que os chuveiros não tinham boxes! Eram os dez um do lado do outro, sem divisória alguma! Como tomaria banho daquele jeito?! Desistiu do banho e pensou em arranjar uma solução no dia seguinte. Decidiu então, apenas se jogar na cama.
