Capítulo IV – Primeiro Dia
Acordou devagar, esquecendo-se que não estava em casa. Quando abriu os olhos, notou que estava no alojamento, com as suas roupas masculinas. Credo! Como aquela roupa a deixava gorda! Cruzes! Estava tão entretida xingando sua nova aparência que se esqueceu por um momento que tinha horários a cumprir... Esfregou os olhos e olhou para o relógio que ficava acima da porta do alojamento. Eram...dez para as sete! Levantou-se rápido, e viu que não dava para tomar café nem que quisesse, pegou a espada, que fora de seu pai e era necessária para o treinamento, ajeitou os cabelos da frente, cobrindo ainda mais os olhos e parte do rosto e pôs a correr rezando para que o campo onde treinariam não fosse muito longe. Mas parece que aquele não era o seu dia: o campo era bem longe. Que tipo de idiota disse para que eles treinassem num campo tão longe?! Foi quando ela se lembrou do seu "querido" e "doce", diga-se de passagem, Mestre. Ele, no mínimo, comeria seu fígado frito na manteiga! Sentiu já uma leve dor pelo que a aguardava e continuou seu caminho. Viu, ao longe, um dos outros grupos já reunidos, e desesperou-se um pouco. No entanto, esqueceu-se um pouco do desespero no qual se encontrava ao ver alguns cavaleiros sem eram gost... Aí, se lembrou que estava atrasada e expulsou os pensamentos depravados de sua cabeça. Correu, correu e chegou cinco minutos atrasada, já suando, os cabelos pregados na testa. Todos já estavam enfileirados, e Kamus olhou muito feio para ela:
- Ora, ora, ora... Parece que alguém dormiu demais! – reclamou Kamus.
- Mas, é... que... eu... – gaguejou e acabou não dizendo nada.
- Se acha melhor do que os outros para chegar atrasado, soldado?
- Não! Eu sinto muito... Mas, é que, eu não estou acostumada...DO...acostumado... – respondeu envergonhada tentando engrossar a voz como no dia anterior.
- Mas ainda se acha no direito de responder! Não seja insolente! E me trate por Senhor ou por Mestre! A chamada já foi feita, seu preguiçoso! – reclamou Kamus furioso.
"Ótimo!", sarcástica. "O homem que vai me treinar acha que eu sou preguiçosa, está furioso comigo, e eu sinto que vai ficar de marcação comigo pelo resto do tempo que eu ficar nesse maldito Santuário! Que ótimo! Aposto que ele vai pegar no meu pé! Como é que ele pode ser tão lindo, tão perfeito, tão másculo e tão...estupidamente rude, grosso e impaciente?!", pensava quando foi tirada de seus devaneios por Kamus.
- Qual o seu nome soldado? – indagou Kamus impaciente.
- Nathan...Lexus. – respondeu tímida.
- Diga com mais convicção, Lexus! Até agora não sei se afirmou, ou se perguntou se seu nome era Nathan Lexus! E, pelo seu atraso, vai correr dez voltas a mais que seus companheiros de grupo! Eu vou te ensinar a ser homem, seu bebê chorão! Vamos lá, mexam-se, seus molengas! Não quero bonequinhas no meu grupo de treinamento! Vocês – disse Kamus apontando para os garotos à exceção de Natasha – dão dez voltas nesse campo aberto! Você – e apontou para Natasha endurecendo ainda mais a voz – corre vinte!
- Mas... – a garota tentou argumentar, mas foi brutalmente interrompida.
- Agora são vinte e cinco! – vociferou Kamus com um olhar assassino e gelado.
Natasha calou-se e pôs a correr. Lógico que o Cavaleiro de Aquário não deixou barato, como ela previa, ficou no pé dela o tempo inteiro, reclamando, o que não era nenhuma novidade para a garota, que percebeu que nada parecia suficientemente bom para ele.
- Vamos, Lexus! Você corre que nem mulher! – reclamou Kamus.
"Será que é porque eu SOU mulher?! Grosseiro!", pensou sarcasticamente Natasha, tentada a responder para aquele ignorante que, e isso era o pior de tudo, era um cavaleiro! Será que para salvar o mundo, a pessoa precisa ser chata daquele jeito?! Sinceramente, ele salva o mundo do perigo, mas quem salva o mundo da ignorância daquele imbecil mandão?!
Quando todos terminaram as dez voltas, Kamus os levou para um canto do campo para a aula teórica, enquanto ela continuou correndo como o Mestre ordenou. Já na vigésima primeira volta, estava quase desmaiando, pois não tomara café da manhã. Mas, então, ouviu uma voz. Abriu os olhos e se deparou com o cavaleiro que fora em sua casa para convocar seu pai.
- Garoto, você está bem? – perguntou Mú, vendo que o jovem estavam branco. O ariano, sim, era um poço de educação! Ao contrário do seu lindo e rude Mestre...
Kamus viu o Cavaleiro de Áries ajudando o seu soldado, e reclamou:
- Mú, deixe esse molenga! Ele ainda tem quatro voltas para dar, não mandei que ele chegasse atrasado!
Mú olhou para Kamus que, claramente, estava com um dos seus piores humores, e o ignorou, voltando a falar com o garoto:
- Você se alimentou direito essa manhã? – indagou o ariano.
Natasha observou os olhos do cavaleiro e viu que havia doçura neles, o que não se fazia presente em Kamus. Com um fio de voz, tentou explicar:
- Eu acordei tarde e vim direto para cá, ainda cheguei atrasado, e, em vez de dez, tive que dar vinte e cinco voltas. – respondeu a menina.
Mú olhou com reprovação para Kamus. Decerto, o Cavaleiro de Aquário iria matar seu grupo antes que a guerra o fizesse! Não se importando com os gritos de Kamus, que dizia que deixasse o molenga do rapaz no chão, o ariano ofereceu a mão para Natasha, ajudando-a a se levantar. Foi, então, que Mú viu os lábios rosados e se recordou da moça na Vila, mas não, não podia ser! Era contra a lei da Vila e a punição seria morte! Ele ia arranjar um jeito de descobrir:
- Kamus, vou levar o garoto para minha casa! Ele está pálido, e não se alimentou! – disse o ariano levando Natasha pelo ombro.
- Mú, deixe esse bebê chorão aí! Está pagando por se atrasar! – reclamou o aquriano.
- Você quer o que? Matar o garoto? – disse o Cavaleiro de Áries em resposta.
- Mú, você está tirando a minha autoridade perante os garotos! Deixe esse moleque gordo aí, ele bem que precisa de uma dieta e exercícios para perder uns quilos! – reclamou o Cavaleiro de Aquário mais uma vez.
Ao ouvir tal absurdo, Mú deu calado por resposta e se foi com o garoto. Ao chegar em sua casa, o ariano serviu água e comida a Natasha, que sorriu agradecida e foi aí que Mú teve certeza de se tratar da garota, pois sorria de modo angelical demais para ser um homem. Assim, o cavaleiro perguntou:
- O que está fazendo aqui, menina?
Ela arregalou os olhos, o que o cavaleiro não pôde ver por causa dos cabelos que se encontravam na frente. E agora? Em menos de um dia, seu disfarce fora descoberto! O que ela faria?
N.a.: Ei, gente, eu tou feliz que vcs estejam gostanu da fic! Queria mandar um "valeuz" especial para Frak's e Ishtar, que me mandarma reviews, valeuzzzzz!!!!! Bjaum, galera!
