CAP.III - FREAK IT OUT.

- Kagooome! – O sussurro veio acompanhado de mais uma pedrinha na janela.

Kagome abriu os olhos, contrariada, amaldiçoando sua vida.

Jogou a coberta longe e andou até a janela dupla que dava pra a sacada de seu quarto.

O vento frio da madrugada acertou-a em cheio, e a garota de 15 anos reprimiu a vontade de correr de volta pra cama.

Forçou a vista nublada pelo sono e passou os olhos pelo jardim da casa; era bastante espaçoso e algumas lamparinas no chão impediam que a escuridão fosse total.

Um barulho vindo debaixo da sua janela chamou-lhe atenção.

Três silhuetas se debatiam semi-ocultos por uma cerejeira, entre as quais se destacava uma conhecida cabeleira prateada.

Bem, lá estavam eles...

- O que foi? – Perguntou aborrecida.

- Kagome, socorro! – Veio a voz sofrível de Shippo; o menino de dez anos aproximou-se da janela. – O Miroku e o InuYasha tão bêbados de novo, e a Kaede tá lá na sala, se pegar eles vai matá-los!

- Ai! – Kagome passou raivosamente a mão no cabelo negro. Aquela já devia ser a décima vez naquele mês! Ela tinha teste amanhã, pelo amor de Deus!

- O que eu faço, Kagomee? – Indagou Shippo com voz chorosa.

- Calma, Shippo, eles vão ter que subir por aqui. – Kagome disse num tom mais calmo para tranqüilizá-lo. – A gente já fez isso antes, certo? Não vai ter problema. – Sim, e da última vez o cretino do Miroku vomitara na sua cama... – Você vai ter que ir pegar a escada! Tá lá no galpão, traz ela que eu seguro. A gente dá um jeito de subir esses dois...

- Certo! – Disse Shippo abandonando o choro e assumindo posição de soldado em uma missão importante.

Shippo saiu correndo atrás da escada e Kagome pôs-se a pular o murinho da sacada para espera-lo, concentrando a atenção nas duas figuras embaixo da árvore,que tinham permanecido alheias á conversa.

- Maz gue droga, ik eza árvore amaldizoada... – Kagome distinguiu a voz pastosa de Miroku, que aparentemente se enroscara nos galhos da árvore.

- Ik maz gue merda, Miroku, háháháhá!, dá tudo girandooo... – InuYasha saiu de seu esconderijo, deu dois passos inseguros e caiu sentado na grama, rindo escandalosamente.

- InuYsha! – Chamou Kagome o mais baixo que pôde. Só a possibilidade de Kaede pega-los já fazia-a sentir um frio na espinha...

- Mas guebosTA DE ÁRVORE... – Miroku começou a se debater freneticamente e a alterar o tom de voz. InuYasha aumentou as risadas, dizendo algo como aquela ser a nova namorada do Miroku.

- Miroku, pare de gritar! – Kagome sussurrou enquanto olhava preocupadamente para os lados.

Miroku debateu-se violentamente e caiu no chão com um banque; sentou-se muito rápido, com um galho preso da manga do casaco, uma cara completamente estúpida.

InuYasha começou a socar o chão, e a própria Kagome teve de colocar a mão sobre a boca para abafar as risadas. De repente, InuYasha começou a uivar, apontando dramaticamente para o céu.

Quando Kagome estava prestes a ter uma crise de riso, Shippo apareceu, arrastando uma escada com o dobro de seu tamanho, e os próximos minutos se passaram com Miroku tentando acertar a escada na sacada, um Shippo tentando ajuda-lo e correndo sério risco de ser atingido e InuYasha deitado na grama.

O simples fato de terem conseguido subir sem caírem deu a Kagome a certeza de que Buda protegia mesmo os bêbados e as crianças.

- Olá, Kagome! – Disse InuYasha abrindo os braços e jogando-se em cima dela. – Agui eztamoz,novamente...

- Ai, InuYasha, cuidado... – Disse Kagome depositando-o cuidadosamente na poltrona.

- Ah, Kagome! – Começou Miroku indo até a cama, amparado por Shippo. – A Shika não me ama maiz! Minha vida ik acabou...

Miroku estava sempre brigando com uma das namoradas; chorava como se fosse o fim do mundo, corria atrás da dita cuja e inevitavelmente, ia afogar as mágoas no boteco do Jirenji. E InuYasha, ...bem, ele não precisava sequer de um motivo pra beber.

- Eu já de disse, Miroku ik – Começou InuYasha levantando e cambaleando até o banheiro, seguido de perto por Kagome. – A Shika dá brava por causa da Suy.ik Amanhã ela volda ao normal... Vozê devia der ido, Kagome, foi divertiiido ik.

E sem prévio aviso, debruçou-se na privada e botou pra vomitar. Kagome, solidária, segurou sua cabeça.

- Argh, que nojo! – Disse Shippo aproximando-se. – Olha só pra esses idiotas, não dá pra acreditar...

- O idiota agui é vozê, pirralho! – Berrou InuYasha. No quarto, Miroku chorava e xingava Shika. – Eu eztou aprendendo com a dor! – InuYasha começou a rir e teve outro acesso de vômito. – Agora jega! – Exclamou, tentando se por de pé, mas foi mal sucedido e caiu sentado no chão.

Kagome quase gritou com medo que ele batesse a cabeça. Decidiu que era melhor encerrar a noite por ali mesmo, antes que Kaede ouvisse o barulho ou Miroku repetisse a performance na sua cama.

- Certo. Shippo,leva o Miroku pro seu quarto e joga ele embaixo do chuveiro. Você já sabe como fazer isso, né?

- Ah, pode deixar comigo! – Shippo correu pro quarto para tirar Miroku dali. Kagome passou por InuYasha e foi ligar o próprio chuveiro. – Boa noite, Kagome.

- Boa noite, Shippo! – Respondeu a garota.

Quando decidiu que a água estava satisfatoriamente fria, aproximou-se de InuYasha, mas foi repelida.

- Ah, não! Eu zei o gue vozê pretende, maz eu não vou tomar banho frio!

- Nada disso, InuYasha, a água tá quentinha! – Sorriu Kagome.

- Verdade?

- Siiim! Venha, venha! - Kagome puxou-o pela mão até o chuveiro e empurrou-o lá dentro.

- Aaahh, Kagome, zua mentiroza!- Começou InuYasha fazendo menção de sair, mas Kagome empurrou-o de volta.

- Bem, o que você estava esperando? Você está completamente bêbado, isso é um absurdo, InuYasha! - InuYasha começou a deslizar pela parede do boxe; bêbado ou não, sabia que o sermão ia começar. - Você tem noção que eu tenho teste amanhã e to perdendo uma noite preciosa de sono pra tomar conta de você, seu irresponsável, você não tem um mínimo de consideração por mim!

Kagome pegou a toalha de mão e foi dar um jeito na sujeira em torno de sua privada.

– Você é muito egoísta, imagina o que iria acontecer se a Kaede pegasse vocês, ela podia ter um ataque, ela não anda bem, você não pensa nisso! Se o Shippo não estivesse aqui; que tipo de exemplo você e o Miroku tão dando pra ele!

Kagome pegou a toalha que estava no pendurador e voltou para o boxe, pronta para dar uns bons tapas em InuYasha, o maldito egoísta...

Mas sua raiva se dissipou quando ela viu InuYasha sentado no boxe, abraçando as pernas e com o rosto abaixado entre os joelhos.

- Desculpa, Kagome. – A voz dele saiu abafada e perfeitamente sóbria.

Ela sentiu aquele aperto no coração.

- Tá, InuYasha. – Disse desanimada. – Tá aqui a toalha, termina de tomar banho, ok? Eu deixei aqui aquele pijama que você me emprestou. - E Kagome se afastou, sem agüentar mais ficar olhando pra ele.

Quando fechou a porta do banheiro, e as lágrimas começaram a descer e ela lutou pra abafar os soluços. Ela já estava tão cansada de ser responsável por todo mundo...

Toda aquela situação era muito estressante, e ela só queria que alguém estivesse ali pra consola-la.

Por que você tem que complicar tudo, InuYasha?

- Kagome? – InuYasha chamou cautelosamente. Se ela estivesse dormindo, ele não queria acordá-la.

- To aqui.

InuYasha foi até a janela e viu Kagome sentada na sacada, de costas para o quarto, com as pernas penduradas. Saltou agilmente e estendeu as roupas molhadas no telhado; a calça jeans folgada e a camisa preta, para então sentar ao lado dela.

Ficaram em silêncio por uns minutos.

- Você não disse que tinha teste amanhã? – Começou InuYasha.

- Ah, eu fiquei sem sono. – Foi a resposta. – E eu já estudei bastante, também.

- Hm...

Novamente, não disseram nada. O barulho das cigarras rasgava a noite e o vento frio parara, sinal de que não faltava muito para amanhecer.

- Hei, lembra quando a gente era criança... e fugia de casa pulando essa janela? – InuYasha indagou sorrindo.

- É mesmo! – Riu Kagome, lembrando-se dela mesma, InuYasha e Miroku atravessando aquele mesmo jardim para mergulharem na escuridão da avenida. – Nossa, parece que foi há décadas!

- É. Parece. – A voz de InuYasha pareceu carregada. Kagome encarou-o.

Todos que conheciam InuYasha viviam divididos entre admiração constante e total desaprovação. Ele era famoso por sua rebeldia e petulância, gostava de arrumar encrenca e causar tumulto. Um malandro que não ligava pra nada.

Kedeo trouxe pra casa uma tarde, maltratado pelas ruas,arisco e desconfiado. Cheio de raiva por si mesmo e pelos outros.

Quanto tempo faz isso, InuYasha?

InuYasha sempre se recusara a falar do passado, e o que Kagome sabia, descobrira por terceiros; o pai, o famoso gângster Inu no Taisho, a mãe assassinada e o irmão que morrera ao salva-lo, fato pelo qual InuYasha nunca se perdoou.

Kagome perdera os próprios paisem um tiroteio no bairro onde morava, e Kaede a chara na rua, pedindo comida na frente de um restaurante. Vida difícil. Ela podia dizer que entendia muito bem de perdas.

- Por que você tá me olhando tanto, hein Kagome? – A voz desconfiada de InuYasha quebrou seu fluxo de pensamentos.

- Ah, não é nada! – Respondeu ela sorrindo constrangida. – Nada mesmo.

- Sei... – Disse InuYasha.

Subitamente, InuYasha saltou da sacada e aterrissou fofamente na grama do jardim. O sol já estava surgindo e o céu tinha tonalidade azul e roxa.

InuYasha virou-se para Kagome.

- Vem, pula!

- Você tá louco? – Disse a garota fazendo-o rir. – O que você tá pretendendo com isso?

- Vamos fazer igual ao que fazíamos quando éramos pequenos! – Respondeu InuYasha abrindo os braços. – Pular a sacada e correr pela avenida!

- Mas InuYasha... – Disse Kagome vagarosamente, sem conseguir evitar sorrir daquela idéia. – Nós estamos de pijama, sabe...

- E daí? – Disse o garoto. – Ah, Kagome, você tá precisando se soltar um pouco! Você tá ficando careta!

- Eu não to! – Respondeu ela emburrada. – E eu tenho um teste daqui a pouco...

- Ah, mas que saco, a gente volta rápido! – InuYasha olhou-a com cara de cachorro pidão. – Por favor, Kagome, vai ser tããão legal!

Kagome ficou em silêncio por uns segundos, então pulou a sacada também. InuYasha agarrou-a no ar.

- Yes! – Disse ele sorrindo. – Radical!

- Não acredito que eu to fazendo isso... – Disse Kagome enquanto era puxada em direção á cerca.

InuYasha riu e correu com ela em direção á avenida iluminada pelo sol nascente.

N/A: Tah ai o cap. 3, desculpem a demora mas avida tem andado complicada. Pra kem keria saber o q aconteceu com o InuYasha, tah ai. Tlz dps eu conte os detalhes sobre akela fatidica noite. ) Hm...daki os cap. vaum ficar maiores.

Obrigado por tds as reviews e deixm mais! X)