PARTE I
Ouvindo as estrelas!

""Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
"

Um garoto corria entre a relva que tomava o jardim. Ele era bastante bonito, tinha cabelos castanhos escuros e olhos castanhos claros e no seu pequeno corpo havia machucados de quedas e tropeços. Não parecia ter mais que 5 anos, mas tinha uma velocidade incrível.

"Remus, Remus, você cairá de novo desse jeito" gritava uma mulher, parada na soleira da porta, com um avental por cima de um vestido de verão. Apesar do tom preocupado da mulher, esta estava sorrindo olhando para a criança.

O garoto virou-se e acenou para a mulher.

"Mamãe, mamãe..." e começou a correr na direção dela até que...

PUF

O garoto caíra, mas logo estava se levantando. Sua mãe se aproximara preocupada, mas o menino sorriu para ela, a confortando. Ele sempre tinha um sorriso para dar, mesmo quando seu pai o recriminava ou uma de suas irmãs o criticavam.

Todas suas irmãs eram mais velhas. A mais nova tinha 11 anos, ela se chamava Caren, depois vinha Lian com seus 13 anos, Frans com seus 15 anos e Deborah com 17 anos. A missão da vida delas era atormentar o irmão, quando não estavam em Hogwarts, estudando.

Sua mãe o levantou no colo e começou a caminhar para a cabana.

"Aiai, ele caiu de novo?" falava Frans na porta. "Por acaso não sabe correr? Se não sabe, não corra" acrescentou olhando para o pequeno.

"Ah, por Deus, Frans, não comece!" exclamou sua mãe, ignorando a resposta da filha.

A noite caíra lentamente para Remus, que passara o dia no quarto. Ele abriu a porta e espiou, não tinha ninguém no corredor. Ele saiu do quarto e desceu a escada, sempre muito atendo a qualquer som. Chegou na porta da cabana sem nenhum problema e já a abria.

"O que você acha que está fazendo?"

Remus espantou-se e bateu forte a porta, fechando-a. Olhou para trás de si e viu Deborah. De todas, Deborah era, sem nenhuma dúvida, a que melhor tratava Remus, apesar da super-proteção.

"Você sabe que não pode sair por ai à noite. É perigoso" continuava a falar pegando seu irmão caçula no colo. "Há lobisomem lá fora, você sabe."

Remus estremeceu.

"Você sabe que se for mordido você vira um também, não é? Você quer virar um lobisomem, Re?" perguntou bondosamente.

Remus estremeceu mais duas vezes e balançou a cabeça negativamente.

"Você quer?" insistiu a garota.

"Não" respondeu timidamente.

A garota sorriu vitoriosa e começou a subir as escadas levando seu irmão para o quarto. Depois de colocá-lo na cama e dar-lhe um beijo de boa noite, ela saiu.

Remus não perdeu tempo e levantou-se, indo para a janela. O céu estava bastante estrelado e era mais uma noite de lua cheia. Olhando aquela lua enorme Remus gemeu. Ele adorava olhar para o céu à noite, mas não gostava de se lembrar que aquela região era cheia de lobisomem.

Antes ele saía em noites de lua cheia e ficava observando-a e as estrelas de um pequeno monte que tinha atrás de sua cabana. Mas desde que os lobisomens atacaram aquela área ele fora proibido de sair a noite. O único meio de ver as estrelas era através dos vidros da janela, pois ela permanecia fechada também.

Porém, através dos vidros, não era possível sentir ou ouvir as estrelas como ele tanto fazia no monte. Isso o frustrava e o levava a abrir as janelas. E esta noite não seria diferente. Decidido, Remus caminhou até a janela, destrancou-a, e a abriu. Uma brisa passara por ele, causando-lhe um sorriso besta. De olhos fechados ele sentia a brisa e cheirava o orvalho da noite.

Ele abriu os olhos e olhou para as estrelas. Todas eram lindas e representavam algo pra ele, mesmo sem seguir as constelações, ele conseguia ver o mundo naqueles pontos brilhantes.

Ele apoiou-se no parapeito da janela e continuou olhando sorridente para as estrelas. A cada minuto ele se esgueirava mais na janela, até que ficou sentado nesta, sempre olhando para o céu.

Remus sentiu o braço direito dormente e o massageou. Ele tinha se molhado em algum lugar... virando bruscamente ele viu seu ombro manchado de sangue. Sentiu um bafo quente no pescoço e virou-se lentamente para o lado de fora da casa.

Havia um lobisomem pendurado na janela. Remus segurou fortemente o ombro, saltou da janela para o chão do quarto e saiu correndo. Mas antes que alcançasse a porta, o lobisomem o puxou pela perna e, antes que começasse a berrar por socorro, ele tampou a boca do garoto com uma das mãos peludas. E o puxou com força.

Remus tentava se segurar em qualquer lugar possível, mas não podia vencer a força de um lobisomem, podia? O garoto começou a chorar baixinho enquanto o lobisomem parecia querer arrancar-lhe o ombro direito. Pela sua cabeça passava todos os sermões de Deborah, até parar numa única frase: "Se você for mordido por um lobisomem, você se torna um..."

No desespero, Remus empurrou o lobisomem com todas as suas forças e escapou de suas presas, parecendo-lhe que ele arrancara seu braço direito. A dor era insuportável e isso o ajudou a gritar, enquanto o lobisomem avançava rancoroso para ele.

Em poucos minutos os pais de Remus, Edward e Karol, estavam no quarto. Edward empunhou sua varinha.

"Explodiuns" falou girando a varinha. Desta saiu uma luz vermelha que atingiu o lobisomem no peito e o jogando contra a janela, arrebentando-a e caindo.

Karol foi a seu filho e o embalou.

"Ele foi mordido, Ed!" gritou em pavor. "Será que..."

Edward se aproximou e alisou o cabelo do filho, olhando para a mulher.

"Vamos cuidar das feridas primeiro."

Remus via seus pais, que lançavam olhares preocupados. O garoto sentiu a cama macia nas suas costas e logo o ombro ardeu, fazendo-o soltar um gemido alto. Sua mãe estava retirando sua blusa.

"Mãe, o que houve aqui?" Remus podia ouvir, com certeza era Deborah com sua voz calma e preocupada com ele.

"Pss, faça silêncio."

"Para quê? Este moleque já acordou todos..."

"Ah, cala a boca, Frans." Deborah gritou com a irmã. "Como ele está, mamãe...?" a sua voz se aproximava.

Com um intuído de auto-proteção e também para não mostrar a irmã como era fraco, Remus puxou o lençol, se cobrindo todo. Deborah parou olhando-o assustada e magoada: então ele não confiava nela? Ela brincou com seus próprios dedos e, quando a mãe vez a menção de explicar o fato, ela balançou negativamente a cabeça. Não queria saber por sua mãe, queria ouvir do seu irmão, apesar do que ela já sabia do que se tratava no momento que entrou no quarto e olhou para a janela aberta. Ela sabia que seu irmão abria a janela nas noites de lua cheia para, como ele dizia, ouvir as estrelas, conversar com elas, mas nunca achou que isso seria um problema, ela se sentiu triste e culpada por não ter cuidado de seu irmão direito. E, com esse pesar no coração, ela saiu do quarto empurrando Frans, Caren e Lian.

Remus olhava para o teto do quarto, triste. Ele fora mordido por um lobisomem, isto significava que seria um? Será que não havia a mínima possibilidade dele se safar? Talvez Deborah soubesse, mas não queria que sua irmã o visse naquele estado. Ele era o homem da casa, como dizia ela, ele tinha que ser forte e corajoso... acima de tudo obediente.

Aos poucos o sorriso se apagava da face infantil do garoto, que se tornava mais dura e rancorosa. Por pura desobediência ele podia nunca mais ver a lua cheia, nem poderia olhar para sua família nos olhos. O sorriso desaparecera totalmente, e o garoto achava que nunca mais o recuperaria.


N/A: Só queria pedir milhares de desculpas pela enorme demora para colocar este capítulo no ar. Eu tive uma série de problemas com a mudança e fiquei sem telefone, sem computador e sem internet. Espero que tenham gostado desta parte. Obrigada, Nyym!