PARTE III
Tresloucados, mas eternos, amigos!

"Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
"

Remus achara uma cabine vazia no Expresso de Hogwarts e ficara nela. Ele estava sorrindo à toa pensando quão feliz poderia estar neste momento. Estava indo para Hogwarts, iria estudar, iria... ter amigos? Remus fechou o sorriso, mas, logo que ele olhou pela janela e viu as diversas paisagens passando, ele voltou a sorrir. Quem se importava agora? Por enquanto podia ficar por isso mesmo. Ele lembrou-se das últimas frases da irmã: "Você fará seu próprio caminho. Você será sua própria estrela."

A porta abriu com um leve rangido. Uma cabeça de um garoto de cabelos extremamentes pretos e olhos muitos azuis apareceu no vão da porta.

"Hm, licença, mas essa cabine está ocupada?" perguntou.

Remus o fitou. Lógico que estava, será que ele não podia ver que ele, Remus, estava lá, sentado? Mas respondeu educadamente.

"Só por mim."

O garoto sorriu e se fez em casa, jogando-se na poltrona, esticando as pernas e as apoiando no banco da frente, onde Remus sentava. Remus olhou o par de pés ao seu lado com revolta, mas ficou calado e desviou o olhar para a janela.

"Hm, ei?"

Remus olhou o desconhecido com certa revolta e perguntou "O que é?" demonstrando-a. O desconhecido pareceu notar, porque se encolheu um pouco, mas não se intimidou.

"Qual seu nome? Só pra saber, sabe. Quem sabe você não vai para..." ele falava sem parar e Remus o interrompeu.

"Remus Lupin, e o seu?" falou mas calmo. Percebera que estava sendo muito grosso. Como poderia fazer amigos assim?

"Sirius Black!" falou animado e estendeu a mão. Remus a apertou. "Então, Remus Lupin, para qual casa você quer ir?"

Remus nunca pensara nisso. Ele tinha uma irmã na Sonserina, a Frans, outra na Cornival, a Lian, a Caren na Lufa-lufa e Deborah na Grifinória. Ele parou para pensar sobre isso, mas não precisou de muito tempo. De todas as irmãs, Deborah era a mais ligada a ele. Era tão lógico que ele queria ir para a Grifinória quando dois mais dois são quatro.

"Hm... Grifinória!"

Remus teve a impressão que Sirius suspirava aliviado.

"Sério? Eu também estava pensando em ir para esta casa, mas parece que não somos nós que escolhemos. É um teste. Por um instante eu pensei que você diria que queria ir para a Sonserina."

Remus sorriu ante o nervosismo do outro. Não seria ele que deveria estar nervoso? Mas não estava, muito pelo contrário. Durante toda a viagem eles conversaram sobre tudo que puderam.

Quando o trem chegou em Hogwarts, Remus e Sirius saíram do trem e seguiram o enorme homem, que se apresentara como Hagrid, até os barcos no lago e o atravessaram sem nenhum problema. Já dentro do castelo, Sirius começou a apontar as pessoas que ele sabia o nome. Remus notara que ele sabia o nome da maioria das garotas e comentou isto. Sirius riu e respondeu com um "É lógico, quem você pensa que eu sou?" que fez Remus soltar uma gargalhada.

"Ah, não! Olhe quem está em Hogwarts!" resmungou Sirius bastante desapontado.

Remus tentou descobrir por si só quem poderia ser, mas logo desistiu.

"De quem você está falando?"

Sirius amarrou a cara como se, até para falar o nome da pessoa, fosse uma coisa nojenta.

"Um Potter! Lá, olhe!" e apontou na direção de um garoto magro com cabelos pretos e olhos castanhos quase pretos, que conversava animadamente com uma ruiva. "Não é possível!" e virou-se para Remus, que parecia não estar entendendo nada. "Os Potter é a família mais enjoada do mundo mágico. Você sabe, meu pai trabalha no Ministério e ele fala que os Potter acham que podem tudo, pintam e bordam no Ministério, se acham os tais!"

Remus deu uma olhada no garoto mais uma vez enquanto uma das professoras davam as instruções. Ele não parecia tão ruim assim. De repente sentiu uma cotovelada nas costelas e olhou para Sirius, que apontou para a professora. Lentamente Remus virou-se para a professora.

"Você deve ser o Sr. Lupin, não é?" perguntou, mas com tanta certeza que poderia se passar como uma afirmativa.

Remus concordou com a cabeça, corando.

"Sr. Lupin, é sempre bom prestar atenção nos professores, e não nas colegas."

Sirius riu baixinho e, Remus viu, o garoto Potter também ria. Neste momento pensara que odiaria o Potter eternamente. Sirius o empurrou para começar a andar acompanhando a enxurrada de calouros que entravam no salão principal. Remus ficou admirado com tudo, as velas, as grandes mesas, o céu... tudo! Ele nunca pensara que entraria nesta escola. Sentiu uma ponta de lágrima que tratou de segurar.

A professora começara a falar, mas Remus não prestava atenção. Gostara de observar o salão. E só parou quando alguém o empurrou. Remus olhou em direção da professora. Ela devia ter chamado ele, então ele subiu os dois degraus que levaram a um banco de três pernas. O que era para fazer?, ele não tinha prestado atenção. Ele viu Sirius conversando com uma garota, já na mesa da Grifinória. "Droga!" pensou. Então viu o Potter fazendo um mímica muito patética para ele. Ele entendeu, era para sentar.

Quando sentou, a professora colocou o chapéu na cabeça, mas mal tinha encostado no cabelo do garoto e o chapéu gritara:

"GRIFINÓRIA!"

Sirius virou-se para olhar quem tinha ido para sua casa e bateu palmas animadas quando viu que era Remus.

Remus caminhava animadamente para a mesa e viu de relance Potter batendo palmas para ele, sorrindo. De repente, sem ter idéia do porquê, sorriu para ele, mas logo se virou para Sirius e continuou a conversar, o que era um pouco difícil, pois Sirius sempre enfiava uma garota dentro da conversa. Mas nada importava mais para ele. Afinal estava em Hogwarts, na mesma casa de Deborah e já tinha um amigo.

O sorriso de Remus apagou-se, será que ele teria que contar sobre o que era? Não, ninguém seria amigo de um lobisomem. Ele abaixou a cabeça e se concentrou no prato vazio. Seria melhor contar agora.

Sirius pareceu perceber que algo preocupava Remus.

"O que foi, Remus? Qual o problema?" perguntou o garoto de olhos azuis.

Remus balançou a cabeça negativamente, mas quando ia falar algo foi interrompido.

"AH, NÃO!" gritara o rapaz.

Remus olhou para o banco onde estava o chapéu seletor e viu o Potter indo em direção da mesa da grifinória. Remus começou a rir de Sirius.

Sirius lançou um olhar para Remus, feliz. O rapaz ria agora. Ele ficava melhor assim, com certeza.

"O que era?" perguntou Sirius, voltando a atenção para Remus, ignorando o "oi" dado por Potter.

Remus olhou para Sirius sério, depois olhou para Potter e voltou a olhar para Sirius.

"Depois" e prestou atenção ao que dizia o diretor Dumbledore. Depois do banquete, Remus procurou ficar a uma certa distancia de Sirius para evitar a pergunta que certamente ele faria e foi direto para a cama, fechando a cortina.

O sol raiava, atravessando a fina cortina que cobria a cama de Remus, que abriu os olhos lentamente. Assim que se espreguiçou, ouviu uma calorosa discussão. Ele não precisava nem espiar para saber quem discutia. Nas duas semanas de aulas que eles tiveram em Hogwarts ficara claro, para todos, que Sirius Black e James Potter nunca se dariam bem. Todo dia de manhã os dois discutiam por algum motivo. Eles serviam como um despertador para os outros dois garotos que dormiam no dormitório: Remus e Peter Pettigrew, um garoto roliço e flácido que, desde o primeiro dia, corria atrás de James Potter.

Remus remexeu-se na cama, fazendo bastante barulho, com esperança que os dois percebessem que estavam atrapalhando o sono dele em pleno fim de semana. Como não surgiu efeito, ele resolveu levantar-se e ver se dava para tirar Sirius da discussão.

Quando abriu a cortina, a discussão parou subitamente. Remus olhou para Sirius desconfiado, mas só disse um "ótimo" e fechou a cortina. Então ouviu a porta fechando com força uma vez, e de novo.

"Wow" aparecera uma cara na abertura da cortina ", você vai ficar dormindo aí?"

Remus resmungou, mas ficou paralisado quando vira que era James Potter. Com raiva ele abriu a cortina e olhou para o quarto.

"Cadê Sirius?" perguntou.

James sorriu.

"Você ficou grudado nele... nunca falou comigo, só conversa com ele, vai onde ele vai. É grudado nele, por acaso?"

Remus ignorou o sacarmo na voz de James e respondeu baixinho, falando mais com ele próprio do que com James.

"Não é isso que os amigos fazem? Eles não andam juntos?"

"Bem, mais ou menos. Mas parece que o Black não está suportando mais você atrás dele. Você sabe, pega mal com as garotas."

"É?" perguntou ironicamente. "Ora, Potter, desculpe-me por não ser tão belo quanto você nem tão popular e por ter certos problemas, mas eu me acho inteligente... e... isso basta para mim."

"Eu não quis dizer nada disso, Remus... hm... Lupin!" acrescentou, vendo a cara de desagrado de Remus ante a intimidade forçada. "Apenas quis dizer que Sirius tem seus conceitos. Ele é totalmente diferente de você."

Remus já penteava o cabelo, pronto para sair do quarto.

"Olhe" continuou James ", você disse que você não é tão bonito e popular quanto eu, mas que era inteligente. Ora, as garotas gostam disso, de garotos inteligentes. E você é bonito... não que eu fique reparando, é claro, mas é o que certas garotas dizem."

Remus olhava incrédulo para Potter. Então James Potter achava que ele precisava de conselhos, consolos e estímulos? Furioso ele andou até a porta e abriu-a.

"Obrigado pelo consolo, Potter!" e saiu do dormitório, batendo forte a porta.

Remus descia a escada para o salão comunal quando notou uma aglomeração num canto. O salão estava particularmente cheio para um domingo de manhã. Aproximando-se da aglomeração viu Sirius discutindo com um veterano, que também era monitor. Remus se afastou. O que James falara ainda continuara na sua cabeça. Seria verdade que Sirius não suportava ele? Não, não era possível. Sirius era seu amigo, não era?

Sem perceber onde seus pés o levavam, Remus saiu da torre da grifinória e continuou andando, sem rumo, simplesmente pensando. De repente bateu com alguém e caiu de costas no chão, ouvindo gargalhadas.

"Ei, veja só, é a traça de livros!" disse uma voz aguda, fria e mortal. Remus, que massageava suas costas, parou subitamente e olhou para o garoto em quem batera: Lucius Malfoy. Sirius aprontara com ele fazia pouco tempo. "E então? Cadê seu dono, cachorrinho? Planejando algo realmente novo?"

Furioso, Remus levantou-se num só movimento, e atacou com um soco em Lucius. Não permitiria ninguém falar dele assim. Cachorrinho de Sirius? Será que ele não sabia o que era amizade?

"Ei, ei, o que está acontecendo aqui?"

Remus parou. Lucius abriu um grande sorriso. Sirius caminhava em direção aos dois, enquanto sonserinos vinham atrás de Lucius.

"Então, você pára só porque ele mandou?" falou Lucius a Remus com desprezo, apontando para Sirius. "Que belo cachorrinho, Sirius" completou para Sirius.

Sirius apertou as mãos, mas ignorou o sonserino e foi acudir Remus, que estava paralisado na mesma posição desde que ele chegara.

"Remus, rapaz, você está bem?" e olhou para os olhos dele. Estavam marejados de lágrimas de ódio. Furioso, Sirius se aproximou de Lucius, com a cabeça baixa. No momento que levantou a cabeça podia ver em sua face toda a expressão de fúria. "Suma daqui, Malfoy! Se você voltar a mexer com ele..."

"Ora, ora, protegendo seu cachorrinho?"

"Cachorrinho? CACHORRINHO? Se é isso que você pensa daqueles que andam com você, Remus não tem nada com isso. Ele é meu amigo, Malfoy, e por eles eu luto e morro. Desculpe por você não poder entender algo tão simples como isso!"

Remus ouviu aquela frase e se sentiu enormemente feliz. Sim, tinha um amigo. James tentara separá-los, mas não adiantava. Sirius podia ser o maior canalha, depravado, pervertido e bagunceiro, mas, se tratando de amigos, como ele mesmo disse, seria capaz de lutar e morrer. Com um sorriso na cara, Remus ficou ao lado de Sirius, que sorriu encabulado para ele.

Lucius se afastou com seus colegas, gargalhando. Os dois grifinórios ficaram parados, de cabeça baixa.

"Olhe" começou Sirius, levantando a cabeça ",sinto muito. Eu nunca considerei você como um cachorrinho."

Remus levantou a cabeça sorrindo. Ele balançou a cabeça afirmativamente.

"Eu sei, eu sei" respondeu alegremente. "Pode deixar, não pensei que Potter estava dizendo a verdade quando disse que você não estava me suportando..."

Sirius pareceu assustado, abrindo e fechando a boca. Remus estranhou e o olhou desconfiado.

"Ou eu posso ter me enganado..." completou.

Sirius o olhou triste.

"Sim, você se enganou, quero dizer, mais ou menos. Mas deixe-me explicar" disse rápido. "Aquele cara é realmente chato e começou a dizer que eu estava simplesmente usando uma amizade para meus próprios... negócios. Eu quero deixar claro que eu não estou fazendo isso..." ele continuava a falar rapidamente como se explicar para Remus fosse a coisa mais importante para ele.

"Tudo bem, eu entendo!" Remus respondeu simplesmente.

Sirius o olhou aliviado e agradecido.

"Obrigado, agora, que tal nós irmos comer? Eu estou faminto." Remus concordou com a cabeça e eles começaram a caminhar para o salão principal. "Você acredita que aquele monitorzinho veio me dizer que estou aprontando muito para um calouro? Eu acho que vou aprontar uma com ele..."

Remus gargalhou.

Remus puxava um Sirius sonolento, correndo. Já estavam atrasados para a primeira aula de segunda-feira, Transfiguração. O rapaz corria que nem um desesperado, olhando para Sirius, que insistia em atrasá-lo. Já fazia dois meses que podia-se ver esta cena repetindo-se todos os dias.

"Sirius, quer começar a correr?" perguntou raivoso.

Sirius, que comia sua torrada, sorriu.

"Pra quê? Você já está puxando meu braço direito com uma enorme força. Eu estou praticamente voando. Nem parece humano."

Remus parou assustado.

"O que você quer dizer com isso?" perguntou gélido.

"Hm? Que você é forte?"

"Ah" Remus abriu a porta da classe ", chegamos. Licença, professora."

A professora olhou feio para os dois garotos, mas murmurou um "entre". No mesmo momento Remus entrou, rápido, enquanto Sirius entrou no seu ritmo, cumprimentando todas as garotas com um beijo na face e os garotos com um aceno ou aperto de mão. Então parou, olhando para Remus, o lugar vazio ao lado dele e para seus vizinhos: James e Peter.

"Eu não vou sentar ai!" praticamente gritou, deixando a professora mais nervosa.

Remus olhou com desagrado para James e transferiu o para Sirius.

"Sr. Black, sente-se!" vocisferou a professora. "Eu quero continuar a minha aula."

Mas Sirius não parecia ouvir. Estava a ponto de expulsar outro aluno para se sentar. Percebendo isto e com muita raiva da infantilidade de Sirius, Remus lhe enviou um olhar indignado.

"Ora, francamente, Sirius Black! Se você não enrolasse tanto para levantar e se arrumar, se você não parasse a cada garota que passa por você, teríamos um lugar bem melhor agora! Agora, SENTE-SE, MERDA! EU QUERO VER ESTA AULA AINDA HOJE!"

Todos olhavam de Remus para Sirius. O primeiro sempre fora reservado, mas agora gritara com o garoto mais rebelde da escola. Todos pareciam querer ver a briga que resultaria, mas Sirius, com uma cara assustada e contrariada, sentou-se.

A aula se arrastou tanto para Remus quanto para Sirius. Para a dupla ao lado, James e Peter, tudo parecia cor de rosa. A cada cinco palavras que Potter falava cinco eram dirigidas para Sirius e Remus, todas sarcásticas. Remus tentava segurar um Sirius vermelho de raiva.

"Sr. Potter" perguntava a professora ", como você parece que está se dando muito bem com seu colega, o Sr. Black, eu acho que poderia te fazer uma pergunta?"

Sirius estremeceu ante a afirmação que ele e Potter tinham alguma ligação e Remus apertou o braço do amigo mais uma vez. James, por sua vez, levantou-se pomposo. Peter, que olhava a reação de Sirius, suspirou aliviado.

"É lógico, professora, você acha que eu me recusaria a responder uma pergunta sua?" respondeu solene, Olhando de Sirius para Remus irônico. Remus se encolheu, como se soubesse que algo não acabaria bem.

"Então, o que é preciso para uma perfeita transformação de uma almofada de alfinete para uma xícara?" perguntou a professora, andando de um lado ao outro.

James Potter forçou uma cara de intrigado, passou a mão nos cabelos despenteados, olhou para Sirius e Remus e respondeu.

"Ah, eu não sei, professora. Tenho certeza que meu querido colega Sirius vai saber" ele cruzou os braços com uma cara preocupada ", mas e se ele não souber? Bem, ai é só perguntar para o cachorrinho, ops" fingiu estar assustado, como se tivesse falado um palavrão. A professora tentou conter o que vinha a seguir em vão. "Quero dizer, o seu fiel escudeiro..." antes que James pudesse terminar a frase sentiu um forte soco na face, fazendo-o cair entre as mesas.

Remus ofegava atrás de Sirius, com os punhos fechados. Sirius tentava contê-lo.

"Ele bate bem, Black, você pode usá-lo nas suas brigas" James estava levantando-se com ajuda de Peter e da professora.

"Ora, seu..."

"Sr. Black, PARE!" a professora se interpôs entre as duplas. "Sr. Lupin, eu estou abismada com você. Eu não esperava algo menos que isto dos Srs. Potter e Black, mas você?" Remus recuou ante a crítica da professora, era isso que temia acontecer. Sirius odiou a professora neste momento. "Justo você, que devia agradecer estar aqui! Devia mostrar que merece estar aqui!"

Remus olhou para o chão, sentindo-se totalmente frustrado.

"Eu sei" respondeu saindo da sala.

Sirius olhou para Remus saindo e para a professora.

"O que a senhora quis dizer com...?" começou a perguntar.

"Se o senhor, que é amigo dele, não sabe, não sou eu que contarei, Sr. Black. Agora, vamos voltar à aula..." a professora falava ofegante, voltando para a frente da sala, enquanto Sirius recolhia suas coisas e as de Remus e saía da sala. "Sr. Black, Volte... ainda temos aula!" a professora o chamou três vezes, todas em vão.

Remus caminhava por Hogwarts. A prof. Minerva estava certa. O que ele estava fazendo? Já brigara duas vezes, sem falar que participara de algumas 'brincadeiras' com os alunos da Sonserina da autoria de Sirius. Pela segunda vez Remus se perguntou o que estava fazendo da sua vida escolar. E se a professora mandasse uma coruja para seus pais? Deborah não ficaria feliz com a situação. Tanto esforço para colocá-lo lá e ele colocaria tudo em risco? Até plantaram o salgueiro lutador para seu uso. Uma pessoa já se ferira e os pais pediram a retirada da árvore, mas Dumbledore apenas sorria e dizia: "Apenas mantenha seus filhos longe dela." Ao se lembrar disto, lembrou-se que, daqui a alguns dias, a estaria usando outra vez. Deu um longo suspiro.

"Remus, dá para parar?" gritara uma voz atrás dele.

Remus olhou para trás e viu Sirius, logo atrás dele estava Potter.

"Hm, Sirius, por que ele está atrás de você?" perguntou.

Sirius olhou para trás.

"O que você acha que está fazendo me seguindo?" perguntou friamente.

James deu seu melhor sorriso.

"Olha, sei que começamos muito mal. Eu sei, eu sei que eu forcei" completou olhando as caras furiosas dos dois garotos. "Eu quero compensar. Eu adoraria ser seu amigo Remus, hmm, você também Black."

Sirius o olhou desconfiado, Remus, por sua vez sorria.

"Você... vocês têm direito de dizer que não me querem por perto" continuou. "Mas, eu... eu gosto de ter amigos. Eu não tenho nenhum aqui, só Peter. Talvez meu sobrenome seja o motivo, não sei porquê, mas..."

Sirius bufou. Remus continuava sorrindo.

"Remus, você parece legal e..."

"Ora, eu não acredito no que eu estou ouvindo! James Potter, o poderoso, quer ser nosso amigo. Quer ser amigo do Idiota e seu fiel escudeiro? Seu pai sabe disto?" ironizou Sirius.

James olhou furioso para ele.

"Para a sua informação, Black, eu estou falando com Remus!"

"Já basta! Eu não vou ficar ouvindo isto!" Sirius pegou o braço de Remus e começou a puxá-lo na direção oposta de James. "Eu não sou obrigado a isso!"

Mas Remus empacou quando viraram uma esquina. Sirius olhou para ele, incrédulo.

"Você não quer ser amigo desta coisa, não é?" perguntou o rapaz de olhos azuis. "Você não seria bobo o bastante, né?"

"Sirius, você também iria querer ser amigo de qualquer pessoa se fosse eu, se tivesse meus problemas, se fosse..."

"Se fosse...?"

Remus balançou a cabeça.

"Ah, não, de novo, não! Sempre você fala que tem um problemão, mas nunca fala nada. Que problema é esse? É o fato de sua família ser muito doente? Todo mês você vai visitar algum parente doente. Não me diga que você tem alguma doença séria!"

"O ponto é: para alguém que nunca teve amigos, qualquer experiência vale a pena!"

Sirius o olhou bondosamente.

"Como você nunca teve amigos? Ah, sim, por que você fica sempre com um sorriso besta no rosto quando alguém fala que quer seu amigo. Mas, tudo bem, se você acha que aquela coisa pode ser um bom amigo... eu tentarei agüentá-lo!"

Remus sorriu e agradeceu.

Passaram-se um mês. Desde que as duplas se juntaram nenhum aluno da Sonserina teve sossego, eram todos os dias que um caía numa brincadeira do novo quarteto da grifinória: Remus, James, Sirius e Peter. A primeira semana foi um sacrifício, um atestado de suicídiu para Remus e Peter. James e Sirius pareciam que nunca se entenderiam, mas logo notaram um ponto em comum: adoravam jogar bombas de bostas nos sonserinos! Desde então, tornaram-se amigos inseparáveis.

Por vezes Remus se sentia afastado por Sirius desde a união, mas não podia reclamar, afinal, fora ele que incentivara a amizade deles. Sempre que pensava que Sirius estava se afastando, o moreno, parecendo ler sua mente, puxava uma conversa com Remus, só os dois, como tempos não tão longes.

Com muito alivio, os sonserinos viram o natal chegar, junto com ele as viagens para casa. Passariam alguns dias sem se preocuparem em não serem pegos nas brincadeiras do quarteto. Tamanha a fama que eles ganharam que os próprios sonserinos o apelidaram de "os encrenqueiros da grifinória", mas as meninas da Corvinal, entre risinhos, declararam que o nome do quarteto seria "Os Marotos da Grifinória", e assim ficou. Remus foi o escolhido para agradecer às corvinais, que responderam com mais risinhos para Remus e o puxaram para conversas que o vez corar várias vezes.

Remus olhou para o céu, tristonho. Era noite de lua cheia. Em pleno natal! O garoto continuou a andar pelo jardim sozinho. Sirius, James e Peter estavam no salão principal. Os dois primeiros estavam aprontando com os sonserinos que resolveram ficar em Hogwarts, e o último estava se esbanjando em comida. Assim Remus conseguiu um pouco de paz e fora caminhar no jardim.

Uma fina garoa caía. Os alunos que estavam no jardim começaram a se abrigar dentro do castelo, Remus, porém, ficou lá, olhando para o céu.

"Ei, você não tem nada para me contar?"

Remus olhou para Sirius com uma expressão intrigada. Do que ele estava falando? O que ele precisava contar...? Remus ficou pálido. Não era possível, ele não poderia ter descoberto.

"Sim, eu descobri."

Remus sobressaltou-se.

"Do que está falando?" perguntou nervoso.

Sirius o olhou com desprezo e o respondeu com o mesmo.

"Eu vi. Eu vi você indo para seu esconderijo..." Sirius observou Remus arregalar os olhos. "Eu vi a enfermeira te levando" Remus olhava de Sirius para o chão. "Não é muito difícil saber o resto, não é? Eu já estava desconfiado, mas achei que você me contaria... se você fosse..."

"Muito bem, você viu" falou com frieza. "Se você fez jus a sua inteligência já descobriu o que eu sou. O que fará agora? Contará a todos?"

"Não disse que faria isso!" respondeu furioso. "Apenas pensei que você poderia ter me contado."

"Certo, você está certo. Eu chegaria e falaria: 'oi, Sirius, eu sou lobisomem'. Qual seria sua reação?"

Sirius o olhou magoado.

"Eu ficaria ao seu lado, Remus. Eu fiquei até agora, por que isso mudaria algo?"

Remus o ignorou.

"Aposto que James e Peter já sabem. Não, você deve ter contado ao seu novo amiguinho, não é?" Remus falava rapidamente, nervoso.

"Ele estava comigo quando eu te vi. Na hora a verdade veio na minha cabeça. James já tinha declarado que tinha algo errado nas suas ausências, e, se eu te visse, não demoraria o que eu demorei para descobrir" vendo a impaciência de Remus, que cruzara os braços e começara a bater os dedos, ele resolveu simplesmente responder a pergunta dele. "Ele não viu, eu não contei. Eu te encobri. Mas eu não gosto da forma irônica que você coloca na minha amizade com James, foi você que me empurrou para ele, se lembra?"

Remus descruzou os braços, soltando-os molemente.

"Sim, eu fiz isso, Sirius. Mas eu..." ficou mudo.

"Eu fiquei furioso, mas depois pensei porque você não falaria nada para mim. Cheguei à conclusão que você não confia em mim, acertei?"

Remus virou-se e começou a andar em direção ao castelo.

"Não, não acertou. Eu não te contei por que tive medo de que você simplesmente me deixaria de lado" e entrou no castelo.

Sirius ficou um tempo mais na chuva e só entrou quando James fora chamá-lo, quando a chuva se tornara uma tempestade.

Os dias passaram lentamente. Uma tensão pairava entra Sirius e Remus, até que o segundo resolveu se afastar do grupo. Começou a ser o primeiro a sair do dormitório e o último a voltar. James e Peter notaram, todo mundo de Hogwarts notou, mas quando eram questionados, os dois simplesmente fugiam do assunto. Os marotos começaram a procurá-lo no salão principal, o que obrigou Remus a se abrigar com as garotas da corvinal.

Sirius fingia que não ligava, mas, por dentro, estava muito preocupado, se culpando pela separação de Remus do grupo. Até que resolveu que tinha que dar um jeito na situação que criara, mas sem machucar o próprio orgulho.

Mais um dia começava e Remus estava no salão principal, na mesa da Corvinal. Sirius aproximou com uma expressão séria e furiosa.

"Então, você não quer mais falar com seus amigos?" perguntou alto e claro, para todos ouvirem.

Remus deu um salto na cadeira e olhou para Sirius. James e Peter corriam da mesa da Grifinória para a da Corvinal, conter Sirius.

"O que foi? Não vai responder? Quem você acha que é?"

Remus o fitava espantado.

"Não me olhe assim, agora vamos acabar com essa palhaçada. Vamos para a mesa da Grifinória" e pegou o braço de Remus, forçando-o a levantar. James e Peter estavam atrás de Sirius.

"Deixe-o, Sirius" falava Peter.

"Vamos, Sirius, deixe-o, o que quer fazer, heim? O que quer provar?" gritava James.

"ORA, CALA A BOCA, JAMES! ISTO NÃO É DA SUA CONTA" Sirius virou-se para Remus. "Olhe aqui você..." mas parou de falar, não acreditando no que via. Remus ria baixinho. "Do que está rindo?"

"Boa tentativa, Sirius" respondeu risonho.

"O quê?"

"Tentativa de pedir desculpas sem ferir seu enorme orgulho. Não seria mais fácil perguntar: 'me desculpa, Remus?'" continuou irônico.

Sirius o olhava surpreso e admirado.

"Me desculpa, Remus?" perguntou divertido e irônico.

O olhar de Remus mostrou vitória e frieza.

"Não!" e saiu do salão principal. Os sonserinos gargalhavam.

"Ora, eu não fiz nada de errado! Por que eu tinha que pedir desculpas? Eu caí na armadilha daquele..."

Sirius andava de um lado para o outro, gesticulando e fazendo caretas.

"Tudo porque eu sei sobre... aquilo! Eu não entendo aquele..." e socou a parede.

James e Peter, que estavam o olhando, se afastaram um pouco mais.

"Pare de andar, Sirius, está me deixando tonto" Peter se jogou na cama, massageando os olhos.

James estava pensativo.

"Sobre o que você está falando?" perguntou james, ainda pensativo.

Sirius parou. Sua vontade era contar tudo, só para se vingar de Remus. Mas ainda queria ter a amizade do garoto. Sentia a falta dele.

"Nada" respondeu se jogando na cama.

"Ah, certo. Não achei que fosse contar mesmo" disse meio irritado. "Eu andei pensando o porquê Remus some todo mês..."

"Ele não some" interrompeu Sirius ", ele vai visitar os parentes doentes."

"É" concordou Peter.

"Ah, certo. Você não acreditam nisso, não é? Ora, pensem um pouco, quais são as probabilidades de um membro da família adoecer todo o mês?" ele se levantou e começou a gesticular, como Sirius. Ele fez cara de terror e falou baixinho. "E sempre em dias de lua cheia."

Sirius se levantou bravo e agarrou James pela gola da camisa.

"O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ISSO? QUE ELE É LOBISSOMEM? NUNCA VI ALGO MAIS ABSURDO..!"

A porta abriu-se e Remus entrou, pálido. Sirius largou James e sustentou o olhar assustado de Remus. Remus andou até a cama e se jogou nela.

"Então é isso que vocês falam na minha ausência? Vocês querem tanto saber porque eu me ausento todos os meses? Pode falar para eles, Sirius! Por que eu sempre sumo na lua cheia!" e fechou a cortina.

James estava imóvel, como se estivesse vendo tudo pela primeira vez. Peter, que estava perto da cama de Remus, deu um salto no momento que ele fechou a cortina e estava no chão, sentado. Sirius balançava a cabeça, confuso. Sentou-se na sua cama e ficou movendo-se para frente e para trás, nervoso.

"Sobre o que você achou que eu tinha pensado..." James começou, saindo de seu transe.

Mas Sirius fitou-o tristonho.

"Eu, eu sinto muito, James" e saiu do quarto.

James o seguiu, assim como Peter. Ninguém queria ficar perto de Remus, não quando ele estivesse irritado.

Sirius descia a escada rapidamente com James logo atrás dele. Ele o alcançou no final da escada, já no salão comunal, puxando seu braço. Sirius virou-se.

"O que há, Siruis? Acha que ainda não percebi?" James falou raivoso. Todos do salão calaram-se e olharam esperançosos para a dupla. Há muito tempo o salão não era balançado com uma briga entre eles, o que o deixara um tanto silencioso. James continuava a falar. "Acha que eu sou tonto? E, agora mesmo, você me mostrou que eu estava certo!"

Sirius olhava furioso para James, mas, para ganhar tempo e não falar besteira, virou-se para todos no salão comunal.

"O QUE VOCÊS ESTÃO OLHANDO? NÃO TÊM DEVERES PARA FAZEREM?" e virou-se para James. "Sim, você deve ter acertado." Não tinha como esconder de James agora, e Remus disse que podia, não é? Ele se livrou das mãos de James e o puxou para um canto. "Sim, ele é um lobisomem."

"QUÊ?"

"O quê?"

Sirius fitou James. Ele não tinha descoberto? James recuava incrédulo. De repente ele balançou a cabeça e voltou.

"Bem, eu, eu estava certo, então. Remus confiou só a você o segredo dele. Quem mais sabe?" perguntou.

"Só eu e você."

James passou o braço pelos ombros de Sirius, com um sorriso maroto nos lábios.

"Sirius, Sirius, Sirius, estou tendo idéias incríveis!"

Era uma das piores reuniões que eles tiveram, pelo menos começara com esta impressão. Remus estava impassível encostado na janela de costas, mas olhando através dela. Peter estava sentado na mesa redonda, assim como Sirius. Ele estava aparentemente normal, mas olhava de relance para Remus e sentia a espinha arder. Tinha medo do que James aprontaria. James chegou na sala alegremente e com um monte de livros nos braços.

"Bem, todos vieram" disse sorridente. "Então podemos começar. Sirius me ajude aqui." Sirius levantou-se mais nervoso, pegou a pilha de livros e colocou na mesa. "Obrigado, Sirius. Agora, está aberta a reunião extraordinária dos Marotos. Vocês devem estar pensando o porquê desta reunião." Remus moveu-se. "Bem, quando criamos Os Marotos pensamos que seriamos amigos e que não teríamos segredos uns com os outros. Me corrijam se estiver errado, por favor." Ninguém falou nada. Remus bufou. "Porém descobrimos que alguém aqui não nos falou algo importantíssimo, não é Remus?"

Remus olhou astutamente para James. Desde que recebera a carta convocando a reunião dos Marotos sabia sobre o que falaria.

"Por que não vai direto ao ponto, Potter?"

"Se você quer assim. Bem Peter, você é o único que ainda não sabe. Remus é um lobisomem."

A reação de Peter não foi menos do que eles esperavam. Num sobressalto ele caiu de bunda, aos pés de Remus. Ao notar sua proximidade com o lobisomem, ele correu para trás de Sirius e james. Remus olhava atentamente para o céu, mas sabia muito bem qual fora a reação de Peter.

Sirius bufou forte.

"Sua reação é um exagero, Peter. Remus nunca atacou ninguém..." Sirius foi cortado por Peter, que guinchou alta e agudamente. "CALA A BOCA" gritou tapando a boca do amigo ", quer que Filch saiba que estamos aqui?"

Peter fez negativa com a cabeça e Sirius o largou. James fitava Remus atenciosamente. Este só fitava a lua.

"Quando Sirius contou-me sobre esse seu... problema, eu tive uma idéia. Ela te ajudará, e a todos nós" acrescentou rapidamente, depois de Remus fitá-lo furioso.

"Talvez, talvez você, Potter, e Sirius acham que eu sou digno de pena, que preciso de ajuda de vocês. Mas eu não preciso" Remus falava raivoso. "Não preciso de seus planos malucos" e abriu e fez menção de fechar a porta, mas Sirius segurou seu pulso. Remus olhou para o pulso e depois para Sirius.

"Ouça o que ele quer dizer" Sirius suplicava baixo ", por favor, não custa nada..."

Remus hesitou por alguns segundos e, então fechou a porta com a mão que estava livre. Sirius sorriu para ele e o soltou.

"Ótimo, ótimo!" continuava James. "Agora, deixe-me falar. Pense, Remus, deve ser terrível para você se transformar num lobisomem e ficar se mordendo e estas coisas" Peter estremeceu " e nós não poderemos ajudá-lo humanos, pois é de natureza lupina os lobisomens atacarem humanos. Então, como poderíamos ficar com você na noites de lua cheia?"

"Nos tornando animais..." Sirius balbuciou.

"Sim, meu amigo, e como se transforma em animais?"

"Animagos!" Remus respondeu assustado. "A professora falou um dia sobre isso. Mas nós nem podemos sonhar com isso. Somos do primeiro ano."

James apontou o monte de livros.

"Ali está a solução! Andei surrupiando alguns livros da biblioteca."

Sirius, excitado, começou a folhear os livros.

"Isto é fantástico, James..." murmurou.

Remus olhou para o monte e começou a folhear um livro, pensativo.

"Então" começou nervoso ", vocês não se importam de eu ser... o que sou?"

Sirius segurou os ombros de Remus e o chocalhou.

"É lógico que não!"

"Isto aí!" respondeu James confiante.

Peter afirmou com a cabeça.

"Só uma coisa" Sirius interrompeu ", peça perdão por me humilhar no salão principal, Remus!"

"Vá-So-nhan-do!"