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Behind the Cameras

Capítulo I – What Feelings…?

Por Akai Tenshi

Mudou de posição pela oitava vez em seis minutos. Mais um dia que não conseguia dormir. Havia se mudado para esse apartamento há dez dias. Era tranqüilo ali, ainda não conhecia muita gente, mas os vizinhos pareciam calmos e legais. Motivo da mudança? Esse prédio era perto do hospital particular onde trabalhava, além de ser mais confortável que o antigo e ter algo que apreciava muito: dois apartamentos por andar. Assim, não se sentia tão sufocado por pessoas e a movimentação era menor. Estava morando no 11º andar, perfeito para ver a cidade e ter um ar mais fresco.

Há três noites não conseguia dormir direito. Insônia? Talvez. Cansaço do trabalho? Poderia ser também. Mas, exatamente há três noites, enquanto voltava do trabalho, na entrada do prédio, esbarrou com um homem, alto, usando trajes escuros. Ele estava saindo do edifício com um acompanhante, também em trajes escuros. Não viu sua face e nem sequer teve tempo de pedir desculpas, pois o homem se levantou rapidamente e foi embora.

Tudo bem, o cara podia ser um conhecido de alguém ou mesmo um morador do prédio, mas por que isso o incomodava? Era o mesmo pensamento que tinha sobre seu vizinho da frente. Nesse meio tempo que estava morando ali, só o vira umas duas vezes, e de costas. Também não vira seu rosto. Gostaria de ter falado com ele, mas nessas duas vezes que o vira, já era tarde da noite e estava muito cansado.

E para seu incômodo maior, às vezes quando estava de folga, batia na porta dele. Mas ele nunca atendia, não sabia se era porque não gostava de visitas ou se passava o dia inteiro fora.

Na noite anterior, ouvira sons vindos do apartamento em frente. Também não entendia por que ficou espantando. Morava alguém ali sim. É normal fazer barulho, ligar o aparelho de som ou a televisão. Sempre passava ali na frente e ficava observando a porta durante um tampo, sempre fora silencioso... talvez por isso tenha se assustado.

Sim, mas não estava espionando a vida particular de seu vizinho, só queria saber se havia algum problema e se poderia ajudar. E na última vez que havia passado pela porta, pensou ter ouvido duas pessoas conversando, não compreendeu as palavras, só escutou o som, talvez fosse outro idioma, ou então estavam sussurrando. E ainda, ouviu uma terceira voz, mas esta parecia estar grunhindo.

Estes acontecimentos dos últimos três dias, não saíam de sua cabeça. Tá, não tinha nada que se intrometer na vida do outros! Tudo o que queria agora, era tentar dormir sossegado, pois um longo dia o aguardava...

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- Bom dia Dr. Granger! – disse Mariah, sua assistente.

- Bom... – bocejou, colocando sua mão na frente da boca – Me traga um café, por favor, ou melhor, dois copos! – disse entrando em sua sala e batendo a porta.

- Sim... – respondeu meio sem jeito, em direção a porta fechada – "Nossa... ai ai...hoje é dia..."

A moça fez seu caminho até a cantina do hospital. Enquanto preparava os dois copos de café, algo quente tocou em seus ombros, fazendo-a dar um pulo e gritar.

- Calma Mariah... – disse sorridente.

- Ray! Max! Vocês querem me matar do coração é? O que vocês estão fazendo aqui? – disse irritada.

- Foi mal... – o loiro se desculpou – O Tyson já chegou?

- O querem com ele?

- Mariah, isso é pergunta que se faça?

- Ray, ele está em horário de trabalho agora, caso você ainda não saiba.

- Ok, ok! Isso aí é para ele? – apontou para os copos – Deixa que a gente leva. – nem ao menos deixou a moça responder.

Ray pegou os copos e foram em direção à sala do amigo.

- Espero que não brigue comigo depois. – disse para si, indo atrás dos dois.

- Tyson... – falaram juntos da porta escancarada.

- O que? – disse olhando os amigos.

- Credo, que cara é essa? Parece que não dorme há dias. – concluiu o loiro.

- Quem sabe...

- Mariah mandou isso aqui para você. – Ray colocou os dois copos sobre a mesa.

- Não diga... – disse sem graça – Mas me digam, o que estão fazendo por aqui?

- Bom... – começou o loiro – Tem algum compromisso para hoje à noite?

- Não.

- Beleza! Então você vem com a gente...

- Para onde Max? – perguntou confuso.

- Cinema! Vai estrear um filme novo hoje.

- Que filme?

- "Silence – Break Dawn" – disse o loiro, ainda animado.

- "Silence – Break Dawn" – repetiu – Já ouvi falar sobre ele, parece interessante.

- Então, vamos? – disse Ray convidativo

- Mas hoje se hoje é estréia, vai ter gente demais...

- Bobagem, não seja por isso! – Ray tirou de seu casaco alguns papéis – Esses aqui... são convites para o filme.

- C-convites? – espantou-se, se levantando rapidamente – Como conseguiram?

- Foi a mãe do Max! Temos cinco convites.

- A sessão é às 21h00min, vê se não chega atrasado... – disse o loiro já na porta.

- Tchau Tyson, até mais tarde...

E os dois saíram, deixando Tyson boquiaberto, e sem ter respondido. Logo em seguida, Mariah adentra a sala, com um largo sorriso no rosto.

- Tyson, nem adianta dizer não! Vamos todos nós, vai ser bom para relaxar. Soube que ontem você ficou cuidando dos feridos do acidente. Deve ter sido estressante.

- Nem me lembre, e aqui, por favor, me chame de 'Dr. Tyson', estamos em trablho. Agora, se me der licença... tem algum paciente para hoje?

- Como quiser Doutor. "Que mau-humor, nossa...". Não, nenhum... – disse fechando a porta e saindo.

Tyson pegou o seu convite que estava em cima da mesa, e começou a ler. O convite era do tamanho de um envelope, feito em folha de aspecto envelhecido, com letras douradas, e duas rosas vermelhas estampadas no canto, como se estivessem sangrando.

"Silence – Break Dawn

Quando o sol vermelho pisa no chão, e a lua prateada sob aos céus, silêncio toma conta do terror atrás de sua face verdadeira ...

Convidado Especial – válido somente para uma pessoa."

- Atenção! Dr. Tyson Granger comparecer à emergência! Dr. Tyson Granger comparecer à emergência!

- Ai, era só o que faltava...

Apesar de reclamar, gostava do trabalho que tinha. Se não gostasse, seria um médico frustrado.

"Silence..." – sacudiu a cabeça – "Mas o que estou pensando...? Tenho que trabalhar..."

Seu corpo poderia estar ali, seu físico, sua materialização... mas sua mente, seus pensamentos estavam fugindo, se afastando... Não conseguia se concentrar direito, não parava de pensar, e nem sabia ao certo no que estava pensando, apenas sabia que isso o atormentava.

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Estava em cima da hora. Era quase nove, e só agora estava virando a esquina do cinema. Com muito custo, conseguiu estacionar o carro, quase não havia vagas, o estacionamento lotado. Saiu correndo em direção à enorme fila, cheia de pessoas, desesperadas para ver o filme.

"Estréia... hnf"

Olhou o comprimento da fila, procurando por seus amigos. Até que finalmente, viu uma massa loira, na porta de entrada, acompanhado de uma garota de cabelos rosa, um de cabelos negros e um com cabelos castanhos. Todos estavam conversando, aparentemente, ainda não havia sido liberada a entrada.

"Lá estão... cheguei a tempo..."

- Oi pessoal... – acenou, enquanto se aproximava – Demorei muito? – sorriu.

- Milagre Tyson! Chegou a tempo! – disse Mariah.

- Tyson... – disse Kenny – quando você vai nos apresentar sua casa nova?

- Bom... er... assim que terminar de arrumar...

- Então, via ficar por lá mesmo? – indagou Ray.

- Sim... definitivamente. Vou parar de ficar mudando sempre...

- Ah, isso é bom... – disse Max – Ei gente, vão abrir! – afirmou animado.

Eles foram os primeiros a entrar. Adentraram um corredor que estava decorado com pôsteres do filme. Tyson parou frente a um pôster todo preto, para vê-lo detalhadamente. No topo, escrito em branco "Silence" e logo abaixo, o nome do ator principal "Kai Hiwatari".

"Kai Hiwatari...?" – se perguntou – "Não me recordo dele..."

No meio do pôster, a imagem de um homem sentado, sua perna esquerda estava encostada em seu tórax, e a outra apoiada no chão. O braço esquerdo jazia por cima da perna levantada e a mão direita tocava o pé esquerdo. A cabeça levemente erguida olhando para o lado esquerdo. Olhos vermelhos bem abertos, a franja cinzenta caía um pouco sobre seu rosto. Usava uma calça negra e estava sem camisa, mostrando seu corpo escultural.

O moreno parecia hipnotizado por aquela imagem...

"Kai Hiwatari... seria ele? Parece um deus... tão sexy..." – Tyson ficou vermelho – "Mas que diabos eu tô pensando...?"

- Tyson! Tyson! – gritou Ray – Vamos logo, o que você está fazendo?

- Aaah... não, nada! – tremeu frente ao susto – Er... vamos?

- Você está estranho, o que foi? Por que está vermelho? Tá doente?

- Nada não, esquece... – disse sem graça.

- Ok, se você diz.

Um longo filme teve início. Duas horas e meia de duração. E a cada minuto do filme, Tyson prestava atenção nos mínimos detalhes. Observou cada movimento, cada atuação do protagonista.

Depois que o filme acabou, Tyson foi literalmente puxado para fora por seus amigos. Se o cine exibisse os extras, com certeza ficaria para ver, ou melhor, ver Kai. Momentos depois, comentaram o filme em uma lanchonete. O dia seguinte seria sábado, mesmo assim, Tyson não teria descanso, e Mariah também não. A garota e Kenny foram embora junto com Ray, enquanto que Tyson havia oferecido ao loiro uma carona.

- Max... – falou sem tirar os olhos da pista – O protagonista... Kai Hiwatari, não?

O amigo assentiu.

- Ele é muito famoso, é? Não me lembro de outros filmes dele...

"Que bicho mordeu Tyson...?" – pensou antes de responder – É famoso sim... – começou a contar sobre algumas coisas.

- Entendo...

- Tá assim de fãs atrás dele, tanto homens como mulheres.

- Eh..? Também pudera...

- Hum? Não entendo esse seu interesse repentino.

- Deixa pra lá... bom seu ponto é aqui...

- Ah... é sim... – confirmou olhando para o portão de sua casa – Valeu pela carona, tchau, até logo.

- Até..

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Ao entrar no prédio, Tyson caminhou até o elevador. Chegara um minuto tarde, pois a porta acabara de fechar. Agora teria que esperar. Antes da porta se fechar, avistou uma pessoa, lhe parecia familiar... Sua mente tinha quase certeza de que era a mesma pessoa com quem havia esbarrado há algumas noites.

"Ele foi para o 11º andar...?" – ficou intrigado ao ver aonde o elevador tinha parado.

Segundos depois, já estava entrando no elevador. Olhando para o salão, notou que uma pessoa vinha apressadamente nessa direção. Ficou segurando a porta do elevador até que entrasse. Tyson o observou discretamente, ele trajava um sobretudo e um chapéu marrom escuro.

- Com licença... – começou – Você vai para que andar?

O rapaz não respondeu. Apenas olhava fixamente para baixo. Tyson achou estranho.

"Bom... melhor deixar de lado..."

Pareceu uma eternidade estar dentro daquele elevador, sem conversar com a pessoa que estava ao seu lado. Finalmente parou no 11º andar, assim que a porta se abriu, o rapaz de aparência fria saiu imediatamente. O moreno percebeu que ele andava cambaleante, e se alarmou quando viu que no chão se formava um rastro de sangue escarlate. Sem pensar duas vezes, foi atrás dele. O jovem perdeu o equilíbrio e se apoiou na parede, sorte sua, já estava ao lado da porta.

Tyson o alcançou, amparando-o e o ajudando se erguer. O jovem ainda meio curvado, tentando abrir a porta de seu apartamento.

- Você está bem? – perguntou preocupado – Você é o meu vizinho, não é? Olha, eu sou médico, posso te ajudar... – Tyson não conseguia ver seu rosto, pois sua franja cobria a face.

O moreno continuou sem respostas. O rapaz nada disse, apenas fez um esforço e empurrou Tyson, livrando-se de seu toque. Tyson se assustou. Conseguira destrancar a porta e entrou rapidamente, deixando ali de queixo caído, um Tyson preocupado.

Inconformado com isso, Tyson começou a bater na porta fortemente. Não desistiria assim tão fácil, afinal, ele é médico, e havia alguém do outro lado da porta precisando de ajuda. Continuou a bater. Nada. Tyson poderia chutar a porta, mas isso seria invasão de domicílio. O moreno ia bater mais uma vez, mas deteve-se ao ver porta abrir-se alguns centímetros. Tyson só conseguia ver a sombra do corpo ali naquela fresta e um par de esferas azul-oceano.

- Desculpe-me... – gelou, aquele olhar era frio – Bom...é que...

- Vá embora! – frio e seco – O que faz aqui? Não temos tempo para vendedores de porta. – bateu a porta na cara de Tyson.

- H-hein...? – o moreno estava confuso.

"Temos?" – indagou – "Então... não está só...Vendedor de porta? Quem ele pensa que é..?" – irritou-se.

Tyson olhou suas mãos. Manchadas com sangue, no chão uma pequena poça, olhou a porta, a marca das mãos sujas com aquele sangue tão vermelho.

Entrou em seu apartamento. Quanto mistério, poderia até escrever um livro 'Meu vizinho do 118". Será que para conhecê-lo teria que tomar medidas como perguntando ao síndico? Essa seria sua última opção. Depois de um bom banho, foi pesquisar na internet sobre o ator 'Kai Hiwatari'. Qualquer site que falasse sobre ele, Tyson já abria a página... de repente sentiu uma necessidade de saber sobre ele.

"Não acredito que estou agindo como um fã... ou melhor, por que estou tão obcecado...?"

Tyson não parava se perguntar coisas assim. Tudo bem, era um ator bonito, jovem, talentoso, famoso... Mas por que diabos..? Isso já o estava corroendo, e é porque começou tão repentinamente há algumas horas.

- Que idiota eu sou... – disse ao ler a ficha de um site sobre Kai – Já vi a estes filmes... sou tão lerdo que nem percebo esses artistas.

"Claro... em nenhum outro filme estivera tão magnífico quanto o último..." – seu consciente não parava de procurar essas respostas.

- Hum...25 anos...um ano mais velho que eu... – suspirou e continuou a ler a ficha – Solteiro... de acordo com dados nunca se envolveu amorosamente com ninguém... Nossa, como isso é possível...? Ele deve se achar bom de demais... Nacionalidade: russo...

Ficou mais um tempo pesquisando, e logo já tinha uma ficha completa. Havia criado uma pasta com todas as fotos que conseguia encontrar. A palavra mais correta a se aplicar nesse caso é "obsessão". Tyson estava virando um fanático obcecado. Olhou o relógio, marcava 01h00min.

- Meu Deus... já? O quê que estou fazendo? – disse em choque – Amanhã tenho que estar no trabalho às 06h30min...

Levantou-se às pressas, foi ao quarto arrumar seu material. Depois de arrumar sua bolsa, começou a juntar a roupa que usaria no dia seguinte.

- Onde está... – procurou embaixo da cama, no criado-mudo – Cadê o meu crachá... onde eu pus...?

Procurou por todos os cantos do quarto, dentro das gavetas, roupas, cômodas. Tudo. Mas não encontrava em lugar nenhum.

- Preciso achar...

Estava feito um louco atrás desse crachá.

- Será que está no carro...? Mas estava no bolso do meu jaleco... só se... – como a pensar com calma – Pode ter caído... quando aquele rapaz me empurrou...

Era a única alternativa que conseguia pensar... imediatamente dirigiu-se para a porta de seu vizinho. Avistou, colado no rodapé, um pequeno cartão branco.

"Ah...lá está..." – aproximou-se do objeto.

Agachou-se para juntá-lo, seu ouvido encostou-se à porta ligeiramente. Nesse breve momento, Tyson ouviu gritos e gemidos, não eram tão altos, os gritos era de uma altura baixa, como se a voz estivesse definhando, também ouviu uma espécie de briga, ou conversa... Não sabia, só conseguia ouvir metade de algumas palavras entrecortadas, não conseguia decifrar. Logo veio uma risada que lhe pareceu bem sarcástica. O impulso de Tyson era derrubar essa e saber o que se passava. Mas... não tinha nada a ver com isso, vai que é só um desentendimento entre casal ou uma noite de "amor", e além do que, nem ao menos conhecia seu vizinho.

"Que idéia... melhor eu ir dormir..."

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Terminou de retalhar a última parte de sua roupa: a cueca. Utilizou uma tesoura para fazer isso, enquanto rasgava suas roupas, fez questão de perfurar a carne tenra com sua ponta, não se importando com os locais.

Logo, vários furos cobriam seu corpo, derramando sangue. Uma de suas articulações foi perfurada com bastante vigor, como se seu algoz não quisesse que se mexesse de maneira nenhuma. A dor era insuportável, não conseguia mover um músculo sequer.

- Então Kai... – sorriu maldosamente, colocando o pé pesadamente sobre o estômago nu do jovem.

- Vá para o inferno... mas acho que nem no inferno vão te suportar... – rangeu entre dentes, sentindo dor.

- Ah é...? Que boca suja o meu neto tem! Aquela vadia da sua mãe não lhe ensinou bons modos, pelo que vejo...

- Vá se ferrar... Não ouse falar da minha mãe novamente... – tentou se levantar.

- Vai fazer o que? Você é um fraco perdedor... Será que esqueceu com quem está falando...? – sorriu maliciosamente, enquanto jogava mais peso sobre o corpo de Kai – Acho que não preciso te lembrar... ou melhor, você nunca vai me esquecer...

Kai grunhiu. Voltaire o chutou três vezes no meio do estômago, fazendo com que sangue saísse pelos cantos de sua boca. Seu corpo inteiro doía... Seus ferimentos eram profundos, os antigos nem haviam cicatrizado e já reabriram. Sentiu o seu corpo leve ser jogado contra a cama.

- Não me olhe com esse olhar perdedor...

Acertou-lhe um tapa em sua face, arranhando-a com um anel com a ponta de metal, que carregava em seu dedo. Um fio de sangue escuro escorreu de sua bochecha, pingando no seu corpo e manchando os lençóis.

- Não vai reagir, meu neto querido?

- Cale-se! – cuspiu a sua saliva misturada com sangue no rosto de seu avô.

- Maldito!

Voltaire se encheu de raiva, rapidamente retirou suas roupas e iniciou uma investida violenta, sem aquecimento e sem aviso prévio. Dessa vez, Kai não teve como se segurar, gritou, ao invadirem sua entrada. Estava morrendo de dor, aquilo era uma humilhação. A cada movimento de entrada e saída, o ataque se tornava mais rápido e violento, fazendo-o sangrar.

Num canto escuro do quarto o rapaz de olhos azuis assistia à cena. Ficava preocupado sim, mas já era tão normal. E também não podia fazer nada... Sentia-se mal ao ver seu amigo sofrendo assim. Observou as investidas cruéis de Voltaire, que agora havia saído de dentro do seu amigo e amarrado seus pulsos com um chicote.

- Tala...venha aqui! – ordenou friamente.

O ruivo sentiu um frio percorrer sua espinha. Aproximou-se da cama bem devagar.

- S-senhor?

- Chupe! – disse seco.

- O-o que...?

Voltaire segurava o membro pulsante de Kai, apertava-o, causando ao seu neto espasmos de dor. Tala petrificou.

"Não posso... não posso fazer isso..."

- Vamos! Chupe, agora! – o velho se alterou.

Tala continuou sem se mover.

- Já que você não vai por bem, vai por mal.

Irritado com a "desobediência" muda do ruivo, com uma das mãos, Voltaire empurrou sua cabeça em direção à parte mais íntima de Kai. Tala desviou sua cabeça alguns centímetros. Mas Voltaire forçou sua cabeça novamente, já colada ao alvo, o velho puxou o pênis de Kai e o introduziu forçadamente dentro da boca do ruivo. Kai gritou em dor, e Tala, deixara escapar uma lágrima de agonia. Poucos segundos, e Tala já babava sobre seu órgão. Quanto desgosto e humilhação ao mesmo tempo. Se, ser seu amigo significava ser obrigado a fazer o que estava fazendo, então, não queria pensar se fosse o contrário.

"Me perdoe Kai..."

- Vamos Tala, seja bonzinho, chupe...

O velho robusto era um sádico incomparável, se excitava fazendo seu neto sofrer, e adorava ver o tão puro Tala ser obrigado a fazer tal ação com o melhor amigo. Olhou o relógio, passava das três da manhã. Era hora de ir, afinal, seu precioso "brinquedo" também precisava descansar.

- Já chega Tala! – afastou-o com um tapa.

Tala correu para frente do guarda-roupa. Já tinha feito isso outras vezes, mas odiava tudo isso, nunca se acostumaria com essa idéia de ele e Kai estarem submissos àquele velho repugnante.

- Kai... você curtiu a noite de hoje...? – perguntou como se nada tivesse acontecido.

Kai encontrava-se tão fraco que só conseguia gemer. Seu avô sentou-se ao seu lado, e o pôs em seu colo, começou a acariciar seu peito nu e sujo, arranhava-o, deixando cinco linhas vermelhas pela extensão de seu tórax. Voltaire pousou seus lábios em seu pescoço, mordendo-o de leve e o beijando.

- Tenho que ir, meu neto querido... – pôs sua mão na gaveta do criado-mudo, procurando por algo – Mas antes... – puxou sua mão de volta, trazendo um pequeno objeto.

Tala já sabia do que se tratava. Na mão de Voltaire, uma seringa, completamente cheia com um líquido roxo. Num movimento instantâneo, o velho introduziu a agulha numa de suas coxas carnosas, perfurando a pele pálida. Kai gemeu frente à pontada repentina. Em seguida, foi descendo a ampola, até que tivesse injetado todo o conteúdo.

- Tenham uma boa noite!

Voltaire abandonou o apartamento, deixando para trás dois rapazes sofridos. Assim que ouviu a porta principal bater, o ruivo correu até Kai. Soltou o chicote que o prendia. Seus braços penderam dormentes. Os pulsos já tinham começado a sangrar.

- Kai...? – falou baixo – Kai...?

O ruivo o balançou. Nada.

"Acho que... desmaiou... melhor assim..."

Tala o cobriu com um lençol leve e deitou-se ao seu lado. Sempre o pior era o dia seguinte.

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O ruivo acordou com um barulho estranho vindo do lado oposto da cama. Sentou-se rapidamente. Olhou para o lado onde Kai deveria estar dormindo.

- KAI! Por deuses... – logo percebeu o que se passava.

Com uma das mãos Tala segurou a testa de Kai, que ardia em febre. A outra mão serviu de apoio para seu corpo enquanto o russo vomitava bile misturada com sangue. Kai tossiu forte várias vezes, seu estômago doía, parecia que ia vomitar todos os seus órgãos.

- Vai ficar tudo bem Kai, ok? – dizia numa tentativa inútil de confortá-lo.

Kai terminara de vomitar. Tala limpara seu rosto com um pano úmido, com cuidado para não tocar nas feridas inchadas. Em seguida, buscou por um blusão negro e vestiu Kai com ele.

- Vamos Kai... você precisa vir... – disse erguendo-o.

Tala o apoiou no ombro, e começou a caminhar devagar para fora do apartamento. Quem dera ter forças para carregá-lo. Kai estava meio que entorpecido.

O ruivo saiu do jeito que estava. Com a roupa do anterior, imunda, e Kai, também estava coberto por sangue. Mas não se importou, havia coisas mais importantes a fazer do que essas coisas simplórias.

"Espero que ninguém nos veja..." – pensou, assim que entraram no elevador – "Espero que nenhuma fã nos veja... ou vai ser uma histeria só... a mídia, a imprensa... tudo..."

Embora se preocupasse com estes detalhes, a saúde de Kai era mais importante. Antes de chegar ao térreo, Kai desmaiou por completo, e ainda sangrava. O ruivo tentou acordá-lo, mas não conseguiu, pegou o seu celular e chamou uma ambulância.

Chegaram ao térreo. Aporta abriu, mas Tala continuou ali dentro, com Kai em seus braços. Esperaria a ambulância ali, que se danassem os outros. Ficou apertando o botão para a porta não fechar.

Observou algumas pessoas se aproximando.

- Se chegarem mais perto, eu chamo a polícia, estão me ouvindo? – gritou nervoso e desesperado – Ninguém entra nesse elevador!

- Calma, por favor... o que aconteceu? – perguntou uma das pessoas.

- Nada que seja do interesse de vocês!

- Ei.. olhem...não é o Kai Hiwatari?

- É mesmo...

- Afastem-se, isso não da conta de vocês...

"Céus... com certeza isso vai rolar por aí..." – pensou agoniado – "...como eu vou explicar...?"

Tala já pôde ouvir o barulho das sirenes. Em instantes, dois paramédicos entraram correndo pelo salão, puxando uma maca, e dirigindo-se ao elevador. Tala suspirou, finalmente.

Os homens de branco colocaram Kai na maca e puseram uma máscara de oxigênio sobre seu rosto. E o conduziram à ambulância. Desnecessário dizer que Tala foi junto, acompanhando. Não soltava sua mão, apertava-a firme. Kai se contorcia um pouco.

- Vamos Kai, agüente firme, só mais um pouco...

Continua...


A/N: e cá estou eu de novo. Mais um fic de BB meu, só que desta vez, dark... e uma coisa que não costumo e nem sei fazer, lemon (q ficou um lixo ¬¬). O que acharam? Devo continuar? Mandem review o/