Ho Capito Che Ti Amo

Vurria sape' 'na cosa da tè

Pecchè cuanno te guardo acussi

Si pure tu te siente morì

Nom me o dicee a nun me fai capì

Ma pecchè
(Tu si' 'na cosa grande, R.Gigli)

Capítulo V

Com uma de suas piores caretas Ron se sentou a mesa. Estava tão preocupado em vigiar aquela "coisa" que eles chamavam de comida que não se deu conta de que havia um alguém ao seu lado. Muito menos que todos o olhavam pela sua careta direcionada a comida:

- Está tudo bem, sr.Capitello?

- Ahn? – Ron virou-se para o sr.Marcone, surpreso. – Ah, está tudo bem, estava apenas pensando, senhor.

- Caso sinta-se mal, acho melhor tomar um ar fresco ao ar livre. – A pessoa a seu lado falou e virou-se para ele.

Ron quase deu um pulo na cadeira. O homem ao seu lado só não era mais parecido com Malfoy porque realmente não dava. Será que Malfoy também fora transportado para aquela loucura?

Suas dúvidas foram embora ao reparar o cabelo cacheado do homem e que ele era, realmente, mais velho do que ele ou Malfoy.

- Estou bem, obrigada. No entanto, obrigado pela dica.

- Não há de que, sr.Capitello.

Hermione evitava olhar qualquer um dos três homens presentes, não podia sequer sonhar em olhar. Só se algum deles lhe dirigisse a palavra e ainda teria de tomar cuidado com o que falava. Seu "pai" pareceu adivinhar o que desejava e dirigiu-lhe a palavra:

- Hermione, lembras do sr. Lavienter?

Hermione e Ron rapidamente decoraram o nome em sua cabeça. E Hermione corada disse-lhe que não:

- Infelizmente, não, papai.

- Realmente uma pena, minha filha, vocês eram grandes amigos.

- Não a culpe, mesmo que mentalmente, sr.Marcone. Eu mesmo tive de olhar um retrato pintado por minha mãe de nós para lembrar. Da mãe se lembra? Ela realmente gostava de ti.

Ron pode ver a aflição de Hermione, mas não achava nada que a pudesse ajudar. As perguntas continuaram e, parecendo de propósito, o loiro a cara de Malfoy citava a mãe milhares de vezes, talvez tivesse alguma intenção por detrás disso ou apenas fosse muito apegado a ela. Fosse qual fosse o motivo, Ron tocou-se de que podia ajudar a amiga:

- Sua mãe pinta, – Hesitou por um momento buscando o nome do sujeito. – Sr.Lavienter?

- Oh, sim! Pinta e maravilhosamente bem! – O homem respondeu orgulhoso daquela que o parira. – Ela sem dúvida é uma inspiração para mim.

- O sr.Lavienter tornou-se um conhecido poeta em Paris.

- Que interessante. – Ron disfarçou. – Sua mãe realmente deve ser uma pessoa artística, assim como ti. Creio que tenha uma família artística.

- Sim, de fato somos. – O homem sorriu pomposamente. Sem dúvida nenhuma estava gostando das perguntas de Ron que tentava manter a conversa sem se comprometer ou se fazer de ridículo, embora achasse que o ridículo da história, sem dúvida, fosse o tal do sr.Lavienter. O homem era, exageradamente, pomposo.

Hermione agradecia mentalmente a Ron e dedicava-se a tentar escolher a comida mais aceitável naquelas inúmeras travessas em cima da mesa. Vasculhou em sua mente qualquer coisa sobre a dieta daquela época e acabou optando pelo leitão e uma salada ao lado desse. Pode ver Ron desviar o olhar do sr.Lavienter e olhar para sua comida e fazer o mesmo que ela, se servindo desse.

Suspirou, as coisas até que estavam se saindo bem.


A refeição foi rápida para os padrões da época, mas para Ron e Hermione fora uma maratona. Hermione ao menos pode permanecer quieta a maior parte da conversa, já Ron tinha de se familiarizar com a conversa e soltar alguns comentários de quando em quando. Ron nunca pensou que sentiria tanta falta da mesa de sua família.

Ao final da refeição, Hermione foi a primeira a sair, dirigindo-se a biblioteca, enquanto os cavaleiros se dirigiram a sala de visitas. Mas Ron não queria ficar junto a eles e resolveu arranjar um jeito de procurar Hermione.

Retirou-se e dirigiu-se a biblioteca onde a encontrou.

- Talvez não fosse bom que você desse motivos de suspeita para meu pai. – Hermione disse abaixando o livro que lia em uma poltrona em frente a lareira. - Meu pai não desconfia de nada, mas não é bom que comece agora. Estou noiva de um sujeito qualquer e você dá indícios de que não quer nada com ninguém. Prefere permanecer solteiro.

- Mesmo? – Ron ergueu uma sobrancelha. – E eu trabalho no ministério?

- É. – Hermione sorriu. – Mas parece que não é nada difícil, não, e também, você anda de férias, então temos tempo para voltarmos antes de você ter que voltar a trabalhar.

- Isso me alivia, um pouco.

- Sem dúvida. – Balançou a cabeça. – Agora talvez fosse melhor você ir para sua casa, você consegue se virar sozinho, lá? Posso arranjar uma desculpa para ir com você.

- Não precisa, eu encaro. – Ron engoliu em seco. – Eu improviso. Mas, onde é minha casa?

- Pedirei para que Maria vá com você.

- Não será estranho?

- Não... ela levará algo para seus pais a meu mando que a mandou levar pois tinha medo que você, desajeitado, deixasse a coisa cair ou qualquer coisa assim.

- É uma boa idéia. – Ron concordou.

- Eu sei. – Hermione sorriu. – Despeça-se de meu pai e do tal do Lavienter. Hoje à noite pelo que eu entendi há uma festa aqui, e você virá. Então, poderemos falar mais à noite. Lembre-se, tente ser um pouco mais maduro, para não desconfiarem.

Ron não respondeu, pois entendeu aquele aviso como um alerta sobre sua "infantilidade" e ninguém gosta de ser chamado de infantil. Saiu da biblioteca e foi se despedir dos senhores.


- Hermione, pelo menos, continua a ter senso e não o deixa levar o bolo, pôs sabe que iria derruba-lo. Francamente, senhor, é muito desajeitado.

- Você parece uma velha chata falando. – Ron provocou lembrando que Hermione dissera que ele tinha de ser implicante.

- OH! Quem é você para falar? Nunca vi pessoa mais chata para comer! Não gosto disso, não gosto daquilo! Oh, onde estamos? Milhões passando fome e você sem querer comer.

- Você realmente parece uma velha, mas agora que reclama com os netos que não comem a comida que ela pôs na mesa.

- Oh! Oh! – Maria ia estufando o peito o que fez Ron lembrar de um pavão. Deu um passo para frente ameaçadora. – Quero ver se continuarás com essa brincadeira quando eu disser que posso abrir a boca e dizer que o senhor seduziu a srta.Marcone!

- Sabe que é ao contrário. – Ron disse, confiante. Ele só não sabia de onde ele tinha tirado esse argumento.

- Infelizmente é verdade, o que é uma pena, a srta.Marcone poderá ter um bom futuro com o sr.Paolo e sei muito bem que vocês se não conseguirem parar o casamento irão fugir, conheço-os com a palma da minha mão.

- Sabedoria de uma velha no corpo de uma jovem! – Ron brincou.

- Oh! Oh! – Maria novamente estufou o peito. – Não há quem te mereça, sr.Capitello. Agora suma da minha frente e esconda-se até que eu saia da casa.

Quando ela disse isso, ambos entraram num portão de uma bela casa. Ao entrar na casa Ron pode constatar que ela era bastante acolhedora, mas não era tão rica e fina como a do sr.Marcone.

- Ron!

Ron virou-se para a direção do som encontrando-se com uma bela moça de cabelos loiros arruivados com olhos azuis como o dele. Vestia uma saia que rodava enquanto ela corria até ele, sufocando-o num abraço.

- Meu irmãozinho cabeça dura! Eu e Catarina estamos a tua espera há algum tempo! A nossa partida de xadrez não terminou. Oh, Maria! Como vais?

- Bem, apesar da presença de teu irmão, srta.Lavinia. Trouxe-lhes um bolo por ordem da srta.Marcone, deixo na cozinha?

- Oh sim, agradeça à Hermione por favor. – Lavinia sorriu e voltou-se ao irmão quando viu Maria sumir de sua vista. – Saindo mais uma vez com ela, hein? A mim não engana, meu irmão!

- Pensei que gostaria de jogar xadrez. – Ron tentou mudar de assunto.

- Não se faça de sonso, meu irmão. – Riu. – Entendo-o pelo fato de que ela é comprometida, mas o velho prefere mais a ti do que o sr.Paolo, com certeza.

- Certo. – Deu um fraco sorriso. – Xadrez?

- Oh! Quando deixará de esconder suas coisas para mim, não vê que as sei mesmo que não as digas?

- Então porque perguntas?

- Oh! Meu irmão, só mesmo ti. – Pôs-se a rir. – Vamos, vamos, Catarina está tentando se salvar do bloqueio que você fez a ela e Mário está já impaciente a sua espera, pergunta a toda a hora pelo seu querido tio Ronald.

Ron estremeceu, crianças. Ele não costumava a se dar bem com crianças e nem elas com ele, porque agora, ele teria de agüentar um suposto sobrinho? Foi com uma terrível carranca que entrou em uma sala de jogos um tanto mais chique do que o hall.

- Tio!

Um raio veio em direção de Ron agarrando-se em sua perna, Ron olhou para baixo e viu um garotinho de uns cinco anos de cabelos tão ruivos quanto o seu, mas encaracolados, e olhos verdes sorrir animadamente para ele.

- Solte-o, Mario.

Ergueu a cabeça para uma bela mulher sentada em frente a um tabuleiro de xadrez, também tinha cabelos ruivos, longos e encaracolados e olhos azuis, como ele. O filho era parecido com ela, exceto pelo fato dela parecer ser um tanto severa e dura. Sua voz pareceu-lhe não ter emoção.

- Sente-se, meu irmão. – Por fim, ela sorriu, mas Ron não viu emoção alguma naquele sorriso morto em seus lábios. – Temos de terminar essa partida antes que Antoine chegue.

Ron sentou-se olhando o tabuleiro e logo fazendo uma nova jogada que encurralou mais ainda a irmã, que bufou com a jogada dele. Entrou na sala então, um homem loiro, esbelto, com olhos verdes e olhar esnobe. Viu que Mario baixou os olhos rapidamente e Catarina ficou rígida.

- Oh, Ronald, enfim chegou. – O homem dirigiu-se a Ron. – Lavinia disse-me que estava fora, mas isso é ótimo, fico feliz que tenha chegado. Estava com saudade de meu querido cunhado. – Riu. – Acho que deveríamos dar uma saída agora, não acha?

- Ron acaba de chegar, Antoine, não creio que queira sair novamente. – Lavinia respondeu seca ao cunhado.

- Lavinia, querida. – Ele se virou - Deixe com que seu próprio irmão responda.

- Prometi à Catarina que acabaríamos o jogo hoje. – Ron mentiu, incerto, pois não sabia se havia feito essa promessa ou não, mas queria escapar da presença desconfortável daquele homem. – Quem sabe mais tarde?

O homem fez uma cara azeda, pareceu não gostar daquilo. Virou-se em direção à porta e por ela saiu sem dizer qualquer coisa. A tensão que por alguns minutos emanara no ar do local sumiu.

- Mário, eu acho melhor você ir para seu quarto. – Catarina sugeriu ao filho quebrando o silêncio.

O garoto não contestou, embora preferisse ficar. Quando o som de seus passos sumiram, Lavinia voltou-se a sentar perto dos irmãos .

- Porque ele ao menos não tenta?

O silêncio voltou, Ron observou o rosto de Catarina se contrair um pouco. Ele não era um bom conhecedor da natureza humana, mas ele podia perceber que a irmã e o provável marido não se davam bem. Pode ver também que ele não era a pessoa mais confortável do mundo.

- Acho que o pior erro de papai foi obrigar-te a casar com esse francês enrustido. – Lavinia cuspiu as palavras desgostosa.

- Você não compreende, Lavi, querida. – Catarina abaixou os olhos. – Foi necessário, aceite como Ron aceitou. Precisávamos do apoio de sua família e de sua fama. E ele nem sempre é assim.

- Ele faz isso de propósito? Para te irritar? – Lavinia começava a exaltar-se. – Que terrível técnica de se fazer ciúmes! Dar em cima do cunhado e qualquer homem que apareça, onde já se viu.

Como num feixe de luz, Ron absorveu a idéia. Então era isso aqueles modos afetados do homem era sinal dele ser gay? Mas ele era casado com sua irmã, e tinham um filho.

- Ele realmente nos enganou. – Lavinia suspirou. – Eu realmente achava que ele era louco por ti, Catarina. Não sei o que houve.

Ron olhou para a irmã mais velha e por alguns minutos jurou que esta cairia em prantos. Olhando para Lavinia, arriscou um sorriso e decidiu terminar aquele assunto chato.

- Lavinia, acho que não é a hora de discutirmos isso. – Pegou hesitante a mão de Catarina. – Isso é só fase, ele melhorará. Enquanto isso, você tem a nós, não é mesmo? E aos outros.

Para a surpresa de Ron, a irmã mais velha que se mostrava tão segura de si e rígida abraçou-o e logo em seguida caiu em prantos. Sem ação, Ron decidiu retribuir o abraço e afagar os belos cabelos da irmã. Enquanto Lavinia observava triste.


Um tanto horrorizado, Ron andava pela casa a procura do sobrinho. Estava perdido, isso se via de longe, mas estava tão chocado com a cena que vivenciara há pouco tempo com as irmãs que não percebia onde andava.

- Tio? O que está fazendo? – Ron virou-se achando o sobrinho olhando para ele confuso. – Seu quarto é ali. – Apontou para duas portas antes da que Ron se dirigia.

- Ah.. – Ron procurou uma desculpa. – Na verdade, eu não estava indo para meu quarto, estava a sua procura, o que acha de sairmos um pouco?

Os olhos do garoto brilharam, e Ron suspirou aliviado.

- Posso levar Totó juntou? – Pediu Mário.

- Claro. – Ron disse sem pensar antes quem seria Totó.

A resposta veio quando eles foram ao jardim e um collie veio em direção a eles. Ron gostava de cachorros e afagou o pêlo do belo cachorro quando este parou em frente a ele. Mário a seu lado sorria e fazia o mesmo.

Começaram uma caminhada pelo enorme jardim guiados por Totó que ia na frente, ora correndo e sendo acompanhado por Mário que tentava alcança-lo e ora trotando tal como um cavalo provocando risos no garoto.

Por alguns minutos, Ron deixou-se levar pelo momento e deixou com que sua mente ficasse vazia, mas ao notar a presença do cunhado a seu lado teve de manter-se num estado de alerta.

No entanto, para sua surpresa o homem não tinha o ar esnobe e parecia um tanto abatido. Virando-se para Ron de uma maneira, mas natural e não tão afetada quanto fizera na sala pôs-se a falar:

- Peço perdão pela cena. Desde que eu e Cat brigamos eu tenho agido como um babaca para com ela, mas ela nunca pareceu entender quando eu reclamava sobre os rapazes a sua volta. Agora que eu estou fazendo esse teatro ela se sente ofendida e se faz de forte.

- Você sabe como ela é. – Ron arriscou. – Você também exagera fazendo parecer que prefere homens.

- Ah... – Antoine abaixou os olhos. – Não tem muito jeito, já dizem que sou afeminado mesmo, é a única forma. No entanto, eu realmente preferiria estar em paz com Cat, não faz bem essas nossas brigas, afeta o pequeno Mário, também.

Por alguns instantes ficaram quietos, Ron tentava achar algum assunto, alguma saída, mas parecia que a cada palavra dita pelo cunhado ficava mais confuso em relação ao relacionamento do cunhado e da irmã. Foi o cunhado quem quebrou o silêncio.

- Ele não gosta de mim.

- Quem?

- Mário. – Antoine murmurou. – Ele não gosta de mim, eu não sei o que fazer, é meio desesperador pensar que o seu próprio filho te odeia.

- Ele não te odeia!

- Mas sente medo de mim.

- Você é rígido. – Ron sugeriu as cegas.

- Bem, de fato. – Suspirou. – A educação francesa é diferente da italiana, acho que ele sente raiva pelo fato de eu prezar a francesa mesmo que nós estejamos na Itália, mas não há jeito. É assim que papai deseja e você sabe que devemos obedecer as vontades do velho.

- Papai... – Mário veio em direção a eles.

- Sim, querido?

- Posso faltar a aula de piano hoje para que possamos fazer algo junto?

O garoto tremia quando perguntou, e Antoine ficou sem saber o que dizer. Ron olhando a situação, observou que o garoto fizera um enorme esforço para pedir aquilo e sorrindo afirmou com a cabeça quando Antoine encorajando esse a ceder o pedido do filho.

- Antes veja se sua mãe permita, está bem, Mário?

Os olhos do garoto brilharam, não foi preciso dizer mais, junto ao collie disparou em direção da casa. Antoine sorria um pouco satisfeito, começava a bolar o que poderia fazer com o filho. Ainda pensando no seu filhote, voltou-se para Ron

- Bem, então, como vão você e Hermione?

- O que? – Ron engasgou.

- Ah, você não gosta de falar isso ao ar livre não é mesmo, desculpe-me. Eu acho que você deveria agir e rápido, o compromisso dela e do sr.Paolo seria adiado em menos de dois segundos caso você chegasse com um pedido ao sr.Marcone.

- Ah... – Ron procurou o que dizer.

- Sabe, seus pais também iriam gostar. Todos os seus irmãos estão casados, menos você e Lavinia, mas esta não casa mesmo. Faz o papel da cunhada chata que atrapalha tudo.

Ron ergueu uma sobrancelha, Lavinia e o cunhado não se davam bem. Precisava investigar sobre isso. Mudando de assunto, pois sentia-se envergonhado quando o falavam de Hermione atacou:

- Não fale nada porque ainda está brigado inutilmente com minha irmã, deixe de ser um tanto orgulhoso e faça as pazes com ela ainda hoje.

- Hoje à noite. – Anunciou, Antoine distanciando-se de Ron. Precisava saber se a esposa liberara a saída dele e do filho.


Depois de rodar a casa inteira até achar o quarto indicado por Mário, Ron achou-se em seu quarto. Um cômodo espaçoso com alguns livros, jornais e papéis espalhados numa bela escrivaninha em frente a uma das inúmeras enormes janelas. A cama era imponente com várias cortinas azuis e verdes. Havia tapetes para todos os lados e o canto com suas roupas.

Encontrava-se deitado em sua gigantesca cama de casal folheando um dos inúmeros livros que possuía. Havia diversos tipos de livros de economia a romances bobos. Havia achado, também, escondidos, livros sobre coisas bizarras, magias e vampiros.

- Meu querido filho!

Ron fechou o livro adulto que lia quando ouvi a voz fraca, mas ameaçadora romper na sala. Viu uma senhora magérrima com um robe vermelho berrante, os cabelos brancos presos num coque e os olhos azuis como os dele. Era sua mãe.

Levantou-se com um impulso e foi até ela aceitando os braços erguidos para um abraço, mas logo se arrependeu quando sentiu a força com que aquela mulher aparentemente fraca o abraçou.

- Então, meu filhinho querido e conquistador, estava por ai com Hermione. Oh, francamente, vocês dois! Deveriam assumir logo esse compromisso, o sr.Paolo não é um grande obstáculo!

Ron deu um risinho sem graça, que porcaria de amor proibido era aquele que todo mundo sabia e torcia por ele? Ou a sua família apenas era fofoqueira e alcoviteira?

- Sua irmã já está brigada com Anton! – A senhora agora o arrastava para sua cama onde o fez sentar assim como ela. – Lavinia também não ajuda. Ah, seus irmãos foram tão mais fáceis, casaram-se bem, estão ajeitados, Gabriel aventurou-se no Egito, Rafael na Espanha, Mauricio está nessas suas viagens malucas com a doce Luna, teve noticias deles ultimamente, querido? Oh, sim e Miguel na Inglaterra, mas ele voltará! Sofia insistiu que eles viessem ter o pequeno Jeremias aqui, achei uma ótima escolha, como sabes. Seu pai permaneceu calado, mas gostou, sabemos que sim.

- Mamãe, porque Lavinia implica tanto com Antoine, porque não casa? Assim pararia de por lenha nas brigas de Catarina e Antoine. – Ron arriscou o que ele achava que era a verdade.

- Sua irmã, Ron, como sabes, é complicada. É um pouco de inveja eu acho. Ela gostava de Antoine também, acho que não gosta mais hoje em dia, também com essa forma ridícula dele tentar fazer ciúmes em Catarina fingindo ser delicado demais. – a senhora suspirou. – Sabes, Ron, o que ocorre com Lavinia é que ela não deixa ninguém ama-la e nem seu coração amar, por orgulho, Ninguém é digno dela.

A senhora levantou-se dando alguns passos em direção à porta:

- Mas não devemos nos deixar levar por Lavinia ela terá de achar sua salvação por ela mesma, acho que o que importa agora é você meu filho. Eu sei que você e Hermione ainda continuam com aqueles cultos e rituais, eu sei que cada vez mais você se apaixonam, mas não acho seguro nada disto, se está apaixonado, case-se. O Sr.Marcone com certeza que o fará marido dela em questões de segundo, o que é o Sr.Paolo em comparação a você?

- Não acho que seja tão simples assim.

- Porque não quer que sejas, só vejo essa explicação. Ora, meu filho, aproveite, senão não tem volta. – parou em frente a porta. – Hoje, acho que hoje, é o melhor dia para você decidir por fim.

- Hoje não.. – Ron fechou a cara. – No próximo baile, mas hoje não.

- Você quem sabe meu filho. – E a senhora saiu do quarto batendo a porta.


O dia começava a ser pôr e Ron podia ouvir os barulho dos passos de correria das irmãs com as criadas pela casa para se arrumarem para a festa. Um sujeito já havia entrado no quarto e para a vergonha de Ron tinha ajudado-o a vestir aquelas roupas complicadas.

Achara melhor descer e ficar a espera dos outros, achou seu sobrinho, Mário brincando com alguns cavalinhos de madeira e ficou a vigia-lo. Antoine parecia levar tanto tempo quanto as mulheres para se arrumar, e se provocavam-lhe com isto, respondia-os "coisa de francês".

Viu então a sombra de um homem descendo as escadas e pensou ser Antoine, mas o homem pareceu-lhe por demais velho para ser o cunhado, associou-o então ao até então desconhecido pai.

- Oh, meus rapazes. – O senhor sentou-se ao lado de Ron. – Somos, como sempre, os primeiros a ficar prontos.

- Bem vovô, creio que papai venha a demorar mais que mamãe.

O senhor deu uma risada gostosa e fez com a mão um movimento que parecia dizer para o garotinho sentar ao seu colo, e foi isto mesmo que este fez.

- Seu pai é um caso complicado, querido. – Sorriu. – Mas e tu, Ronald? Está com uma cara meio abalada, o que tens? Comeu algo ruim?

- Eu? Não, senhor. Só estou pensando.

- Essa coisa de pensar só serve para fritar os miolos! Meu filho haja, faça, seja, mas sinceramente? Este treco de ficar pensando é mais para Mauricio e sua filosofia.

- Vovô, os outros vão demorar demais? – Mario interrompeu, ao ver que seu tio demoraria a responder.

- Oh, sinceramente não sei pequeno, mas que pressa é essa menino? Acalma-te!

Mário abaixou a cabeça corado, Ron riu.

- Algo o espera na festa.

- Oh, mesmo? – O senhor abriu um enorme sorriso. – O que será? Amigos ou... – Piscou para Ron. – Uma pequena dama?

- Na-nada disto! – Mário pulou do colo do avô voltando a brincar com os cavalinhos.

- Mas é um malandrinho de nascença! Puxastes o tio, é Mário? Sabias que teu tio arrancava os suspiros das menininhas desde pequeno, era sem dúvida, um conquistador barato, mas elas gostam não é? Aprenda com teu tio as artes da conquista, embora pelo que vejamos ele tenha se assentado, não é?

- Papai.. – Ron corou também, não entendia do que o homem falava, mas o que ele pensava que era o fazia ficar sem graça.

- Não negues o passado, meu filho. Mesmo que este o condene!

- Papai tem razão. – Lavinia apareceu acompanhada da mãe e de Catarina. – Assentastes de forma curiosa.

- Não temos tempo para isso, estamos quase atrasados, vamos, vamos! Vamos Arthur, vamos!

- Acalma-te, minha doce Aninfeta. Como faremos? Lavinia e Ron vem conosco e Catarina e Mário vão com Antoine?

- Acho que ficará bom deste modo. – Aninfeta sorriu. – Agora vamos que o tempo passa.

Ron via que Antoine descia das escadas apressado, ia falar com o cunhado tentar alguma reconciliação com a irmã, mas Lavinia pegou-lhe o braço e se dirigiram as carruagens.

A viagem foi rápida e animada com as brincadeiras e conversas de seu pai, Arthur. Quando finalmente chegaram Ron não pode conter a exclamação de surpresa, a casa de Hermione estava toda iluminada por velas e se via milhares de pessoas andarem pelos jardins e outras saindo das carruagens.

- Chegamos, vamos, meu irmão? – Lavinia tomou-lhe o braço quando desceram da carruagem.

- Olhe só, nossos anfitriões da noite! – Aninfeta sorriu apontando para um local.

Ron voltou-se ao local indicado e novamente uma exclamação de surpresa saiu de sua boca, ele podia ver Hermione, tão bela quanto estivera no Baile de Inverno no quarto ano deles.

(Continua...)