Disclaimer: Saint Seiya pertence ao Masami Kurumada, Bandai, Shonen Jump...

O nome Carlo di Angelis, os apelidos 'Mozão e Mozinho', os Chibi Saints e seus nomes pertencem à Pipe.

O nome Sukhi Pavlos, tal como a personagem pertencem à Dark Faye.

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QUESTÃO DE FIDELIDADE - CAPÍTULO 2

MESTRES & DISCÍPULOS

Carlo chegou em casa bem tarde da noite e entrou pelos fundos, largando a roupa cheirando a perfume barato na lavanderia. Foi para o quarto e deu graças à Athena que Afrodite não estava lá. Tomou um banho mais demorado e, colocando só a parte de baixo do pijama, foi buscá-lo na sala. Ao pegá-lo no colo e beijar seu rosto adormecido, sentiu o gosto salgado. Achou-se o maior crápula da Terra, pela enésima vez naquele dia e apertou o corpo em seus braços. Dido gemeu:

- Mozão...

- Tô aqui, Mozinho...

- Mozão, chegou o resultado dos exames do dermatologista...

Carlo quis morrer. Não houve cobranças, nem um "onde você andou?". Mas Afrodite precisou dele, com certeza, quando abriu o envelope, senão não teria chorado...

- E?

- Aquela sarda que você achou tão sexy é um melanoma... Imagine, logo eu, com câncer de pele.

Carlo colocou Afrodite na cama com cuidado. A palavra "câncer", assim, não relacionada ao seu signo, nunca pareceu tão feia. Engoliu em seco, querendo saber do resto, mas com um certo medo de ouvir.

- E é grave? Mas você se cuida tanto, Mozinho... Como pode?

- Suecos nunca deveriam sequer ir passar férias em lugares com o sol forte, quanto mais morar neles... – Afrodite quis brincar, afastando o medo que viu nos olhos do amado – Mas eu vou marcar a retirada desse sinal amanhã. O médico me disse que como eu vi a tempo, logo no início, é só eu tomar cuidado daqui para frente que não vai acontecer mais nada...

- Não tá falando assim para que eu fique mais tranqüilo, certo?

- Não, Mozão. É a verdade.

Carlo beijou a testa e os olhos de Afrodite. Apertou-o de encontro ao peito largo.

- Io te voglio tanto bene, Mozinho. Sabe que você pode sempre contar comigo.

- Io sabo, Mozão. Também te amo. Vamos dormir? Eu...

- Eu sei... Capisco perfettamente... – E sem larga-lo, se ajeitou na cama. "Ai, e se ele estiver mentindo? Se for algo mais sério? Nem consigo mais imaginar una vitta sin lui"

Na manhã seguinte, Carlo levou Afrodite ao médico, enquanto Amata descia para a escola. Encontrou Camus na escada:

- Buon giorno, maestro Camus.

- Bonjour, mademoiselle Amata... – sorriu, sem se conter – Parece cansada, Matinha.

- Como vocês conseguiram sobreviver a um treinamento desses? – explodiu a filha de Máscara da Morte – É desumano, não é para crianças!

Escutaram uma gargalhada, Saga logo os alcançando e acariciando os cabelos da menina:

- Não é para QUALQUERcriança mesmo, Matinha. Mas vocês não são como as outras crianças. Especialmente vocês cinco. É só no começo que cansa assim, logo estarão achando tudo "mamão com açúcar". ÉSó esperar.

- Quero ver. Olha lá meu carrasco, como sorri gostoso. Deve estar pensando em novas maneiras de acabar comigo. Figlio duna puttana vecchia! – a última frase foi dita baixinho, entre os dentes, mas os cavaleiros ouviram e continuaram a subida às gargalhadas, enquanto a menina descia e cumprimentava seu mestre com o maior respeito...

Na casa de Escorpião, os efeitos do treino da tarde anterior foram os mesmos. Dumas tinha dado o maior trabalho para sair da cama, enquanto Tessa resmungava:

- Primeiro não via a hora dos treinos para ser cavaleiro de Sagitário começarem de verdade, agora fica reclamando de cansaço. Ucho, porque você não o matou no berço? Não era melhor criar somente uma gracinha como eu?

Milo arregalou os olhos depois riu. Beijou a filha, mas discordou:

- Acontece que mesmo a "gracinha" tem seus dias de peste, senhorita. Bom dia, Amata. Está morrendo de cansaço também? - O cavaleiro perguntou para a garota que descia as escadas.

- Sim, tio Ucho. Ma io vado a mostrar praquele spagnolo quem pode mais...

- Assim mesmo que se fala, menina. Bom dia para vocês...

Moksha não estava em melhor estado que os outros. Aiorin estava numa boa, porque por ser quase um ano mais velho, a rotina escola - treino já estava incorporada à sua vidinha. Mion nem foi à escola, Misty teve dó da filha.

- Não ia treinar com o Carlo? Algum problema? - Shura perguntou encontrando a mulher sozinha na arena. Esta lhe deu um longo suspiro chateado como resposta.

- Carlo foi com o Dite ao médico.

- Algo grave?

- Melanoma.

- Alguém sabe?

- Não.

- Como você está?

- Eu que pergunto.

- Não sei o que dizer.

- Sei que não.

Shura sorriu fracamente com a resposta objetiva da mulher. Carlo jamais perdoara-se sinceramente, e sempre teve dúvidas em voltar a usar a armadura de Câncer. Logo que a filha nasceu, a possibilidade ficava cada vez mais distante. Foi quando quis treinar alguém para herdar seu lugar na quarta casa. A escolhida fora a canceriana Sukhi, amazona em treino no interior da Grécia. Tinha 18 anos quando chegou e rapidamente fora inserida no contexto das doze casas. Tão bem que, em menos de quatro anos, já era esposa de Capricórnio.

- Tive um sonho esquisito hoje. – confessou ele.

- Um mau presságio? Com o Di?

- Não chega a ser um mau presságio. Só uma sensação ruim de impotência. E não, não tem a ver com o Afrodite.

- Então?

- É o Carlo.

- Acha que ele corre perigo?

- Não sei. Foi só um sonho estranho... Não tenho poderes especiais como Shaka ou Pipe. Nada fazia sentido... Só sabia que não estava gostando nada daquilo. - Shura disse suspirando.

Como se você estivesse num filme classe B... Onde nada se encaixa, onde pessoas surgem e desaparecem sem que você entenda o motivo... Onde, incrivelmente, as cores são sempre escuras e mesmo que você force a vista... Sempre enxergará embaçado. E continuará sem saber o que tenta, com tanto afinco, entender realmente. -

Eu só queria... Ser capaz de impedir que ele sofresse. - O moreno não pensou duas vezes e deitou a cabeça no colo receptivo de Sukhi.

- Infelizmente, não temos esse poder.

Durante todo o trajeto do Santuário até o consultório, Afrodite permaneceu em silêncio. Existem coisas na vida que, nem mesmo o maior positivismo do mundo ajuda. O cavaleiro de Peixes simplesmente não conseguia deixar de pensar o pior. E se a cirurgia não desse certo? Se tivesse complicações? Se o câncer voltasse? E pior, se espalhasse? Iria ter que fazer quimioterapia? E os efeitos colaterais? E Amata? Como contaria para ela?

Os escuros pensamentos iam e voltavam, o torturando. Estava com medo. Já havia se encontrado em situações piores, mais complicadas e com um risco bem maior. Porém, já não era apenas ele. Não era simplesmente lutar por um ideal rumo à morte. Agora, ele tinha Amata. E também... Carlo.

Sentiu a mão áspera do marido tocar a sua de leve. O encarou devagar, hesitante em relação á expressão do italiano.

- Você sempre poderá escolher, Dite. Se quer fazer a cirurgia ou não, se quer fazer quimio ou não, se quer esperar ou não. - disse, lendo os pensamentos do outro. - Aconteça o que acontecer, escolha o que escolher... Estarei te apoiando. Embora, não negue que... Espero que você escolha viver.

- Sempre, mozão... Sempre. – deu uma risadinha, tentando desmanchar o clima ruim. – É só um pouquinho de medo do desconhecido, sabe?

- Você é sempre tão fresco. – Carlo acompanhou a brincadeira. – Io sto é con una paura do caramba!

Riram, enxugando lágrimas. Na porta do consultório, Afrodite respirou fundo antes de entrar e Carlo apertou sua mão.

Depois do almoço, chegou o momento que uns odiavam outros não viam a hora: TREINO!

Aldebaran simplesmente amava ter Aiorin como discípulo. A compleição física do menino, parecida com a sua e a dedicação dele faziam o dia do cavaleiro de Touro. Aioria até babava de ver seu garoto treinando. Ele fazia questão de treinar o pessoal da manhã para ter esses momentos livres... Mas era um babão disciplinado. Nunca abriu a boca para interferir na didática de Aldebaran.

Aioros se achava um privilegiado. Tinha dois discípulos, Tessa e Dumas e mais Mion, pupila da mulher Elektra. Os três estavam sempre juntos, mas, as mais aplicadas eram as garotas que com certeza amavam o que faziam. Milo, que também treinava de manhã para acompanhar os treinos da tarde já era um chato. Queria dar palpite em tudo, levando discípulos e mestre a pedirem para ele dar umas voltinhas ou simplesmente calar a boca! Camus, às vezes, dava uma passada por lá no final da tarde... Dumas só se esforçava quando percebia o pai na arquibancada...

Já Shura queria mesmo "tirar sangue" dos seus discípulos, porque enxergava neles muito potencial. Capricórnio tinha certeza que Moksha era, de longe, o chibi mais poderoso daquela leva e que Amata tinha uma força interior inigualável. E exigia deles sempre mais. Eles eram os mais esfolados, os mais cansados, os que mais xingavam, mas levantavam sempre, nunca desistindo.

- Vamos, Moksha, feche a guarda mais. Asi, qualquer uno pode te pegar desprevenido. Amata, não acha que um inimigo vai pegar leve só porque usted és uma señorita hermosa, acha?

Os olhos azuis piscina brilharam perigosamente, e ela passou a mão no rosto, enxugando o suor e se punha em posição de combate novamente.

Naquela tarde, algo estava fora dos padrões. Camus veio buscar Milo assim que o treino havia começado. Shura parecia meio aéreo. E no final do mesmo, Afrodite não veio buscar Amata, como sempre. Terpsícore e Sukhi chamaram todos os chibis para tomarem banho na casa de Gêmeos e jantarem lá.

- Por quê será? – Tessa franziu a testa.

- Talvez estejam planejando algo nas nossas costas. – Amata deu de ombros. – Você conhece os adultos que temos... Às vezes, se comportam feito adolescentes...

Moksha olhou para cima, para casa de Virgem e sentiu, com o coração, que Shaka estava triste. "Que será? Será que ele e meu pai discutiram? Mas isso não envolveria os outros... Eles vão nos contar o que está acontecendo ou vão nos tratar feito criancinhas?" Assustou-se quando Pipe colocou a mão em seu ombro:

- Tudo emseu tempo, mocinho. Agora vai tomar banho.

- Lendo meus pensamentos? – o garoto sorriu.

- A testa franzida já disse tudo. E você sabe que eu não sei fazer isso. Vai, Mok. Hoje vai ter peixe assado com molho de manga...

- OBA!

Enquanto Sukhi batia a manga no liqüidificador, pensava nas palavras de Pipe: "Sim, cada coisa em seu tempo. Não vamos sofrer por antecipação, porque isso é masoquismo e não vai ajudar em nada..."

CONTINUA...

N/A:

Pipe: Adorei as reviews. Principalmente a da Keiko que primeiro nos amaldiçoou, depois disse que adorou. É essa a reação que eu queria causar. Gente, uma explicação. Este fic não faz parte das minhas Crônicas do Santuário normais, o final do Afrodite não vai ser este lá, apenas estamos utilizando os personagens. Pra quem está confuso, além da explicação da Faye, um adendo: no normal, a Terpsicore está casando ainda, aqui ela já teve os gêmeos... Pois é, os filhos de Pipe e Saga se chamarão Geryon e Maysa, nomes escolhidos pela tia deles, a Ayan Ithildin. Eu quero ver se ainda este ano eu termino Glacê & Cerejas, que contava a história do nascimento de Akiles e dos gêmeos... Talvez depois do casamento da Elektra com o Aioros, que entra na linha de tempo certa, eu continue o fic... Todo mundo quer saber do que o Afrodite morreu, certo? E se o Carlo estava paralítico no enterro... Bem, calma, que as revelações serão feitas no momento certo, só posso adiantar que o Carlo só estava fraco pra se manter de pé o tempo todo da cerimônia. E que o corpo de Afrodite não vai ficar no Santuário. A lápide sim, porque ele era um cavaleiro. Mas ele será trasladado para a Suécia, para ser enterrado no túmulo da família Thorsson.

Dark Faye: Muito obrigada á todos que estão acompanhando essa saga. Estamos contando com o apoio de todos vocês para continuarmos... Muito sofrimento? Ah, só um pouquinho mais... Mas garanto que ninguém vai morrer de tanta depressão. Todos até o fim. E sim... Sukhi sou eu. Terpsicore é a Pipe. Bem, tem sempre alguém que não sabe...XD E um agradecimento mais do que especial para a nossa beta Celly, que betou esse capítulo de maneira eficiente! Obrigada honey!

Até o próximo.