Disclaimer: Saint Seiya pertence ao Masami Kurumada, Bandai, Shonen Jump...
O nome Carlo di Angelis, os apelidos 'Mozão e Mozinho', os Chibi Saints e seus nomes pertencem à Pipe.
O nome Sukhi Pavlos, tal como a personagem pertencem à Dark Faye.
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QUESTÃO DE FIDELIDADE
CAPÍTULO 03 – CORAGEM DIANTE DA LUTAApesar de há poucos instantes treinando os meninos, Shura foi um dos primeiros a chegar à casa de Peixes. Afrodite olhou surpreso para ele, que tinha os olhos verdes arregalados e a respiração ofegante. Depois olhou para Carlo, que só disse:
- Contei à Sukhi.
- O que você contou à mulher de Capricórnio e não contou a nós, hein, seu italiano ingrato? Afinal, somos amigos há mais tempo... – Milo entrou já dando bronca, levando o famoso beliscão "fica-quieto-Milo" de Camus e se jogou no sofá esparramando-se. – Então, qual o babado forte dessa vez que exigiu uma União Dourada?
Camus rolou os olhos, Shura ficou vermelho, mas Afrodite riu. Aquele era seu amigo, que com certeza iria chorar de arrependimento por ter "brincado com coisa séria" depois, mas sempre estaria ao seu lado, para "tirar as minhocas dessa cabecinha..." Assim era o Milucho.
E aos poucos os cavaleiros foram chegando e se acomodando... Milu colocou cerveja, suco e refrigerante na mesinha do centro e se afastou, apenas Marin, mais perto e Shura, atento a tudo, viram que os olhos da serva estavam inchados e o nariz vermelho. Afrodite se colocou no meio da sala.
- Bom, como o Milo me lembrou, num momento totalmente nostalgia, eu convoquei essa União Dourada porque eu tenho um comunicado a fazer.
- Tá grávido de novo? – sugeriu Aldebaran.
- Vai pedir o divórcio do Carlito? - arriscou Escorpião. – Agora é tarde, eu já estou casado e...
- QUEREM CALAR ESSAS LATRINAS QUE VOCÊS CHAMAM DE BOCAS? O ASSUNTO É SERIO! – explodiu Shura.
Todo mundo olhou assustado para ele. Carlo saiu de onde estava e abraçou o amigo, sentindo-o tremer de nervoso. Sussurrou:
- Calma, agora é hora de manter a calma, senão o Di não agüenta.
- Perdona-me. Mas esto és muy serio para mi, carcamano... – e os olhos verdes ficaram marejados...
Shaka olhou para os dois e se voltou para o Afrodite.
- Estou ficando assustado e eu odeio me sentir assim. Poderia, por favor, nos dizer o que está acontecendo e sem rodeios?
- Shaka... – Mu apertou-lhe a mão tentando tranqüiliza-lo, mas Afrodite fez um sinal de "deixa"...
- Bem, talvez seja melhor mesmo ser direto e sem rodeios. Shura, é sério mas não é tão grave quanto você está achando... Gente, olha, eu fui no médico há alguns dias atrás porque eu estava com uma mancha diferente nas costas e...
Saga olhou para ele, pensando se ia continuar com o link mental aberto para Terpsicore lá em Gêmeos. De repente, ele não queria nem ouvir o que ia sair dali, quanto mais que sua esposa, tão ligada ao amigo, soubesse. Mas Pipe, atenta às mudanças do humor do marido, susteve a ligação.
- ... e ele diagnosticou um melanoma...
Shaka ficou de pé num instante. Aioria apertou tanto o copo de cerveja que tinha na mão que o espatifou. Camus prendeu a respiração. Aldebaran engasgou-se com a própria saliva. Saga gemeu, passando a mão pelos cabelos e num instante se preocupou com o eco do seu gemido lá em sua casa. Terpsicore havia gemido e fechado os olhos, cambaleando como se tivesse tido uma vertigem. Sukhi segurou-a e fez com que ela se sentasse, colocando sua cabeça entre as pernas. Geryon veio correndo ver o que tinha acontecido. Maysa o acalmou:
- Nada. Foi aquela coisa que acontece de vez em quando com ela. Aquele negócio chamado pezão...
- Pressão. – corrigiu Moksha, distraído e mais curioso ainda. Geralmente sua tia Pipe tinha queda de pressão quando ficava muito nervosa.
Mas a pior reação foi a do Milo. Primeiro ele começou a rir, feito bobo:
- Putz, mas essa piada é horrível... Inventa outra, Dido. – Camus soltou o ar que tinha prendido e foi segurar o marido, mas ele deu um safanão no braço solicito e foi chegando perto de Afrodite. – Sabia que melanoma é sinônimo de câncer de pele? Sabia? SABIA? – e o riso se transformou em lágrimas, que logo jorravam num choro convulso – Sabia que o único câncer que tem permissão para chegar perto de você é aquele maldito ali? – e apontou para Carlo, que segurava Shura ainda, as lágrimas e os soluços se misturando.
Afrodite sorriu por entre as lágrimas e abraçou Milo. Depois enxugou um pouco os dois rostos e continuou:
- Calma, gente. É um melanoma, pequeno, eu já marquei a cirurgia para retira-lo, o médico disse que como está no início não vou precisar de quimioterapia braba, não vai cair o cabelo, nem vou ficar de cama, nada. Basta um repouso básico, uns cremes que ele vai me receitar e tomar cuidado extra com o sol. Eu vou precisar da ajuda de vocês com relação aos meus gatos, ao meu jardim e principalmente com a Amata, já que o Carlo vai cuidar de mim e pode se esquecer do resto e não é justo tudo ficar nas costas da Milu.
"Menos mal" – suspirou Camus, sentindo um alívio imenso. Sua mente prática já formulou um roteiro a cuidar: avisar Saori, verificar as cláusulas do contrato do plano de saúde, arrumar alguém para cuidar da floricultura no Shopping, armar um toldo maior no jardim de Peixes...
Aldebaran veio timidamente para o lado de Afrodite e pedindo licença ao Milo, abraçou o cavaleiro de Peixes, sem aperta-lo como sempre fazia:
- Pode contar comigo, Afrodite. Você sabe, para o que você precisar, estamos aí.
- Ô Deba, eu sei, querido. Obrigado.
Marin e Milu, que estavam recolhendo os cacos do copo de Aioria e limpando tanto a mão quanto o chão, combinavam:
- Não precisa se preocupar, Aspásia. Com certeza, todas as outras servas vão te ajudar aqui em cima... E o seu Mestre é jovem e forte, vai sair dessa, você vai ver...
- Zeus te ouça, minha senhora, Zeus te ouça. Nem tenho dormido de preocupação.
Amata entrou no templo de Peixes sendo acompanhada por Sukhi, que nada disse, apenas enlançando seu braço no de Shura, saindo em seguida da décima segunda casa.
- Meu mestre e a tia Sukhi estavam com uma cara esquisita... Quando é que vocês vão me contar o que está acontecendo?
- Agora, minha querida. Senta aqui do meu lado... - Afrodite bateu de leve a mão no sofá. Amata sentou-se e Carlo fez o mesmo, sentando-se ao lado dela.
- Diz então, mozinho.
- Lembra daquela manchinha que nosso mozão encontrou outro dia?
- Lembro.
- Então, não é só uma pintinha qualquer. É uma coisa ruim... E eu vou precisar ir para o hospital tirar. - Afrodite explicava devagar e infantilmente, ignorando sem perceber, a astúcia da filha. Porém, a mesma estava abalada demais para formular perguntas... Seus olhos encheram rapidamente com lágrimas.
- Você vai ficar bom, não é mozinho? Diz que vai... Não vai doer, vai? Você vai me deixar? Hein, hein?
Afrodite suspirou com pesar ao perceber que a filha atropelava as palavras, confusa com seus próprios sentimentos e com suas próprias conclusões. Devia ser duro para ela... Precisava ser forte.
- Vai ficar tudo bem. Não é nada grave, mas eu preciso fazer essa cirurgia. Preciso que você me prometa que ficará bem, entende? Se você não acreditar que dará tudo certo... Quem acreditará?
- Eu prometo...
- Você não poderá ir até o hospital, porque ainda é criança, então...
- Como? Não vão me deixar te ver? Isso não é justo!
- Acalme-se. Não serão por muitos dias, mas você precisará ficar longe de mim. Então... Quero que comporte-se e continue levando a sua vida como sempre. Vá para a escola, treine, faça sua tarefas. É como se eu estivesse indo viajar... Quando você menos esperar, estarei de volta. Tudo bem?
- Tudo... - disse com a voz embargada, enxugando com as costas das mãos os olhos que teimavam em chorar. Afrodite deu um abraço suave na filha e seguiu para o banheiro.
- Vai ficar tudo bem, querida. - Carlo disse olhando para a garota.
Não pôde continuar, recebendo o abraço apertado e sentindo as lágrimas inundarem sua camisa. Amata soluçava baixinho, e Carlo não teve outra alternativa, a não ser afagar com carinho e compreensão os fartos cabelos azuis da filha.
No entanto, naquele exato momento, outros fios azuis precisavam desse mesmo afago. Afrodite chorava encolhido no box, sentindo a água do chuveiro escorrer inerte sobre suas costas. Desejava que aquele líquido transparente lavasse tudo... Sua doença, sua angústia, seus medos. Sabia que não era grave, e o apoio e a preocupação de seus amigos também ajudava. Porém, confrontar-se com as próprias trevas nunca fora fácil. Com ele... Não era diferente.
No dia seguinte, os treinos estavam estranhamente mais singelos. Mais suaves. Menos rápidos. Menos brutos. Uma aura de... Reflexão pairava no ar.
Aiorin olhou para o mestre espantado. Nunca vira Aldebaran tão distraído como naquele dia. Aioria contara para o filho sobre o problema de Afrodite, mas em sua cabeça prática, achou que estava tudo bem, a partir do momento em que disseram que não era grave. Então... Por que Deba estava tão preocupado?
- Porque sou amigo dele. - falou, adivinhando os pensamentos do ruivo.
- Quê? - Aiorin disse surpreso, encarando o robusto mestre.
- Amigos preocupam-se com os amigos... Mesmo que eles insistam em dizer que não é necessário.
- O senhor gosta muito do tio Dite, não é?
- Um dia... Você entenderá o que quero dizer. Se é que já não entende. - o jovem filho de Leão pensou imediatamente em Moksha. E de repente... As coisas realmente faziam sentido.
Aioros mantinha o mesmo ritmo no treino. Ou pelo menos tentava. Sabia que Peixes ficaria bem, por isso, achava que o melhor fazer era continuar com a vida comum. No entanto, Tessa estava desatenta, demorando para entender uma ordem. Dumas, que nunca fora lá muito ligado, estava estranhamente pensativo. O filho de Milo sabia o tanto que o pai gostava de Dite... E não conseguia deixar de pensar no quanto seu Ucho deveria estar sofrendo. Sagitário suspirou resignado. Os gêmeos ainda eram jovens demais... E ele deveria respeitar o modo e o ritmo de cada um com as mais diversas situações.
Se Moksha estava abalado, não demonstrava. Shaka explicou bem demais a situação, tão bem que, Mok sabia que deveria ficar tranqüilo o suficiente para que seu Baba não ficasse ainda mais nervoso. Porém, o que sobrava de calma no filho de Mu, faltava em Shura e Amata. O rígido treinamento do mestre de Capricórnio podia passar quase como brincadeira de criança naquele dia. Sukhi que assistia de perto aos treinamentos, preocupou-se. O marido não podia abalar-se daquele jeito... Não na frente de Amata. E claro... O que estava difícil de segurar, transbordou.
Mestre! Por Zeus! Ele não vai morrer! Eu não vou morrer! Vai ficar tudo bem! Então, por favor, não pegue leve comigo por causa disso! - a jovem disse em plenos pulmões num fôlego só. Encarou Shura com determinação. Não ia decepcionar seu mozinho! Ia fazer tudo o que prometera á ele.
Para sua surpresa, Shura encerrou o treino. Sem nenhuma explicação, sem nenhuma palavra. Mas não foi embora como o de costume. Sentou-se cansado na frente dos dois discípulos e ali ficou.
Uma fraca corrente de ar passou por eles.
Logo, Amata estava aninhada no braços do mestre e Moksha fazia um cafuné nos cachinhos dela.
Vai ficar tudo bem... Vai sim. - Shura sussurrou, mais para si do que para a discípula em seu colo. Devia acreditar nas próprias palavras... Não ia se trair pensando o pior. Não ia mesmo fazer isso.
CONTINUA...
Pipe - Agora se segurem, que chegamos ao topo da montanha-russa
Dark Faye - Agradecimento especial à nossa beta, Celly M. E... Bem, obrigada pelo apoio que todos têm nos dado. Sintam-se todas beijadas e abraçadas. E tal como minha parceira disse... Vamos botar para foder.
