Capítulo 2 – Orgulho ferido

Bom, a minha primeira "missão", seria encontrar de algum modo com Draco Malfoy e convencê-lo a me ajudar. Certo, não seria nada fácil. Primeiro, o Malfoy – a não ser que estivesse bêbado, drogado ou meio "drogue" da cabeça – nunca que me ajudaria a ganhar dinheiro. Segundo, eu não estava nem um pouco afim de aturar aquele almofadinha infeliz me dizendo o que fazer e como agir. Mas, claro, 50 galeões eram 50 galeões, tanto aqui quanto na China.

Suspirei enquanto andava pelos jardins. Encontrei Draco Malfoy sem muitos esforços, ele estava sentado junto com Pansy, conversando. Bem, monologando, acredito eu, já que Pansy falava, falava, falava e a única coisa que Malfoy fazia era revirar os olhos ou concordar com a cabeça, a muito contragosto.

Eu respirei fundo, prendi a respiração, estufei o peito e caminhei em direção aos dois:

"Que nada de mau aconteça, que nada de mal aconteça..."

Enquanto eu andava, eu me concentrei em caminhar de uma maneira bem mais chique do que o normal, mas... bem... não queria estar nenhum um pouco parecida com uma miss que estivesse caminhando no meio do desfile.

Estava com a coluna reta, o peito estufado, queixo erguido... Sabe? Aqueles conselhos que a gente ouve em filmes onde as protagonistas viram princesas, ou modelos, ou as garotas mais – blagh – populares da escola. Enfim...

"Que nada de mau aconteça, que nada de mal aconteça..."

Quando eu estava a, pelo menos, dez metros do casal, Pansy se levantou e caminhou em direção ao castelo dizendo que ia tomar um chocolate quente e já voltava. Malfoy soltou um muxoxo falando qualquer coisa do tipo: "Faz o que você quiser" e voltou a olhar o lago congelado.

Certo, ela passou por mim, lançou um olhar do tipo: "Hahahaha A Weasley pobretona!", mas eu não dei a mínima e continuei andando no meu estilo chiquérrimo, mas eu não contava com o fato de que, preocupada em manter a cabeça reta, eu tropeçaria em uma pedra que estava escondida pela neve e... bem... Cairia bem na frente de Draco Malfoy.

Tá bom que ele não riu, nem nada – e eu fiquei imensamente grata a esse detalhe -, mas me olhou como se eu fosse uma idiota. Bom... Eu estava parecendo uma idiota, então eu me levantei rapidamente e olhei para ele enquanto tirava gelo das minhas vestes "de segunda mão".

- Nossa... Weasley... – murmurou ele, se recostando na árvore, cruzando os braços e fixando sua atenção em mim – O que é? Você tá passando fome e desaprendeu a andar? Weasley, Weasley... A comida aqui em Hogwarts é de graça. Você pode comer, ninguém vai se importar. Hum... Ou seria o seu sapato... Ele é muito pequeno – deve ter comprado em liquidação, sei lá, naquela Toca de coelhos onde você vive... – e você caiu porque eles estavam apertando demais o seu pé ou será que...

Certo, ele estava carente. Foi isso o que eu disse a mim mesma para não saltar no pescoço dele e quebrá-lo em dois. Bom, e Draco Malfoy seria a minha escadinha até os 50 galeões.

Eu fiquei quieta, olhando para ele em silêncio. Quando ele parou suas piadas sem graça – e, realmente, elas estavam terrivelmente ruins naquele dia -, ele ficou olhando para mim por um tempo.

- Certo... O que você quer, Weasley?

- O quê?

- O que você quer? Está quieta, aceitou meus insultos e ainda continua aqui, de pé, olhando para mim. – disse ele, enumerando os fatos – Vamos, diga logo.

Eu desviei meus olhos dos dele e mordisquei meu lábio inferior, enquanto isso e alterava meu peso de um pé para o outro e ficava em silêncio. Alguma coisa muito ruim estava acontecendo, ele não ia aceitar.

De repente, eu caí na real.

Era impossível sequer imaginar Draco Malfoy me ajudando a me tornar a Miss Hogwarts. Mas já era tarde demais. Eu não podia simplesmente negar o motivo pelo qual eu estava lá, era impossível.

Bom, impossível, mas não custava nada tentar.

- E... Eu não quero nada, Malfoy. – eu disse, tentando parecer ser dura, claro, não funcionou muito.

- Você mente tão bem quanto anda com "chiqueza". – ele disse, dando um sorriso torto.

Maldito, ele tinha percebido! Ai que raiva!

- Fala logo, Weasley!

- Eu... precisodasuaajuda! – eu disse tão rápido que nem eu mesma entendi o que eu disse.

- Você... o quê? – ele perguntou, enquanto erguia as sobrancelhas, cautelosamente.

- Eu... – eu desviei os meus olhos dos olhos azuis dele, me sentei na neve, um pouco afastada dele e fiquei olhando para o lago, buscando por alguma coragem dentro de mim – Eu... Ahn...

- Que saco, Weasley! Fala de uma vez! – ele já estava se irritando, e eu também. Qual era o problema de fazer uma pergunta ridícula daquelas?

Bom, o problema era o meu orgulho.

- Eu... Preciso... Da sua... – então, eu me levantei.

Deixemos claro o seguinte: eu estava sendo levada pelo o meu orgulho que não queria ser ferido, certo?

Dei meia volta e caminhei em direção ao castelo, rapidamente.

- Weasley, volta aqui!

Ele me segurou pelo ante-braço.

- Me solta, Malfoy! – eu berrei, me soltando dele.

- Eu quero saber o que é que você queria! – ele disse, num tom ácido – Odeio quando as pessoas começam as coisas e não terminam.

Eu respirei fundo, eu precisava pensar em alguma coisa para falar. Minha mente não me ajudou muito, porque foi olhar para Draco Malfoy que a gente – meninas, em geral – sentia aquelas coisa estranha no nosso estômago dando reviravoltas.

- É que... Malfoy... Era uma coisa realmente estúpida. – eu disse, desviando os olhos – Tipo... Se eu te falasse, seria só para levar uma patada e nunca mais olhar na sua cara.

Draco Malfoy ergueu as sobrancelhas. Eu me toquei que eu não devia ter falado isso. Digo, ele, com certeza, achou que eu queria ficar com ele ou qualquer coisa assim, mas, enfim, ele deu um daqueles sorrisinhos de deboche.

- Tá certo, você me diz o que é e eu juro que vou ser o mais educado quanto possível. – disse, por fim.

Eu não acreditei muito nas palavras do Draco Malfoy, mas o que eu ia fazer? Eu era péssima para criar histórias e eu não conseguiria criar uma história muito menos agora.

- É que... Eu preciso da sua ajuda para ganhar aquele concurso idiota "Miss Hogwarts". – eu soltei um suspiro derrotado depois que disse isso – Pronto, vai logo, ria da minha cara!

Por que é que eu fui pedir?

Draco Malfoy não só riu, como começou a gargalhar.

- Obrigado por ser educado, Draco Malfoy. – eu retruquei, dando meia volta e praticamente correndo em direção ao castelo.

Mesmo na porta de entrada do castelo, eu podia ouvir ele rindo como um desesperado.

Idiota, pensei, por fim.

Mas eu sentia a minha garganta ardendo, meus olhos marejando e estava trêmula.

- Tanta humilhação a toa... – foi a única coisa que me veio em mente.

Continua...