Eu caminhei incrédula em direção ao Salão Principal e me sentei do lado de Hermione, que comia em silêncio um pouco de macarrão, sem olhar nem para Rony e nem para Harry.

- Oi, Mione. – eu disse, tentando levantar o astral da mesa – Harry, Rony...

Os dois acenaram, Rony apenas olhou para Hermione por um tempo, então cutucou ela com o garfo.

- Hey, você tá viva? – ele perguntava, com a boca cheia.

Eu e Hermione reviramos os olhos ao mesmo tempo, ela se levantou e pegou a mala, colocando-a nas costas.

- Gina, eu vou para a biblioteca... Será que você pode vir comigo? – eu percebi pelo olhar dela, que aquilo não era um pedido, era uma ordem.

Eu olhei de esguelha para Rony, mas ele parecia não estar nem aí, enquanto continuava a encher a boca de macarrão.

Me levantei e peguei a minha mala, mas antes disso, tomei todo o meus suco.

- Tchau, meninos. Vejo vocês de noite.

Logo, me arrependi de tê-lo dito, porque de noite eu estaria escapando do meu dormitório para ir a uma festa com Draco Lucius Malfoy. Ninguém merece, certo?

Enquanto nós duas caminhávamos em direção a biblioteca, Hermione me surpreendeu com uma pergunta meio indireta:

- Como é que você pôde fazer isso comigo?

Eu fiquei confusa. O que eu tinha feito?

- Fiz o quê?

- Como você pôde fazer aquela aposta com a Chasey? Ela veio me falar da aposta toda sorridente. – disse Hermione, fingindo uma animação enojada, típica da Cordelia Chasey – E, agora, você ainda vai empurrar ela para o Rony se perder aquele concurso idiota...

Eu senti como se tivesse levado uma paulada na boca do estômago.

- Mione, eu vou ganhar aquele concurso. Juro. Eu vou fazer o possível para não ter que ajudar a Chasey a ficar com o meu irmão. – eu disse, séria. E eu não estava mentindo. O principal motivo pelo qual eu estava naquela roubada com o Malfoy, era por causa da Mione.

Os olhos de Mione estavam rasos de lágrimas e ela me abraçou.

- Gina... Eu não sei como eu me sentiria se eu visse o Rony com ela, eu acho que eu não suportaria... – depois, ela se soltou limpando as lágrimas com as costas da mão – Eu... Eu até saí do concurso.

- O quê? – eu perguntei, incrédula – Achei que você quisesse.

- Eu não quero mais. Sabe, eu até tava meio afim, mas agora... Não to com ânimo para nada. – desabafou – Gina, por favor... por favor... Não perca esse concurso por nada na vida. Promete?

- Sim... – eu disse, dando um suspiro e me sentindo a pessoa mais infeliz do mundo. Eu quero dizer... Fala sério!... Qual a minha chance de vencer aquele concurso?

As aulas passaram muito rápido e, quando dei por mim, faltavam duas horas para as dez. As dez horas eu devia esperar por Draco Malfoy na torre da Sonserina porque eu tinha que ir naquela festa idiota dos sonserinos idiotas.

Corri para o quarto e peguei meu vestido do baile, que era o meu único vestido decente. Com um aceno da varinha, ele – o vestido que era rosa – ficou azul escuro e ficou muito bonito.

Corri para o banheiro, tomei um banho bem refrescante, depois, usando a varinha, eu prendi meu cabelo em um coque apertado e coloquei o vestido. Passei um pouco de perfume e, então, eu fiz uma coisa que eu espero nunca mais fazer na minha vida... Eu roubei a capa do Harry!

Foi a coisa mais arriscada que eu já fiz na minha vida. Trajando um vestido preto que tornava andar – mesmo que de vagar – uma missão muito, muito, muito arriscada, eu subi um lance de escadas até chegar no andar do sétimo ano.

Lancei um olhar rápido para a sala deles, e ela estava completamente vazia. Caminhando lentamente, eu fui em direção ao quarto dos meninos, todos estavam dormindo e isso incluía o próprio Harry Potter, por mais incrível que isso fosse.

Eu tirei os sapatos de salto agulha que eu estava usando – o que, acreditem, foi um enorme alivio – e comecei a andar pelo quarto evitando fazer barulho mas, é claro, foi praticamente impossível já que o meu vestido farfalhava a cada passo que eu dava.

Então, eu pisei na barra do meu vestido e caí no chão. Sorte que eu caí no tapete. E o barulho ao invés de ser PLUFT, foi PUF. E ninguém ouviu. Então, eu me ajoelhei e comecei a engatinhar até a cama do Harry.

Abri o balcão dele usando o Allohomora e vasculhei até achar a capa. Puxei a capa por cima de mim e sumi, comecei a caminhar para fora do quarto, quando Harry Potter levantou da cama.

Ferrou! Ele me viu!

Dei meia volta e comecei a praticamente correr até parar na porta, me abaixei, peguei meus sapatos e parei do lado da porta, ofegante. Tentei conter a minha respiração, enquanto ouvia Harry vasculhando o baú dele.

Por favoooor... Alguém me salva!

Foi o único pensamento que surgiu na minha cabeça, então, Harry Potter saiu do quarto, colocou os sapatos nos pés, apoiando-se na parede em que eu estava encostada. Graças a Deus eu estava invisível.

Harry estava com uma cara preocupada e entrou no quarto novamente, para chamar o Rony, com certeza, então, assim que ele entrou no quarto, eu comecei a descer as escadas, em direção ao quadro da mulher gorda.

Quando eu estava no terceiro lance de escadas, eu ouvi o relógio batendo as dez badaladas.

Ai... O Malfoy vai me matar...

Eu comecei a descer mais rápido, então, eu passei pela mulher gorda. Ela deve ter xingado até a minha tatatatatatatatataravó, mas isso não tinha importância, eu estava ofegante enquanto corria com a capa em direção a Torre da Sonserina.

Ninguém nunca tinha me falado que essa capa era tão inconveniente, vira e mexe eu caía no chão dos corredores e tinha que me levantar, com algum esforço. Então, eu finalmente cheguei na Torre da Sonserina e lá estava Draco Malfoy, encostado na parede com as vestes mais lindas que eu já vi um cara de Hogwarts usando.

Eu joguei a capa para trás e Draco me olhou por um instante, mas, ao invés de fazer um elogio que fosse, ele disse:

- Está atrasada, Weasley. 15 minutos.

- Desculpe... – eu soltei um muxoxo – Eu tive um probleminha...

- É a capa do Potter? – perguntou Malfoy, me cortando, ao olhar a capa que agora estava enrolada nos meus braços.

- Sim... – eu admiti, abaixando a cabeça.

Malfoy tirou as capas da minha mão e fez um feitiço que transformou-a em um lencinho, ele colocou no bolso e depois acrescentou, evitando olhar para mim:

- Quando formos embora... – ele murmurou – Não esqueça de me pedi-la.

- OK... – eu disse, e nós dois subimos as escadas.

Quando chegamos em uma porta, era possível ouvir pequenos ruídos lá dentro. Draco abriu a porta e o ruído aumentou muito. Ele passou a mão pela minha cintura e foi comandando os meus passos para dentro do salão.

Tinham meninas com as blusas meio abertas dançando em cima de mesas como se fossem... bom... isso não importa. Tinham pessoas se beijando por tudo quanto era canto e eu te juro que vi dois jogadores – siiiim, dois homens - do time da Sonserina, se beijando.

- Que nojo! – eu disse, num murmúrio, mas Malfoy ouviu e deu um risinho abafado.

- O quê? Vai dizer que as festas na Grifinória ficam tocando valsas e as meninas usam aqueles vestidos longos e aqueles cabelos de filme trouxa dos anos 70. – disse ele, em tom de deboche.

- A verdade é que... a Grifinória... Não dá muitas festas. – eu disse, desviando meus olhos da pista de dança que estava cheia daqueles loucos que estavam se agarrando.

Foi então que um cara loiro de olhos verdes surgiu do nada do nosso lado e berrou, bem no meu ouvido:

- GRIFINÓRIA NA FESTA!!! – ele berrou, e o meu reflexo foi quase agarrar Draco Malfoy.

A música diminuiu o volume e todos pararam para me olhar. Eu estava totalmente vermelha e olhando para os meus pés, foi quando o menino loiro de olho verde me puxou pelo ante-braço.

- Vem, vamos dançar. – disse ele, me puxando para o meio da pista de dança – Como é o seu nome, mesmo? Wenzy?

- Weasley! – eu corrigi, evitando olhar para ele, enquanto ele dançava como um louco na minha frente.

- Ah, é... – ele disse, com um sorriso – A mais nova dos Weasleys, a namoradinha do Potter.

- Eu não sou a "namoradinha" do Potter. – eu disse, ainda evitando olhar para aquele cara.

- Então, prova. – antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele me beijou.

Tá, esse cara era muito estranho.

Depois disso, ele se afastou de mim e foi até Draco e entregou para ele uma sacolinha, Draco guardou-a no bolso. E olhou para mim com um sorriso torto.

Depois, o menino voltou para mim e ia me beijar de novo, quando eu empurrei ele.

- Não quero mais. – eu disse, por fim – Eu... Eu não to afim de beijar ninguém hoje.

Ele me olhou estranho. Claro, ele era muito bonito e não devia estar acostumado a levar bota de ninguém.

Ele me puxou pela cintura e me beijou de novo, quando eu ergui meu joelho com força e, diga-se de passagem, nocaute! Ele caiu no chão gemendo de dor e eu caminhei até Draco Malfoy, pisando duro no chão.

Numa das minhas pisadas, eu quebrei o salto agulha e caí de costas no chão. Me levantei fingindo que nada tinha acontecido e puxei Malfoy pelo braço.

- Vamos embora... por favor... – supliquei.

Ele pareceu hesitar por um instante, então assentiu.

- Tá, vamos embora.

Nós dois saímos da festa, juntos. Draco Malfoy estava em silêncio mórbido e eu com vontade de chorar, devido a vergonha que eu tinha passado.

- Nunca mais... – eu disse, fazendo ele me olhar – Nunca mais me faça passar por isso, por favor.

Continua...