Na aula de poção, eu consegui fazer uma poção que, supostamente, deveria ser azul, ficar amarela! Que maravilha, não, srta. Weasley? Eu ainda posso ouvir aquela voz arrastada daquele professor carrancudo: "Severo Snape".

Claro que as aulas estavam indo muito, muito, muito rápidas devido ao fato de eu não querer me encontrar com Draco Malfoy, mas eu já estava no fim da última aula quando Cordelia Chasey veio falar comigo.

- Gina! – ela me chamou, eu parei de andar e fiquei olhando para o chão enquanto ouvia o salto dela batendo contra o chão, ritmado – Gina, nós precisamos conversar!

Eu fiquei um segundo em silêncio, o que será que aquela garota queria comigo. Ah, não ser, claro, falar sobre a nossa aposta?

- Hum... Oi, Cordy! – eu me virei, fitando-a nos olhos por um minuto.

- Oi, Gina! – disse ela, jogando os cabelos para trás com um aceno de cabeça – Eu... hum... bem... preciso que você me faça um favor.

- Claro! – eu disse, automaticamente. Me xinguei por dentro.

- Avise a Hermione, que, infelizmente, ela terá que participar do Concurso.

- O quê? Como assim? "Terá que participar"?

- Ah... – Cordy pareceu levemente sem graça – Eu esqueci de tirar o nome dela e ela está como se ainda estivesse disputando. Bom... Obrigadinha!

Ela deu meia volta e saiu andando rápido e berrando pelo nome de um menino loiro de olhos azuis, que ao ouvir a voz da menina, se voltou e deu um sorriso maravilhado. Bom, a minha cabeça não estava concentrada nisso, e sim no fato de que Hermione iria ficar furiosa... E eu era quem ia receber o pato.

- Tá certo... Ela nem vai ficar tão brava assim... – eu dizia para mim mesma, enquanto caminhava em direção a Torre da Grifinória, foi então que eu bati com a mão na testa – Ah meu Deus... Aquele encontro idiota com o Malfoy... Que saco!

Resmunguei e saí andando pelos corredores, esquecendo completamente de Hermione.

Quando eu cheguei no Jardim, Draco Malfoy estava conversando com milhares de garotas e quando ele me olhou, falou alguma coisa e todas as meninas olharam para mim, deram risinhos e saíram correndo, passando por mim e rindo.

Eu fiquei um minuto quieta, tentando absorver tudo o que estava acontecendo e, quando dei por mim, Draco Malfoy estava na minha frente.

- Olá, Virgínia!

A resposta veio completamente automática:

- Posso saber desde quando você me chama de "Virgínia", Malfoy? – eu perguntei, seca, fitando-o nos olhos.

- Huuum... – disse ele, fingindo puxar algo antigo da memória – Deixe-me te contar um negócio, Weasley... – disse ele, começando a me puxar para dentro do castelo – Eu costumo tratar muito bem as pessoas com quem faço acordos.

Eu dei uma risada irônica que eu juro que não sei de onde veio.

- Tratar bem? Ah, claro! – eu disse, revirando os olhos.

- Virgínia... – ele murmurou, com um suspiro cansado – Eu vou te chamar de Virgínia e não estou nem aí. Você vai ter que se acostumar.

Tá certo, então... Sr.-Malfoy-eu-trato-bem-as-pessoas.

Aquele cara já tava começando a me tirar do sério. Quero dizer, primeiro ele ri da minha cara porque eu quero participar do concurso, depois ele me faz uma proposta bem idiota e eu tive que aceitar por causa da minha melhor amiga, depois, naquela maldita festa, um sonserino me beija a força e, aparentemente, pagou Draco por fazê-lo, depois, me deixa abalada e com medo de sonserinos... Agora, me vem com essa de me chamar pelo primeiro nome.

Se ele quer me deixar insana, ele estava realmente conseguindo fazer o que ele queria, porque eu estava à poucos passos de dar meia volta e sair dali, esquecer aquele concurso.

Então, eu me lembrei que se eu saísse dali, desse meia volta, e esquecesse do concurso, eu teria que avisar Hermione que ela teria de participar do Concurso de qualquer jeito, o que seria pior do que duas ou três horas ouvindo Draco Malfoy no meu ouvido dizendo o que eu devia ou não fazer e como eu devia ou não andar.

Draco parou comigo na frente daquela estátua e falou aquela senha retardada daquela casa maldita – sonserina – e me empurrou escada a cima, em direção ao oitavo andar. Sim, a Sonserina tinha a proeza de ter o oitavo andar, o que era uma tamanha injustiça, porque a Grifinória, a Corvinal e a Lufa-lufa só tinham sete andares.

Por que a torre deles era mais alta? Que injusto.

Bom, meus pensamentos sobre justiça em relação as torres da casa logo foi interrompido, porque Draco Malfoy parou de me empurrar e me deixou de frente para uma porta de carvalho mal lixada.

- O que é que tem aí? – eu exigi saber.

Malfoy deu um sorriso maroto, que me tirou do sério, e abriu a porta. Me puxou de novo para dentro e eu quase desmaiei quando vi o que tinha lá. Várias cabines e em cada cabine, tinha uma menina do grupo que estava conversando com Malfoy.

A primeira menina que caminhou até mim, me levou para a primeira cabine. Ela tinha uma "maca" e eu vi, que na parede direita, tinha uma portinha que ligava a próxima cabine.

Eu me sentei na cama e vi quando a menina entrou e fechou a porta as suas costas.

- Você deve ser a Weasley! – disse ela com um sorriso – Vamos, tire as vestes.

- O quê? O-o quê você pensa que vai fazer comigo? – perguntei, aterrorizada.

Ah, mas aquele Malfoy me pagava quando eu saísse daquela cabine.

- Te depilar, é claro! – disse, apontando para a cera quente que estava do lado da cama.

Maldito, maldito, maldito!

Essa era a minha corrente de pensamentos, enquanto eu me despia e ficava só de calcinha e sutiã, o que era bastante incomodo, se quer saber a minha opinião. Além do mais, eu me depilava em casa, com a minha mãe, não com uma estranha.

Eu me deitei na maca e ela começou o trabalho dela. Não preciso dizer que eu gritei até ficar rouca naquela cabine. Quando a moça terminou, ela me olhava com uma cara consoladora.

- Está tudo bem, viu? Nem doeu tanto!

Só por que não foi em você, docinho...

Eu pensei, muito educada.

Então, ela me indicou a porta que ligava a outra cabine, eu estava com um roupão rosa e quando eu vi uma menina ruiva na cabine, com uma tesoura, eu quase caí para trás.

Claro que, de algum modo, eu não conseguia pensar que, talvez, só para variar, a tesoura não fosse para perfurar meu estômago ou me fazer sofrer, mas para cortar o meu cabelo.

- O que você vai fazer com isso? – perguntei, quase chorando.

- Cortar seu cabelo, querida... – disse ela, com um sotaque francês chique.

Ela me sentou em uma cadeira que ficava de frente para o espelho, ela analisava o meu cabelo com uma cara de desgosto que eu até corei. Então, ela puxou uma mexa do meu cabelo, me fazendo sentir um espasmo de dor.

Ela olhou as pontas.

- Quantas pontas duplas... – disse, enquanto colocava a ponta dos meus cabelos bem próximas dos olhos azuis piscina – É... Eu vou ter que cortar uns... dois, três dedos do seu cabelo.

- Mas...

- Sem "mas". – disse ela, e começou a passar cremes e mais cremes. Enquanto isso, ela massageava o meu coro-cabeludo, o que não era nada ruim.

Eu não sei se eu dormir, mas eu sei que quando a loira disse: "Pronto", eu só consegui ver que metade do meu cabelo estava no chão. Quando me olhei no espelho e vi que meus cabelos estavam no ombro, eu quis morrer.

- Vá para a outra cabine, querida... Você está linda.

Eu tinha outra opção?

Caminhei e encontrei uma menina com um secador pendurado no pescoço e uma escova na mão.

- Vamos!

- A onde? – eu perguntei, assustada.

- Senta.

Eu obedeci e ela começou a girar em torno de mim, com aquele barulho ensurdecedor do secador. Enquanto isso, eu ficava em silêncio, apenas tentando me ver no espelho.

Quando ela terminou, eu mal acreditava no que estava vendo. Eu estava com uma cabelo liso e com cachinhos – acredite se quiser – nas pontas. Algo muito caro ia acontecer. E eu ia ter que pagar.

- Perfeito! – disse a mulher de pele morena, enquanto apontava parta a porta que ligava a outra cabine, então ela pegou a varinha e fez um feitiço – Vai ficar assim por um bom tempo.

Eu respirei fundo e quando entrei lá, dei de cara com uma mulher idêntica a Cordelia Chasey, mas um pouco mais velha, com um enorme estojo de maquiagem na mão.

- Bem que ele disse que você tinha sardas... – ela murmurou, se aproximando com um sorriso carismático.

Ela me ensinou a usar as maquiagens, o pó-de-arroz para disfarçar as sardas, a sombra nos olhos para realçá-los... E, acreditem, eu estava até me divertindo. "Seja Cordelia Chasey por uma noite".

Noite!

Ah, meu Deus! Rony, Harry e Hermione já devia ter dado pela a minha falta!

Quando a mulher terminou, eu estava praticamente sem as sardas, ela sorriu e me entregou um estojo de maquiagem.

- Faça um bom uso! – disse, sorrindo.

Eu sorri de volta e fui até a última porta.

E, oh meu Deus! A mulher que estava lá era uma estilista.

Ela tirou as minhas medidas, e, em menos de vinte minutos, ela me entregou uma sacola cheia de roupas. Mas cheia mesmo, eu só estava com medo da conta disso tudo.

Ela sorriu e conjurou as minhas vestes de Hogwarts, eu a vesti e vi que essa era a última cabine. Com um suspiro, eu abriu a porta da cabine e saí, dando de cara com Draco Malfoy.

Continua...