Uma parte de mim berrava como louca para que eu o empurrasse e metesse um tapa na cara dele, mas a única coisa que eu consegui fazer foi... bem... corresponder. Depois que ele se afastou, eu pulei do balcão e fiquei de pé, na frente dele.
- O que você pensa que está fazendo? – eu perguntei, incrédula.
Ele me olhou com um sorriso de deboche.
- O que você vai fazer? – perguntou, cruzando os braços daquele jeito que só ele conseguia fazer e me deixava ainda mais atraente, então eu desviei os olhos e fiquei olhando para o chão.
- Achei que você tivesse dito... tivesse dito que... – eu não conseguia fazer com que os meus pensamentos fizessem sentido, mas eles não faziam, eu estava confusa – Por que você fez isso?
Ele deu de ombros.
- Tive vontade.
Então, eu me enchi de coragem. Se ele era tão cara de pau, por que eu não deveria ser?
- Achei que tivesse dito que eu sou uma Weasley e que isso era suficiente para que você não quisesse nada comigo. – eu disse, desafiando-o com o olhar.
- E eu não quero nada com você. – ele disse, com um sorriso desdenhoso – Foi só um beijo.
- Você me desculpe, mas aquilo não foi um beijo. – eu disse, disposta a irritá-lo, tanto quanto ele havia me irritado esses dias todos.
- Como assim? – ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Chame aquilo lá do que quiser. Mas um beijo, não foi. – eu disse, movendo a cabeça em sinal de reprovação – Já conheci caras que beijavam muito melhor.
- Você achou ruim? – perguntou ele, levemente frustrado, enquanto franzia o cenho.
Eu comecei a rir por dentro.
- Ah... você sabe... – eu disse, fazendo um gesto desdenhoso com a mão – Não que seja ruim, mas... Não sei... Com toda a sua fama, achei que você fosse mais... Ah... Deve ser eu mesmo... – disse, dando um risinho simpático, enquanto me controlava para não rir – devo ter criado muitas expectativas.
Draco Malfoy nunca pareceu tão frustrado, ele caminhou na minha direção e eu recuei, talvez eu tivesse cutucado alguma coisa que não devia. Eu fui recuando até que minhas costas encontraram-se com a parede e eu fiquei olhando para ele.
Por que é que eu tinha começado tudo aquilo?
- O que é que você queria, Weasley? Que eu te empurrasse contra o balcão e dormisse com você?
- Eu, não. Beijando mal do jeito que você beija, eu prefiro morrer a dormir com você. – eu estava indo longe demais, eu sei, mas era tão divertido ver a cara dele quando estava com raiva e frustrado ao mesmo tempo que eu não conseguia evitar.
Então, eu fiz uma coisa que nem eu esperava.
Eu joguei a minha cabeça para trás e comecei a rir. Enquanto eu ria, eu deslizei até o chão e tapei a minha boca, tentando abafar o meu riso, mas não consegui. Eu comecei a gargalhar e ele não gostou muito.
Draco Malfoy se agachou do meu lado e ficou olhando para mim, compenetrado. Então, repentinamente, eu parei de rir, e ele aproximou ainda mais seu rosto do meu até que seu nariz tocou o meu.
Os olhos azuis dele ficaram fixos nos meus olhos castanhos.
Então ele aproximou ainda mais os nossos rostos e me beijou de novo. Só que, dessa vez, foi diferente.
Eu não sei explicar, mas aquele beijo... Eu não sei dizer o que é que aconteceu. Ele era diferente, o outro também havia sido bom, mas esse era um bilhão e meio de vezes melhor.
Quando ele se afastou, eu queria que ele continuasse perto de mim. Então, ele sorriu vitorioso. Afastou um pouco seu rosto do meu, até que nossos narizes quase se tocassem novamente e num tom cínico, perguntou:
- E esse beijo? Foi muito ruim?
Eu hesitei um pouco, então dei um sorriso.
- Não sei... Talvez se...
Ele deu um sorrisinho.
- Não ponha defeitos, Weasley... Você devia estar feliz por eu ter te beijado mais de uma vez. Aliás, você devia estar feliz de eu ter te beijado uma vez.
Eu ri. Não, eu gargalhei.
Como ele era cínico.
- Como você é cínico, Malfoy... – eu disse, com um sorriso de deboche – Eu acho que você pode fazer melhor que isso.
Ele arregalou os olhos, eu dei um sorrisinho e me pus de pé.
Eu não estava mais me controlando. Eu estava sendo completamente sarcástica. Eu não costumava provocar os meninos para que eles me beijassem novamente.
- Eu não vou te beijar de novo, Weasley. – ele disse, por fim, em tom desdenhoso.
- Não se preocupe, eu não quero os seus beijos. Além do mais, se eu quisesse eles... – eu disse, olhando para ele em tom desafiador – Eu não os conseguiria.
- Não mesmo. – ele disse, depois ficou um segundo em silêncio – O que quer dizer com isso?
- Ah, você sabe. – eu disse, dando de ombros e abrindo a porta da loja.
Eu estava quase fora da loja, quando ele me puxou pelo braço e fechou a porta com um soco e me puxou para perto dele.
- O que você quis dizer com aquilo?
- Ah, você sabe... Você não teria coragem de tentar algo sério com alguém como eu. – eu disse, e era verdade.
- Como assim?
- Malfoy, você nunca amaria ninguém, mesmo que quise... – antes que eu pudesse terminar, ele me beijou de novo.
Posso saber desde quando ele podia ficar me beijando? E, pior, bem quando eu ia expor minha opinião.
- Pára de me beijar! – eu disse, séria – Você não quer, lembra?
- Você quer que eu te beije. – ele disse, com um sorriso idiota.
Um sorriso muito bonito, mas definitivamente, ele era um idiota.
- Eu não quero que você me beije, OK? – eu disse, nervosa – A única coisa que eu quero com você, Malfoy, se resume a: me ensine como ser uma modelo para eu ganhar aquele concurso idiota.
Draco Malfoy riu torto e com as mãos arrumou os cabelos, então ele aproximou o rosto do meu de novo. Mas não me beijou, apenas ficou me olhando.
- Você tem um jeito estranho de demonstrar interesse por alguém. – ele disse, rindo em seguida.
- Você tem um jeito estranho de se tornar insuportável. – eu retruquei.
- Você não parecia me achar insuportável quando eu te beijei.
Eu fiquei em silêncio olhando para ele.
- O que você quer, afinal? – eu perguntei,finalmente, me pondo nas pontas dos pés para que eu pudesse ver os olhos dele com clareza.
Ele passou a mão pela minha cintura e me puxou para perto.
- Sua companhia. – ele sussurrou, no meu ouvido.
- Por quê? – eu perguntei, tentando me afastar dele.
Era difícil pensar com um loiro de um metro e oitenta te abraçando pela cintura e sussurrando coisas no seu ouvido.
- Ora, porque eu acho que seria divertido tentar ter algo com você, Weasley.
- Algo como... amizade?
Ele sorriu.
- Ah, você sabe. – disse ele, me imitando.
- Não me deixe confusa. – eu disse, franzindo o cenho, enquanto tentava recuar, para que ele me soltasse.
- Como assim, Weasley? – ele perguntou, em segurando com mais força contra ele, e isso estava começando a me deixar louca.
- Me... solta! – eu sibilei.
- Só vou soltar quando você me dizer o que quer de mim.
- Eu quero que você me ensine aquela porra de modelo para concurso, merda!- eu sibilei, nervosa.
- Uh... Que língua suja, Virgínia. – disse ele, ácido – Por que tudo isso?
- Se a minha língua tá suja, Malfoy... Ela deve ter infectado a sua. – eu disse, nervosa e tentando me soltar – Afinal, com aqueles dois beijos...
- Ahá! – ele fez, me assustando de tal maneira que se ele não tivesse me segurado, eu caía no chão.
- O que é? – eu perguntei, com o coração quase saindo pela boca.
- Você admitiu que gostou dos beijos.
Eu fechei os olhos, tentando encontrar alguma resposta rápida.
- Eu não disse isso... Eu só disse que...
- Você é péssima para inventar desculpas.
- Você não está ajudando. – eu disse, em tom reprovador.
- Eu sei. – ele disse, com um sorriso de deboche.
A gente ficou alguns segundos se olhando, então ele deu um sorrisinho.
- O que é que você vai fazer se eu te beijar de novo? – ele perguntou, alargando o sorriso de deboche.
- O mesmo que fiz com o "Andy". Na festa. – eu disse, tentando me esquivar de Draco Malfoy.
- Boa idéia.
- O quê? – eu perguntei, incrédula.
- Vamos ver se eu beijo tão mal assim...
Ele me beijou de novo, mas eu não consegui levar o meu joelho até o saco dele. Não me pergunte porquê. Ele era tão idiota que eu não conseguia entender porque eu estava deixando ele me beijar.
Ele era bonito e tudo, mas... Meu... Alooow? Tem alguém aí? Ele era o Malfoy. O idiota que tinha dado o diário para mim.
- Me solta, Malfoy. – eu disse, assim que ele desgrudou os lábios dele dos meus.
Ele ficou um segundo em silêncio e afrouxou a força com que seus braços estavam em volta do meu quadril, de modo que eu pude me afastar. Eu abaixei a cabeça e me sentei no chão.
De repente, eu estava com uma vontade louca de chorar.
Eu estava beijando um cara que havia quase me matado. Ele havia me dado o diário. Ele havia feito com que Voldemort virasse um dos meus "melhores amigos", ele havia me proporcionado os piores minutos da minha vida, ele me humilhou na frente de Harry, quando eu gostava dele, ele me humilhava e humilhava a minha família sempre que podia, o pai dele havia quebrado o meu tornozelo.
Draco Malfoy nunca havia me proporcionado nada de bom. Ele nunca havia me feito nada do qual eu pudesse me lembrar e dizer: "Mas, não, daquela vez ele...". Ele havia sido um grosso, um estúpido comigo.
E ainda havia me chamado para aquela festa. Eu não sabia o porquê e aquilo me incomodava tanto que às vezes eu ficava horas pensando em todas as possibilidades possíveis e nenhuma parecia plausível o suficiente.
Eu o odiava e odiava o jeito com que ele fazia eu ficar atraída por ele só com aquele erguer de sobrancelha. Odiava aquele jeito idiota dele de achar que sempre estava certo, mesmo quando não estava. Odiava o jeito dele. Odiava ele. Odiava aquela roupa e aquele perfume caro que ele usava. Odiava o jeito com que ele colocava o cabelo dele para trás e, além de tudo, odiava o jeito dele de se achar a pessoa mais importante do mundo.
Quando dei por mim, eu estava soluçando no chão. Chorando.
Mas não sabia por quê.
Talvez fosse porque ele havia me depilado, sei lá.
Mas eu não queria ficar com ele. E queria. Era possível eu sentir isso por ele? Eu estava confusa, queria ficar com ele. Uma parte muito grande de mim queria ficar com ele. E eu estava chorando.
Chorando na frente de Draco Malfoy.
Draco Malfoy, que havia rido de mim quando eu disse que precisava da ajuda dele.
- Virgínia...? – ele chamou, receoso.
- O que é, Malfoy? – eu perguntei, entre soluços.
- Por que você está chorando?
- Porque eu te odeio! – eu berrei, caindo em soluços de novo.
Draco Malfoy me levantou com facilidade e fez com que eu olhasse para ele, ele estava um pouco confuso, mas me olhava com uma expressão dura.
- Você me odeia?
- Odeio! Odeio você e toda a sua família infeliz de comensais! Odeio todos! Odeio você! Odeio seu jeito de se vestir, de falar, de andar! Odeio tudo em você! – eu disse, fechando meus olhos com força enquanto berrava – Mas... Por que... Por que eu me sinto tão atraída por você? Que merda!
Eu voltei a soluçar enquanto ele ficou parado, pálido. Me fitando com os olhos azuis frios. Eu tapei a minha boca para abafar os soluços e aos poucos eu me acalmei. Levei uma das minhas mãos a minha têmpora e massageie-a.
- Sinto muito. – eu disse.
Draco Malfoy ficou em silêncio.
- Você se sente atraída por mim.
Eu já havia entregado o ouro, mesmo.
Então, eu assenti com a cabeça, enquanto me controlava.
- Por quê?
- Eu não sei. – eu respondi, limpando as lágrimas.
Nós ficamos em silêncio, quando ele, hesitante, passou a mão em volta do meu quadril – de novo, ele deve ter alguma tara com o meu quadril, porque ele não larga dele! – e a outra ele levou a minha nuca e me beijou de novo.
Foi estranho, eu senti como se o próprio Malfoy não soubesse direito o que estava fazendo. Então eu resolvi que estava na hora de seguir um pouco o que eu queria.
Correspondi de verdade o beijo que ele estava me dando, e, bom, isso melhorou bastante o beijo. Acho que o próprio Draco Malfoy percebeu isso, quando nos separamos ele me olhava quase como se não me reconhecesse.
- Por que você não fez isso antes? – ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Isso o quê?
- Não sei, isso o que você fez agora. – ele disse, dando de ombros.
- O quê? Corresponder?
- É. – disse ele, como se isso fosse uma coisa muito difícil de dizer.
- Não sei, porque eu só senti vontade agora. – eu disse, dando de ombros.
Draco Malfoy ficou me olhando nos olhos por um tempo.
- Isso é errado.
- É, eu sei.
- Eu também.
- Então, qual é o seu talento?
- Eu ainda não sei. – disse, aliviada por ele ter tocado no assunto.
Depois que nós dissemos isso, nos separamos.
Continua...
N/A: Bom, os agradecimentos desse capítulo vão para:
Juliana - Imagina, eu sempre vou pôr o nome de quem comenta aqui, os leitores são muito importantes para mim, e para todos os outros autores também, acredito eu.
Anaisa – Valeu por estar acompanhando a minha história, vou passar agora mesmo na sua!
Che – Valeu por me acompanhar em mais esse cap! Essa fic é para vc, miga!!! Bjos.
