CAPÍTULO 16

Instantes depois...

Clark usava sua super-velocidade, e via à sua frente somente destruição. O centro de Smallville nem havia sido tão abalado pelo terremoto, mas o lado leste da cidade, que dava acesso às estradas principais para outros estados, sim. A rodovia que dava acesso a Metropolis estava praticamente em ruínas, com fendas semi-abertas e postes de luz caídos à beira da via.

Felizmente, por onde passou, Clark não encontrou feridos. Até que parou, e encontrou um poste atravessado na pista. Não havia mais nada por perto. Imaginou se Lois teria passado por ali a tempo, mas havia alguma coisa errada. Clark se virou e fez lentamente o caminho de volta. Viu que havia uma grande marca de frenagem. Percebeu então que coincidia com as marcas dos pneus do carro de Lois. Aflito, Clark viu que aquela era a parte da estrada mais atingida pelo terremoto. O asfalto estava praticamente destruído, com uma enorme fenda que se abrira e se encerrava exatamente onde ele estava. Imaginou que, se o terremoto prosperasse, a fenda poderia ter se estendido até outro estado. Aparentemente, a fenda não havia atingido o carro de Lois, pois, exceto pela marca de frenagem, não havia qualquer sinal dele. Voltou em direção ao poste caído, e o tirou da pista, colocando-o no lado do acostamento, quando, de repente, algo lhe chamou a atenção.

Ao lado da pista, havia umas mudas de mato, e abaixo, um barranco. Notou que as mudas estavam completamente amassadas, como se alguém tivesse passado por ali há pouco.

"Não" disse Clark, consigo mesmo, aproximando-se passos largos do barranco.

Foi então que ele viu o carro de Lois capotado a poucos quilômetros de distância, ao final do imenso barranco.

"Lois!" gritou ele, usando imediatamente sua super-velocidade para chegar até o veículo, completamente destruído.

Para seu desespero, Clark viu um braço estendido pela janela de fora do lado do motorista. Era o braço de Lois, sujo com terra e sangue. Correu em sua direção, e a viu presa pelo cinto, com o rosto coberto por ferimentos. Clark arrancou a porta fora, atirando-a para longe, e arrebentou o cinto de segurança, pegando Lois gentilmente, e trazendo-a para fora. Notou, então, que vazava óleo e uma fumaça tomava conta do motor. Pegou Lois nos braços e afastou-se o mais depressa que podia dali. Da estrada, para onde a levou de volta, ouviu a explosão. E, por mais que estivessem longe, Clark tentou protegê-la.

"Por favor, Lois. Não faça isso comigo!" pediu Clark, como se ela pudesse ouvi-lo.

Afastou gentilmente seus cabelos da face ensangüentada. Naquele momento, Clark se sentiu completamente impotente e vulnerável. Com todo aquele poder, não pôde sequer salvar a pessoa que mais amava. Mas não, pensou ele. Lois era uma guerreira. Era forte. Colocou então a mão sobre a testa de Lois e usou sua visão de raio-x. Foi então que Clark suspirou, e seus olhos se encheram de lágrimas. Seu pescoço estava quebrado. Lois estava morta!

O desespero então tomou conta de Clark. Sua fisionomia mudou completamente. Já havia sentido dor antes quando ficou sem suas habilidades. Mas nada se comparava à dor que sentia naquele exato momento. Nada. Algo o consumia por dentro. Algo parecia ter sido arrancado de dentro de sua alma. Era uma dor inefável.

Clark tomou Lois nos braços, e ficou vários instantes abraçado a ela. Depois, deitou-a cuidadosamente no asfalto, ajeitou seus cabelos e, delicadamente, passou as pontas dos dedos pelo seu rosto ferido, suas pálpebras e seus lábios. Não podia conceber. Quando finalmente havia encontrado o grande amor da sua vida, o grande significado entre sua existência e a da humanidade, o destino fatalmente a tirava de si. Toda sua força e todas as suas habilidades nada significavam. Contudo, tomado por uma força muito maior do que todas as suas capacidades sobre-humanas, Clark decidiu que não era o fim. Levantou-se com Lois nos braços e o rosto umedecido pelas lágrimas, e olhou para o alto. Olhou mais uma vez para o rosto de Lois. Tão frágil, tão inocente. Nunca mais a deixaria. Nunca mais. Protegeu o rosto de sua amada contra seu peito e correu o mais veloz que podia.

Continua...