Amor Verdadeiro é Para Sempre
Capitulo 03
MILO
O caminho para casa foi longo, mais longo do que o normal. Meu coração não diminuía o ritmo, minha face tinha uma cor avermelhada muito forte e a imagem do novo aluno não saia de minha mente. Ahhhhhh! O que está acontecendo comigo?
Assim que cheguei em casa entrei em meu quarto e me joguei na cama, e fiquei... Até agora, quando ouço o baralho da chave na porta e a mesma se abrindo, meu pai chegara em casa, é melhor preparar algo para comer, antes que ele venha me atormentar.
Levantar da cama parece tão difícil, prefiro mil vezes ficar aqui pensando no que aconteceu hoje, do que me levantar e ir providenciar algo para comer, mas meu estomago diz totalmente o contrario. Antes de sair de meu quarto melhor melhorar um pouco o rosto e tentar tirar o vermelho do mesmo, meu pai só irá me atormentar se me ver dessa maneira.
Como sempre pareço que não existo para ele, pois passo em sua frente e o mesmo nem me cumprimenta. Melhor assim, ambos já nos acostumamos a suportar a presença do outro nos breves momentos em que estamos juntos sob o mesmo teto, e também só trocamos palavras quando essas são extremamente importantes.
Não demoro muito tempo na cozinha e saio com uma bandeja cheia de 'comidas saudáveis' por assim se dizer. Na verdade de saudável não tem nada, afinal uma grande e gorduroso hambúrguer não pode ser classificado como saudável. Mas mesmo assim, esse era o meu almoço. Não me lembro desde quando, mas já fazia muitos anos desde que provara uma verdadeira comida caseira e considerada saudável, eram raras as vezes que resolvia comer em algum restaurante que não fosse uma lanchonete ou qualquer outra de comidas rápidas.
Pude ver que o olhar que meu pai lançou ao meu almoço não foi dos melhores, lembro-me que antigamente ele vivia implicando comigo por causa disso, mas nos dias de hoje nem isso ele fazia mais, talvez também tivesse se cansado de se gastar comigo.
Entrei com a bandeja em meu quarto e comi lá mesmo, sentado na borda da janela observando o movimento da rua em frente a minha casa. Uma estranha sensação parecia me perseguir e a imagem do rosto de Kamus não saia de minha mente. Senti as faces avermelharem novamente e quase deixo meu prato cair do parapeito onde estava sentado. Deuses o que estava acontecendo comigo?
Sai de lá e me joguei sobre a cama, meu olhos apreensivos fitando o teto branco. Por que sentia aquela familiaridade com ele? Estava absorto em meus próprios pensamentos quando o barulho de alerta do celular quase me fez pular do lugar onde me encontrava. Peguei o pequeno aparelho para ler em sua tela que uma nova mensagem havia chego.
"Que tal um encontro no parque para conversar-mos? Estou na frente da sua casa. Saga"
Não esperei dois minutos e acenei pela janela indicando que já estava descendo. Peguei uma jaqueta qualquer sobre uma cadeira no meu quarto e desci as escadas rumo à porta da sala o mais rápido que consegui. Não deixaria aviso algum, meu pai melhor do que ninguém sabia que eu sempre voltava pra casa, por pior que ela fosse para mim.
Encontrei o diretor de minha escola sobre a moto preta dele me oferecendo um capacete da mesma cor, que não hesitei em pegar e colocando-o montar na garupa da moto, para me ver livre o mais rápido possível daquela casa que me aprisionara os pensamentos.
Passamos o caminho todo em silencio, mas após estacionar a moto e descermos dela, Saga se virou para mim com um sorriso sem igual e ofereceu para me pagar bolo com café. Sorri de volta e aceitei o convite, sendo puxado para uma doceria que ficava na frente do parque central da cidade. Onde fomos atendidos por uma bela moça e sentamos aguardando nossos pedidos.
"O que você quer conversar Saga?"
"Sua reação na sala ao ver o jovem Kamus..."
"Como!"
Minha cara deveria ser uma das melhores, pois, Saga que geralmente era um rapaz sério para assuntos sérios, se deu o direito a um sorriso. Como assim ele queria conversar sobre o meu comportamento? Não havia feito nada demais... Ou havia? Peguei-me pensando novamente no simples, singelo e sutil toque que nossas mãos deram a ele me ajudar. Tenho certeza que uma cor avermelhada subiu as minhas faces e por mais que quisesse não consegui esconde-las ou disfarçá-las.
"Não precisa se encabular, o assunto não chega a ser tão preocupante assim."
Ele se calou ao perceber que nossos pedidos acabavam de chegar e só continuou quando estávamos novamente a sós.
"Acho que você melhor do que ninguém servirá para o que quero."
"Como assim para o que você quer?"
Minha pergunta saiu calma, se bem o conhecia vinha algo ai por trás.
"Saga, deixe-me em paz, não quero arranjar encrenca na escola, só termina-la e tão pouco quero ter o apoio do diretor. Já tem boatos demais sobre a minha pessoa naquele lugar."
"Calma Milo. Não irei te apoiar em nada. Por acaso alguma vez já deixei de puni-lo quando realmente merecia? Não é só por sermos vizinhos que pegarei mais leve com você."
A colhe recém tirada de sua boca brilhava com o pouco de saliva que ficara nela, assim como seus olhos e isso me amedrontava.
"Mesmo assim Saga... Não quero."
"Milo, meu pedido é simples: preciso que um dos alunos dê suporte e ajude o nosso novato com as regras da escola. Não é nada demais."
"Resumindo: está pedindo para que eu seja babá do francês?"
"Não é bem isso, mas se quiser ver por esse lado."
"Não Saga! Eu... Ele... Ah, ele me aborrece."
"Não foi bem isso que sua cara dizia na hora em que falei que ele se sentaria do seu lado. Por favor Milo, não confiaria esse trabalho a mais ninguém, ainda mais por Kamus ser o filho de um grande pacifista."
Parei por um momento e analisei a situação, realmente não haveria mal algum naquilo e eu me encontrava em sério debito com Saga por todas as vezes que ele havia me dado abrigo após minhas brigas com meu pai. Não seria tão torturante assim, seria? Talvez, até pudesse fazer isso. Uma amizade. Creio que não machucaria ninguém, nem mesmo a mim. O que custa tentar?
"Esta certo Saga, eu faço isso. Mas será por você e não por ele."
"Sabia que você era a pessoa certa Milo."
"Ta ta..."
Não que fosse descaso meu, mas realmente não estava muito animado com essa idéia. Sentia que algo muito ruim aconteceria. Saímos da doceria e demos uma volta no parque, Saga falando sobre as coisas da escola, eu ouvindo e rindo com ele. Acho que devo ser o único aluno que sabe de quase todos os segredos da escola. Ter o diretor como vizinho era uma vantagem até. O resto da tarde fora agradável, até no momento em que Saga me deixara na porta de minha casa.
"Milo, não há problema mesmo?"
"Não Saga, não se preocupe."
Minha voz parecia de alguém que fora vencido em uma batalha ou algo do tipo, mas não estava me sentindo assim. Só me sentia meio... Vazio. Como sempre me sentia ao ter que rumar em direção ao interior de minha casa.
"Qualquer coisa, fale para mim. Não creio que Kamus possa ser um rapaz mal, mas nunca se sabe como o lobo vai se fantasiar."
"Está certo. Boa noite Saga"
Despedi-me com o coração pesado, sim adorava passar momentos como esse ao lado de Saga, para mim ele fazia o papel que meu pai não cumpria a muito tempo e isso me agradava, me dava a sensação de estar vivo, a sensação de ser querido.
Passei o resto da noite pensando no assunto. Fazer amizade com alguém, me reaproximar das pessoas, ter um novo amigo... Será que tudo isso seria muito difícil? E o que era aquele maldito sentimento que fazia minhas faces ficarem rubras toda vez que pensava no estrangeiro? Tampei meu rosto com um dos vários travesseiros que usava pra dormir em minha cama de casal e adormeci com a estranha sensação de que estava pisando em um caminho diferente daquele que havia escolhido um ano atrás.
Estava voltando a me arriscar...
Continua
Oiss...
Peço mil desculpas pela demora com todas as minhas fics e continuações, mas o ano de 2005 não foi um ano muito agradável para mim. Passei por dificuldades em casa e pessoais e isso fez com que eu entrasse numa crise de criação. Espero que todos aqueles que sempre acompanharam minhas fics me desculpem por esse descaso e agora em 2006 espero conseguir voltar com alguma força e que Deus queira que termine minhas sagas esse ano, pois sei que já torturei demais todos vocês.
Bjinhus
Keiko Maxwell
Janeiro de 2006
