Desígnios do Destino
Capítulo Dois
A paisagem passava rapidamente pela janela do trem. Apesar das circunstâncias, o clima não era necessariamente ruim ali. Alguns soldados se mostravam ansiosos, demonstrando ser a primeira vez que se encontravam nessa situação, outros, encontravam-se à vontade, mesmo sob a pressão imposta pela batalha iminente.
Shaoran observava os rapazes com meia atenção. Nuvens negras pareciam segui-lo nos últimos dias.
'Que droga!… Por que essa sensação de mau agouro não me abandona?' –questionou-se transtornado.
"O que houve, Shaoran?" – Tomoyo perguntou fazendo-o virar-se para ela.
"Não aconteceu nada, Tomoyo…" – falou sorrindo para a amiga. – "Não havia percebido que já tinha acordado. Dormiu bem?" – indagou ele fazendo-a rir.
"Dormi bem, sim!… Mas agora é que eu não acredito que não haja nada errado…" – cruzou os braços e fez uma careta desconfiada. – "Já faz quase dez minutos que estou acordada, Li!" – sorriu, fazendo o amigo balançar a cabeça.
"Nesse caso, acho que eu é que estou precisando de um descanso!" – respirou profundamente.
"Você parece mesmo cansado." – disse sorrindo. – "Mas agora não conseguirá descansar muito bem, estaremos chegando na estação em pouco tempo. Talvez nem quinze minutos…" – olhou pela janela mantendo ainda o sorriso em seu rosto.
Shaoran assentiu olhando também o cenário. Estava preocupado com a segurança da amiga. Havia compreendido as razões dela ir com eles para o vilarejo, mas isso não significava que Tomoyo permaneceria por muito tempo ali. Sabia que a teimosa esposa de Eriol não sairia sem a prima da cidade e, por esse mesmo motivo, trataria pessoalmente de colocar a garota no trem, se preciso, para a segurança de ambas.
"Que bom vê-la acordada, Tomoyo!" – Eriol disse entrando na cabine e beijando a fronte da esposa. – "Chegaremos à estação de Kagoshima dentro de dez minutos…" - olhou para o amigo. – "A tropa será separada em dois grupos para irmos até Kanoya de ônibus e nos encontraremos novamente no vilarejo…".
"Certo..." – disse, desviando o olhar para o amigo, com uma expressão séria, que foi interpretada corretamente pela jovem mulher que tinha a cintura segura pelos braços do marido.
"Não se preocupe comigo, Shaoran... Estarei bem, confie nisso..." – ela sorriu serenamente.
"Teremos que persuadir Sakura a deixar o vilarejo..." – começou Eriol, sendo interrompido pela esposa em tom brincalhão.
"A Sakurinha não terá como me dizer não... Não se preocupe, querido..." – recostou-se mais a ele.
"Não sei... Às vezes acho que teimosia é marca da família de vocês..." – Eriol riu.
Tudo ocorreu sem grandes manifestações dos soldados, bastante organizado. Reuniram-se na entrada do vilarejo, onde foram recepcionados calorosamente pelos habitantes e algumas freiras.
"Não acredito que a Sakurinha não veio nos recepcionar..." – disse Tomoyo, decepcionada. – "Vou procurá-la..." – foi tudo o que disse antes de sair rapidamente da concentração de pessoas.
"Ela realmente está preocupada com a garota..." – comentou Shaoran. Eriol ergueu uma sobrancelha parecendo intrigado, mas nada disse. – "Espero que consigamos tirá-las daqui o quanto antes...".
"Isso é uma coisa que me preocupa também, meu amigo... Não sei se conseguiremos convencer Sakura a deixar o vilarejo... Ela é um doce, mas pode ser bastante teimosa, até mais do que Tomoyo..." – sorriu melancolicamente ao lembrar da amiga.
Logo as pessoas se dispersaram e os soldados também, com ordens de se encontrarem no dormitório, que lhes fora reservado, uma hora após o pôr-do-sol.
Shaoran e Eriol passearam pelo vilarejo e Eriol quis ir à igreja. Shaoran ouvira histórias do amigo sobre as belas construções religiosas que o inglês freqüentava na Inglaterra e estava curioso, obviamente não seria nada grandioso, estavam em um pequeno vilarejo, mas deveria ter sua própria beleza. Não se enganara, era a maior construção do local, tinha seu charme e era bastante aconchegante, foram recepcionados pelo padre, logo na porta.
"Boa tarde, oficiais..." – cumprimentou-os educadamente, estendendo a mão.
"Senhor... peço-lhe a bênção..." – Eriol beijou a mão do padre, tendo seu pedido concedido.
"Não esperava encontrar algum fiel no exército..." – comentou o padre.
"Meu pai é inglês... Fui criado como cristão." – explicou.
"Entrem, por favor... Nossa igreja não é grandiosa como as que provavelmente conhecem, mas mantemos nossa fé acima do valor material..." – parou de falar ao ouvir um grito feminino, histérico, vindo do altar.
"Não mesmo!" – exclamou Tomoyo, que falava com uma freira virada de costas para eles, com uma expressão irritada, que foi substituída por um sorriso ao ver o marido. – "Achei que me encontrariam logo..." – disse, andando até Eriol, enquanto a freira virava-se para eles.
"Ora, se não é o anjo de nossas vidas..." – comentou Eriol, sorrindo e andando até Sakura, para beijar-lhe a mão.
"Eriol..." – a voz dela era serena, mas seus olhos verdes brilhavam intensamente. – "Certas coisas nunca mudam..." – sorriu docemente. Desviou o olhar para o chinês que estava ao lado da prima e lhe encarava, aparentemente, incrédulo. – "Deve ser Shaoran Li... Tomoyo falou-me do senhor...".
"Sa-Sakura Kinomoto?" – não conseguiu conter-se, estava espantado com ela.
"Esse é meu nome..." – confirmou suavemente, sendo interrompida por uma gargalhada de Eriol. – "O que foi que disseram de mim para ele, senhor Hiiragizawa?" – perguntou, em tom divertido, conhecendo as brincadeiras do inglês.
"Nada... Absolutamente nada..." – disse Eriol, segurando o riso. – "Mas conhece sua prima... Do jeito que ela fala faz parecer que ainda é uma criança...".
"Mas é a verdade!" – interrompeu Tomoyo, indignada. – "A Sakurinha é um anjinho...".
"Não acho que aqui seja o local apropriado para essa conversa..." – interrompeu Sakura, vendo que as pessoas começavam a se aglomerar para saber o que estava acontecendo. – "Já conheceram todo o vilarejo?".
"Ainda não... Andamos um pouco, mas quis vir até aqui para vê-la antes..." – informou Eriol.
"Importa-se se me ausentar por algum tempo?" – perguntou ao padre.
"Já terminou suas tarefas... Só peço que volte para a refeição." – respondeu.
"Obrigada..." – prestou reverência e fez um aceno para todos a seguirem, após fazer o sinal da cruz, levando-os para uma praça no vilarejo, deserta àquela hora.
"Então, Sakura, como eu dizia antes de ser interrompida..." – iniciou o diálogo Tomoyo, sendo cortada pela prima.
"Desculpe, Tomoyo, mas não vai adiantar ficar fazendo discursos de horas inteiras... Não deixarei esse vilarejo nem que me implore..." – pronunciou essas palavras calmamente, mas seus olhos possuíam um brilho intenso, de quem não aceitaria contestação.
"Sakura, seja razoável..." – Eriol fez-se ouvir. – "Sei que esse lugar é importante para você, mas é perigoso... Vá com Tomoyo, pelo menos até essa época turbulenta passar...".
"Já disse que não, Eriol... Não deixarei esse lugar, nem que isso signifique que perderei a minha vida por ser tão teimosa..." – suspirou – "Esse lugar é mais do que um simples pontinho no mapa, como é para vocês... Acho que não preciso ser mais clara do que isso. Preciso?" – olhou para a prima com a expressão serena.
"Eu acredito, então, que não preciso dizer que não saio daqui sem você!" – Tomoyo exclamou decidida.
Os dois soldados se entreolharam espantados. A teimosia das duas era algo surpreendente. Não havia dúvidas de que eram realmente primas. Sakura balançou negativamente a cabeça com um sorriso.
"Agora, me diga: o que faço com essas duas?" – Eriol perguntou sussurrando para Shaoran.
"Hei, não me envolva nisso…" – o chinês respondeu sorrindo, também sussurrando. – "Elas são sua esposa e a prima dela…" – deu ênfase ao 'sua'.
"Grande amigo você, Sr. Li!" – Eriol disse, também rindo, atraindo a atenção das duas mulheres.
"Será imaginação minha, ou vocês estão rindo de nós?" – Tomoyo perguntou séria apontando para si e para Sakura. Eriol sorriu e abraçou-a.
"Deve ser apenas impressão sua, minha querida esposa!" – falou debochado, arrancando-lhe um sorriso. Aproximaram-se, como se tivessem esquecido do resto do mundo.
"Ih…" – Shaoran rolou os olhos e olhou para a freira que sorria com a cena. – "Acho que seria melhor deixá-los sozinhos por um tempo…" – disse baixinho para não chamar a atenção do casal Hiiragizawa. Ela concordou silenciosamente e os dois se afastaram.
Enquanto caminhavam, Shaoran ficou observando a freira que era prima de Tomoyo e se perguntou o que levaria uma mulher tão bela a confinar-se em um convento. Balançou a cabeça, olhando para frente. Aquilo não lhe dizia respeito.
"Imagino que esteja pensando que sou um tanto inconseqüente em me recusar a sair de Kanoya nessa situação…" – comentou, fazendo-o fitá-la com uma sobrancelha erguida. Ela respirou profundamente e sorriu em seguida. – "Mas a verdade é que eu não posso sair da cidade, mesmo que eu quisesse, capitão…".
"Shaoran!" – ele interrompeu-a. – "Pode me chamar de Shaoran, irm" – sorriu. Sakura arregalou levemente os olhos, admirada ao vê-lo sorrindo.
"Está certo, então, Shaoran. Mas eu gostaria que me chamasse apenas de Sakura…" – disse abrindo um belo sorriso.
"Mas me diga, Sakura, por que não pode deixar o vilarejo?" – perguntou intrigado.
"Eu tenho um dever a cumprir aqui. Faz parte de meus votos…" – explicou.
"Compreendo…" – ele falou abaixando levemente a cabeça. – "E, no entanto, ainda me preocupa a segurança de Tomoyo…" – suspirou. – "Quando cheguei aqui, estava decidido a colocá-las no primeiro trem para fora da cidade a fim de que ficassem em segurança, mas parece-me que nada do que eu havia planejado, pensando que você era uma criança, acontecer" – disse arrancando uma risada dela.
"Vejo que se preocupa muito com minha prima!" – comentou com a voz branda.
"Eriol e Tomoyo são pessoas muito importantes para mim…" – sorriu levemente. – "São mais do que simples amigos. Eles são a minha família…".
"Eu compreendo!" – fez um breve silêncio. – "Tomoyo contou-me o que aconteceu aos seus pais em uma carta. Eu sinto muito!".
"Não sinta!" – pediu. – "Meus pais eram como as asas de um pássaro que não têm razão de ser sozinhos…" – disse sorrindo. – "Às vezes penso que, se fosse minha mãe a ter partido antes, meu pai também faria o mesmo, apenas para juntar-se a ela…" – suspirou.
"Acho melhor mudarmos de assunto…" – Sakura falou com um sorriso. Recebeu assentimento. – "Sobre o que gostar…" – interrompeu a fala ao ouvir o sino da igreja. – "Oh, não! Estou atrasada!" – disse assustada colocando a mão sobre a testa. – "Teremos que continuar a conversa em outro momento, Shaoran, eu…".
"Sim. Vá, pode ir!" – disse rindo da atitude atrapalhada dela. Viu-a correndo em direção a uma construção antiga ao lado da igreja, com um grande portão de ferro. Balançou a cabeça sorrindo. Em um instante aquela pessoa tranqüila que conversava com ele transformou-se em um furacão ambulante.
"O que era aquilo?" – Eriol perguntou aproximando-se do jovem capitão, acompanhado de Tomoyo.
"Bem, era…" – Shaoran virou-se para ele para responder, mas ao notar o sorriso debochado no rosto do amigo, parou de falar. – "Deixe-me adivinhar… Isso também é característico da pequena Sakura, certo?" – questionou brincalhão, fazendo os amigos rirem, confirmando o que imaginara.
Continuar
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N/A:
Yoru – Hehe... #olhando as faces espantadas das pessoas#... Acho que eles levaram um susto, mamãe!...
Miaka – Pois é... A gente devia ter avisado, se bem que não teria graça nenhuma, não é?
Yoru – Pelo menos não para nós... Hehe... e agora? O que será do Li?... #Olhos brilhantes#... Será que ele vai entrar para o monastério? Vai abandonar o exército e... #sendo interrompida#...
Miaka – Hei! Calminha ae, Yoru, não empolga, pelamordedeus! Deixe-os tentar adivinhar...
Yoru – OPA! Desculpe, mãe... #sorrindo envergonhada# Será que eles estão gostando da nossa história?
Miaka – Eu espero que sim, mas também, se não estiverem, problema deles! =P Brincadeirinha -''
Yoru – É, eu também!... Vamos agradecer, então?... -''... As notas não podem se estender muito, né?
Miaka – É verdade, do jeito que os caps estão pequenos, é capaz de fazermos as notas maiores que eles... XD
Yoru – Uhm... Eu quero agradecer à Isabelle Potter Demonangels, Kirisu-chan, Hara, AnGeL nAnDa e Agatha... Muito obrigada! Espero que tenham gostado!-
Miaka – Também tem a MeRRy-aNNe, Diu Hiiragizawa, Rosana (valeu por revisar!), Lan Ayath e Anna Lennox... Valeu mesmo por comentarem! Espero que o cap tenha atendido às expectativas de vocês! -
Yoru – Beijinhos a todos! Até o próximo capítulo.
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