Desígnios do Destino

Capítulo Quatro

"Muito bem, crianças, vamos voltar para a escola…" – Sakura chamou, batendo delicadamente as mãos, para chamar a atenção dos pequenos. – "Fiquem todos juntos!" – pediu com a voz suave, mas com uma autoridade que as incitava a obedecê-la. Tomou a dianteira, com a turma em fila atrás de si e, foi então, que avistou Shaoran, de olhos arregalados, parado no meio da rua, olhando para longe. Seus olhos curiosos voltaram-se para ver o que o capitão observava e viu Eriol se afastando. Sorriu pensando no que o marido de sua prima deveria ter dito para deixar o amigo estupefato daquela forma. Aproximou-se do chinês que não pareceu perceber sua presença apesar do barulho que as crianças faziam e, parando logo atrás dele, colocou a mão sobre seu ombro, Shaoran deu um pulo, voltando-se rapidamente para ela, avistando os belos olhos verdes que brilhavam de divertimento.

"Não pensei que um capitão pudesse ficar tão disperso…" – disse sem conseguir esconder o riso em sua voz. Ele ficou desconsertado, mas sorriu.

"É culpa de Eriol que fica falando coisas sem pé, nem cabeça…" – comentou, olhando para as crianças que, saindo da fila, formaram um semicírculo atrás da freira.

"Não acho que, se fosse realmente sem nexo como fala, ficaria tão pensativo…" – observou, fazendo-o voltar a encará-la. O rosto da freira tinha uma expressão serena, que apaziguava todos os males e incertezas. – "Agora, se me dá licença, capitão…" – suspirou, voltando a atenção para as crianças e, sem falar nada, bateu palmas duas vezes e no instante seguinte elas estavam novamente em fila. – "Tenho que levar esses anjos de volta para a escola…" – deu uma piscadela para Shaoran, que estava espantado com a disciplina que os pequenos mostravam.

"Posso acompanhá-la?…" – perguntou, e ao ter o olhar dela novamente sobre si, arregalou os olhos ligeiramente, como se percebendo o que dissera. – "Estou voltando para a pensão…" – adicionou rapidamente, esperando que ela não notasse o tom de urgência em sua voz. A resposta da freira foi um sorriso e um aceno com a cabeça, antes de voltar a atenção para seus alunos. Shaoran suspirou aliviado, ela não pareceu ter percebido sua confusão.

Sakura guiava as crianças calmamente e começou a cantarolar uma melodia que as crianças pareciam conhecer muito bem.

The hills are alive with the sound of music

(As colinas estão vivas com o som da música)

With songs they have sung for a thousand years

(Com canções eles cantaram durante mil anos)

The hills fill my heart with the sound of music

(As colinas enchem meu coração com o som da música)

My heart wants to sing every song it hears

(Meu coração quer cantar toda canção ouve)

As crianças elevaram as vozes e a cidade ficou, subitamente, em silêncio para ouvi-las cantar. Andavam com passos lentos, mantinham sorrisos nos rostos e cantavam com desenvoltura. Shaoran ficou impressionado. Parecia um coro de anjos que passava pela cidade alegrando os corações de todos. Quem não estava nas ruas, aparecia com as cabeças nas janelas para vê-los passar. Ao terminarem de cantar a estrofe, Shaoran teve a impressão de ver todos prenderem a respiração por um segundo. Entendeu o porquê no momento que se seguiu.

My heart wants to beat like the wings of the birds

(Meu coração quer bater como as asas dos pássaros)

That rises from the lake to the trees

(Que voam do lago para as árvores)

My heart wants to sigh like a chime that flies

(Meu coração quer suspirar como um carrilhão que voa)

From a church on a breeze

(de uma igreja em uma brisa)

To laugh like a brook when it trips and falls over

(Rir como um riacho quando tropeça e se cai em cima de)

Stones on its way

(pedras em seu caminho)

To sing through the night like a lark who is learning to pray

(Cantar pela noite como uma cotovia que está aprendendo rezar)

Foi Sakura quem cantou o trecho seguinte e Shaoran perdeu o fôlego. Seria possível que ela tivesse voz tão doce e harmoniosa? Suas palavras entravam em seus ouvidos, envolvendo todo seu ser. Seus olhos estavam fixos na imagem da freira que caminhava com as mãos sobre o peito. Ela parou por um momento e se voltou para as crianças que estavam atrás de si. Tinha um sorriso em seu rosto e seus olhos brilhavam. Li desviou o olhar, como se tivesse a visão ofuscada. Voltou a observá-la e reparou que o fitava com um suave sorriso, antes de virar para frente seguindo com as crianças que voltavam a cantar.

I go to the hills when my heart is lonely

(Eu vou para as colinas quando meu coração está só)

I know I will hear what I've heard before

(Eu sei que eu ouvirei o que já ouvi antes)

My heart will be blessed with the sound of music

(Meu coração será abençoado com o som de música)

And I'll sing once more

(cantarei mais uma vez)

O silêncio era tudo o que podia ser ouvido quando as crianças terminaram o cântico. Aos poucos, a população do vilarejo voltou às suas atividades, com os corações leves e sorrisos em seus rostos. O capitão parou em frente a um edifício com grandes portas de madeira. Ao lado do portão havia uma inscrição que dizia 'Escola primária de Kanoya'. Sakura estava parada na entrada, esperando que as crianças entrassem.

O oficial deteve-se por alguns instantes sem saber o que fazer, parecendo ter esquecido para onde estava indo. Seus olhos observavam atentamente os pequenos detalhes da edificação à sua frente. Era uma construção com grande influência ocidental, como a maioria das que existiam na cidade; as paredes de madeira tinham uma cor avermelhada, as janelas grandes tinham, no batente, entalhamentos que lembravam a arquitetura grega, com curvas sutis e formas arredondadas. Dentro da construção, podia-se ver um pátio com uma pequena fonte, algumas árvores de grande porte e um outro prédio onde, provavelmente, deveriam ficar localizadas as salas de aula. E, na entrada, ao lado da porta, havia um anjo que olhava para ele com seus grandes olhos verdes. Ele balançou com força a cabeça, dissipando aqueles pensamentos.

"Algum problema, Shaoran?" – Sakura perguntou, aproximando-se e parando à sua frente. Olhava-o diretamente nos olhos com certa preocupação.

"Não. Nada…" – respondeu com o esboço de um sorriso. Era uma deliciosa sensação de calor que se apossava dele quando seus olhos encontravam os dela.

"Poderia esperar-me, por alguns minutos, para que eu encerre as aulas de hoje?" – pediu, fazendo-o encará-la estranhamente. – "Fiquei de visitar Tomoyo no período da tarde, antes de retornar para minhas tarefas no convento…" – explicou, vendo-o confirmar com a cabeça. Sorriu de forma doce. – "Então, entre, por favor. Não irei demorar…" – entraram na escola e Shaoran ficou em um banco no pátio, enquanto Sakura ia para o prédio adjacente.

Em cerca de dez minutos, as crianças saíam correndo alegremente. Partiam em grupos de três ou quatro, indo para suas casas. Várias freiras começaram a circular pela escola, cumprimentando o oficial sempre que passavam por ele. Viu Sakura adentrar o pátio, acompanhada de uma outra freira de rosto sereno. Com traços antigos que traziam a impressão de sabedoria. Separaram-se e Sakura veio em sua direção, parando em frente a ele.

"Desculpe a demora…" – pediu humildemente. Vendo-o levantar-se. – "Estava pedindo à reverenda Madre permissão para chegar um pouco mais tarde ao convento. Ela autorizou-me voltar uma hora após o jantar…" – explicou, começando a caminhar.

"Não há porque se desculpar, foi uma espera bastante agradável…" – comentou, sorrindo. – "É estranho como me sinto em paz aqui…" – olhou-a brevemente e continuaram em silêncio. Não que fosse uma sensação incômoda, mas se sentir tão bem em estar próximos um do outro começou a deixá-los desconfortáveis.– "Fiquei admirado ao ouvi-la cantar. Jamais pensei que alguém poderia se igualar a Tomoyo quando o assunto é música…" – quebrou o silêncio e a viu abaixar a cabeça.

"Sinto-me lisonjeada, mas não concordo…" – replicou. – "Minha prima tem a mais bela voz que eu já ouvi…" – disse erguendo os olhos para o céu com um sorriso. – "Quando Tomoyo canta, a sensação que se tem é de que, até mesmo, os anjos ficam em silêncio para ouvi-la…" – colocou as mãos sob as mangas do hábito, ocultando-as.

'E essa foi exatamente a sensação que tive ao ouvi-la cantar…' – foi o que Shaoran pensou, mas decidiu manter esse pensamento para si. Sakura não se sentia à vontade recebendo complementos. – "Percebi que leva muito jeito com as crianças. Impressionou-me a disciplina dos pequenos…" – comentou, fazendo-a encará-lo com um olhar suave, mas com uma certa tristeza que fez o coração do soldado parar de bater por um segundo.

"Meus alunos são a minha alegria…" – disse sorrindo e abaixou a cabeça. – "Os filhos que não poderei ter…" – murmurou, não percebendo que o chinês compreendera o que dissera.

§§§

Sakura saía da pensão, sendo acompanhada por Eriol, Tomoyo e Shaoran.

"Sakura... Não nos vemos a tanto tempo, não pode mesmo ficar?" – perguntou Tomoyo pela décima vez.

"Tenho meus afazeres e não quero passar da hora que a Reverenda Madre estipulou... Amanhã teremos mais tempo para conversar, Tomoyo..." – Sakura sorriu para a prima. – "Vou-me agora, tenham uma boa noite." – curvou-se para os três e virou-se para se afastar, mas ouviu a voz de Eriol chamar.

"Não deveria ir sozinha, já é tarde..." – disse a ela, e olhando para o amigo complementou – "Por que não a acompanha, Shaoran?".

"Eu?" – assustou-se, como que se engasgando com as próprias palavras. – "Claro. Isso é, se Sakura não se importar."

"De forma alguma." – sorriu meigamente. – "Vamos então."

Caminharam algum tempo em silêncio, Shaoran não falara muito durante todo o tempo que Sakura passara na pensão, apesar de estarem os quatro sentados à mesma mesa. A freira abaixou a cabeça, pensativa, tentando lembrar se o teria destratado de alguma forma. Shaoran pareceu ler seus pensamentos.

"Não estou bravo com você." – disse, simplesmente, admirando o céu estrelado.

"Como... Como sabia o que eu estava pensando?" – espantou-se ela.

"Você e sua prima são bem parecidas... Tomoyo agia assim quando achava que tinha feito algo que me chateara." – ele sorriu. – "Isso antes de me conhecer melhor."

"Ficou calado praticamente o tempo todo... O que o perturba?" – perguntou, serena.

"Não é nada realmente... Por vezes fico simplesmente imerso em pensamentos de tal forma que não vejo o tempo passar, é só." – fitou-a. – "Mas agradeço a preocupação."

"Não, eu é que agradeço por estar aqui. Todos ficamos muito apreensivos quando soubemos dos invasores, pensamos que o governo não se importaria conosco. Alguns estavam de malas prontas quando soubemos que vocês estavam a caminho para garantirem a segurança do vilarejo." – ela sorriu ao pararem em frente à igreja.

"Não precisa me agradecer por isso. Não faço mais que meu trabalho estando aqui."

"Eu sei!... Mesmo assim, obrigada!" – fez uma leve reverência mantendo um sorriso no rosto. – "Boa noite, Shaoran!" – desejou suavemente, antes de entrar.

"Tenha uma boa noite." – esperou-a entrar para tomar o caminho de volta à pensão.

Continuará…

§§§

Miaka: Olá, olá, olá!! o/ Finalmente eu começando uma nota... XD Primeiramente queria me desculpar pelas notas, vamos dizer, "incomuns" do último capítulo... (não deu pra fazer Kenan e Kel, né, Saulo? XD) Eu estava doente, com febre... Aí não dava para fazer algo realmente bom...

Yoru: É!... É!... Sejam compreensivos... sorrindo O que será que eles acharam do capítulo de hoje??... pensativa... Será que alguém já conseguiu descobrir o que vai acontecer na história??... empolgada Será que já passou pela cabeça de alguém que lê essa fic que o Li vai... mordendo a língua... Ai...

Miaka: Hei! Calmaí, mocinha, não vai dando com a língua nos dentes não! Você tem essa mania, né? ò.ó Se alguém tiver alguma teorica, vamos saber pelos reviews e comentários que farão para a gente no MSN... Eu quero ver a cara deles quando lerem a parte em que o Li e a Sakura... levando um tapa na nuca

Yoru: E depois sou eu quem sempre dá com a língua nos dentes... Não sei a aquem puxei, né... olhando de esguelha pra Mamãe... uiui... Mas é isso mesmo, eu quero saber - Mamãe Miaka também, né, mãe?? - o que vocês estão achando da fic, pedimos por sugestões e idéias... quem sabe nós até podemos dar um prêmio para quem acertar... -" hehe...

Miaka: Prêmio? O.o Dessa eu não estava sabendo... Mas pode-se considerar o caso... E não vale pedir informações aos que acompanham o andamento da fic, hein!! Os nomes deles não serão revelados por motivo de segurança... (como se alguém não soubesse quem é que ajuda a gente sempre, mas blz... XD) Queria aproveitar e perguntar uma coisinha também... Recebemos alguns pedidos de uma continuação para o Angels of Paradise... Não estou dizendo que vamos de fato fazê-la, mas eu - e creio que a minha filha também - queria saber o que gostariam de ver nessa possível continuação... Algumas sugestões também viriam a calhar... Quem sabe não sai alguma coisa?

Yoru: É mesmo!... Boa idéia essa sua de pedir a opinião deles... Vamos ajudar, hein gente!... pensativa Eu vou pegar pregos e martelos para montar a barraquinha de sugestões e... sem graça Vamos terminar logo com isso?... olhando para Miaka...

Miaka: Boa idéia... Eu ainda tenho algumas "poucas" páginas para estudar para a prova de amanhã... u.u Queria agradecer à MeRRy, Isabelle Potter, Rô, AnGel NaNdA e Diu. Muito obrigada pelos comentários!!

Yoru: E eu agradeço a: Borboletinha, Pety, Andréia e Lil-chan... Um forte abraços a todos vocês e beijinhos estalados na bochecha.

Até o próximo capítulo de Desígnios do Destino.

Yoru no Hoshi.