Desígnios do Destino
Capítulo Sete
Shaoran andava pensativo ao lado de Eriol, à frente dos soldados. Eriol notou um leve sorriso, mas um brilho preocupado nos olhos do amigo.
"Então, meu caro, que tal contar-me o que tanto o preocupa?" – perguntou o inglês, olhando para frente.
"Como?" – Shaoran perguntou, olhando-o assustado, que riu.
"Está nas nuvens, e algo me diz que meu palpite do outro dia estava certo." – sorriu de lado, fitando-o.
"Você não tem jeito, não é mesmo?" – Shaoran sorriu também. – "Como sempre, estava certo."
"E, conhecendo bem Sakura, algo me diz que ela sente algo por você também e esse foi o motivo da conversa de vocês, certo?".
"Isso foi uma pergunta retórica, não é?" – replicou, ironicamente.
Os dois riram. Eriol era uma pessoa observadora, sempre sabia de tudo só analisando as pessoas ao seu redor. Shaoran já se acostumara com aquele jeito dele, aprendera a conviver com isso.
"Quer conversar a respeito?" – o inglês perguntou calmamente.
"Tenho medo, Eriol..." – Shaoran começou, fitando o chão. – "Antes, eu tinha a certeza de que fazer tudo o que eu pudesse para que você voltasse vivo seria um sacrifício válido, já que não podia dizer que existia alguém esperando por mim. Não me corrija ainda." – pediu, vendo o amigo fazer menção de falar. – "Sei que você e Tomoyo se importam comigo e esperam por minha volta, mas, sejamos francos, doeria muito mais nela a sua falta do que a minha!"
"Eu entendo... E agora tem alguém esperando por você." – completou Eriol, vendo-o assentir."E não é um simples alguém... Ela parece estar disposta a abrir mão do que cultivou durante sua vida toda para estar comigo..." – sorriu de lado. – "Isso soou convicto demais... Até para mim."
"Sim... Mas, pelo seu olhar, posso ver que faria o mesmo por ela." – ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, até Eriol suspirar pesadamente e voltar a falar. – "Se quiser minha opinião pessoal, digo para deixar de pensar nisso enquanto estamos em batalha. Sei que é difícil e que parece como se estivesse fazendo pouco caso do seu problema, mas se ficar distraído corre maiores riscos de ferir-se ou até morrer." – sorriu de leve. – "Se bem que, conhecendo você, o menor pensamento sobre Sakura o encorajaria a seguir em frente...".
"É... Tem razão." – o chinês sorriu também. – "Nossas educações são diferentes, meu treinamento me permite pensar em outras pessoas e até melhorar meu desempenho."
"Desde que o alvo de seus pensamentos não esteja próximo. Lembro da vez que foi ferido em nossa primeira batalha juntos e quase perdeu a vida, como estava preocupado com minha segurança." – riu levemente.
"A situação era completamente diferente, Eriol..." - Shaoran retrucou com um fraco sorriso. - "Eu não tinha uma promessa para cumprir, e não precisava sobreviver para rever o alvo de meus pensamentos..." - abriu um pouco mais o sorriso. - "E também, convenhamos que você não seja exatamente o que eu posso chamar de inspiração para, como você disse, seguir em frente!" - riu acompanhado de Eriol.
"Digo o mesmo a seu respeito, meu amigo!" - o inglês disse ainda rindo, assumindo uma expressão séria, em seguida. Estavam se aproximando do lugar onde se separariam.
"Vamos terminar logo com isso, para podermos voltar para Kanoya o mais rápido possível, Eriol..." - o chinês disse em um tom completamente diferente do que usara até pouco tempo atrás. Eriol balançou positivamente a cabeça e começou a se afastar.
"Siga com o que havíamos combinado, capitão!" - disse autoritário e se dirigiu para o lado oposto de onde o chinês se encontrava.
§§§
O sino da capela soava anunciando mais uma noite que o vilarejo passara a salvo, e mais um dia de apreensão para a população, que se encontrava a mercê de uma invasão a qualquer momento. A anciã atravessava a igreja com algumas irmãs atrás de si, acordando as pessoas que se encontravam adormecidas nos bancos, depois de passarem a madrugada em vigília. Já próxima ao altar, parou ao avistar a figura da jovem mulher de joelhos em frente ao altar de Nossa Senhora. Suspirou pesadamente, meneando a cabeça de um lado para o outro, enquanto se aproximava.
"Sakura..." – a Madre chamou, o que a fez encará-la levemente assustada. – "A sentinela de hoje já terminou, meu bem..." – disse, sorrindo levemente.
"Eu já irei, Madre..." – voltou-se novamente para frente, fazendo o sinal da cruz e se levantando.
"Como estás, criança?" – a mulher perguntou, recebendo um fraco sorriso.
"Angustiada como nunca antes, Madre!" – disse sinceramente, suspirando e caminhando ao lado da reverenda madre até a porta da casa de Deus.
"Acalma-te, filha. Tudo ficará bem..." – assegurou parando em frente à entrada encarando a garota envolta pela luz de uma lamparina que a mesma carregava. – "Esperemos um pouco mais, logo teremos notícias, meu bem..." – deu a bênção à jovem quando esta o pediu e abriu a porta permitindo que todos que se encontravam no interior do templo saíssem em direção às suas casas.
"Hoje irei ver como estão minhas crianças, Madre..." – disse com um suave brilho no olhar, saindo sem se importar com os olhares das pessoas que se encontravam na igreja até aquele momento.
Enquanto caminhava sem pressa, contornando a igreja em direção ao cemitério da cidade, pensava em como tudo acontecera de forma repentina. De um momento para o outro, seu destino mudara completamente e, da vida pacata que levava no convento servindo ao Senhor e aos seus propósitos, viu-se em uma encruzilhada que exigiu dela uma atitude drástica...
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"Tomoyo está indo embora hoje à tarde." – interrompeu Eriol, sério.
"Como é?" – Sakura espantou-se. – "Não que eu não ache que seja certo, mas por que essa decisão repentina?".
"Na verdade não é bem repentina... Estamos tentando convencê-la já há algum tempo... Descobrimos que ela está grávida." – explicou Eriol.
"Que notícia maravilhosa!" – Sakura abraçou a prima, com lágrimas nos olhos. – "É melhor que vá mesmo, Tomoyo... Sabe que estou feliz por vê-la, mas nada é mais importante que a sua saúde e a segurança do bebê."
"Eu sei... Por isso estou indo." – ela sorriu e abraçou a prima. – "Vou sentir saudades... Quero que vá nos visitar, está bem?".
"Queremos que seja a madrinha, então não tem desculpa para não ir." – completou Eriol.
"Está bem, eu prometo." – suspirou. – "Agora eu tenho que ir, e acho que não vou poder vê-la até a hora da partida, então faça uma boa viagem e se cuide."
"Está bem, Sakura... Cuide-se também." – ela afastou-se com Eriol.
Logo após esse breve diálogo, Sakura e Kamiya saíram pelo vilarejo, ela tentando mostrar-se animada com a presença dele, mas seus pensamentos constantemente dispersando-se para a notícia que sua prima dera-lhe. Não que fosse ruim o fato de ela estar grávida, muito pelo contrário, Sakura sentia-se honrada em ser a madrinha daquele pequeno ser que estava por nascer e sempre adorou crianças... Sempre...
O problema real não era o fato em si, mas o que ele despertava no coração da jovem. Lembranças de sua infância e adolescência, da felicidade que tinha em planejar sua vida futura, fantasiar sobre uma grande família encabeçada pelo homem que amaria... Mas maior que tais devaneios era seu amor por Kanoya e o medo que sentia de deixar o mundo que conhecia, que resumia-se ao vilarejo, para enfrentar o desconhecido. Fora isso que a levara a tornar-se freira, além de sua Fé e Amor por Deus. Tinha seus alunos, que amava muito, mas não eram seus filhos...
Esses pensamentos sempre existiram, apesar de não passarem de simples planos, sem um meio concreto de realizar-se. Agora Sakura tinha um alguém com quem queria realizar aqueles sonhos... Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos, mas não conseguia evitar que a imagem dele aparecesse em sua mente. A presença dele mexia com ela, fazendo-a pensar em coisas que julgava ter superado, tais proibidas a ela, devido à sua condição.
Foi em meio a esses pensamentos que passou a manhã com Osamu Kamiya mostrando-lhe o vilarejo.
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Quase chegando à necrópole ergueu o rosto ao horizonte, vendo os primeiros raios do sol se misturando em tons de laranja com o azul do céu noturno. Um ruído próximo às arvores que cercava a vila chamou sua atenção, deixando-a apreensiva. Fazia já duas semanas desde que as tropas saíram em direção ao sul, onde haviam localizado o acampamento dos invasores e desde então toda a população se sentia acuada. Muitas pessoas decidiram deixar a cidade por questão de proteção e graças a isso eram poucas as pessoas que continuavam em Kanoya e, dessas, ela era a única que perambulava por aí antes do dia estar completamente claro.
Vozes começaram a se tumultuar aproximando-se cada vez mais, fazendo-a recuar alguns passos.
"Vamos, homens! Falta pouco!" – ela ouviu pouco antes de ver um homem fardado sair do meio da floresta. – "Vocês ouviram o sino da igreja. Estamos próximos!" – afirmou antes de arregalar os olhos encarando Sakura, enquanto ela abria um sorriso.
"Olhem! Já estou vendo a torre da igreja de Kanoya!" – um dos soldados disse exultante, causando euforia entre os homens.
"Cadete!" – Eriol chamou o homem que se adiantara à frente da tropa. – "Vá até o vilarejo e solicite ajuda, peça para prepararem os leitos e mobilize voluntários para cuidar dos feridos..." – ordenou, vendo-o bater continência e partir o mais rápido que podia. – "Quem está em condições de chegar ao vilarejo continue em frente. Eu ficarei aqui até que chegue o auxílio para quem não consegue se movimentar..." – terminou com a voz firme, voltando a fitar a prima da esposa que apertava o tecido da roupa que usava, na altura do peito, olhando aflita para cada um dos soldados que passavam por ela enquanto dava pequenos passos à frente, em direção ao comandante.
"Sakura..." – ele começou ao vê-la parar à sua frente com os olhos marejados, mas foi interrompido por dois homens que se aproximaram carregando uma maca.
"Comandante, onde deixamos o capitão Li?" – perguntou um deles, fazendo a jovem olhar para o homem estendido na maca. Shaoran estava coberto até a cintura por uma manta amarelada, o rosto pálido estava coberto de escoriações e uma gaze mal colocada cobria parte de um ferimento na testa.
"Deixem-no aqui mesmo..." – o comandante disse apontando para o gramado ao lado de seus pés, sendo imediatamente obedecido.
Tão logo o chinês foi colocado ao chão, Sakura caiu de joelhos ao seu lado, cobrindo a boca com as mãos trêmulas para sufocar um grito de dor.
"Oh, Céus!" – conseguiu pronunciar erguendo cuidadosamente a cabeça de Shaoran para que ele repousasse sobre suas pernas.
"Sa-Sakura?" – ele perguntou com a voz fraca, os olhos ainda fechados.
"Sim! Sou eu..." – disse sorrindo, acariciando de leve o rosto dele.
"Sakura..." – ele esboçou um sorriso, pegando a mão dela e abrindo os olhos com certa dificuldade, arregalou-os ao ver os cabelos caramelo, sem a cobertura do capuz do hábito. – "Sakura, você..." – foi silenciado pelos dedos dela que pousaram sobre os seus lábios.
"Shhh..." – ela sussurrou se aproximando um pouco dele, encarando-o nos olhos. – "Isso era algo que eu teria de fazer mais cedo ou mais tarde, meu amor..." – completou, beijando suavemente a mão dele que segurava a sua.
Continua…
§§§
Miaka: (cansada) Olá... Perdoem pelo atraso, acabou sendo culpa minha, eu fiz confusão com as datas, e minha semana de provas não ajuda... u.u
Yoru (sentada calmamente): Sem contar que o Fanfiction. net não nos ajudou com esses upgrades... Está tudo uma grande confusão...
Miaka: (se jogando no sofá) Eu to acabada... E a semana ainda não acabou... Tenho prova até no sábado!! ÇÇ Mas estou feliz por ver o quanto as pessoas estão gostando da fic... E por gostar muito de escrevê-la!! (quase levantando para comemorar, mas desistindo e voltando a deitar no sofá)
Yoru (balançando a cabeça): A opinião de todos é muito importante para nós! Adoramos receber seus reviews, mas como nosso ânimo não é dos melhores hoje, vamos agradecer e dar o fora... (levantando-se e tentando fazer com a Miaka faça o mesmo)... Muito obrigada para Pety, MeRRy aNNe, Cherry-Hi e Yuri Sawamura... (continuando a puxar mamãe pela mão).
Miaka: (puxando a mão) E não esqueça da Andréia, Killera e da nossa querida revisora Rosana... Vá ver se seu pai terminou o jantar, depois eu penso em sair daqui...
Yoru (suspirando e saindo da sala): Creeeeeeedo que moleza... Até o próximo capítulo, gente!! Beijinhos. Fui!
Yoru no Hoshi.
