Desígnios do Destino
Capítulo Nove
"E foi assim que meus pais começaram sua vida juntos e, quando se casaram, fundaram este orfanato..." finalizou a história entusiasticamente uma jovem de, aproximadamente, vinte anos, com longas e espessas madeixas castanho-escuras e olhos verdes.
"Que lindo! Um verdadeiro conto de fadas!" – comentou, avoada, uma das meninas que ouvia a história da diretora do orfanato.
"Que coisa mais boba!" – um menino comentou, mas por ter sido ouvido, levou um cutucão.
"Você é que ainda é muito criança para entender isso..." – disse a garota que havia cutucado o amiguinho.
"Eu sou dois meses mais velho que você!" – o rapazinho retrucou.
"Quem me dera encontrar alguém assim..." – disse outra, entre suspiros sem prestar atenção na conversa dos amigos.
"Yui, minha filha... Novamente contando histórias?" – indagou, com um sorriso sereno, uma bela senhora que se aproximava acompanhada de um senhor de bengala.
"Deixe-a, querida. Você também o fazia quando dirigia este lugar..." – ele disse, ouvindo-a suspirar enquanto enlaçava sua cintura.
"Certo, certo. Mas vamos para o outro lado, Yui, que estão chamando por você!" – disse Sakura.
"Tudo bem, mãe!" – a jovem sorriu e afastou-se deles levando as crianças em fila para o outro lado do quintal.
"Ela é um tesouro..." – comentou, para o marido.
"O nosso tesouro..." – ele completou, beijando-a.
"Tia Sakura! Tio Shaoran!" – exclamou uma menininha de seis anos, correndo em volta deles, com seus olhos azuis escuros brilhando e os longos fios negros dedo cabelo dançando ao tentar acompanhar os movimentos da pequena.
"Hotaru! Não aborreça seus tios!" – ouviu-se a voz severa de Tomoyo, que se aproximava.
"Desculpe, vovó!" – disse, olhando para o avô, que acompanhava a esposa.
"É interessante o modo como ela me respeita..." – comentou ela, fazendo o casal rir, enquanto o inglês pegava a neta no colo e a colocava sobre o ombro. – "Tenho certeza de que ela me ignoraria se Eriol não estivesse comigo...".
"É a idade... Yui fazia o mesmo comigo quando tinha a idade de Hotaru, não se lembra?" – Sakura sorriu. – "Bem, estão nos esperando para a comemoração, certo?" – indagou, guiando todos para o centro da reunião.
Sakura sorria suavemente, pensando em tudo o que acontecera nos últimos vinte e cinco anos de sua vida enquanto passava pelos convidados para aquela celebração, dirigindo-se para o centro do jardim.
'Vinte e cinco anos, meu Deus, isso é praticamente uma vida!' – pensou olhando momentaneamente para os céus em uma prece silenciosa.
Não poderia dizer que teve uma vida sofrida, mas não foi nada fácil. Desde que se mudara para Tomoeda estava morando na casa da prima. Era para ter sido algo temporário; ficaria apenas auxiliando Tomoyo durante a gravidez complicada pela qual passara e que, felizmente, terminara bem com o pequeno Hushio nascendo saudável e forte. Após o final da gravidez, a idéia de saírem da casa de Eriol e Tomoyo rondou a mente dela e Shaoran, mas os amigos insistiram tanto para que ficassem e, de fato, a casa era tão grande que não havia motivo concreto para isso. Li acabou por usar o dinheiro com que comprariam sua própria casa para montar o orfanato.
A lembrança do afilhado a fez sorrir. O 'pequeno Hushio' já não era mais tão pequeno assim. Desviou o olhar para Hotaru no colo de Eriol. Ela tinha tanta semelhança com o pai. Lamentava-se que ele não pudesse estar presente, mas sabia bem da importância de estar ao lado da esposa durante os exames pré-natais.
Despertou suavemente ao sentir segurarem sua mão com ternura e olhou para o esposo que lhe sorria. Shaoran havia se tornado ainda mais belo com o passar dos anos.
"Em que você tanto pensa, minha flor?" – ele perguntou, vendo-a aumentar o sorriso que trazia nos lábios.
"No passado..." – respondeu simplesmente, fazendo-o compreender exatamente o que queria dizer. E como ele compreendia!
Lembrava-se ainda do início do relacionamento deles; a forma como Sakura ficava vermelha quando ele segurava sua mão em público, até parecia uma adolescente com seu primeiro namorado, o que não deixava de ser, de certa forma, verdade.
Mas esse era um dos poucos assuntos em que ela se mostrava insegura. Não se importara em permanecer ao seu lado, apesar das dúvidas que ele próprio sentira, depois de saber que não conseguiria andar novamente sem apoio. Esse fato o obrigou a se retirar do exército, permitindo que eles iniciassem a vida que tinham hoje. Eriol, quando retornou de Kanoya, pediu dispensa do serviço militar, por causa de Tomoyo.
Sakura e Shaoran casaram-se após quase um ano de noivado. Ele já havia se convertido ao catolicismo, e nessa época seu afilhado estava com quase dois meses. Algum tempo depois, comprou a casa onde instalaram o orfanato. Apesar de terem apenas uma filha, a verdade era que todas aquelas crianças que moraram naquela casa eram como suas; faziam parte de sua família, também. E disso, ambos, tinham muito orgulho. Ele passou o braço pelos ombros da esposa carinhosamente, ouvindo-a suspirar.
Sakura aconchegou-se ao ombro de Shaoran, enquanto caminhavam. Ela cumprimentava os antigos residentes do orfanato com um sorriso e aceno da cabeça. Lembrava-se de cada um deles. Dedicara grande parte de sua vida àquelas crianças, amava-as muito e, mesmo depois de ter sido presenteada com uma filha, continuara a amá-las.
Chegaram ao centro do jardim, onde todos se reuniam. Muitos dos convidados ainda estavam chegando, cumprimentavam uns aos outros, abraçavam-se e sentavam nas cadeiras que estavam dispostas em volta do coreto circular, onde um pequeno altar estava montado, ornado com rosas brancas. Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas com todo o trabalho que a filha tivera para organizar a comemoração.
"Por favor, sentem-se todos para que possamos começar..." – Yui pediu dos degraus do coreto, vendo os convidados atenderem ao seu pedido. Em pouco tempo os ruídos cessaram. Foi sentar-se na primeira fila, enquanto seus pais se encaminhavam ao pequeno altar. Ajoelharam-se e Shaoran tomou a mão da esposa entre as suas, esperando que o sacerdote começasse o discurso.
"A ocasião pela qual todos nos encontramos aqui hoje é muito especial... Há 25 anos, um jovem casal uniu suas almas, iniciando uma existência de pequenos feitos cotidianos que mudaram nossas vidas... Diante de Deus e de todas as testemunhas presentes, Sakura e Shaoran Li uniram-se no sagrado matrimônio, após atravessarem um longo e tortuoso caminho; encontraram no outro o que buscaram durante suas vidas: o amor..." – sorriu serenamente para o casal, vendo Sakura segurar mais firmemente a mão de Shaoran, enquanto trocavam um sorriso. – "Compartilharam esse sentimento durante 25 anos em um relacionamento baseado, não somente no que sentiam, mas em confiança, fidelidade e crença no Senhor, sabendo que Ele sempre esteve zelando-os e assim será até o momento em que se encontrarem com Ele! Ouçamos agora um testemunho sobre as realizações desse casal..." – pediu à filha deles que se levantasse e foi para trás da mesa.
"Obrigada, padre." – agradeceu Yui, levantando-se e indo até o centro do coreto, tomando novamente a palavra. – "Foram eles que me ensinaram desde muito cedo que uma vida sem amor é uma existência vazia, portanto, algo insustentável para o ser humano! Foi com eles que aprendi a buscar e acreditar em meus sonhos e, também, a não temer o que é desconhecido e cruza meu caminho..." – ela fez uma pausa e olhou para as crianças que estavam de pé desde que começara a falar. Com um leve menear de sua cabeça, a melodia de uma música começou a soar, sendo executada pela banda que ali estava, chamando atenção de todos e os pequenos ergueram suas vozes, iniciando uma canção.
Everywhere I go all the places that I've been
(Todos os lugares em que eu vou
e onde eu estive)
Every smile is a new horizon on a land I've
never seen
(Todo sorriso um novo horizonte
de uma terra que eu nunca vi)
There are people around the world
- different faces different names
(Há pessoas em volta do
mundo – diferentes faces e nomes)
But there's one true
emotion that reminds me we're the same...
(Mas há um sentimento
verdadeiro que me lembra de que somos iguais)
Let´s talk
about love
(Vamos falar de Amor)
Yui observou, longamente, os pais, antes de continuar.
"Mas não foi apenas a mim que vocês passaram essas maravilhosas lições,... esses ensinamentos fizeram parte da formação de cada um de nós, que nos consideramos seus filhos, através do melhor exemplo que poderíamos ter..." – com os olhos marejados, Sakura levantou e deu dois passos em direção à filha, sendo seguida com certa dificuldade por Shaoran, que estava igualmente emocionado, somente não o queria demonstrar.
From the laughter of a child to the tears of a grown man
(Da risada de uma criança às lágrimas de um homem feito)
There's a thread that runs right through us all and helps us understand
(Há uma linha que passa por todos nós e nos ajuda a entender)
As subtle as a breeze - that fans a flicker to a flame
(Tão súbito como uma brisa - que causa oscilação a uma chama)
From the very first sweet melody to the very last refrain...
(Da primeira doce melodia ao último refrão...)
"O carinho que dedicaram a nós... Todos nós!... Nunca vai poder ser retribuído e lhes somos gratos por isso..." – enquanto falava, Yui apontou para os presentes que, aos poucos, levantaram-se e se juntaram ao coro, com as vozes emocionadas.
It's the king of all who live and the queen of good hearts
(É o rei de todos que vivem e a rainha dos bons corações)
It's the ace you may keep up your sleeve - till the name is all but lost
(É o ás que você deve manter na manga – até que o nome esteja quase perdido)
As deep as any sea - with the rage of any storm
(Tão profundo quanto qualquer oceano – com a fúria de uma tempestade)
But as gentle as a falling leave on any autumn morn...
(Mas tão gentil quanto uma folha que cai em uma manhã de outono...)
"Então, é com muita alegria que estamos aqui hoje, podendo fazer parte desse momento, desejando que por muito tempo ainda possamos vê-los juntos e felizes, fazendo do mundo que os cerca um pedacinho do paraíso..." – desceu os poucos degraus do coreto e parou voltada para seus pais.
Let's talk about love - it's all we're needin´
(Vamos falar sobre amor - é tudo que estamos precisando,)
Let's talk about us - it's the air we're breathin´
(Vamos falar sobre nós - é o ar que estamos respirando,)
Let's talk about life - I wanna know you
(Vamos falar sobre a vida - eu quero conhecer você,)
Let's talk about trust - and I wanna show you
(Vamos falar sobre confiança - e eu quero te mostrar)
Let's talk about love
(Vamos falar de amor...)
"Se a medida do amor que dedicamos aos outros é o quão afortunados nós somos, então, aqui está a materialização de toda riqueza que vocês possuem..." – abriu os braços, indicando todos os jovens que estavam de pé e que cantavam, emocionados, a bela canção. Sakura não pôde mais resistir e abraçou a filha, fortemente, com a felicidade que sentia transbordando de sua alma, através dos olhos. – "Shaoran e Sakura Li... é em nome de todos que os agradeço por serem nossos pais queridos..." - a garota também não conseguiu mais conter a emoção e terminou, com lágrimas banhando seu rosto.
"Por favor, sentem-se todos!" – o padre pediu, com um enorme sorriso no rosto. Sabia que o modo de vida que aquele casal levava era um exemplo para todos e por isso se sentia igualmente emocionado com o discurso, mas não poderia deixar que aquela celebração saísse do controle. – "Vamos continuar com a cerimônia." – ele pediu, sendo atendido lentamente pelos presentes. – "Agora, peço que os dois se aproximem para renovarem seus votos."
O casal aproximou-se do padre, com sorrisos emocionados em seus lábios. Respirando profundamente, Shaoran iniciou seu pequeno discurso.
"No inicio eu tive receio de não superar todas as expectativas que você depositou em mim. Você desistiu de toda uma vida para estar comigo, e eu realmente tive medo de que se arrependesse de tê-lo feito. Queria ser digno de ser a pessoa que lhe mostraria o mundo, ao mesmo tempo em que queria mantê-la sob minha proteção." – ele suspirou, abaixando a cabeça por um momento. – "Acreditei que era você quem precisava de mim, mas não demorei a perceber o quão errado eu estava. E, no momento mais difícil da minha vida, você foi a primeira a me apoiar, a primeira a dizer-me que não havia problema... Fez-me perceber que a vida que estava completamente bagunçada era a minha, e não a sua pacata juventude em Kanoya... Por isso, minha querida, eu agradeço por esse 25 anos em que ficou a meu lado e que eu a amei... Assim como rezo para que possamos ter outros 25 anos como esses, ou até mais."
Sakura tinha lágrimas nos olhos quando Shaoran terminou de falar. Ele secou as lágrimas não derramadas, tendo um sorriso doce nos lábios, sendo retribuído por ela antes que esta começasse a falar.
"A vida que iniciei ao seu lado foi algo completamente novo, totalmente diferente de tudo o que eu já tinha visto e vivido. Em parte, esse fator foi o responsável por tornar tudo mágico." – ela suspirou. – "Mas, acima da magia, você me mostrou o que é a verdadeira vida. Em meus sonhos, tudo o que eu via era um casal perfeito com uma vida perfeita. O que temos não é uma vida perfeita, e sim uma vida real, com todos os seus problemas e obstáculos. E foi isso que, a meu ver, nos uniu mais ainda. Quando estávamos incertos, um sempre demonstrava confiança total no outro que nos trouxe até onde estamos hoje. Eu agradeço por cada minuto que tivemos e que ainda vamos ter... Agradeço, primeiramente, a Deus por proporcionar-nos tal dádiva, e também a você, Shaoran, por tornar tudo isso possível. E por me fazer a mulher mais feliz desse mundo."
Logo após essa fala de Sakura, Shaoran aproximou-se dela, beijando-a ternamente, sob uma onda de aplausos dos presentes, alguns com lágrimas nos olhos.
"E então, pelos poderes concedidos a mim por Deus, eu lhes abençôo, meus filhos. Um casal que passou por grandes provações e conquistou muito... E tem muito, o que conquistar ainda." – o padre fez o sinal da cruz e uma leve reverência, dando espaço ao casal.
Fitaram-se intensamente, até que Sakura abraçou-o ternamente, sendo envolvida pelo braço direito dele enquanto ele beijava sua testa.
N/A –
Miaka: OMG! Ainda existem pessoas esperando por esse final? O.O Admito, a maior culpa foi minha... Entrei em ano de vestibular, minhas horas de internet diminuiram (na verdade nem tanto, mas ainda assim complicou muito minha vida), tive vários problemas esse ano, fiquei deprimida... Enfim! Finalmente terminamos isso... senta na escrivaninha e volta a estudar Só mais duas provas, só mais duas... (uma das quais eu nem sei se vou prestar)
Yoru: O.ò... Bem... o que é isso aqui mesmo? (sem graça ao observar as expressões incrédulas dos leitores) XD huahuahua... Brincadeira... eu não esqueci que esse fic existia. Sério! Eu não esqueci, juro!... . Porque será que eles não acreditam?... u.ù Bem...O grande problema com o fechamento de DdD certamente foi a questão "tempo"... Até o mês de julho tínhamos apenas uma parte do capítulo planejada foi lindo de ver... Em pleno AF, maior bagunça e nós estávamos lá resolvendo questões de fics... Podem perguntar pro Fê! XD... Eita vício... Mas apesar de termos resolvido como seria o final do capítulo E do fic em julho não conseguíamos nos encontrar para falar de fics... e quando conseguíamos acabávamos falando de OUTRA coisa... huahuahau (risada maléfica)
Miaka: Não era exatamente só uma coisa da qual falávamos... Foram tantas confusões esse ano... Tantos problemas... Não vale a pena nem lembrar... u.u Enfim! Aqui está o final... O que acharam? Mesmo após a demora, acho que ficou bom, não? o.o Eu não posso falar muito, afinal, falar da própria fic é furada, mas... Particularmente, eu gostei... XD
Yoru: Realmente,... falávamos de várias coisas e problema e assuntos e projetos e coisinhas... Mas sinceramente, eu não acho que tenha sido nosso melhor trabalho (não que possamos falar muito sobre isso, afinal, oficialmente, só temos dois fics em parceria), mas no final até que ficou legal... Só que fico envergonhada do tempo que levamos para concluí-lo... O.ò não vou voltar a esse assunto...
Miaka: Realmente, por mais problemas que tivemos, realmente demoramos demais... Enfim, mudando de assunto...
Yoru: Bem... Eu só tenho uma coisa a dizer: DOUMO ARIGATOU GOZAIMASU MINNA-SAN que tiveram paciência de ler essa história apesar de todos os atrasos e etc... foi escrita com carinho e dedicação para vocês... Beijinhos a todos e um abraço bem apertado. UM Feliz Natal e um ANO NOVO cheio de paz, Saúde, alegria e inspiração...
Miaka: Sim, sim! Aliás, eu tenho que assumir a responsabilidade para os nossos desejos de Feliz Natal terem se atrasado... O cap já estava pronto e só faltava a minha finalização das notas, sendo que a Yoru está sem internet por tempo indeterminado... Mas esse final de ano foi mais atribulado que o normal... E quando eu não estava fazendo algo, estava realmente acabada demais, e não queria deixar uma coisa mal feita para vocês, logo no último cap...
Muito obrigada pela paciência e posso garantir-lhes que Yoru no Hoshi não morrerá tão cedo Não sei quando voltamos, mas juro que voltaremos! o/
Doumo arigatou gozaimasu! o/
Happy New Year! o/
Yoru no Hoshi.
