Capitulo 3.
Hermione estava muito confusa, o que ela fizera? Acabara de beijar o pobre do Neville, que agora estava totalmente perdido... Mas pelo menos concluira seu intento. Rony fingiu estar indo em outra direção e fingiu que ela e Neville nem existiam.
-Neville? – ela chamou. O garoto estava imóvel. – Você está bem?
-Não sou eu que deveria perguntar isso, Hermione? – ele respondeu, ainda chocado.
Hermione riu.
-Sinto muito, Neville. O Rony estava vindo pra cá e eu não queria falar com ele...
-Entendo...
-Me desculpa?
-Ahhh... Tudo bem, Mione. Mass... Não faça mais isso, ok? – ele disse.
-Tudo bem... Mas porque? Não que eu queira, mas eu sou tão ruim assim?
-Não... É que você me assustou...
-Ok. Vamos embora daqui, Neville.
Neville assentiu com a cabeça e os dois se levantaram e foram de volta para o seu departamento. Hermione ficou lendo relatórios imensos e decidindo os seus destinos, enquanto Neville só papeava com os colegas. Por trás de seu relatório fazia um muxoxo para Neville, estava quase por dar uma bronca nele, mas se conteve por causa do ocorrido.
Depois do assunto ter acabado Neville foi ajudar Hermione na papelada. Ela lia linha por linha, e quando terminava, separava em outros montes. O monte que mais crescia era um que antes dela colocar o papel nele, ela dizia:
-Tudo besteira...
Neville ficou observando-a e quando tentou pegar um papel que ela acabara de pôr no monte de besteiras ela deu um tapa em sua mão.
-Ai!
-Neville não se meta no meu trabalho.
-M-mas depois você vem reclamar que eu não ajudo!
-Melhor não ajudar do que atrapalhar.
Alguém bateu na porta.
-Com licença. – disse uma mulher, de aparentemente vinte ou mais anos.
Todos presentes na sala olharam para a porta, exceto Hermione.
-Pois não? – perguntou Hermione, com toda a sua atenção no relatório.
-Ahh... É que eu sou a nova auror... – ela disse, arranhando o inglês.
-Bem-vinda! – disse Neville sorrindo.
-Muito bem-vinda! – exclamou Perkins, um dos aurores que estavam presentes, o antigo parceiro de Hermione.
Hermione olhou para a moça. Perkins havia falado aquele "Muito bem-vinda" com algum interesse na voz. Ela conhecia Perkins. Fora parceira dele por quase dois anos.
-Bem-vinda. – disse Hermione suavemente, deixando transparecer um pouco de irritação na voz.
A moça olhou para ela, se sentindo culpada.
-Eu atrapalhei?
-Não liga! – disse Perkins rindo. – É que a Mione ta de TPM!
Hermione mirou seu tinteiro em direção a Perkins.
-Ai!
-Fique quieto, Perkins! – ela disse irritada.
Perkins olhou para ela, surpreso.
-Desde quando você me chama de Perkins? – perguntou assustado pela menção de seu sobrenome, por parte de sua ex-parceira.
-Desde que você fica expondo minha intimidade pros outros, Matt! – ela respondeu.
Matt riu dela e disse:
-Me desculpe, Hermione... Mas enfim, qual é o seu nome? – perguntou se virando para a moça.
-Ah... É Juliet Binoche... – ela disse.
-Então, Juliet... Você pode se sentar nessa mesa ao meu lado, já que você é minha nova parceira... – disse Matt.
Juliet se sentou.
-Ahn... E o que eu faço? – ela perguntou.
-Bem... nós estamos trabalhando no caso daquele mausoléu da travessa, você pode começar lendo isso...
Hermione chegou perto de Neville e cochichou:
-O Matt ta babando nessa garota estrangeira... Ta babando tanto que nem notou a aliança na mão direita dela... Deve estar noiva.
Neville ergueu discretamente a cabeça para espiar Juliet, que conversava animadamente com Matt.
-Caracas! É mesmo! Você é detalhista assim até que ponto, Hermione? – disse Neville abobalhado.
-Até o ponto que dá, Neville... – respondeu Hermione, sem olhar nele, uma vez que estava prestando atenção no relatório.
Neville observou-a entediado. Pensou que a carreira de auror fosse mais interessante. Não que quisesse que os tempos de guerra voltassem, porém, tudo o que fazia era ler relatórios e analisá-los, para outros porem a mão na massa. De todo o tempo que Neville trabalhara lá, só entrara em ação uma vez. Ele sabia que fora um pouco muito desastrado, mas tentara fazer tudo correto, e a missão acabou bem.
-Neville? – chamou Hermione.
-Sim?
-Os relatórios. – ela disse olhando para uma pilha imensa de folhas de papel. – Você não vai analisá-los?
Neville olhou entediado pros relatórios e se levantou.
-Eu preciso de ar... – ele disse. – Eu preciso de vida... – acrescentou baixinho, saindo da sala.
Hermione acompanhou com os olhos Neville sair, e quando o amigo abriu a porta ela teve uma terrível surpresa. Ao abrir a porta, Neville trombou com um jovem alto e ruivo, que ia entrar.
-Rony? – perguntou Hermione com a voz fraca.
Neville cumprimentou Rony e saiu. Rony olhou para Hermione.
-Mione.
Juliet, por outro lado, deu uma recepção mais calorosa para ele. Calorosa de mais para o gosto de Hermione. A garota se levantou e pulou no pescoço dele.
-Gente! Esse é o meu noivo.
Tanto o queixo de Hermione quanto o de Matt caíram.
-S-sério? – perguntou Matt surpreso. – Nossa... Felicidades...
-Obrigada! – disse Juliet sorrindo.
-Ahn... Vamos conversar lá fora? – cochichou Rony para a noiva.
Ela disse que já voltava e saiu.
-NOIVO? – exclamaram Hermione e Matt ao mesmo tempo.
-Mione... Você também estava interessada na mina? – perguntou Matt sem entender.
Hermione jogou o grampeador na cabeça dele. Matt se abaixou, mas não a tempo.
-Não diga asneiras!
Ele se levantou massageando a cabeça.
-Então era no mané do noivo dela?
-Era! Era no mané do Rony! – disse Hermione estressada. – Estúpido! Imbecil! – acrescentou começando a chorar.
-Hermione... Esse cara... Ele te traiu? – perguntou Matt sério.
Hermione enxugou as lágrimas.
-É verdade... Ele não me traiu. Não ao ver desse lerdo. – ela disse. – Mas eu me sinto completamente traída! Assim como eu continuo completamente apaixonada por ele!
Rony e Juliet entraram nesse momento. Ele olhou para Hermione, que estava com o rosto úmido e com a aparência de ter chorado.
-Ahh... Então, eu já vou, Mione. – ele disse nervoso sem olhar pra ela. – Depois... Depois a gente conversa, né? Tchau, Ju. – e saiu da sala.
Aquelas falas de Rony ecoaram na cabeça de Hermione milhares de vezes, o que a fez, pela primeira vez na vida, bater com os relatórios em cima da mesa e abandonar a saleta.
-Onde você vai? – perguntou Matt estranhando a ex-parceira.
-Vou tomar um ar!
-Se todo mundo do departamento quiser tomar um ar, esse departamento vai ficar vazio... – brincou Matt.
Hermione saiu, um pouco estressada da sala e saiu do ministério, um processo que demorou um pouco, já que o ministério era cheio de bruxos e bruxas estressados tentando chegar o mais rápido possível em seu destino. Até que o elevador chegou, ela entrou, e conseguiu chegar no andar que queria, já estava menos estressada. Mais uma tristeza muito grande se apoderava dela. Será que Rony não permitiria que ela fosse feliz? Será que todas as vezes que ela pensasse, visse ou falasse com ele teria que virar uma torneira-humana? E será que todas as vezes que pensasse nele essa chuva de perguntas dramáticas viria a sua cabeça?
Hermione caminhou pela Londres dos trouxas sem direção.
