Capítulo 02: Sentimento: ódio

Ódio. Era a única coisa que sentia naquele momento. Ódio por ter se deixado envolver por aquilo. Ódio era comum na vida de Draco. No entanto, naquele momento, não parecia algo nada comum. O ódio que sentia o perturbava, afligia, não tinha domínio sobre aquele ódio, e isso o irritava. Draco Malfoy, sem controle, era algo impossível. O seu mau humor era extremo naquela segunda manhã de aula. Já tinha descontado em todos que cruzavam seu caminho. Crabbe e Goyle foram os primeiros a serem atacados pelo péssimo estado psicológico de Draco. Seu ódio inflamou ainda mais, ao visualizar os longos cabelos ruivos na mesa da Grifinória.

Nem lembrava direito do rosto da Weasley, e não o viu depois do "incidente". Só sabia que era uma Weasley pelos inconfundíveis cabelos cor de fogo, e se lembrou que sentiu o mesmo cheiro adocicado quando esbarrou com ela na manhã anterior. Lembrou-se que, na biblioteca, sentiu aquele cheiro, mas não havia ligado. Agora tudo parecia claro, e ele sabia que poderia ter impedido o "incidente".

Ela sentou de costas para ele. Draco a odiou ainda mais, so podia ser de propósito para provoca-lo.

- Draco!

- Não enche Pansy.

- O que você tem? – Pansy o olhava, concisa.

- Não enche. – Respondeu mais uma vez, colocando um pouco de chocolate no leite.

- Você nunca toma chocolate com leite.

- Cala a boca, sua estúpida. – Bateu com a mão na xícara de leite sem querer. – M«««a. – Todos os sonserinos olhavam na direção dele. - O que estão olhando, nunca viram a droga de um leite derramar?

Levantou da mesa, enfurecido, recebendo olhares reprovadores dos sonserinos, sendo alguns apavorados, dos alunos mais novos. Muitos já estavam acostumados com as crises matinais de Draco. Uma garota do sexto ano limpou o leite derramado na mesa com um simples toque de varinha.

Na mesa da Grifinória, ninguém percebeu o ocorrido na mesa rival. Thamy tentava conversar com Gina.

- O que ouve para você chegar daquele jeito ontem a noite Gin?

- Nada. – Corou um pouquinho ao dizer isso.

- Você demorou a sair daquele banheiro ontem a noite.

- Tava tomando banho.

- Cansei de te esperar e acabei dormindo. O que você tem afinal Gin?

- Nada. Nossa primeira aula é Defesa Contra Artes das Trevas, foi ótimo o professor Lupin ter voltado. Meu irmão disse que a primeira aula dele foi fantástica.

Thamy não perguntou mais nada sobre o que havia acontecido na noite passada. Sabia que Gina fugira do assunto, ao falar sobre o professor Lupin.

Gina pensava no motivo de ter ido, àquela hora, ao corujal. Fora ver Pichi, e mandar uma carta aos pais, pedindo que enviassem seu livro "Os sentimentos ocultos da Lua". Tinha comprado na ida ao beco diagonal, com o dinheiro que os gêmeos lhe deram. Fred e Jorge sempre a adulavam, assim com Carlinhos e Gui, essa era a vantagem de ser a mais nova entre seus irmãos. Rony era o que mais implicava com ela, por causa da proximidade de idade, e Percy não vivia mais em contato com a família, desde que os pais ficaram ao lado de Dumbledore, contra Fudge (não abertamente, claro). Percy, aparentemente, não assumira partido na guerra, trabalhava no ministério e isso já deixava subentender que era contra Voldemort, embora não fosse nada oficial. Se distanciara da família porque as idéias de Fudge para combater Voldemort era diferentes das de Dumbledore. Não se alistara na Ordem da Fênix, como seus irmãos e talvez nem soubesse de sua existência. Gina já não o via há um bom tempo.

Naquela noite, quando foi ao corujal, encontrou tudo escuro. Tentou achar Pichi, chegou à um canto e viu algo que a assustou, ao olhar pela janela da torre. Viu o que parecia um dragão, não tinha certeza, era pequeno demais para um dragão, e grande demais para um pássaro de espécie estranha. Sabia, pois já havia visto dragões em seu terceiro ano, quando houve o torneio Tri- bruxo.

Viu o dragão sobrevoar a floresta proibida e entrar entre as árvores. Um pânico se apoderou dela, não sabia por que, Carlinhos já tinha falado tanto sobre dragões, estava habituada, mas ver um era diferente. Não havia dragões em Hogwarts, muito menos na floresta proibida. Bom, pensando melhor, na floresta proibida podia ter sim, afinal, era proibida, e ela não tinha conhecimento de todos os seres que habitavam o lugar. Saiu correndo, não soube dizer por quê, era como se aquele dragão trouxesse um mau presságio a ela. O pânico era tanto, que ela correu desabaladamente, tinha que avisar a alguém, nunca imaginou que pudesse correr daquela forma. E para piorar, aquele corredor estava escuro, não conseguia enxergar nada, mas mesmo assim corria, corria muito.

Até que bateu em algo sólido. Caiu, percebendo então, que estava em cima de uma pessoa, um rapaz (com aquele físico, era impossível ser uma garota), que a segurava. Sentiu a respiração dele contra a dela. Uma respiração fraca, os braços em torno dela a segurando, queria sair e não queria. Queria fugir dali e se manter aquecida por ele, ao mesmo tempo. E quando sentiu que ela a beijava, fervilhou, queimou. Como era bom sentir a língua dele e os corpos colados, ele era suave e ela era desesperada. Sua linha de pensamento sumiu quando sentiu um forte cutucão no braço.

- A aula Gina. – Julia a chamou. Suas colegas já haviam levantado da mesa e ela fez o mesmo.

- Você não comeu quase nada. – Thamy segurava a mochila dela. – Vai esquecer sua mochila. – Mostrou a mochila a Gina.

- Obrigada.

- Você ficou o café todo com o olhar perdido, nem tocou direito na comida, vou acabar me sentindo na obrigação de avisar ao teu irmão.

- Poupe-me Thamy, não preciso dos cuidados do Rony.

- Certo, mas no almoço você vai comer bastante.

- Vamos logo, não quero perder mais pontos para Grifinoria. – Esbarrou em alguém quando virou. – Desculpe.

- Desculpe, Gina.

- Harry! – "Não acredito, parece até que nasci para esbarrar nas pessoas".

- Mal nos falamos ultimamente.

- Tenho que ir Harry, não posso me atrasar.

- Ahn... ok, a gente se vê depois.

- Tchau. – Saiu com Thamy ao seu lado.

A aula de Defesa Contra Artes das Trevas foi excelente, na opinião de Gina. O professor tinha os cabelos mais salpicados de fios brancos, o rosto cansado, não era por causa das noites de Lua Cheia, devia ter haver com a Ordem. Os dias eram difíceis atualmente no mundo mágico.

Conseguiu ganhar cinco pontos por responder a uma pergunta do professor Lupin. Seu dia não estava tão ruim quanto o anterior.

Logo depois, houve aula de História da Magia. Seus olhos queriam fechar, e ela ordenava para que continuassem abertos e seus ouvidos captassem a voz asmática do professor Binns, que discorria sobre a inquisição na Idade Média. Aquele assunto já tinha sido visto no terceiro ano e agora era dado com mais detalhes. Aquela voz entediante entrava pelos seus ouvidos, e ela tentava se concentrar para que os pensamentos sobre outros assuntos saíssem da sua mente.

- A perseguição foi realizada pelos tribunos da Inquisição nos países católicos e pela justiça civil nos países protestantes – uma tosse do professor fantasma, antes que ele continuasse – as supostas bruxas era acusadas, muitas vezes, por vinganças ou inveja. Crianças eram influenciadas a denunciar casos de bruxaria.– "Quando for a Hogsmead, tenho que me lembrar de comprar aquelas cerejas pipocantes, ah, tenho que prestar atenção a essa aula" – Como todos sabem, a maioria dessas mulheres não era, realmente, bruxa. Milhares de pessoas foram mortas durante esse período – "Como ele beija bem, quem será ele?" – Os acusados eram torturados, e acabavam confessando os crimes que nunca tinham cometido. – "Será que a Thamy me empresta a anotação dela?"

O sinal tocou, anunciando o fim da aula. Os alunos levantaram-se das carteiras. Gina ajeitou suas coisas, automaticamente. Saiu apressada da aula, enquanto Julia reclamava com Eve por ter pego no sono durante a aula.

- Quando será o primeiro passeio a Hogsmead?

- Não foi anunciado ainda Gina. E você não anotou nada, se está pensando que eu vou emprestar as minhas anotações, pode esquecer.

- Thamy, por favor, me empresta.

- Você tem que cumprir suas obrigações.

- Humpf. – Saiu na frente, seguindo uma direção contraria a da sala de feitiços.

- Onde você vai, Gin?

- Verificar uma coisa. – Gritou, pois já se encontrava um pouco distante.

- Mas, e a aula?

Gina não ouviu, saiu em direção a cozinha. Estava com fome, passou metade da aula pensando em comida, e a outra metade, em coisas que tinha que fazer e no beijo. Mal tinha comido no café da manhã e não iria agüentar esperar até o almoço. Andou até a cozinha, sem perceber que alguém a seguia. Fez cócegas na fruta do quadro em frente à entrada. E a porta da cozinha abriu, revelando elfos agitados e preparando comida. Entrou, sem ser notada de imediato.

- O que a Weezy, faz aqui? – Guinchou um dos elfos alegre.

- Oi, Dobby. Vejo que ganhou meias novas.

- Sim, sim. E ainda guardo a meia que a Srta. me deu.

- Mas não a está usando.

- Ah, desculpe. – Dobby pareceu sem jeito. – É que eu quis experimentar minhas meias novas, Srta.

- Tudo bem Dobby. – Sorriu. – Você poderia me arranjar algo para comer? É que eu não tomei café da manhã direito.

- Claro, menina Weezy. O que quiser.

- Tem algo do café de hoje?

- Hum, hum. – O elfo correu até uma mesa, e pegou bolinhos, iogurte, leite, chocolate. Só não pegou mais coisas porque não iria conseguir carregar.

- Já está bom, Dobby. – Ela se sentou em outra mesa, com o elfo ao lado.

- Os outros elfos andam muito ocupados. Menina Weezy é a primeira pessoa que vem visitar Dobby.

- Meu irmão não veio visitá-lo? – Pegou um bolinho. – Tem rosquinhas ai?

- Sim, sim. – Dobby correu e depois voltou com uma cestinha cheia de rosquinhas de morango, chocolate e creme. – Menina Weezy sempre vinha junto com Harry Potter, cadê ele?

- Ahn – Gina pegou outro bolinho sem muito entusiasmo – digamos que eu e o Harry não estamos mais andando juntos. – Dobby olhou confuso durante alguns segundos, soltou um gritinho quando entendeu o que ela quis dizer.

- Mas Harry Potter era tão feliz ao lado da menina Weezy.

- Acho que ele não era tão feliz assim. – Os olhos dela baixaram. – Dobby, vou levar essas rosquinhas, ta? – Dobby balançou a cabeça, permitindo que levasse. – Tchau. – Ela levantou e saiu com a cestinha de rosquinhas. No corredor, fora da cozinha, seus olhos não expressavam mais tristeza, estava muito mais interessada em comer as rosquinhas.

Um loiro observava ela andar, por de trás de uma estatua. "Essa Weasley é uma esfomeada. E eu, um idiota, perdendo meu tempo com isso, tudo para ver como é mesmo o rosto dela".

Ainda não tinha conseguido ver o rosto dela direito e não se lembrava. Perdeu a aula de poções, logo ele, que gostava tanto daquela matéria, e para ver uma Weasley. Não queria que seu tempo ali fosse todo em vão e voltou a seguir a Weasley. Gina andava mais à frente, com as rosquinhas. Tinha que achar algo ofensivo para dizer a ela e fazê-la virar-se. Para que pudesse, então, ver o rosto dela.

- Não tem comida em casa, Weasley? – Deu certo, ela se virou, uma rosquinha na mão e o olhando com desagrado.

- E você, não tem nada melhor para fazer Malfoy?

Draco observou cada detalhe daquele rosto. Os olhos castanhos, a pela muito branca com algumas sardas, não muitas, a boca rosada e o nariz pequeno. Perfeita aos olhos dele, naquele momento.

- O que tá olhando, Malfoy?

- Como podem ter procriado um ser tão asqueroso? – "Tão perfeita, seria o termo mais adequado".

- Vá se ferrar, Malfoy. – E virou as costas, o deixando frustrado sem poder olhar para aquele rosto.

- E ainda por cima é mal educada. – Andou ao lado dela.

- O que deu em você? Resolveu encarnar em mim? – Pôs uma rosquinha na boca, o que fez Draco se deliciar.

- Ora Weasley, sinto informar, mas vamos pelo mesmo caminho.

- O ideal é que você fosse do outro lado, bem longe de mim.

- Acha desagradável estar perto de mim, Weasley?

- Extremamente desagradável.

- Pois, então, - ele a puxou, fazendo com que ela batesse as costas na parede, a rosquinha que ela tinha na mão caiu, e a outra mão segurava a cesta, com descuido. – experimente ficar mais próxima. – Colou o corpo dele ao dela, imprensando-a na parede.

- O que você tá fazendo? – Perguntou assustada.

- Com medo Weasley? É tão desagradável assim, ficar tão próxima de mim? – Ela podia ver o veneno saindo daquelas palavras.

- Malfoy, pare com isso. – Tentou empurrá-lo, para que se afastasse dela.

- Você é muito estúpida, garota. – Aproximou perigosamente o rosto, ao dela. – Devia aproveitar, muitas garotas fariam de tudo para estar assim comigo.

- Não sou como elas. – Não sabia como conseguia falar, ele a olhava com tanta frieza que chegava a sentir uma pontada nos olhos, de tão frios que eram os olhos deles. Pareciam duas laminas afiadas que queriam perfurá-la de qualquer jeito.

- É, eu sei. – Aproximou mais ainda o rosto de encontro aos lábios dela. Gina achou que ele fosse beijá-la. Fechou os olhos, esperando o contato dos lábios, o que nunca ocorreu. Sentiu a distância do corpo dele.

Abriu os olhos. Malfoy andava mais à frente, como se nada tivesse acontecido. Gina desencostou da parede, e seguiu na direção oposta a ele. O melhor era seguir outro caminho para esperar a outra aula começar. Que absurdo, ela esperou um beijo de Malfoy, ele era lindo, mas ela sabia se controlar, não tinha que esperar um beijo daquele sonserino.

Estava no corredor sem ter noção de onde ir, não podia ficar perambulando pelo castelo, podia ser pega por Filch e acabar levando uma detenção. Decidiu que voltaria para a sala comunal até a próxima aula. Ficava se perguntando o que diabos Malfoy queria com ela, naquela hora. Ele já havia insultado-a milhares de vezes, mas nunca tinha ficado tão próximo. Ele a repugnava, a achava asquerosa e sempre demonstrou nojo, mal olhava para o rosto dela. E o que mais se perguntava era por que achou que ele fosse beijá-la? Ele nunca faria isso, beijar uma Weasley era impossível. E ela também não queria ser beijada por ele, pelo menos achava que não.

A próxima aula estava pra começar, então saiu correndo da sala comunal em direção às estufas, onde teria Herbologia.


Um Draco aborrecido praguejava, no fundo da sala de McGonagall. Tinha que prestar atenção naquela aula de qualquer maneira. Não conseguia. Por mais que tentasse fazer seu cérebro prestar apenas atenção à professora, não se concentrava. Seu cérebro parecia se comprimir, e se limitar apenas a fazer perguntas às quais ele não queria respostas, não queria obtê-las, era muito melhor ficar sem respostas que comprometessem ainda mais a sua razão.

A ruiva não saia de seus pensamentos. Não tinha nada que tê-la seguido, no entanto a vontade tinha sido imensa, não pudera controlá-la, e era um absurdo um Malfoy não se controlar, não ter domínio de si. Não se conteve ao vê-la sair da sala de Defesa Contra Artes das Trevas, e ficou esperando ela sair da cozinha. Tudo para ver um rosto, Merlin, um rosto no qual ele nunca vira nada de mais, nunca deu a mínima para o rosto da Weasley caçula, nem ao menos sabia o seu primeiro nome. A desprezava, e mesmo assim quisera vê-la.

Um beijo. Um beijo por causa de um impulso, por causa da situação inusitada. Um beijo que não devia ter sido nada, que não devia ter significado nem importância. Draco não se deixava levar por essas coisas, aprendera a lidar com isso de uma maneira fria. Mulheres serviam para saciarem as vontades libidinosas dele, nada mais que isso. Era puro desejo e satisfação, estavam ali para serem usadas por ele. Nunca as tratara mal, sabia seduzi-las, usava seu cavalheirismo, as tratava com gentileza, fazendo com que caíssem em seus encantos. Depois, as largava da maneira mais fria possível, ignorando-as. Ele era tão jovem ainda para saber como lidar com elas, mas sabia, seus instintos, sua educação, o faziam assim, e, por que não dizer, ele próprio o queria assim.

Tinha aprendido a ser cruel com os sentimentos alheios. Não pensava em se firmar com nenhuma mulher, seu pai o aconselhava a aproveitar ao máximo e que, um dia, escolhesse uma bruxa, aceitável em seu meio social: puro-sangue e "decente" (decente no sentido sexual da palavra, não no sentido de moral em relação as atitudes corretas). Uma bruxa que pudesse se casar, uma bruxa como Narcisa. Isso era o que seu pai sugeria, mas Draco, na verdade, não pensava em casamento. Queria passar a vida toda se divertindo com mulheres, experimentando todas...

- Sr. Malfoy?

Olhou para a professora que se encontra na sua frente.

- Sim professora?

- Eu fiz uma pergunta ao Sr. e não obtive resposta, estou esperando Sr. Malfoy.

- A Sra. poderia repetir a pergunta de novo? – McGonagall estreitou os olhos, os lábios se comprimiram.

- Eu perguntei, quais as indicações que uma pessoa que deseja se tornar animago dever ter?

- Em primeiro lugar, saber qual animal tem mais haver com suas características psicológicas. Ser especialista no ramo de animagia, e o principal, ser avaliado por um especialista para obter a aprovação do ministério, já que a transformação em animago é algo complexo e que se exige muita habilidade. – McGonagall avaliou Draco estreitando ainda mais os olhos e com um finíssima linha no lugar dos lábios, se mostrando contrariada.

- 5 pontos para Sonserina. Poderia ter ganho um pouco mais se estivesse prestando atenção em minha aula.

Draco jogou a cabeça para trás demonstrando impaciência quando a professora virou as costas. Minerva McGonagall detestava quando seus alunos não dedicavam total atenção a sua aula e quando notava alguém aleatório as suas explicações sempre lançava uma pergunta na intenção de tirar pontos dos que não davam atenção as sua explicações. Sua obrigação como professora era obter o maximo de seus alunos. Draco sentiu uma vontade de lançar um Avada naquela bruxa velha que interrompeu seus pensamentos. Detestava, odiava, quando interrompiam os seus conflitos internos.

- Hey Draco!

- O que você quer Blás, essa velha tá de olho em mim, fala logo. – Mirou com o canto do olho para Blás Zabine, que sentava na carteira ao lado da sua.

- Quando vai ter treino de quadribol?

- Não sei, você tem que perguntar ao capitão.

- Tá ai o problema, nosso ultimo capitão saiu ano passado.

- Isso não é problema meu, Blás.

- Você faz parte do time Draco, e, bom... podia me indicar para capitão.

- Você? – Draco olhou, com desprezo. – Você mal agarra as goles e quer ser capitão?

- Sr. Malfoy, menos 5 pontos para Sonserina. – McGonagall soltava faíscas pelos olhos.

Draco olhou irritado para Zabine. Seu dia não andava nada bom, perdeu a aula de poções, estava com uma Weasley na cabeça e tinha acabado de perder pontos na aula de McGonagall. Seu mau humor ia permanecer durante bastante tempo.


20:25

Gina lia um livro, no fundo da biblioteca. Tentava enfiar na cabeça todas aquelas informações. Já estava quase enfiando o livro na cabeça, literalmente. Não conseguia absorver nada daquilo. Sentia-se uma burra, por não estar conseguindo associar todos aqueles nomes de plantas às finalidades para que serviam. Herbologia estava entrando em um ramo que ela não se dava bem: poções. As plantas que serviam para poções, das mais simples às mais complexas. Nunca teve problemas com Herbologia, mas andava mal em poções e as informações eram tantas, que se comprimiam dentro do seu cérebro. E aquele ano queria se dar bem em todas as matérias, tinha esperanças de ainda poder se tornar monitora, e, para isso, teria que ser uma boa aluna em termos de notas e comportamento. Comportamento era fácil. Agora, notas, principalmente quando tinha poções com Snape, seria uma tarefa difícil e ela também não gostava muito de História da Magia.

Depois do jantar, a sala comunal ficava muito barulhenta, então achou melhor ir à biblioteca. Não estava adiantado muito, sua cabeça zunia, era pior que o barulho da sala comunal. Deitou a cabeça em cima do livro, em sinal de desistência. Virou a cabeça para o outro lado, assim não sentiria o cheiro de mofo que vinha do livro. Alguém sentou suavemente ao seu lado.

- Oi Gina.

- Ahn... – Ela levantou a cabeça. – Oi Harry, como vai?

- Bem, e você? – Uma mecha de cabelo ruivo caiu por cima dos olhos dela. Harry, automaticamente, passou o cabelo por trás da orelha dela. Ele sempre fazia isso. Gina, desconcertada com a atitude do ex-namorado, se afastou um pouco. – Você ainda tá chateada comigo, não é?

- Não Harry, claro que não. Acho que já vou indo, tô com sono.

- Você está fugindo de mim desde o começo das aulas, Gina.

- Não tô fugindo, é que ando ocupada. E além do mais, as aulas começaram ontem. – Mordeu os lábios.

- Eu preciso te dizer uma coisa.

- O que, Harry? – Ela olhou, cansada, para ele.

- Independente de ter terminado o namoro, eu queria que você soubesse que eu gosto muito de você.

- Harry, agora é o momento que você acrescenta nesse 'Eu gosto de você' com o 'mas é como uma irmã'? Poupe-me Harry, isso só piora as coisas. Eu não quero saber de você me vendo como irmã. Me dá um tempo tá, para eu me acostumar com tudo isso, eu quero voltar a falar com você normalmente, mas isso não é possível agora. – Desabafou. Viu o mesmo brilho que sempre via nos olhos de Harry.

Os olhos de Harry lhe transmitiam paz. Os olhos verdes vivos, que cuidavam dela como se fosse um precioso mimo que havia ganho no natal. Não podia entender como o dono daqueles olhos havia dispensado-a... Como os olhos que demonstravam querê-la acima de tudo, os olhos que a colocavam em um patamar e que sempre a admiravam como se fosse impossível de ser tocada, podiam ter feito ela sofrer?

- Não era bem isso que eu ia dizer, Gin.

- Harry, eu não quero ouvir o que você tem a dizer, eu não estou pronta para esse tipo de conversa. – Juntou os livros e levantou da mesa controlando-se para não chorar.

Havia derramado lágrimas demais por Harry, e não queria passar por isso de novo. Sua cabeça continuava zunindo, e ela apertava com força os livros entre os braços.

- Gina. – Thamy apareceu por uma passagem atrás de um quadro.

- Tava fazendo o que aí, Thamy? – disse, se esquecendo do ocorrido na biblioteca.

- Er... nada. Por que você tá com essa carinha triste?

- Ah! – Lembrou da quase conversa com Harry. – É que eu falei com o Harry.

Thamy deu um abraço em Gina.

- Você ainda gosta dele?

- Não sei. – As duas se separaram. – Não sei, mas acho que estou esquecendo-o. – Gina pensou em contar o que aconteceu na noite passada.

- Talvez seja melhor você esquecer mesmo ele. Não gosto de te ver assim Gina.

- Sabe, aconteceu uma coisa estranha comigo.

- Tem a ver com a sua tentativa de afogamento ontem à noite no banheiro? – Brincou. Gina balançou a cabeça afirmando. – Pois trate de dizer logo o que houve, porque eu passei o dia todo curiosa.

- Hum. – Gina deu um sorriso tímido. – É meio embaraçoso.

- E, pelo visto, foi bom, você chegou a ficar mais feliz quando tocou no assunto. – Thamy sorriu, maliciosa, Gina ficou séria. – Não fique assim, conte logo o que aconteceu.

- Não conte para ninguém, Thamy.

- Não sou uma Maria fofoqueira. – Se mostrou ofendida.

- Certo. Bom... eu fui mandar uma carta aos meus pais, e, quando sai do corujal o corredor de baixo estava escuro. – Era melhor omitir o fato do dragão e de ter corrido, estava confusa em relação a essa parte. – Eu não vi e esbarrei em alguém, um rapaz, cai por cima dele e nos beijamos. É, basicamente foi isso.

- Isso? Dá para explicar melhor?

- Ah, Thamy foi isso, você quer o que? Detalhes?

- Eu gosto de detalhes.

- Ai já é demais, Thamy.

- Ok Gina, ok. So me responda isso: você gostou?

- Que? Ahn! Não sei...

- Você não sabe nada! – Thamy riu. – Gina, você tem que saber o que se passa com você. Não pode omitir para si mesma o que sente. Eu tenho certeza que você sabe a resposta. – Gina olhou aborrecida. – Não precisa me dizer, só pense melhor sobre isso. Você tem que saber o que se passa com si mesma.

- Valeu, Thamy, você sabe que eu só conto essas coisa para você.

- Agora vamos andando, que eu tenho que fazer minha lição de Feitiços.

- Você deixa eu copiar? Eu faltei a aula porque tava com fome.

- Só dessa vez, Gin.

- Agora, me diga uma coisa. Você tava ai atrás do retrato com o Julian Trip?

- Gin! – Exclamou. – Pare com isso.

- Tá vendo aí, você vai ter que me contar isso.

- Vamos para a sala comunal. – Andaram um pouco, parando atrás de um certo loiro sonserino que Gina não viu. – Você não me contou quem foi que o garoto que te beijou.

- Eu não vi. – Respondeu, encabulada. – Draco virou para ela, os olhos surpresos. Gina o viu, e desviou rapidamente com Thamy.

As duas seguiram para a sala comunal da Grifinoria. Draco ficou, parado olhando a ruiva sumir com a amiga. "Ela não sabe que sou eu". E sem saber por que, deu um chute na estatua ao seu lado. Impressionado com a própria idiotice, soltou um palavrão, o pé latejava e a estatua ria da cara dele.

A Weasley não sabia que tinha beijado um Malfoy. E nem iria saber, se dependesse dele. Se manteria o mais afastado daquela Weasley.


N.A: Agradeçam essa atualização a minha beta Ayesha, que foi super rápida. Pensei que so fosse atualizar na próxima semana, mas não, aqui está. Mesmo assim eu demorei um pouco, vou tentar ser mais rápida, não garanto. Minha empolgação para publicar esse capítulo foi por conta das reviews e e-mails que recebi, então postem reviews, isso me deixa muito feliz. Vocês são demais: Miaka, Ju, Carol, Trinity, Dani, Fefs (adorei esse nick), Ni, adorei as reviews de todas. Quem mandou e-mail desculpa não ta colocando o nome aqui, mas é que meu hotmail não ta abrindo nesse momento, no próximo capítulo eu agradeço as vocês também.

Ah, e quanto ao Harry, eu não podia deixá-lo de fora. E eu não vou chamar ao Gina de Ginevra, de jeito nenhum, vai ficar Virginia e pronto.

Bjs.