Capítulo 4: Um pedido de ajuda

Musica: Amazing, Aerosmith

I kept the right ones out and let the wrong ones in

(Eu jogava fora as coisas certas e guardava as coisas erradas)

Had an angel of mercy to see me through all my sins

(Tinha um anjo de piedade para me ver através de meus pecados)

There were times in my life when I was goin' insane

(Teve momentos em minha vida Em que eu estava indo à loucura)

Tryin' to walk through the pain

(Tentando atravessar a dor)

When I lost my grip and I hit the floor

(Quando eu perdi minha força e caí no chão)

Yeah, I thought I could leave but couldn't get out the door

(Yeah, eu achei que poderia sair, mas não conseguia sair porta a fora)

I was so sick and tired of livin' a lie

(Eu estava tão enjoado e cansado de mentiras)

I was wishin' that I would die

(Estava querendo morrer)

It's amazing, with the blink of an eye you finally see the light

(É incrível com a piscada de um olho você finalmente vê a luz)

It's amazing when the moment arrives that you know you'll be alright

(É incrível quando chega a hora certa você sabe que ficará bem)

It's amazing and I'm sayin' a prayer for the desperate hearts tonight

(É incrível e eu estou rezando para os corações desesperados desta noite)

That one last shot's a permanent vacation

(Aquele último tiro é uma Férias Permanente)

And how high can you fly with broken wings?

(E quão alto você consegue voar com as asas quebradas?)

Life's a journey not a destination

(A vida é uma jornada, não um destino)

And I just can't tell just what tomorrow brings

(Eu só não sei dizer o que o acontece amanhã)

You have to learn to crawl before you learn to walk

(Você deve aprender a rastejar antes de aprender a andar)

But I just couldn't listen to all that righteous talk

(Mas eu não escutava o que era certo)

I was out on the street, just tryin' to survive

(Eu estava lá fora tentando sobreviver)

Scratchin' to stay alive

(Me esfolando para ficar vivo)

Desperate hearts, desperate hearts

(Corações desesperados, corações desesperados)

Did you wanna see without and give it out now (or whatever...)

(Você quer ver sem e renunciar agora (ou qualquer que...))


Gina saiu da sala de transfiguração pensando no loiro sonserino que tentou confortá-la no dia anterior. Estava com os pensamentos tão longe, que nem se deu conta de que suas amigas voltavam para a sala comunal porque Thamy tinha esquecido o livro de Herbologia. Eve a chamou, mas ela se encontrava tão perdida em seus pensamentos, que continuou andando em direção ao lado de fora do castelo, para ir as estufas, assistir à aula de Herbolgia.

Sentiu algo esbarrar de leve nela e, quando se virou, olhou, surpresa, para o sonserino à sua frente. Sorriu, embaraçada, e quando ia agradecer mais uma vez à ele, o garoto falou, olhando- a de um jeito desolado:

- Me ajuda! - Gina olhou, atônita, para Malfoy, sem conseguir processar de imediato o que ele havia dito.

- Como?

- Preciso falar com você. – Malfoy disse, segurando-a pela mão e a levando para fora do castelo.

- Tá. – Não conseguiu dizer mais nada. Estava curiosa e confusa sobre o que tinha ouvido.

Draco a levou até o outro lado dos jardins, o lado oposto ao das estufas. Diante dela, não sabia bem o que ia dizer, tinha pedido ajuda, mas ajuda para que? Na verdade, ele sabia muito bem que tipo de ajuda precisava, mas não queria, era humilhante para ele, ia contra seus princípios. Não admitia para ele mesmo que precisava de ajuda, e agora ia admitir isso para ela, logo ele, que nunca revelava suas fraquezas e seus problemas a ninguém.

Era a única solução que tinha, podia fingir para ela, enganá-la, mas não tinha com o que enganá-la, era verdade, não se pode enganar ninguém com uma verdade. Necessitava de ajuda, não queria, não ia admitir que precisava, ia apenas fingir, usar algo que era verdadeiro, para acabar com aquela confusão em sua cabeça.

Draco olhou, de esguelha, para suas mãos, os cortes não estavam nítidos. Aquilo era ultrajante, era sádico, não entendia por que fazia aquele tipo de coisa doentia consigo mesmo. A garota o olhava , não sabia dizer muito o bem o que significava aquele olhar dela. Parecia medo, pena e curiosidade, tudo misturado.

- Eu... – Ele não sabia muito bem por onde começar. Como ia dizer aquilo? Não tinha cabimento, era inaceitável. – Encontraram seu irmão? – Não disse o que queria.

- Ahn, não. – O semblante dela ficou triste, ao ouvir a pergunta sobre o irmão. – Você me trouxe até aqui para perguntar isso?

Draco permaneceu calado, deixando-a ver os pequenos cortes, que estavam a mostra. Ela deteve os olhos ali, os cortes que tinha visto no dia que saíra do treino de quadribol. Não sabia muito bem o que aquilo significava, podiam ser machucados que o garoto adquirira, aprontando algo com os outros sonserinos.

- Como conseguiu esses cortes? – Gina perguntou, timidamente, apontando para as mãos dele.

- Não é da sua conta. – Ele foi rude, se arrependendo em seguida. Era justamente para isso que queria a ajuda dela.

- Então, eu já vou. – Disse, irritada.

- Espere. – Draco hesitou no que ia falar. Vendo que ela virava as costas, não viu outra solução a não ser dizer de uma vez. – Eu que fiz. – Ela se virou, séria, e voltou a olhar para as mãos dele.

- Fez o que? – Os olhos dela expressavam pena. Draco detestava que sentissem pena dele.

- Os cortes. – Respondeu, relutante.

Gina se aproximou dele, com receio. Sabia que ele era frio e mau, mas não a ponto de machucar a si mesmo.

- Ás vezes, acho que não vou parar. – Ele continuou. – Mas não chego a fazer nenhum estrago, como você pode ver, são cortes finos. Então, do nada, paro e fico olhando o meu sangue.

Gina o encarou, com um certo pavor. Se ele era capaz de se machucar, por que não seria de machucar os outros? Sentiu medo.

- Por quê?

- Não sei. – Ele deu de ombros. Gina se aproximou ainda mais dele, podia sentir medo, mas junto disso sentia pena. Levou suas mãos até as dele. Draco afastou as mãos, não queria que ela o tocasse.

- Tem nojo de mim? Então, por que pediu minha ajuda?

- Não tenho nojo de você. Tenho da sua família, de você não. – Gina fez uma careta, ao ouvi-lo dizer que tinha nojo da família dela. Ser ofendida era uma coisa, mas ouvi-lo ofender a sua família, já era demais.

- Você é um estúpido mesmo.

- Ainda dói um pouco, eu não quero que você toque.

Independente dele ser um sonserino, um Malfoy e de ter ofendido a família dela, não podia deixar de se sentir na obrigação de ajudá-lo. Tinha isso dentro dela, gostava de ajudar as pessoas, não podia deixar ele daquele jeito, mesmo sendo um Malfoy. Tentou tocar mais uma vez na mão dele, e dessa vez não foi impedida. Os cortes eram finíssimos, praticamente não dava para senti-los.

O toque dela era tão suave, não tinha como machucar seus cortes. Ela tinha a mão leve e suave, era bom sentir o toque dela.

- Como você quer que eu te ajude? – Soltou a mão dele e o encarou, Draco desviou.

- Eu não quero que você me ajude, Weasley.

- Mas você pediu...

- Esqueça.

- Você é doente, Malfoy. – Murmurou, com desprezo.

Confusão. Gina sabia que não devia ter ido ali com ele, aquilo não era só curiosidade, algo a atraía para aquilo tudo, a sensação de perigo era boa para ela, nunca tinha experimentado, era loucura estar ali conversando, e ouvindo um Malfoy dizer que ele próprio se cortava, não conseguia entender como alguém podia se ferir. Ele precisava de ajuda, isso era certo, mas tudo aquilo era demais para ela, não tinha como ajudá-lo. Ela era uma Weasley, e ele um Malfoy, se detestavam.

Draco olhou vagamente ao redor do jardim. Gina o observava atentamente, analisando as expressões vazias dele, o sonserino não demonstrava nada, o máximo que ela conseguia notar, era o tédio nos olhos dele. Ele, sem duvida, tinha tédio da vida. Draco sabia que estava sendo observado, não gostava disso, no entanto, naquele momento, ele não se incomodava. Aquilo tudo era novo para ele, era diferente.

- Eu posso te ver mais tarde? – Ele perguntou, de repente.

- Malfoy, ainda não sei em quê eu poderia te ajudar. Você disse nesse instante para eu esquecer.

Nem ele sabia muito no que ela podia ajudá-lo, já estava perdido mesmo. Foi precipitado, aquilo não daria certo, e agora pedia para vê-la. Afinal, o que faria com aquela garota? O que estava acontecendo com ele?

- Sinceramente Weasley, eu não sei como. – Draco virou as costas para ela, e saiu voltando para o castelo.

- Malfoy, depois do jantar, na biblioteca. – Falou, não muito alto, mas o suficiente para ele ouvir.

Gina se dirigiu para as estufas, estava atrasada. Pediu licença à professora Sprout, e se desculpou pelo atraso. A professora deu uma leve bronca nela. Thamy a chamou para se sentar ao seu lado.

- O que houve? Você veio antes da gente, então por que se atrasou? – Perguntou, curiosa.

Gina acenou com a cabeça em direção a professora, como sinal para que prestassem atenção à aula. Thamy entendeu o recado e não falou mais nada. Até agora, Gina não sabia por quê tinha aceitado ver Malfoy. Não acreditava que tinha dito até o lugar onde ele deveria encontrá-la. Ele realmente precisava de ajuda. Apesar da frieza dos olhos dele, dava para notar um leve desespero, quando pediu ajuda a ela. Gina não era tão ingênua assim, sabia que podia ter algo por trás daquele pedido. A única coisa que ela achava que fosse uma justificativa, era o fato de não negar ajuda a ninguém, nunca negava, fosse quem fosse, era da natureza dela. As mãos simbolizavam um pedido de socorro. Tomaria o devido cuidado para não cair em nenhuma armadilha. Os Malfoy eram capazes disso, ela já tinha comprovado tal fato uma vez. Não iria cair de novo, teria cuidado.


- Hey Draco!

- O que é, Blás?

- Treino amanhã à noite.

- Blás, você não acha que ta exagerando demais, não? – Draco resmungou. – Desse jeito, no dia do primeiro jogo, estaremos esgotados.

- Quanto mais treinarmos, melhor Draco.

- Acho que o Draco tá certo.

- Fica na tua Higgs, você acabou de entrar no time. E foi só porque você é irmão do Terêncio, e esperamos que seja um ótimo jogador como ele. – Blás murmurou, na aula de Snape.

Como sempre, as aulas de poções eram divididas com os grifinórios. Draco lançava olhares de esguelha para Potter. Aquele grifinório já tinha tido o seu anjo ruivo, já tinha experimentado os beijos dela, e isso corroía Draco por dentro, sua raiva por Potter aumentava ainda mais.

Tinha conseguido se encontrar com ela. Iria vê-la à noite, e isso o perturbava e acalmava ao mesmo tempo. Não esperava que ela aceitasse vê-lo, mas ela aceitou, o pedido tinha mesmo funcionado. Estava confuso com aquilo tudo, ele queria estar perto de uma Weasley. Colocaria seu plano em prática, apenas a usaria, não teria nada sério com ela. A ajuda era uma farsa, de certa maneira, não sabia o que iria fazer, iria dar um jeito nisso na hora, o que interessava, realmente, era que visse e estivesse perto do seu anjo, ao menos mais uma vez. Iria sentir o perfume dela...

Não podia ferir seu anjo. Queria, mas não podia. Estava numa enrascada, e não tinha noção do que fazer, não sabia se conseguiria machucá-la, assim como fazia com as outras. Não podia ferir os sentimentos dela, não sabia se conseguiria deixá- la, isso se, um dia, a tivesse. Ela não era alcançável para ele. Sua pureza não merecia sofrimento. Mas agora, o jogo já tinha começado, tinha que dar continuidade.


Ainda havia várias pessoas jantando no salão principal. Gina se encontrava na biblioteca, não estava com fome, sua ansiedade era enorme, tentava estudar, enquanto Malfoy não chegava. Mas era inútil tentar estudar, inútil como estava sendo nos últimos dias. Encontrava-se estranhamente cansada e sem vontade de estudar.

De repente, sentiu a presença de alguém ao seu lado. Malfoy se sentou de frente para ela. Gina o encarou durante alguns instantes, sem saber o que dizer.

- Estudando muito, Weasley? – Estavam em uma mesa afastada de todos, uma estante de livros impedia que alguém os visse.

- Tentando, Malfoy! Para que você queria me ver?

- Conversar. – Disse, simplesmente, levantando uma sobrancelha.

- Você tá enlouquecendo? – Ela afastou a mecha de cabelo que insistia em cair sobre seu olho esquerdo. – Desde quando Malfoy e Weasley conversam?

- Desde ontem, a partir do momento em que eu te encontrei chorando.

Gina baixou a cabeça, se sentindo subitamente envergonhada.

- Você está estudando Poções? Se quiser eu te ensino.

- Não precisa Malfoy. Acho que isso de ensinar não daria muito certo.

- Como quiser Weasley. Você marcou aqui comigo e fica aí, estudando. – Disse, com aborrecimento.

- Tenho que conciliar as coisas, Malfoy. Ando muito ocupada.- Ela baixou os olhos para o seu livro.

- Conversar e estudar junto, não dá certo.

- Eu consigo. – Ela se levantou e foi até a ultima estante. Draco a seguiu.

Gina observava os títulos de livros, atentamente.

- É melhor perguntar à bibliotecária, acharia mais rápido.

- Não gosto daquela antipática. – Gina ajeitou os cabelos, mais uma vez.

- Você é extremamente provocante, sabia? – Ela parou de tentar pegar o livro, ao ouvir o comentário dele.

- Malfoy, volte para a mesa, vão estranhar se nos virem aqui.

Ele deu um sorriso.

-Quer ajuda para pegar o livro? Acho que você não alcança. – Draco se aproximou da estante, conseqüentemente se aproximando dela também.

Gina pôde sentir o perfume dele. Era forte, marcante. Ela sentiu um leve arrepio, devido à proximidade dele. Draco, propositadamente, encostou de leve o seu corpo no dela, sorrindo internamente, pegou o livro e entregou a ela.

- Obrigada. – Gina murmurou, com educação, e sem conseguir encará-lo.

- Eu vi a sua amiga lhe chamando de Gina. É seu nome ou apelido?

- Ah... Todo mundo me chama de Gina. – Falou, timidamente, segurando o livro com força.

- E qual o seu nome?

- Virginia.

- Sabe o meu?

- Draco, impossível não saber.

- Por que impossível? – Perguntou sem esconder o divertimento.

- Você é conhecido, Malfoy.

- Me chame de Draco, já que sabe meu nome.

- Melhor não. – Se afastou um pouco dele, voltando a olhar para os livros na estante.

- Com medo de ficar íntima demais, Virginia? – Se aproximou dela, com cautela.

- Pare com suas insinuações, Malfoy.

- Eu acho que você, na verdade, não quer que eu pare. – Ela estava entre ele e a estante.

- Se afaste, Malfoy.

- Draco, as garotas que eu beijo me chamam pelo primeiro nome, Draco.

Não esperou mais nenhuma reação dela. Desde o começo só queria poder beijá-la, fora precipitado, mas agora já tinha feito, ela causara essa precipitação da parte dele. Gina relutava em deixá- lo aprofundar o beijo, enquanto ele a desencostava da estante, pois, se a pressionasse ali, poderia derrubar o móvel, e ele não queria isso. Ela não conseguia mais lutar contra aquilo, o perfume dele a entorpecia, deixava-a fora de si. Suas mãos passeavam pelas costas dele. Aquilo era loucura, beijava um Malfoy, não podia.

Draco roçava a língua de maneira lenta, sabia muito bem como fazer aquilo, e ela estava gostando. Muito. Ele segurava a sua cintura com força, e a apertava contra ele. Agora, a língua se tornara ávida, parecia que ele conhecia os recantos de sua boca, cada detalhe, cada canto que a deixava mais arrepiada. Sentia um frio e um calor, se misturando dentro dela. E o perfume dele, Merlin! O perfume dele se misturava de uma maneira marcante. Estavam agarrados um ao outro, naquela busca irrefreada na biblioteca do castelo, em meio aqueles livros com cheiro de mofo.

Draco a apertava. Abandonou a boca da garota e beijo-a no pescoço. Gina estremeceu. Draco sentia os dedos dela passearem pelos seus cabelos, depois tocar a nuca, fazendo-o se arrepiar. Ela tinha as bochechas vermelhas, os olhos fechados, e ele se deliciava no pescoço dela, aspirando o cheiro suave.

- Pare! – Ela murmurou, ainda de olhos fechados. – Por favor.

- E se eu te disser que não quero parar? – Ele voltou a beijar a boca de seu anjo.

Dessa vez, ele não era calmo. Era sedento, fugaz, a beijava de maneira intensa, com ferocidade. Draco sentia a pulsação de suas veias, o sangue passando. O índice de adrenalina era alto, naquele momento, era bom tê-la agarrada a ele, ou melhor, ele agarrado a ela, era bom sentir a mão dela deslizando por sua nuca e suas costas, enquanto as dele permaneciam apertando-a contra si. Seu desejo era grande, queria tê-la, desejava aquele anjo. Ela estava em seus braços e ele podia profanar o seu anjo. Com esse pensamento, ele parou de beijá-la. Não era certo, não estragaria a vida de seu anjo.

Ela manteve os olhos fechados por alguns segundos. Estava confusa. Sua roupa e a de Draco se encontravam amassadas, sua saia tinha subido um pouco, não muito, mas o suficiente para faze-la se sentir envergonhada. Seu rosto estava quente, ela queimava. Notou que o livro que segurava minutos antes, não estava mais nas suas mãos, estava no chão. Quando o havia soltado ela não sabia, com certeza o livro deve ter feito um barulho, era um livro grosso. Estranhou o fato de não ter ouvido o barulho do livro caindo, e o que era mais estranho, era o fato de que, nem Madame Pince, nem ninguém, veio reclamar pelo barulho. Melhor assim.

Draco ajeitou sua gravata, que estava torta e amarrotada. Gina passou a mão pela saia tentando desamassá-la, inutilmente. Não conseguia encará-lo, só queria sair dali e se esconder. Havia tido uns "amassos" com Malfoy. Onde estava o seu juízo?

Saiu dali, sem dizer nada, atordoada com o que tinha feito. Draco ficou ali, durante um tempo. Sorriu, um sorriso tímido e fraco, ao constatar que o perfume dela estava nele. Ainda podia sentir as mãos delicadas passando por sua nuca. Uma parte dele se sentia bem, e outra o condenava. Aquela ruiva não era para ele, se xingou mentalmente, por não poder desfrutar da lembrança daquele momento. Saiu da biblioteca, com extremo mau humor, pronto para estrangular o primeiro que atravessasse o seu caminho. Havia se enganado. Tê-la, somente uma vez, não era o suficiente.


Gina chegou na sala comunal e só agora percebia que estava com fome. Rony foi logo ao encontro dela.

- Onde estava? Aquela sua amiga japonesinha disse que você não apareceu para jantar.

- Tava estudando, Rony, na biblioteca.

- Daqui a pouco você tá pior que a Hermione.

- Ah, cala boca, Rony.

Ela se dirigiu para onde estavam Thamy, Julia e Eve. Julia a olhava com uma raiva enorme, só aparecia louco na vida de Gina.

- Onde você estava, Gin? – Thamy não conteve sua curiosidade.

- Na biblioteca.

Nesse instante, Harry entrou na sala comunal, lançou um rápido olhar a Gina e saiu em direção ao dormitório masculino. Julia passou os olhos de Harry para Gina.

- Estudando é que você não tava. – Soltou sem conter o tom irônico.

- Estava estudando, sim. – Gina falou nervosa.

- E volta amassada desse jeito. Você só se faz de santinha. Não é santa coisa nenhuma. – Julia saiu, irritada.

- O que deu nela? – Gina perguntou, inocentemente.

- Fala sério Gin, você ainda não percebeu? – Thamy perguntou, tentando conter o riso.

- O que?

- Você voltou com a roupa amassada, e meio vermelha. – Eve tentou explicar.

- Onde vocês querem chegar com isso?

- Gina, sua boca tá vermelha, praticamente inchada, e logo depois de você, entra o Harry. Você sumiu e ele também. – Thamy sorriu maliciosa.

- Vocês dois voltaram? – A japonesinha perguntou entusiasmada.

- Não, Eve! – Gina exclamou.

- Pode contar para nós duas Gina, não vamos dizer nada a Julia.

- O que a Julia tem haver com isso?

- Gina, você é lenta, afff...- Thamy levantou e foi até Colin Creevey, puxar assunto.

Eve riu e Gina saiu, sem ligar para o que tinha ouvido. A não ser a parte que sua boca estava vermelha e inchada. Céus! Aquele garoto beijava de um jeito...

Quando deu conta já se encontrava em seu dormitório. Julia estava lá, a visão concentrada na janela, o olhar de raiva.

- O que você tem, Julia?

- Não é da sua conta. – Parecia que Julia tinha chorado.

- Por que você falou comigo daquele jeito?

- Cai fora! – Julia tentava manter a calma.

- Aqui é meu quarto também, lembra?

- Então, saio eu. – Julia se levantou da cama. Gina impediu que ela saísse do quarto, se postando na frente da porta.

- Vamos resolver isso logo de uma vez. Por que você implica tanto comigo? No começo não era assim.

- Você e o Harry voltaram?

- Mas afinal, o que o Harry tem a ver com isso tudo?

- Ele tem tudo a ver. Vocês dois estão juntos de novo, não é? – Julia olhava, com mágoa.

- Não. Eu quero distância do Harry. Só não sei o que ele tem... Ah... – Gina franziu a testa.

- Então por que você voltou nesse estado?

- Julia, não existe só o Harry de homem nesse mundo. – Gina se sentou na cama. Será que tava tão na cara assim que ela tinha tido uns "pegas" com alguém?

- Então, você e o Harry...

- Não, Julia. – A loira sorriu para Gina. – É isso, ne? Como eu não percebi antes? Você gosta do Harry, eu sou lenta mesma.

- E ele gosta de você. – Julia se sentou ao lado de Gina. É, realmente aquele dia estava muito louco.

- Se gostasse, não tinha terminado. – Ela sorriu, tristemente. – Tá tão na cara assim, que eu estive com alguém?

- Tá sim. – Julia abafou uma risada.

- Vou tomar banho, quero ir dormir. – Ela levantou da cama, indo em direção ao banheiro.

- Hey, Gina. Quem é o carinha? – Gina ruborizou com a pergunta.

- Você não conhece. – Foi o máximo que conseguiu dizer.

Eve e Thamy entraram no quarto. Thamy olhou apreensiva para Gina e Julia. Vendo que não havia perigo nenhum, Thamy comentou.

- Queria estudar desse jeito.

- Ah, Thamy, não enche!


Draco se deitou na sua cama. Era melhor dormir antes de Crabbe e Goyle, se dormisse depois seria mais difícil, por conta dos roncos. Os cabelos dele estavam molhados, causando frio. Ele se enrolou no cobertor, tentando se livrar do frio. Não devia ter molhado o cabelo quando tomou banho. Se revirava de um lado para outro, na cama. Não conseguia tirar a ruiva da cabeça, queria tocar mais uma vez aquela pele macia, poder beijá-la, sentir o calor dela, tocar os longos cabelos ruivos.

Por que aquilo estava acontecendo com ele? E o pior, foi que tivera a oportunidade de tê-la por completo, sabia que ela queria, que ela não resistiria, naquele momento ela cederia. Se a tivesse, talvez não estivesse com ela na cabeça. Mas não, o que foi que ele fez? Se controlou, algo de súbito nele não havia deixado que fizesse o que desejava. Ela era especial, era diferente, não podia tratá-la feito às outras. A delicadeza que ele via nela, a pureza, não permitia. E, o que ele mais odiava, era a sensação de que não a merecia. Justo ele, um Malfoy, era mais fácil que fossem as mulheres que não o merecessem. Aquela ruiva era completamente diferente.

Não ia conseguir dormir sem antes fazer uma coisa. Levantou, vestiu o robe, e saiu do dormitório. Iria ao corujal. Enquanto andava pelos corredores, ele condenava o frio. Chegando ao seu destino, tirou um pergaminho e uma pena que colocara no bolso antes de sair do quarto. Escreveu rapidamente e colocou na pata da sua coruja.

- Duchy, não demore. – Acariciou a coruja, que saiu voando rápido, atendendo ao seu dono.


Algo bateu na janela do quarto de Gina e suas amigas. As quatro estavam em suas camas, tentando dormir.

- Gin. – Thamy falou, com a voz abafada pelo cobertor. – Você, que dorme mais próxima da janela, vê o que é isso ai.

- Saco! Tô tentando dormir. Sempre eu. – Resmungou. Levantou da cama e abriu a janela.

Uma coruja entrou graciosamente pela janela e pousou na cama de Gina. Esta olhou, intrigada, para a coruja, viu o pequeno bilhete e tirou. O animal saiu rápido, pela janela. Gina abriu o pequeno papel, escrito por alguém com uma caligrafia rápida e caprichada, ao contrário da dela.

"Eu quero mais Weasley. Não pense que eu me contentei só com aquilo"

D.M.


N.A: Que fique bem claro que o termo machucar em relação ao que Draco diz que tem que fazer com Gina, não é machucar fisicamente, e sim emocionalmente.

N.A2: Desculpem a demora mais uma vez, mas é que eu ando muito ocupada no colégio. Eu não queria demorar muito para publicar, na verdade esse capitulo já tinha sido escrito antes de publicar a fic, espero que tenha compensado a demora e que tenham gostado do action.

Agradecimentos a quem tem deixado reviews: A!£x4ndr4, Fran, Nostalgi Camp, Dea Snape.

E mais uma coisinha: Eu também me decepcionei com o terceiro filme. U.u. deu raiva aquele final, foi tudo entregue de bandeja, enquanto eu passei a madrugada lendo o Prisioneiro de Azkaban, com aquele suspense todo em revelar a verdade. E esse é meu livro preferido da serie.