Treino de quadribol da Sonserina. Zabini não estava agradando como capitão. Ele era exigente e meio perdido com as ordens que dava, não tinha uma tática certa para os jogadores. Draco não agüentava mais aquele treino, aquilo se mostrava desnecessário tendo um capitão como Blás.
Blás, por hoje tá bom. – Draco resmungou, se encontrava todo suado em cima da sua vassoura.
EU sou o capitão aqui, Draco. Eu é que digo quando já esta bom. Vamos treinar mais um pouco.
Estamos treinando há quase três horas. E eu ainda tenho que fazer algumas lições. – Draco subiu um pouco mais e gritou. – Por hoje, é so. – Os outros jogadores desceram rapidamente em direção ao vestuário.
Ei, EU é que sou o capitão aqui, VOLTEM.
Amanhã, Blás. – Draco sorriu, cinicamente, para o capitão do time.
Nem foi ao vestiário, se dirigiu direto para o castelo. Tomaria o banho no banheiro dos monitores, seria mais rápido do que naquele vestiário. Ainda dava tempo de ir a biblioteca e ver se encontrava a Weasley lá. Não tinha visto ela o dia todo, e esperava que estivesse na biblioteca, foi o único lugar que veio à sua mente.
Tomou seu banho, sem demorar muito, como sempre fazia. Saiu do banheiro com os cabelos e roupa ajeitados, e se dirigiu à biblioteca. Não havia quase mais ninguém por lá, e Madame Pince parecia estar expulsando os que ainda estavam ali. Ia dando meia volta, quando viu a ruiva sair de trás de uma estante.
Ginny viu Draco e corou, violentamente. Aquele acontecimento na biblioteca, na noite anterior, havia sido embaraçoso. Tentou desviar dele, mas Draco a acompanhou.
Com medo?
Malfoy, já pensou no que diriam se te vissem comigo? Sua "reputação" iria por água abaixo. – Ela vez sinal de aspas quando disse a palavra reputação.
Quem disse que vão ver a gente? – Ele a puxou para um canto.
Me solte, Malfoy!
Calma, Virginia. – Disse, sorrindo com uma certa malícia.
O que aconteceu ontem, não devia ter acontecido. – Ginny falou, rapidamente, e tentou sair de junto dele, mas Draco a segurou pela cintura.
Espere...
Foi para isso que você pediu minha ajuda? – Ela o encarou, furiosa. – Não Malfoy, não mesmo. Peça esse tipo de ajuda a suas amiguinhas, não sou esse tipo de garota.
Ele se aproximou do rosto dela e sussurrou:
Se acha superior a elas? Só quem te merece é o babaca do Potter?
Deixe ele fora disso. – Defendeu, automaticamente.
Você não é melhor que elas, não se ache o máximo.
Quem se acha o máximo aqui, é você. Me solta, agora! Está me apertando, isso machuca.
Draco a encarou, os olhos cinzentos demonstrando uma fúria imensa. Gina notou o tom azulado que ofuscava um pouco o cinza, quando se olhava de perto. Eram como gelo, finas lâminas de gelo que poderiam cortá-la. Era lindo e assustador olhar daquela maneira para ele. Os cabelos caindo em cima dos olhos, ela sentia o cheirinho de sabonete, em vez do perfume, ele tinha acabado de sair do banho e ela gostou disso. Não sabia o que estava acontecendo com ela, queria sentí-lo mais perto ainda.
Você tem que aprender a disfarçar suas vontades. – Draco se afastou dela.
O que? – Ela falou, atordoada.
Sei muito bem o que você queria, ou quer. Tem que aprender a esconder melhor, se quiser eu te ensino.
Já disse que não sou como suas amiguinhas, Malfoy.
Eu sei que não. – Ele voltou a se aproximar dela.
Malfoy, eu já disse para você se afastar...
Calma, não vou te fazer nenhum mal.
Quem me garante isso? Você? Você que se auto-mutila, vem me dizer que não me faria nenhum mal? – Draco se afastou dela, estreitando os olhos.
Você não sabe de nada. – Ele a olhou, com amargura. – Acha que vai usar o que sabe contra mim?
Você é paranóico.
E você não passa de uma garotinha, que acha que todos devem ser bons e certinhos. – O tom de voz dele era baixo, contendo uma fúria imensa. – Você não sabe como é minha vida, não sabe por que eu faço o que faço, e nem o que eu penso. O seu mundinho perfeito pode desmoronar a qualquer momento e, se isso acontecer, quem sabe você não possa notar um pouco o que se passa na minha cabeça, por que eu faço o que faço, como você mesma acabou de dizer. – Draco virou as costas e saiu andando.
Malfoy! Espere, Draco. – Ela tentou alcançá-lo, estava correndo atrás de um Malfoy para pedir desculpa! Que raiva que aquilo dava, os sentimentos bonzinhos que sempre afloravam nela. – Não devia ter dito aquilo, mas você me tira do sério.
Agora, quem quer que você se afaste sou eu, Weasley.
Admito que não sei nada sobre você, a não ser o que dizem por aí, e que você já deve estar cansado de ouvir sobre tais coisas que falam de você. – Ele andava bem mais à frente, Gina apressou o passo. – E não nego que estou curiosa para saber. Você quer parar de andar rápido desse jeito, droga, assim eu não consigo te acompanhar!
Quer saber meus motivos? – Ele parou de andar. – Se manda Weasley, nunca te contaria meus motivos.
E para que diabos você pediu a minha ajuda?
Já disse que não sei, foi sem pensar, garota. Agora fique longe de mim. – Voltou a andar e Gina continuou indo um pouco atrás.
Ninguém mandou você atiçar a minha curiosidade.
Ah Weasley, cai fora, você não entenderia nada mesmo. – Já estavam na masmorras.
Que coisa irritante. – Ela prendeu os cabelos para trás, mas eles voltaram para a frente, se soltando. - Eu faço questão de saber.
Acho bom você sair daqui, não ia gostar de andar pelas masmorras à noite.
Não me importo.
Suma daqui! Eu te acho desprezível, odeio sua família e tudo que venha dela, inclusive você. Detesto o seu jeito de garota perfeita. Eu devia estar sob o efeito de algum feitiço alucinógeno quando te pedi ajuda.
Ela parou de acompanhá-lo. Estava certa que aquilo não passava de uma maneira de usá-la, uma armação da parte dele, e, pelo visto, ele já tinha tido o suficiente. Mas Draco Malfoy não era do tipo que se contentava com tão pouco, provavelmente ele ia até o fim, não deixava nada pela metade, fazia tudo completo. E ele havia procurado por ela. Pensando nisso, andava, distraída, pelos corredores das masmorras, fazendo o caminho de volta ao salão principal, decidida a não deixar ele encostar mais nenhum dedo nela.
Você, por aqui? – Um garoto, mais à frente, a observava, próximo à saída das masmorras. O garoto riu, e Gina o reconheceu como um dos sonserinos do sexto ano que dividiam a aula de DCAT com a Grifinória.
Ela continuou andando, se sentia um pouco aflita ao perceber que, para sair dali, teria que passar por ele.
Dá para sair da frente?
Sabia que eu te observo nas aulas de DCAT? – Ele se aproximou dela, a olhando com luxúria. Gina repugnava aquele ato, já tinha notado as olhadas que aquele sonserino dava para ela nas aulas. Ela tentou passar, mas o garoto se postou na sua frente.
Me deixa passar!
Espere um pouquinho, Weasley.
Eu tenho que estudar. – Ela tentou ser suave e delicada. – Preciso ir.
Nada disso, princesinha.
Urgh, ela teve nojo ao ouvir o "princesinha". Se fosse outra pessoa, até que poderia considerar, mas aquele sonserino, que ela nem sabia o nome, não era a pessoa mais indicada para chamá- la de princesinha, aquilo soava falsamente nele. O garoto se aproximou mais dela. Devia estar com um imã, para atrair esse tipo de caras. Só que, aquele sonserino ali, era maçante, ao contrário do outro...
Mania que ela tinha de se distrair quando pensava, o sonserino estava perigosamente próximo. Sem pensar muito, ela o empurrou e deu uma cotovelada no estômago dele. Impressionada com o que tinha feito, e aproveitando que o garoto ficou sem ar, saiu rapidamente dali, não era nem um pouco indefesa para se deixar ser agarrada por um garoto. Mas não foi exatamente isso que aconteceu, quando Malfoy a agarrou. Ainda não sabia direto o efeito que ele provocava nela, não se controlava perto dele.
Encontrava-se próxima ao salão principal, quando Rony correu ao seu encontro.
- Gina, notícia do Carlinhos. – Rony sorriu apreensivo.
- Ele está bem? – Ela pareceu um pouco animada com a expectativa de estar tudo bem com Carlinhos.
- Não sabem ao certo se é ele, suspeitam. Acharam um homem com as descrições dele, próximo de onde ele tinha sumido, só que foi em um hospital trouxa.
- Hospital? Isso significa que ele não esta bem.
- Calma Gina, não sabem se é ele. Papai foi ver se é mesmo, e mamãe mandou essa carta. – Rony mostrou uma pequena carta.
- Pelo menos, dessa vez você resolveu me comunicar.
- Gina, eu não contei da outra vez porque eu sei que você é muito apegada ao Carlinhos e...
- Ah Rony, não enche. – Tomou a carta das mãos dele. – Você devia ter me contado de qualquer jeito. – Começou a ler a carta andando em direção à sala comunal.
- Gina, quer fazer o favor de me escutar! – Rony seguiu atrás dela.
Já passava da meia noite e, para desespero de Draco, não chovia. A chuva sempre o acalmava, e era do que ele precisava no momento. Que ódio ele sentia, enquanto andava por aquele corredor escuro, em direção a uma das torres. Por que ela tinha que ser tão detestavelmente boa em suas ações? Por que tinha que se mostrar tão inabalável e sem se importar com ele? Sabia que já estava perdido quando se tratava de seus pensamentos em relação a ela, mas Gina, definitivamente, não estava na mesma situação, ela parecia imune aquilo tudo. Era para a situação ser inversa, ele é que não podia se envolver demais naquela história. Ela parecia só querer ajudá-lo, e que sentia era pena. Sua fixação por aquela ruiva era assustadora até para ele, e não era nada bom.
Ardia de uma maneira que ele nunca sentira, e ele não podia arder, a não ser de raiva. Consumia as suas idéias, de um jeito torturante. Era errado, incerto, suas defesas estavam indo por água a baixo, ele ia acabar se rendendo a ela. Talvez, aquilo tudo não passasse de um jogo de sedução, e era para ser isso mesmo. Foi tão rápido que ele nem se deu conta, estava mais perdido ainda, e não podia negar que era de uma maneira boa.
Não acreditava que estava tentando achar alguma maneira de vê-la naquela hora da noite. Já tinha pensado em mandar uma coruja, mas não. Tinha que ser algo mais conciso, algo que a fizesse falar com ele, naquele momento. Só podia estar louco para querer falar com alguém no meio da madrugada, ainda mais quando esse alguém se tratava de uma certa Weasley.
A vantagem de ser monitor chefe, é que ele sabia a senha das quatro casas, não diretamente, claro, era só para ele saber da Sonserina e Corvinal, para passar aos outros monitores. Escutou McGonagall dizer a Granger e senha da Grifinoria e Lufa-Lufa. Sua memória era boa, ele lembrava claramente a senha que McGonagall disse a Granger no primeiro dia de aula, sem saber que ele estava atrás da estante que ficava na sala em que costumavam fazer reuniões dos monitores. Torcia para que a senha não houvesse mudado.
A cabeça de Draco zunia, alertando-o que estava entrando em território inimigo, se alguém o pegasse ali, não teria uma boa explicação, e se meteria em uma grande encrenca. Muitos já suspeitavam dele, iam logo pensar que fazia algo de muito errado. E não era muito errado querer ver uma garota no meio da madrugada, era?
Ele murmurou a senha "incandescentes", para aquele retrato horroroso da mulher gorda. "Onde eu estou com a cabeça, alguém pode estar por aqui e me ver". Constatou que não, não havia ninguém na sala, agora bastava saber qual das duas escadas levava para o dormitório feminino, nem viu direito qual das escadas devia escolher, mas assim que subiu na primeira, percebeu que era do dormitório feminino, quando a escada se transformou em um escorrega. Esquecera do maldito feitiço que colocavam na escada que levava aos quartos das meninas, para impedir que os garotos subissem lá. Bom, pelo menos não tinha apitado. A escada voltou ao normal e ele ficou ali, olhando frustrado. Ouviu passos de alguém descendo, e se escondeu atrás da primeira poltrona que viu, se sentindo um idiota por estar ali e fazer isso.
O vulto de uma garota saiu, apressado, da sala comunal, e ele não pode ver quem era direito. Quando já estava saindo ouviu mais passos. Uma outra garota desceu, mas não saiu, se sentou com um pergaminho e uma pena, na poltrona atrás da qual ele estava escondido. E era justamente o seu anjo, reconheceria o perfume do cabelo dela em qualquer lugar... Como não reconhecer, já que foi no escuro que se interessou por ela?
Ela estava ali perto dele, e, como sempre, ele não sabia muito bem o que fazer, só sabia que seria algo idiota. Pensou no método mais simples e tolo: levantou, com cautela, de trás da poltrona e tapou a boca da garota, sentindo-a estremecer de susto. Levantou-a, com dificuldade, da poltrona, e a arrastou para fora da sala comunal. A garota relutava em se deixar levar, nem ele sabia como conseguia arrastá-la. Entrou na primeira sala que viu.
- Não grite, ok. – Ele alertou, destampando sua boca, mas o aviso não adiantou, e ele voltou a tampar a boca de Gina. – Eu falei para você não gritar!
O colo dela subia e descia com a respiração. Não era seguro tirar sua mão da boca da garota, mas não podia ficar a madrugada toda daquele jeito. Tinha feito uma grande burrice.
- Eu só quero conversar, não vou te fazer nada. – Ele tirou a mão e dessa vez ela não gritou, mas se afastou dele. Draco a segurou pelo braço. – Fica.
- Malfoy... você não pode fazer esse tipo de coisa. Eu pensei que...
- Pensou besteira.
- Você invadiu a sala comunal da Grifinoria, me trouxe até aqui e diz que é para conversar!... Não vou ficar nem mais um segundo perto de você!
Draco a puxou para junto de si, com uma certa força. Deixando-a de costas para ele, tirou os cabelos do pescoço dela para que pudesse beijá-lo.
- Se você não me deixar em paz, eu vou gritar. – Draco não ligou para o que ela disse, ao invés disso, a virou de frente para ele. A sala estava escura, não conseguia ver as feições do rosto dela.
- Você não gritaria, eu sei que gostou do que tivemos na biblioteca.
- Como você tem certeza que eu não gritaria? – Tentou afastá-lo.
- Porque eu sei que você quer tanto quanto eu.
- Não seja ridículo, Malfoy.
Draco a soltou, com irritação, ela tinha ofendido-o. Isso era inaceitável, tentava ser um pouco mais gentil, já que tinha trazido-a daquela forma até ali. Tá certo que não foi essa gentileza toda da parte dele, mas era o máximo que podia ser. Virginia provocava um misto de sensações nele, o levando ao extremo, sem controle das suas vontades. Ela fazia com que ele quisesse estar distante e perto, ao mesmo tempo.
- Ridículo? Você que esta sendo ridícula, negando a sua vontade. E, se quisesse, já teria indo embora, não estou te prendendo aqui, Weasley.
- Agora que já estou aqui, não posso esconder a minha curiosidade pelo que você fez. – Ela parou um pouco, pensando se seria melhor continuar, sua cabeça alertava perigo e talvez fosse justamente isso que a fazia ficar ali. – O que deu em você para invadir a sala comunal e me trazer para aqui? E não venha me dizer que foi para conversar...
- Digamos que eu queira repetir o que aconteceu na biblioteca.
Ela sentiu sua face queimar. Então era isso, ele só queria se agarrar com ela de novo. Claro, afinal estava lidando com um Malfoy. E o que mais a deixava impressionada, é que ela já sabia desde o começo que se tratava disso, e nem assim queria mesmo sair dali.
Ela ficava tão distraída quando pensava... Se xingou mentalmente por isso, ao ver que Malfoy estava perto dela mais uma vez. Não impediu quando ele a segurou pela cintura, e encostou de leve os lábios no pescoço dela. Ficava tão vulnerável quando ele a tocava com os lábios... Podia impedi-lo, Malfoy era forte, mas ela sabia que se quisesse de verdade, poderia sair. Não queria sair, ele exercia um certo fascínio, e ela tinha certeza que isso estava relacionado com a sensação de perigo que aquilo tudo provocava. Estava cansada de sair com caras sem graça, monótonos, que pareciam ter medo de tocá-la, por sempre acharem que ela tinha que ser tratada com toda calma e cuidado.
Começava a descobrir que gostava do fato de Malfoy ser um pouco mais ousado que os outros, a beijando sem ter nada de concreto com ela, a beijando sem explicações. Mesmo assim, ele parecia saber o limite dela, a respeitava. E, pensando em beijo, ela percebeu que ele se demorava demais no pescoço dela.
Draco parou de beijar seu pescoço e a segurava com uma das mãos, pela cintura. Ela se sentiu estranha, mesmo estando escuro, sabia que ele a olhava, os olhos gélidos de sempre, que a perfuravam. Era a chance para ir embora, enfrentava um conflito interno. Ele encostou os corpos, a segurando pelas costas.
- Eu acho que já sei do que preciso.
- Hum. – Ela não entendeu nada, só sabia que aquela sensação afetava toda a sua sensibilidade.
- Sei como você pode me ajudar.
- É? – Por que não consegui sair? Não podia ficar ali, aquilo era tão errado. Desde quando ela ficava numa situação daquela?
- Eu só preciso de você.
Draco murmurou, tão baixo, que ela demorou para entender, e depois de entender a frase, ainda demorou para processar o que tinha escutado. Seus sentidos se deturpavam, a proximidade dele a deixava sem noção. Mais uma vez entretida em pensamentos, demorou para perceber que ele se encontrava com o rosto próximo demais ao seu.
Ele beijava com tanta suavidade, que ela sentiu falta do jeito um pouco mais intenso. Mas isso não significava que aquele beijo não fosse bom, foi o mais doce dos beijos e não havia nada melhor que aquilo. Gina passou os braços em volta do pescoço dele, o trazendo para mais junto ainda. Ele parou de beijá-la, a mão pousando suavemente no rosto dela.
- Eu te assustei quando te trouxe para cá? Você pensou que eu fosse fazer algo que você não quisesse? – Draco perguntou, tentando não demonstrar muita preocupação ou mágoa, mesmo assim ela percebeu, e detestou o fato dele tentar esconder isso. Sem responder, tentou se afastar dele. – Qual o problema, Virginia?
- Não entendo nada disso, não entendo por que tem que ser justo eu. Isso é algum plano seu para se exibir aos seus amiguinhos, ou algo relacionado ao idiota do seu pai? – Perguntou, com fúria.
- Você é esquentadinha, viu, e muito desconfiada. - Ela se afastou mais ainda e saiu da sala. – Ei, cuidado! Alguém pode te ver. – Foi atrás dela.
Gina seguiu, irritada e confusa, pelos corredores escuros. Não estava longe da sala comunal de sua casa. Foi aí que ouviu passos mais a frente. Virando-se, se deparou com Malfoy.
- Vem vindo alguém.
- Você não tinha nada que ter saído da sala, Virginia.
- Vamos ser pegos. – Murmurou apavorada. – Adeus cargo de monitora no próximo ano. – Draco segurou a mão dela, e a puxou para trás de uma armadura. Os passos se aproximavam cada vez mais.
Gina tremia, ao senti-lo tão próximo. Estar ali com um Malfoy, podendo ser pega por alguém, não era nada bom. Draco a apertou ainda mais contra a parede, ao perceber que o vulto estava ali no corredor. Ela viu alguém passar, depois levantou a cabeça para encarar Draco e tinha certeza que ele sorria. O afastou um pouco.
- Já foi embora. – Sussurrou.
- Era Filch?
- Não. – Ela saiu de trás da armadura. – Era alguém bem menor, um aluno, eu acho.
- Então podemos voltar para a sala. – Ele segurou o pulso dela, sem muita força. – Vem.
- Não, eu vou voltar para o meu quarto. – Soltou-se dele
Draco não demonstrou que fosse insistir para que ela ficasse. Apenas sorriu, um de seus sorrisos frios.
- Te vejo amanhã?
- Não.
- Te vejo amanhã. – E dessa vez, isso era uma afirmação.
Draco saiu, a deixando sozinha no corredor. Gina se dirigiu, irritada, para a sala comunal. Não sabia se sentia mais raiva dele ou dela mesma. Por que motivo queria tanto que ele insistisse para que ficasse? Tá certo que a sensação de estar junto dele era boa, mas, Merlin, ele era um Malfoy. Ele era completamente diferente dela, as idéias com certeza eram contrárias, e sensação de que aquilo era certo e, ao mesmo tempo, errado, se misturavam na cabeça dela e a deixavam cada vez mais confusa, estarrecida com aquilo tudo. Nem se deu conta que já estava em seu dormitório. Trocou de roupa e deitou-se na cama, puxando as cobertas.
Voltou a pensar sobre como tinha agido. Que droga era aquela que acontecia com ela? Por que ele exercia tanto fascínio, a ponto de deixá-la sem juízo nenhum? Tentou dormir, se revirando na cama, aqueles pensamentos chegavam a ser cansativos.
- Gina, acorda. – Thamy a sacudia. Gina tentou abrir os olhos, a cabeça latejava, não tinha dormido quase nada. Esfregou os olhos a tempo de ver Eve e Julia saírem do quarto.
- Tô atrasada de novo?
- Tá sim. E eu já to te chamando há um tempão. – Thamy já estava toda arrumada. – Não vou te esperar Gina, se não, perco a primeira aula.
- Tudo bem.
- Eve arrumou sua bolsa, quem sabe dá tempo de você pegar a primeira aula, só não sei se vai dar para tomar café da manhã.
Gina levantou da cama, com muita sonolência, e demorou para criar coragem de entrar debaixo do chuveiro, mesmo a água estando quente. A dor de cabeça era insuportável, sempre ficava assim quando não dormia direito. Nem conseguia se lembrar qual era a primeira aula. Se arrumou com pressa, e pegou a mochila, ajeitada caprichosamente por Eve. Saiu da sala comunal, que estava praticamente vazia aquela hora.
Todos se dirigiam às aulas. Ela se lembrou que sua primeira aula era transfiguração. Viu Draco entrar na sala ao lado, e ele não parecia afetado pela hora que tinha ido dormir. Entrou na sala, praguejando, e se sentou na última bancada. McGonagall entrou logo em seguida. Thamy olhou para Gina, com ar de preocupação, e mudou de lugar indo sentar do lado dela.
- Você não dormiu direito?
- Não, Thamy.
- Desse jeito você vai se dar mal. Ainda bem que os NIEMs são só para o próximo ano.
- E o meu futuro cargo de monitora já era.
- Até que você anda estudando bastante, quase todo dia tá na biblioteca.
- Não ando me concentrado como deveria, não consigo reter quase nada. Ás vezes, acabo caindo no sono, não sei por que ando tão cansada.
- Tenho uma boa noticia para você. – Thamy tentava observar se McGonagall não as pegava conversando.
- Qual? – Gina bocejou.
- O passeio a Hogsmeade é nesse final de semana.
- Acho que perdi um pouco o ânimo.
- Gina, você está muito entediada ultimamente.
- Eu só estou um pouco cansada. – Soltou outro bocejo, e encostou a cabeça na bancada.
Seu estado na aula era de meio acordada, meio dormindo. Ouvia vagamente a voz de McGongall. Pensava em Malfoy, no toque apertado dele em sua cintura, nos beijos que variavam de estilo, no perfume forte que sempre sentia quando ele estava próximo demais. Não estava nem aí para a aula de transfiguração.
- Srta. Weasley. – Gina levantou a cabeça abobada.
- Sim professora?
- Dormindo na aula?
- Me desculpe, eu não dormi direito essa noite. – Todos olhavam em sua direção, e ela começava a corar.
- Vou ter que tirar 5 pontos da Grifinoria. Não é só porque a aula é teórica que pode tirar um cochilo.
Gina balançou a cabeça, concordando, e tentou prestar atenção melhor à aula. Por mais que tentasse, seu sono não permitia. As pálpebras caiam pesadamente, e demoravam para levantar. Decidiu que iria tentar tirar um cochilo na hora do almoço, e ainda tinha que fazer seu dever sobre Historia da Magia, mas isso podia ficar para de noite.
A aula acabou, e ela não tinha retido absolutamente nada. Saiu com Thamy e só ai percebeu que nem Eve, nem Julia, estavam presentes.
- Onde estão... – Já ia perguntando, quando Eve surgiu no corredor.
- Onde estava? – Thamy perguntou
- Com... um...
- Garoto? – Completou Julia aparecendo ao lado.
- E você, Julia?
- Não estava a fim de assistir a aula.
As quatro seguiram para a próxima aula, Gina mais atrás, tentando colocar o livro de transfiguração na mochila.
- Gina, quer andar mais rápido?
- Calma, Thamy. – Parou, para poder colocar o livro dentro da mochila, e não percebeu que o retrato atrás dela abriu e algo a puxou para dentro. Assustada, sentiu alguém beijar seu pescoço e sabia muito bem quem era. Ele, com certeza, tinha uma fixação por pescoços. – Me largue.
- Ei, calminha, eu disse que ia te ver hoje.
- Malfoy, você é doido, eu tenho aula...
- Draco, já disse para me chamar de Draco.
- Eu quero sair daqui. – Gina tentou abrir o retrato.
- Você só sai se eu quiser. – Ele disse astucioso, se sentando no chão.
- Draco, abra, eu quero sair. Tenho aula de DCAT.
- Eu te ensino, afinal já passei pelo sexto ano.
- Não quero que você me ensine, quero sair daqui. – Ela bateu o pé no chão, se sentindo ridícula.
- Sua aula de DCAT foi cancelada, não se preocupe. Seu professor foi chamado por Dumbledore, de ultima hora.
- Como você sabe?
- Eu sou monitor chefe, se esqueceu? Tenho acesso a essas informações.
Gina se sentou no chão, um pouco distante dele. Tinha que dar um fim naquilo que não entendia, não fazia sentido.
- Draco, me deixa em paz, isso é loucura. Não podemos ficar nos encontrando! – Ele a analisou durante alguns segundos.
- Concordo quando você diz que isso é loucura, mas você não poder negar que é agradável.
- Agradável? – Ela o olhou com desprezo. – Então, só porque é agradável devemos continuar com isso?
- Acho que sim.
- Por que tudo isso? – Ela levantou bruscamente. – O que isso tudo significa? Eu faço parte de uma diversão para você, e você faz parte de uma diversão para mim? Dá para explicar? – Draco se levantou, a olhando com ódio, tanto ódio que fez ela temer estar ali com ele.
- Eu não sei. Não sei o que está acontecendo, não sei por que estou fazendo isso, nem sei por que estou com essa fixação por você. – Desabafou, furioso, a voz um pouco alterada. – Não faz sentido para mim, nem para você. E eu não consigo controlar essa vontade de estar junto de você.
- Malfoy, você é mesmo um imbecil.
- Você também, Weasley. O que esperava? Que eu declarasse estar apaixonado por você? – Ela o encarou um pouco assustada. – Não estou. – Respondeu, com a voz mais calma. – Isso não passa de uma vontade, vontade que, pelo visto, você também sente.
Ela não tinha argumento nenhum. Se sentia horrível por estar com ele, se sentia usada, era apenas uma vontade dele.
- E quando a sua vontade passar, você não vai dar a mínima para mim. – Ela afirmou.
- Provavelmente.
- Abra a P«««a desse retrato, Malfoy. Eu não tenho vontade de ter nada com você.
- Você tem uma boca linda, não devia falar esse tipo de palavra. – Ele caminhou até ela, sorrindo. – Você tem a mesma vontade que eu sim, e é melhor esperarmos essa vontade passar. É só não nos envolvemos.
Draco falou aquilo, pronto para ouvi-la dizer que ele não prestava, e que não queria nada com ele. Mas, o que veio a seguir, o surpreendeu. Ela sorriu, um sorriso incerto, e ele não gostava nada daquele sorriso.
- Está bem. – Ela disse, com suavidade, mas no fundo estava contrariada com as próprias palavras.
Para Draco, era melhor que ela não tivesse dito aquilo, era melhor que ela colocasse um fim naquilo tudo, acabasse de uma vez, só assim não arruinaria a vida dela, não prejudicaria seu anjo secreto. No entanto, ele também queria, foi ele que propôs algo sem envolvimento, e ela aceitou. Não ia ser ele que acabaria com aquilo justo agora.
Ele a puxou sem muita delicadeza, e juntou seus lábios. As mãos, dessa vez não se concentravam apenas em apertar a cintura dela, passeavam pelas costas, deslizavam pela nuca. Ele beijava de um jeito forte, a deixando se ar, rapidamente.
- Vai com calma.
- Ok. – Ele se sentou no chão, e a puxou para sentar com ele.
- A gente podia pelos menos conversar um pouco, em vez de ficar só nos beijando.
- Então, fale sobre você. – Ele estava mesmo interessado em ouvi- la. Ela sorriu, um pouco tímida.
- Não sei o que falar.
- Você vai a Hogsmeade esse final de semana?
- Não sei, não estou com muita vontade. Você vai?
- Tenho que ir, para ficar de olho nos alunos, eu e aquela sangue ruim.
- Não chame ela assim.
- Chamo como eu quiser, não pense que por estar com você vou deixar de tratar as outras pessoas como sempre tratei. – Ele mexeu nos cabelos dela, afastando para o lado e deslizando os dedos pela nuca dela.
- E vai continuar me tratando do mesmo jeito também.
- Com você é diferente Virginia. Eu não trato mal as garotas com as quais costumo ter algo.
- Mas vai voltar a me tratar do mesmo jeito, quando isso tudo acabar.
- Não precisamos ficar pensando sobre isso agora.
Ele a virou de frente, para poder beijá-la. A língua massageando a dela de maneira calma, e a mão afagando os cabelos dela. Até que Gina se afastou dele, ao ouvir gritos e barulho de pessoas correndo. Draco segurou a mão dela e abriu o retrato, dizendo uma senha que Gina não ouviu, por estar preocupada com o que estava acontecendo.
Draco viu os alunos correndo pelos corredores, ninguém reparou nele ou em Virginia saindo do retrato. Ele olhou pela janela mais à frente, e pode ver um imenso dragão sobrevoando Hogwarts.
N.A: Esse final foi horrível e não teve nada muito assim,a única coisa que eu gostei para valer é quando ele diz que precisa dela. Mas o próximo cap. é um dos meus preferidos até agora e acho que compensa. Cris e Mary, eu sei que disse que iria tentar publicar a fic na sexta, só que surgiu um imprevisto muito sério com a minha beta e não deu.
Eu andei respondendo algumas reviews e me avisaram que não apareceu nada escrito nas respostas. Acho que meu e-mail esta com problema, então eu vou responder pelo outro. Quem recebeu, vai receber de novo, e se não aparecer me avisem.
Nostalgi, você pode sim me considerar sua miga, sem problema, as tuas reviews me empolgaram muito.
Lá vai meus agradecimentos mais uma vez para quem deixou reviews: Mary, Isinha, Polly, Lina, Carol, Dea, Nostalgi, Cris. E claro a Ayesha que tem paciência de corrigir meus erros de digitação e ortográficos.
