Capítulo 7: Conte-me seus segredos

Gina passou o resto da tarde em que ficou no castelo, enquanto boa parte dos alunos estavam em Hogsmeade, sozinha na sala comunal com alguns alunos barulhentos do primeiro e segundo ano, que corriam pela sala deixando-a mal humorada por não conseguir pensar direito, era nessas horas que queria ser monitora mais do que nunca e exerce autoridade para que eles ficassem quietos, o que não seria nada justo, já que os alunos tinha total direito de brincar na sala comunal.

No final da tarde, Thamy, Eve, Julia, Colin e Dênis Creevy apareceram cheios de sacolas das lojas de Hogsmeade.

- Você tava aqui Gin? – Eve foi até ela, com seus perfeitos cabelos negros balança por sobre as costas em um simples rabo de cavalo. – Procuramos por você em todo o povoado. Vou subir para tomar um banho, estou toda suja de lama. – Gina balançou a cabeça, Thamy se sentou ao seu lado e falou baixinho:

- Você estava com ele? – Gina afirmou com a cabeça. – Seu irmão ficou preocupado, Eve disse a ele que não te achava em lugar nenhum e que você andava sumindo direto.

- Você acha que ele desconfia? – Perguntou sem muita importância.

- De você e Malfoy, não. Mas Harry desconfia que você esteja com alguém.

- Droga!

- Harry pareceu muito chateado quando nós falamos que você tinha sumido.

- Ai vem eles. – Gina afundou na poltrona. – O que eu digo?

- Diga que voltou para o colégio por não estar se sentindo bem. – Harry, Rony e Hermione se aproximaram de Gina e Thamy.

- Onde você estava? – Rony perguntou com os braços cruzados no peito.

- Aqui no castelo.

- Eu vi você lá em Hogsmeade, Gina.

- Eu não estava me sentindo bem e voltei.

- É, você não parece bem. – Hermione a olhou atentamente.

- Quer que eu te leve na enfermaria, Gin?

- Não precisa, Harry. – Se levantou. – Vou me deitar, estou com um pouco de dor de cabeça. – Ela espirrou, não tinha parado de espirrar desde que chegou na sala comunal.

O trio a acompanhou com os olhos. Não devia ter tomado chuva com Draco, mas não pode conter o sorriso quando lembrou da sensação de beija-lo na chuva. Se viu pensando se ele também não estaria resfriado que nem ela. Draco era tão envolvente e ela se surpreendia com o jeito que ele a tratava. Por mais que ele não falasse nada e mostrasse não se importar, ele acabava se entregando com os pequenos gestos que dedicava a ela.

Estar com Draco era muito mais do que beijos, que a deixavam sem raciocínio. Sentia-se bem com ele ali, olhando para ela, sendo o alvo daqueles olhos cinzas, os olhos que a congelavam para segundo depois a aquecer, queimando por dentro. Gina deitou na cama e puxou as cobertas até a altura do pescoço. A garganta começa a doer. Ficou mais alguns minutos pensando para depois acabar dormindo tranqüilamente.

Acordou sobressaltada no meio da madrugada. Sua cabeça doía muito, latejava, e a garganta arranhava, seu corpo suava um pouco. Sonhou com algo, ou melhor, teve um pesadelo e não conseguia lembrar direito sobre o que tinha sido o pesadelo. Sentiu uma sensação ruim, uma angústia, algo não estava certo. Levantou da cama, os cabelo grudando no pescoço, os prendeu em um coque e abriu um pouco a janela. Sentou-se ali perto, no chão frio, não sentia mais sono nenhum e a garganta incomodava muito. O que ela mais queria agora era dormir e descansar, mas algo dentro de si a inquietava, deixava-a agitada e com receio de voltar a dormir. Ficou ali até que o sono voltasse por completo e o receio fosse embora. Ela voltou a se deitar na cama e dormiu quase instantaneamente.


Essa noite de domingo iria ter o jantar para o dia das bruxas, um ótimo banquete, diga-se de passagem. Gina espirrou na mesa da Grifinória, tirando por alguns instantes os olhos que se mantinham na porta de entrada desde que chegou. Draco ainda não havia aparecido e o banquete estava para começar. Não o tinha visto o dia todo.Tirou os olhos da porta e começou a conversar com Eve. Alguns minutos depois Dumbledore deu inicio ao banquete. Gina comeu bastante, mesmo com sua garganta doendo um pouco, seu resfriado era leve e ela tinha ido a Madame Pomfrey de manhã pegar uma poção para que não tivesse nenhum tipo de inflamação na garganta. Ela nem ligou muito para a decoração do salão. Os esqueletinhos dançantes que estavam na porta tinha tentado chamar a atenção dela, mas Gina os ignorou completamente. Os esqueletinhos não eram nada comparado com as imensas abóboras dentro e que pareciam ter uma espécie de bichinho brilhante e viscoso, os morcegos que sobrevoavam a parte de cima do salão, que não estava muito iluminado, a combinação de roxo e laranja berrante.

Havia caramelos crocantes em forma de túmulo e pequenos alcaçuz em forma de vampiros. Os fantasmas de Hogwarts tiveram a "brilhante" idéia de voarem pelo salão com lençóis brancos em cima, como se fossem típicos fantasmas que apareciam em filmes trouxas, como Hermione fez questão de dizer. Pelo visto, esse ano, os fantasmas não se interessaram muito em ir ao aniversário de morte de Nick-quase-sem-cabeça.

Gina terminou de comer e disse que iria até a enfermaria ver se conseguia mais poção, já que ela havia tomado suco de abóbora gelado e sua garganta voltava a doer com um pouco mais de intensidade. Thamy protestou dizendo que a musica no salão estava muito boa e que ela deveria continuar ali.

- Eu volto, thamy, só vou buscar a poção.

- Vá logo.

Gina saiu apressada indo a enfermaria e qual foi sua surpresa ao ver Draco saindo dali praticamente sendo enxotado por Madame Pomfrey. Ele usava um cachecol em volta do pescoço, a ponta do nariz estava um pouco avermelhada e sua bochecha também, o que era raro de se ver, as bochechas de Draco coradinhas era um tanto quanto inusitado.

- Já cansei de repetir, Sr. Malfoy, não posso dar aquela poção.

- Então, me dê outra. – A voz dele além de arrastada saiu um pouco fanha. Gina ficou quieta no canto observando a cena e se contendo para não rir da voz de Draco.

- Não tem outra, menino. E o Sr. é alérgico, não pode tomar a poção.

- E eu vou ficar com esse maldito resfriado? – Ele tirou um lenço do bolso e levou até o nariz.

- Eu já lhe dei um chá, vai aliviar um pouco a dor na garganta, chá de hortelã é muito bom para isso. Vá dormir Sr. Malfoy, isso ajuda.

- Eu não consigo dormir com esse resfriado, sua incompetente. – Madame Pomfrey olhou indignada para Draco e já ia fechar a porta na cara dele quando viu Gina.

- Você quer outra poção, Srta. Weasley?

- Sim, quero. – Gina ficou séria ao notar os olhos de Draco se estreitando em sua direção.

Ele passou por ela, os olhos fuzilando de ódio. Gina entrou na enfermaria e pegou sua poção com Madame Pomfrey.

- Esse Malfoy é mesmo mimado. – A enfermeira resmungou. – Quem já se viu? Ele é alérgico a poção contra gripe, não pode tomar e fica insistindo.

- É. – Foi a única coisa que Gina conseguiu dizer, segurando a vontade de rir.

Madame Pince deu a poção a ela. Gina agradeceu e saiu da enfermaria. Andou pelos corredores e ao virar a direita se deparou com Draco.

- Você tem a poção de gripe? – Ele perguntou com a boca crispada.

- Tenho e você não pode tomar.

Draco bufou e teve ímpetos de xinga-la ao vê-la soltar um sorriso zombeteiro. Virou de costas para ela e recomeçou a andar,

- Ei, Draco, espere! Você não parece nada bem. – Disse séria.

- Bom, eu estou com a minha garganta parecendo que vai explodir, meu nariz está entupido e eu acho que vou congelar a qualquer momento. Que isso Weasley? Eu estou ótimo. – Dito com ironia.

- Não seja grosso, Draco. Eu te faço companhia. – Ela falou meio que sem pensar.

- Isso não vai fazer a porcaria desse resfriado passar.

- Eu sei, mas... deixa pra lá. – Ela entrou por outro corredor e Draco se viu indo atrás dela.

- Vem. – Ele a segurou pelo pulso.

- Pensei que você não quisesse.

- Você vai me dar essa poção?

- Não. Madame Pince falou que você é alérgico.

- E daí? Não vai acontecer nada.

- Não adianta, Draco, eu não vou lhe dar essa poção. Eu também estou gripada e peguei a poção para mim. – Ela guardou o frasquinho no bolso do casaco.

- Você não parece estar tão gripada assim.

Estavam nas masmorras. Draco dando espirros e a voz mais fanha. Eles chegaram na disfarçada entrada da sala comunal da sonserina. Draco parou com ela em frente a um trecho de parede lisa e murmurou:

- "Serpentes traiçoeiras". – Uma porta de pedra escondida deslizou.

Gina pode ver a sala semi escura, sem nenhum aluno e com um restinho de lenha crepitando na lareira. A sala era úmida, com um toque rústico, mas que não deixava um pouco de esplendor de lado, sempre exigido pela maioria dos sonserinos. Com decoração peculiar, algumas mesinhas de mogno e cadeiras altas de espaldar, cobertas com um tecido de veludo verde.

- Draco, eu vou voltar. – Ela se soltou dele.

- Por que? Você disse que ia me fazer companhia.

- Mas não aqui. – Ela já ia saindo pela porta.

- Mas eu estou doente. – Ele falou intencionalmente manhoso. Gina se virou para ele.

- Esta bem, mas eu não posso demorar.

- Certo, venha, ninguém ira aparecer, estão todos na festa.

Draco foi com ela até seu dormitório, trancou a porta com um simples feitiço que so ele poderia desfazer. Gina observou o quarto. Duas velas acessas, a cama que ficava perto da janela com um bolo de três lençóis, um cobertor e um copo na mesa ao lado. Draco foi até a cama e se sentou, os olhos queriam fechar e ele sabia que não ia conseguir dormir com sua garganta naquele estado.

Gina o olhou com atenção. Doente parecia que as defesas do jeito inatingível desmoronava. Ela se sentou ao lado dele, Draco deixou a cabeça cair no colo dela, atendendo ao pedido do seu inconsciente e deixando Gina surpresa e sem reação de imediato. Ele estava tão agoniado com aquele resfriado, toda vez era isso. Nunca podia tomar a poção por causa da alergia. Até hoje ele não aceitava que seus resfriados tinham que ser tratados aos modos trouxas. Era inadmissível que ficasse como se fosse um trouxa sem acesso a magia, esperando seu resfriado ir embora com um tempo.

De alguma forma estar ali com ela era como um remédio, o fazia esquecer um pouco a dor de garganta, a agonia. Era tranqüilizante deitar no colo dela.

- Draco... – Gina murmurou. – Você só é alérgico a essa poção?

- Sou. – Respondeu roucamente. Começava a perder a voz.

- Eu posso procurar uma outra poção com alguém, existe mais de uma. Lembro que Snape falou de uma que é um pouquinho mais fraca do que a habitual, só que ajuda.

- Virginia, só fique aqui, está bem?

- Tá. – Ela deu um pequeno sorriso e começou a passar a mão pelo cabelo dele, mexendo delicadamente.

Draco pensou em toda aquela situação. Estava mais perdido do que nunca e ele adorou estar perdido daquela maneira. Ter alguém com ele era o melhor remédio para tudo. E ele não se arrependia de ter tomado chuva com ela e estar desse jeito justamente por causa disso. Era maravilhoso a sensação de calma que ela trazia para sua alma. Ele queria estar sempre com ela.

- Você já está dormindo, Draco?

- Não, acho que não vou conseguir dormir hoje.

- Foi tudo por causa da chuva.

- Você não ficou desse jeito.

- Eu tomei a poção hoje cedo.

Eles ouviram um barulho

- Droga! – Draco tirou a cabeça do colo dela e se levantou. – A festa do dia das bruxas acabou. – Crabbe, Goyle e Zabine, devem estar vindo para cá.

Gina levantou rapidamente.

- E agora?

- Fique aqui dentro, quieta, eu vou dar um jeito. – Draco andou até a porta, destrancou e saiu, fechando a porta novamente e deixando Gina lá dentro.

- Draco, você perdeu a festa. – Goyle trazia um pedaço de doce de abóbora na mão.

- Por que você não foi? – Zabine olhou desconfiado.

- Estou resfriado, já lhe disse isso.

- Deixe a gente entrar, Draco.

- Não, Vicente. Eu vou dormir sozinho hoje.

- O quarto não é só seu. – Zabine fez menção de entrar.

- O que eu tenho pode ser contagioso, é melhor vocês dormirem em outro lugar. – Crabbe e Goyle se afastaram, Zabine olhou mais desconfiado ainda.

- Não me convenceu, Draco.

- Escute, Blás, eu sei que você pode achar um lugar melhor para dormir e com uma bela companhia. Agora me deixe sozinho, que você sabe que quando eu estou assim, sou capaz de soltar um Avada no primeiro que aparecer.

- Está certo, Draco, mas não engoli essa historia de resfriado. – Zabine saiu com Grabbe e Goyle.

Ele podia mesmo achar uma boa cama e alguém para dormir com ele. Já Grabbe e Goyle provavelmente iriam dormir na sala mesmo, já que ninguém costumava aceita-los no quarto. Draco voltou a entrar no quarto, a expressão mais cansada ainda.

- Pronto. – Ele voltou para a cama.

- Então, agora eu já posso ir.

- Nada disso.

- Como?

- Eu os expulsei do quarto para que você pudesse ficar.

- Eu não vou ficar aqui. – Ela andou em direção a porta.

- Virginia, fique, por favor.

Ela estranhou o pedido e não pode controlar as suas pernas que a levavam de volta para a cama. Olhou relutante para ele. Draco fechou os olhos e deitou na cama, ela voltou a se sentar ao lado dele, não mais relutante.

- Eu só queria saber como você consegue?

- Consigo o que?

- Fazer com que eu atenda aos seus pedidos. – Ela soltou um suspiro resignado.

- Eu não sei. – Draco abriu os olhos. Seu cinza predominante a perfurava.

- Draco, vão sentir minha falta. Eu não posso ficar aqui.

- Pode sim. – Voltou a fechar os olhos. Ela iria ficar, não conseguiria sair.

- Você já vai dormir?

- Não, não vou conseguir. Vem para mais perto. – Ele a puxou um pouco e ela se deitou ao lado dele.

- Você esta quente. Não acha melhor ir para a enfermaria?

- E ouvir aquela incompetente dizer mais uma vez que não posso tomar a poção? Não, é bem melhor ficar aqui.

Ela se ajeitou nos braços dele. Draco pegou os lençóis e os cobriu para depois voltar a ajeita-la em seus braços. Gina dormiu rapidamente, enquanto Draco pensava, aproveitando a calma que ela trazia.


Gina acordou de manhã, se condenando por ter mesmo ficado. Ia se meter em uma baita encrenca por causa disso. Ela tirou os braços Draco de cima dela e tentou levantar, mas antes olhou para ele. Draco dormia, no entanto não parecia muito bem. Ela pousou a mão na testa dele, tirando a mexa de cabelo, estava muito quente. Pensou em dar um jeito de conseguir a outra poção, foi ai que se lembrou que não teria como voltar, nem lembrava mais a senha e outro problema ia ser sair sem ser percebida. Draco foi abrindo os olhos lentamente, ele nem sentia mais a garganta direito.

- Você ta mal, Draco? – Ele fez que sim com a cabeça. - Vá até Madame Pomfrey. Ela pode tentar controlar isso de alguma forma. Vamos, Draco. – Ela tentou levanta-lo puxando pelo braço.

- Eu não vou, ela não vai fazer nada.

- Vai sim, é melhor ir do que ficar aqui. Além do mais como eu vou sair daqui e voltar para o meu dormitório?

Ele levantou relutante e resmungando. Foi no banheiro lavar o rosto e ajeitar sua roupa, minutos depois eles tentavam sair sem serem visto. Crabbe e Goyle ainda dormiam na sala e nem sinal de mais nenhum aluno, devia ser muito cedo ainda. Os dois saíram da sala comunal, Gina tentava convencer Draco a ir ver Madame Pomfrey, até que conseguiu e os dois estavam no corredor da enfermaria.

- Eu vou ter que ir, Draco.

- Tá certo.

- Você pode me ver mais tarde, depois das aulas, naquela sala lá na torre?

- Tá, te vejo mais tarde.

Ela viu ele andar até a porta da enfermaria para depois retornar para a casa da Grifinória.


- Onde você esteve? – Ginny tentou entrar no quarto o mais silenciosa possível. Não teve jeito, Thamy e Julia já estavam acordadas.

- Eu estava na sala comunal. Não tive sono e fiquei estudando, Thamy.

- Que mentira, você parece que dormiu melhor que a gente, fala a verdade.

- Essa é a verdade.

- Eu vou me arrumar. – Julia pegou sua toalha e foi até o banheiro. Eve ainda dormia.

Thamy se certificou que Julia já tinha ligado o chuveiro e falou um pouco mais baixo:

- Você estava com ele, não foi? – Gina não respondeu, se pôs a arrumar suas coisas para que assim que Julia saísse do banho fosse tomar o seu. – O que está havendo com você? Você e Malfoy passaram a noite juntos, Gina eu não posso acreditar que você...

- Não aconteceu nada, Thamy, acredite em mim.

- Eu tive que mentir para o seu irmão. Se ele descobrir que você passou a noite toda fora da sua cama, não quero nem saber o que pode acontecer.

- Fica tranqüila, Thamy.

- Céus, Gina! Você passou a noite com ele. Pensei que isso só fosse diversão. Não acha que está indo longe demais?

- Não! Esta tudo sob controle.

Thamy se sentou na cama um pouco emburrada. Gina sabia que era preocupação e de certa forma Thamy estava certa. Ela e Draco estavam indo longe demais e nenhum dos dois tinha mais controle.

Quando Julia saiu do banho, Gina foi tomar o seu, pelo menos dessa vez ela não se atrasaria. Tomou seu banho calmamente, relaxando com a água morna. Se arrumou e ajeito os longos cabelos, prendendo-os em um rabo de cavalo, colocou seu material na mochila, tudo sem pressa. Desceu com suas amigas e tomou um dos melhores café da manhã, já que não precisava comer rápido. As aulas correram bem, e sua professora de Estudo dos Trouxas tinha adoecido, o que fez com que ela tivesse o tempo livre.

O dia estava ótimo para ela. A fraca chuva de Outono e o cair das folhas por toda Hogwarts a agradava. Ela gostou quando pode sair um pouco para fora do castelo e andar no jardim sem ninguém por perto para atrapalhar seus pensamentos, quando uma fina chuva tinha cessado, fazendo o cheiro de terra molhada subir. Gina nunca se pegou admirando o Outono, ela gostava mesmo era da primavera, só que hoje ela preferia ver as folhas caindo com suavidade no chão, do que ver elas brotarem. Fazia um bom tempo que ela não se sentia bem desse jeito, e estava começando as olhar as coisas ao seu redor com outro ângulo. Suas idéias e conceitos não mudaram, mas tinha um pouco da influência do loiro que resolveu aparecer em sua vida.


O fim das aulas do dia veio e Gina estava na sala que ficava em uma das torres esperando Draco. Ela ficou sentada na poltrona, Draco apareceu cinco minutos depois, sem o cachecol e o nariz um pouco menos vermelho.

- Você está melhor?

- Estou. – Ele conjurou uma poltrona de frente para a dela. – E não assisti nenhuma aula.

Gina permaneceu calada sem saber o que dizer até que começou a rir.

- O que é engraçado? – Draco cruzou os braços no peito. Ele sabia que era algo com ele.

- A sua voz. – Gina controlou o riso. – Não esta mais fanha.

- Então por que você está rindo? – Ele odiava ficar com a voz fanha e mais ainda quando alguém ria disso.

- Você não sabe o quanto eu me controlei para não rir ontem. – Ela estava um pouco vermelha por conta da risada. Draco a fitava sério. – Não fique com raiva, é que foi engraçado.

- Não vejo graça nisso.

- Pelo visto você melhorou mesmo, voltou com seu jeitinho insípido. – Ela alfinetou. – O que Madame Pomfrey deu a você?

- Aquela incompetente não fez nada, foi Dumbledore. – Gina o olhou intrigada. – Ele trouxe um remédio trouxa, eu acho. Se meu pai souber disso é capaz de explodir aquele velho caduco.

- Você tomou remédio trouxa? Essa é demais. – Ela voltou a rir.

- E quem disse que aquilo é eficiente. Demorou uma meia hora para passar a dor da minha garganta e eu ainda não melhorei por completo. Vou ter que tomar outro mais tarde. – Draco encostou a cabeça para trás entediado.

- É tão difícil algum bruxo ser alérgico aquela poção.

- Eu sou alérgico a macaccia para ser mais preciso.

- A poção leva tão pouca macaccia.

- O suficiente para me deixar todo empolado. Agora você podia deixar de lado toda essa historia e se sentar aqui comigo. – Acrescentou malicioso.

- Eu só queria saber como você estava. Agora eu vou embora. – Se levantou com toda cordialidade.

- E por que você não pode ficar aqui?

- Eu vou ficar fazendo o que aqui, Draco? – Ele entendeu aquilo como uma provocação e mais uma vez deu seu sorriso malicioso que sempre a deixa sem ação.

- Você quer fazer algo, Virginia? – Chegou junto dela. – Eu sabia que você estava com saudade de algo. – Ele aproximou seus lábios, ainda sem manter contado e sem tirar os olhos dos dela.

- Draco... – Ela pôs as duas mãos no peito dele como se quisesse para-lo. – Na verdade, eu queria... – Ele não deixou que continuasse, a beijando e ela correspondeu como sempre fazia.

Ela pensou que se prolongasse um pouco mais tudo aquilo, não iria fazer nenhum mal. Draco se sentou com ela na poltrona parando de beija-la e sem esconder o ar de vitorioso. Gina olhou para as mãos dele.

- Você não fez mais aquilo? – Draco fez que não com a cabeça. – Por que?

- Por que eu não fiz mais?

- É, isso também, mas por que você fazia?

- Porque dava vontade. – Ele sorriu cinicamente e Gina o olhou repreendendo.

- Mas com certeza tem um motivo.

- Que por sinal não é da sua conta. – Falou áspero.

- Olhe aqui, Draco, se você não quer contar, tudo bem. Só não seja rude. – Ela saiu do colo dele para se sentar ao lado.

- Ok, Virginia, você quer saber, então façamos um jogo.

Gina o olhou mais irritada ainda, não bastava aquilo já ser um jogo, em que os dois tinha plena consciência. O que ela perguntava também tinha que fazer parte?

- Que tipo de jogo?

- Você começa contando os seus segredo, ai quem sabe eu não conte os meus.

Ela ficou confusa durante alguns instantes. Há não, ela não ia conter seus segredos. Não gostava de contar seus segredos, não falava sobre essas coisas com suas amigas, não gostava de trocar confidências. Havia trocado confidências uma vez, de maneira errada, e no final a experiência não foi nada boa, e desde então se tornou uma pessoa desconfiada com seus segredos e medos. Ela não falava sobre certos tipos de coisas com ninguém, guardava tudo consigo, e isso chegava a extasia-la em certos momentos, mesmo assim não ia contar para ele. Ainda era um Malfoy que estava a sua frente.

- Segredos não são para serem contados, Draco.

- Às vezes se pode contar. – Ele a encarou com tamanha intensidade, como se quisesse ler o que se passava me sua mente.

O por que de querer saber sobre ela, nem ele entendia. Seu súbito interesse era inexplicável. Ela desviou o olhar, mantendo uma expressão irritada e as bochechas se avermelhando lentamente. Draco começou a mexer nos cabelos dela e aos poucos a expressão foi amenizando.

- Você não quer saber por que faço o que faço? Seria mais fácil se você começasse a falar sobre seus segredos primeiro, porque o que eu faço, o motivo, não deixa de ser um segredo e que se talvez você fosse mais atenta poderia até saber. Foi você quem começou a perguntar, então não se sinta ofendida por eu querer saber os seus segredos.

Ela respirou resoluta, os cabelos caindo por sob a face, como sempre acontecia quando estava um pouco envergonhada. Passou as mãos de cada lado, para poder tirar as mechas ruivas e tentar olhar para Draco.

- Eu não estou a fim de contar sobre os meus segredos, e sabe por quê? – Ela puxou o ar a sua volta se sentindo infantil sempre que fazia isso. – Porque os meus segredos estão relacionado com um maldito diário que o seu pai deixou cai "acidentalmente" nos meus matérias. – Virou o rosto para a janela, tentando manter a respiração normal. Só ela sabia o quanto aquele assunto era desgastante. Tinha sido há tanto tempo, mesmo assim não gostava de tocar no assunto e se alterava, mesmo achando que não havia motivo para isso.

Draco não estava preparado para a resposta. Ele não sabia que um diário podia deixar uma pessoa em tal estado depois de tanto tempo. Sabia de toda historia, ficou sabendo no final do segundo ano quando voltou para casa, seu pai se divertia contando e ele também por saber que tinha sido com uma Weasley. Hoje não pensava mais assim, não desde que tudo começou. Ela parecia frágil ao tocar no assunto mais intocável ainda para ele. Ele parou de mexer no cabelo dela e se viu sem ação.

Ele nunca a entenderia. Ninguém a entenderia. E ela o detestou por ter tocado em seus segredos, porque o que ela mais necessitava era de alguém para quem pudesse contar tudo, sempre quis. E não primeira vez que conseguiu, foi enganada e usada por um simples diário. Não, a historia não ia se repetir, ela não iria ser estúpida mais uma vez. Se levantou cheia daquilo tudo, querendo que ele se danasse e a deixasse em paz. A raiva que sentia de Draco nesse instante era a mesma que sentia de Lucius Malfoy.

Draco a viu sair da sala sem fazer nada. Tudo bem ela não querer contar para ele, aquilo era para mostrar que tais coisas não podiam ser contadas com tanta facilidade, foi para mostrar o lado dele, faze-la entender o fato dele não querer explicar seus motivos. Mas ela não precisava sair, foi ai que ele se deu conta: os olhares tortos que lançavam para a pequena Weasley justo no final do primeiro ano dela, a cara de apavorada dela. Ele mesmo havia aproveitado para provoca-la naquele ano, o ano que para ele tinha sido um dos melhores. Ele nunca parou para pensar o quanto devia ser assustador ser comanda por aquilo que nem ele entendia direito. Draco se levantou da poltrona e saiu da sala, Gina estava mais à frente do corredor e ele tentou alcança-la.

- Virginia. – Chamou baixo.

Ela fingiu não ouvir, até que sentiu a mão fria segura-la pelo braço e a virar. Draco a olhou de um jeito que ela nunca conseguiria descrever, só sabia que ser olhada daquele jeito a fazia cair dentro de um balde de gelo perfurando cada centímetro da sua pele, a fina lâmina que a gelava e depois queimava. Ele aproximou o rosto e ela pode sentir a respiração leve dele, sua pele queimando com aquele contato. Draco havia colocado as mãos na cintura dela e quando menos percebeu estava encostada na gelada parede do castelo. Ela quis protestar por estar em contado com a parede, a frieza entrando em sua pele, mesmo estando com suas vestes escolares.

Mas não houve tempo para protestar, o corpo de Draco a aquecia o suficiente, a deixando com vontade de nunca mais querer sair dali. Fechou os olhos quando sentiu o leve contato dos lábios de Draco em seu rosto. Draco foi se aproximando de sua boca, a face dela quente como ele nunca havia sentido e com cuidado ele iniciou o beijo. Os seus sentidos eram todos dedicados a ela, seus pensamentos se direcionavam apenas para seu anjo. E o que importava estarem em um corredor e poderem ser pegos? Isso não importava no momento.

Gina sentiu suas pernas fraquejarem, seus sentidos anuviarem e pareciam evaporar de maneira única. Ela sentiu tudo novo com ele, e isso a assustava. Sentiu Draco a beijando, as mãos dele se mantendo na cintura dela como se estivessem coladas, suas costas na parede fria, tudo isso a perturbava de certa maneira. Os resquícios dos beijos de Draco nunca poderiam ser esquecidos, tinha certeza. E o que mais queria era esquece-lo e não estar mais com ele.

Não tinha controle dos seus sentimentos e das sensações. O turbilhão que se misturava dentro dela, a deixava sem noção de nada, e parte disso talvez se desse ao fato de se ver entorpecida pelo perfume de Draco. Ou talvez estivesse entorpecida pelo contato dele ou quem sabe ainda pelo modo dele beija-la.

Draco parou de beija-la e afundou o rosto no pescoço dela, aspirando o cheiro que provinha dos cabelos ruivos, ele não mais beijava seu pescoço, só ficou com o rosto ali. Gina acariciou os cabelos dele e abriu os olhos, sentindo o corpo de Draco pressiona-la contra a parede. Ela queria gritar, ao invés disso, abraçou Draco como se quisesse espantar o frio. Sua respiração já não estava mais suave, ele sempre a deixava daquele jeito e era incrível como ele se mantinha com a mesma respiração leve.

Gina foi afrouxando o abraço, até seus braços voltarem para cada lado do seu corpo. Draco levantou a cabeça e se afastou um pouco. Ele olhou nos olhos castanhos e sentiu se afundar ali. Depois notou o pequeno sorriso tímido nos lábios dela. Ele queria sorrir também, mas iria se controlar.

Alguém se aproximou e era tarde demais para tentarem sair. Draco se afastou mais e ela desencostou da parede. Uma aluna do primeiro ano apareceu andando e olhando-os com uma certa dúvida. A garotinha andou mais a frente e perguntou com educação para Gina:

- Eu estou perdida, você poderia, por favor, me dizer como eu faço para voltar ao salão principal?

- Ah! Sim, eu te levo até lá, estou indo também.

Draco fez que não com a cabeça, só ela podendo ver. Gina não ligou, deu uma rápida olhada para ele e saiu com a garotinha pelo corredor. Draco só faltou xinga-la de raiva.


Gina havia deixado a menina no salão principal e ficou por ali para jantar. Suas amigas não se encontravam mais na grande mesa e ela se sentiu grata por Thamy não esta ali para fazer perguntas. Apenas Harry encontrava-se ali parecendo preocupado e olhando o nada. Rony e Hermione deveriam estar em algum canto namorando ou então discutindo. Ela tentou ignorar Harry e se concentrar na comida, mas não estava com um pingo de vontade de comer, aos seus olhos o jantar não estava suficientemente interessante para faze-la sair de seus pensamentos. Pelo menos um copo de leite com chocolate ela iria tomar.

O sonserino perturbava seus pensamentos da pior forma possível. E como ela mesmo havia admitido hoje cedo para si mesma, estavam indo longe demais e ela não queria que fosse assim. Teria que encerrar, acabar com aquela vontade antes que perdesse seu total controle. E daí que ele precisa dela? Provavelmente era da mesma forma que ele precisava das outras. Colocaria um ponto final em tudo, seus dias com Draco já eram. Amanhã não estariam mais juntos e ela torcia para que conseguisse desfazer o seu maior erro e as suas melhores sensações. Como acabar com aquilo? Era impossível, completamente. Oh Merlin! Onde tinha se metido. Não dava para acabar assim. Teria que acabar. Aquela historia terminaria, a historia que tinha começado da forma mais errada e que parecia tão certa, terminaria.


N.A: Atualizei, o.o finalmente. Deve ter erros ai, eu tentei fazer o possível, mas não sou boa com acentuação, acho que minha beta me abandonou, não sei, ela deve estar sem tempo, então o capítulo não foi revisado, mas eu vou dar um jeito nisso logo. E eu já respondi todas as reviews até o cap. 6 e espero que todas tenham recebi as suas resposta.

Eu tenho uma coisinha para vocês, uma espécie de promoção ou brinde, sei lá. Notaram o título do capítulo "Conte-me seus segredos", pois bem, é um trecho de uma música e quem souber que musica é essa leva o capítulo 8 antes de todo mundo. Já vi essas "promoções" em outras fics e quis fazer na minha também, ou seja, a idéia não é minha, mas eu não vi em apenas uma única fic, então achei que não teria problema. Bom, talvez esteja difícil só com "Conte-me seus segredos", mas eu vou dar mais dicas, vamos lá.

1 – Conte me seus segredos – Tell me your secrets, ou seja, a banda não é brasileira, é inglesa. Hum... e eu já disse que é uma banda.

2 – O vocalista é papai a pouco tempo (Bel essa vai para você, eu falei sobre isso quando estive na sua casa, se você não lembrar...)

São só essas duas mesmo, mas não está tão difícil assim, não é mesmo? Lembrando que tell me your secrets não é o título da musica e sim um trecho e que eu não quero o nome da banda e sim o título da música, apesar da dica ter mais haver com a banda, mas eu não podia deixar tão fácil assim, senão ia chover capítulo 8 para todo mundo. A tá bom, vou ser mais boazinha: O título da música começa com "T"... Isso é só uma pequena brincadeira para ver quem se liga e vamos ver se alguém acertar. «sorriso sádico nos lábios»

E mais uma vez eu agradeço as reviews: Carol Malfoy Potter, Nostalgi Camp, Kika Felton, Miaka, Dea Snape, Franinha Malfoy, Cris Malfoy, Hannah Hyde Malfoy, Rute Riddle, Lele Potter Black, Claudia Wood, Bel Granger (até que enfim chegou ai, miga interessara e fic em conjunto, só se for short, porque a moça aqui tá sem tempo) Taci Malfoy e Bruh Sparrow (um passarinho da noite me falou de você). E sem esquecer que dedico mais uma vez esse capítulo a Nininha e ela sabe porque «se ainda se lembrar» XD

"Tell me your secrets/ And ask me your questions/ Oh let´s go back to the start/ Running in circles"

E leiam a minha outra fic: Três Estações, é uma short d/g propaganda básica, tinha que fazer