Capítulo 8: Letargia

Draco assistia a aula de Adivinhação junto com Pansy. Ele sempre fazia par com ela nessa aula. O cheiro enjoativo de incenso adocicado o fazia ter sono, reconhecia aquele incenso como ópio, e como detestava aquele cheiro exageradamente doce, que sua mãe as vezes insistia em usar na casa. A sala só não estava tão desagradável porque o clima ameno do Outono ajudava. Pansy olhava animadamente as cartas de tarô bruxo. Aquela manhã de terça foi mais uma que Draco acordou com um suave bom humor, graças a uma certa ruivinha. A professora estava sentada no seu enorme pufe observando os alunos, as mãos pousadas no colo e os grandes olhos atrás dos óculos pareciam atentos a qualquer sinal de desconcentração. Draco olhou para Blás no lado direito, que controlava uma risada. Voltou a olhar para a professora e controlou o sorriso que teimava em aparecer.

- Veja, Draco, aqui diz que eu vou casar cedo. – Draco olhou para as cartas de Pansy.

- Não acredito muito nessas coisas.

- Mas olhe, é praticamente certo.

Draco achou melhor ignora-la, e tentou fazer a anotação do que via em suas cartas, afinal ser reprovado em Adivinhação era praticamente uma humilhação. No fim da aula, Pansy saiu com um grupo de cinco garotas. Enquanto Zabine falava com Higgs sobre as estratégias do jogo ao lado de Draco.

- Nosso primeiro jogo é contra a Grifinória, precisamos ganhar de qualquer jeito.

- Se Draco for mais rápido do que Potter com o pomo? – Higgs alfinetou.

- Vamos treinar hoje? – Draco perguntou lançando um olhar mortífero para Higgs, que depois desse dia passou um bom tempo sem soltar nenhuma provocação a Draco.

- Reservei o campo para hoje a noite. – Zabine respondeu vagamente, olhando o grupinho de grifinórias que passava. Draco seguiu o olhar de Zabine e deparou-se com Gina e algumas colegas dela. Gina também o viu e saiu dali o mais rápido possível junto com a japonesinha e a morena de cabelos ondulados e pele clara, Eve e Thamy. A outra que as acompanhava conversava com Harry.

Draco tentou tirar seus pensamentos da ruiva e voltar a pensar em suas aulas.

- O que temos agora?

- Feitiços. – Zabine olhou na direção de Potter. – Pelo visto o Cicatriz esta de nova companhia. Não sabia que ele tinha terminado com a irmã do Weasley. – Draco deu de ombros com o comentário.

- Vamos logo, não quero me atrasar. – Os três se dirigiram para a sala de Feitiços.


Gina tentava mais uma vez se concentrar em seus estudos, sentada na habitual mesa que sempre usava na biblioteca, o finíssimo livro de feitiços básico de lado e o grosso de transfiguração avançada na sua frente, estava em uma fase de revisar a matéria dos anos anteriores e ela achava isso um saco. Seus olhos tentavam se manter abertos, ela os abria delicadamente e devagar por conta da sonolência, era capaz de acabar deitando a cabeça no livro e cochilar como havia fazendo ultimamente. Hoje precisava estudar de verdade, dois meses de aula e já tinha assunto suficiente acumulado.

O trio apareceu na entrada e sentaram em uma mesa que ficava bem mais a frente da de Gina. Ela observou Harry baixar os livros e a mochila na mesa e ir em direção a ela.

- Oi Gin!

- Oi!

- Posso falar com você?

- Pode, Harry. – Ela fechou o livro. Por que justo quando estava decidida a estudar tinha que aparecer alguém?

- Er... não sei muito bem como começar.

- Harry, eu preciso estudar. – Tentou falar com total delicadeza. – Se você falasse logo, seria melhor pra mim.

- Lembra do que eu te disse naquela manhã? – Ele corou um pouco.

- Que manhã? – Sua memória andava péssima, logo a sua que sempre foi tão boa.

- Naquela manhã, Gina, que fomos interrompidos por Malfoy. – Resmungou revirando os olhos ao dizer Malfoy.

- Ah, sim! O que tem aquela manhã? – Ela perguntou distraidamente.

- Pelo visto você não lembra o que eu disse.

Gina buscou todos os seus pensamentos e se viu vasculhando a própria memória. Daquela manhã ela só se lembrava do ciúme não assumido de Draco e da cara de fofo dele ao se mostrar irritadiço. Voltou um pouco mais e lembrou do súbito arrependimento de Harry por ter terminado com ela.

- Me lembro sim. E sinceramente não sei onde você pretende chegar com isso. – Não deixava de ser verdade, afinal ele tinha terminado, e insinuar arrependimento não era algo muito comum para ela naquela situação.

- Eu queria explicar tudo. – Harry passou a mão pelo cabelo fazendo-a sentir um arrepio, diferente do que os toques de Draco provocavam, mas não deixava de ser um arrepio no estilo que ela conhecia.

- Harry, acho melhor deixar isso quieto.

- Não. Eu preciso explicar. – A mão de Harry voltou para cima da mesa tamborilando nervosamente. Mesmo tendo namorado Gina, Harry não perdia sua timidez quando se tratava desses assuntos.

- Então tá, explique. – Ela desviou o olhar para uma das estantes.

- Gina, eu... eu ainda gosto muito de você. – A voz dele saiu baixa e um pouco trêmula. – E não é como uma irmã.

Ela direcionou os olhos castanhos no moreno a sua frente, perplexa. Ele gostava dela? E por que diabos terminou? Se estranhou por querer bater no Menino Que Sobreviveu. Quer dizer que ele a fez sofrer, e ainda gostava dela? Reuniu suas coisas com barulho, o que fez com que Madame Pince lançasse um olhar ameaçador.

- Você vai ter que me deixar terminar, Gina.

- Então, termine logo isso tudo, Harry, o mais rápido possível. – Falou em mais um dos momentos que não reconhecia a si própria. Aquele sonserino andava influenciando suas maneiras e ela não gostou nem um pouco dessa conclusão.

- Você ainda deve estar chateada comigo por eu ter terminado daquela forma e sem explicação. Mas eu fiz isso pensando no seu bem. – Harry a olhou desolado. Gina franziu a testa sem compreender exatamente. – Gin... eu... você sabe que eu já perdi algumas pessoas ao meu redor e... – Ela sabia que agora vinha a menção de Sirius. – Eu tive medo de te perder também.

- Você terminou porque não queria que me fizessem mal?

- Foi. – Ele olhou fundo nos olhos castanhos.

- Sabe Harry, se fosse antigamente eu acharia perfeito alguém se preocupar tanto assim comigo, como se fosse em um belo romance, mas atualmente, eu não sei, acho isso meio clichê demais. "O mocinho abandonar a mocinha para protege-la". Sinto informar, mas acho que esses romances não são adequados mais a mim.

- Eu só queria que você soubesse. – Harry se levantou, era orgulhoso. Foi inseguro o suficiente para terminar com ela, mas foi mera falta de saber o que fazer. Pelo menos agora havia se justificado.

Gina foi deixada na mesa sem saber o que pensar precisamente. Agora ela não sabia dizer se queria voltar a sentir o que sentia antigamente por Harry. Ah, ela sabia sim. Não queria nada com o garoto. A única coisa que queria era a coisa que tinha decidido fazer desde que saiu do quarto de Draco: terminar sua pequena historia.

Terminar não seria realmente o termo mais apropriado. Ela iria dizer que simplesmente sua vontade havia passado. Nem sabia se isso era verdade, só havia a única certeza, de que tinha ido longe demais. Abriu o livro de transfiguração e voltou a se concentrar, tentando varrer seu suposto relacionamento de sua cabeça. Quando já se sentia cansada para continuar estudando, reuniu todo o seu material e saiu da biblioteca. Amanhã sem falta resolveria tudo.


Draco acordou na manhã seguinte com seu habitual mau humor matinal. Tomou seu banho quente demoradamente, o que fez Blás berrar do outro lado da porta por causa da demora. Depois de uma pequena discussão com o capitão do seu time, uma discussão que acabou com os dois comentando sobre a ultima garota que estava saindo com Blás, Draco se retirou do quarto a fim de tomar seu café da manhã.

Saiu primeiro do dormitório e desceu para o Salão Principal. Gina entrou logo atrás dele, mas o loiro não a viu. Tomou o seu café-da-manhã enquanto conversava com Higgs sobre o jogo de quadribol contra a Grifinória que se realizaria dentro de semanas. Quando terminou de comer tudo ele deixou o salão e reparou que Gina também fazia o mesmo, olhou para ela disfarçadamente, ela queria falar algo e parecia sério. Draco entrou na sala próxima a escada que descia para as masmorras. Gina observou se alguém os via e entrou logo em seguida.

Ela fechou a porta e se virou sem olhar diretamente para Draco, este ficou calado esperando que ela falasse, mantendo a cara de tédio e desinteresse. O ar parecia pesado para Gina, queria sair dali o mais rápido possível, tentando se convencer que não sentia absolutamente nada pelo garoto a sua frente. E por que não conseguia dizer logo de uma vez já que não importava? Ela não merecia aquele momento, não queria que nada daquilo estivesse acontecendo.

- Malfoy... nós não temos nada sério, certo? – Draco olhou meio de lado e crispou os lábios para murmurar:

- Certo. – Aos ouvidos de Gina, a voz dele saiu como sempre. Era óbvio que ele também não sentia nada, então, por que tanto receio de fazer o que pretendia? Não era nada de errado. Errado era estar com ele.

- Eu... – Os olhos encontraram os de Draco, e por um instante ela achou que iria vacilar. – Eu não quero mais... – Era tão difícil concluir encarando aquelas duas pupilas acinzentadas, que cortavam de maneira ágil. Não parecia mais tão certo assim como ela achava.

Não precisou dizer mais nada. Draco entendeu muito bem o que ela queria dizer. Seu típico gelo no olhar barrava todas as emoções que poderia passar por aqueles olhos azul pálido. Sentiu tanta raiva, tanta raiva... Raiva do que ela havia feito com ele; raiva da maneira que ela fazia ele agir; raiva de não se conhecer quando estava junto dela e de não entender o que se passava com ele; raiva do sentimento que ficou preso de alguma forma e que não queria sair, por mais que se esforçasse para arrancar aquilo, por mais que ele passasse a noite tentando se livrar do gosto dela, da imagem dela em sua mente.

- Então, Weasley... acabou.

- É... acabou. – Olhou pela ultima vez para ele. Era o Malfoy frio de sempre, para que se importar, tudo não passava de uma diversão?

Saiu da sala, se convencendo que tinha feito a coisa certa, ou melhor, tentando achar argumentos em sua mente. Argumentos do tipo: não deveria estar com um Malfoy, muito menos tendo um "relacionamento" incerto, não era disso; ficava fora do seu controle ao lado dele; e desde que estava com ele andava dispersa em suas aulas, muito mais do que já era. Correu pelos corredores, com os pensamentos voando ligeiramente, ainda dava tempo de pegar a primeira aula do dia.

Draco continuou na sala, se escorou na parede e deslizou até o chão. Ela havia dado um ponto final e era para ter sido o contrário. Não pode deixar de dar razão a ela. Para que continuarem juntos sabendo que nunca daria certo? Que ódio. "dio de si mesmo por ter se deixado levar, por saber que não se livraria da lembrança dela nem tão cedo. E mais do que nunca estaria perdido em seu mundo.

Os pensamentos se anuviavam em sua cabeça, sentindo-se entorpecido de maneira ruim, afundando cada vez mais em si próprio, o vazio se apoderando. Queria quebrar tudo, queria berrar, queria chorar. Não por ela, mas pela vida infeliz e escura que levava, pelos breves momentos em que viu um pouquinho de luz e agora toda luz tinha se afastado de maneira brusca. Mas ele era um Malfoy. E um Malfoy não se deixava atingir por essas emoções. Ele nunca berraria, muito menos choraria, mesmo que no fundo admitisse que havia sido atingido.

Levantou do chão, limpando suas vestes e saiu da sala, dando adeus para as aulas do dia, hoje era o dia de recuperar o seu controle, somente isso importava. Recuperar seu jeito e sair do torpor que fervilhava em sua mente. Virginia não existia mais. O anjo o abandonou.


Blás esmurrava a porta do quarto do lado de fora, pedindo para Draco abrir. Ninguém havia visto o sonserino depois do café-da- manhã, há não ser uma garotinha que o viu ir para o quarto um pouco antes da aula começar.

- Draco, abra essa porta. Eu quero entrar, esse quarto também é meu. – Blás berrou pela quinta vez. Pansy estava ao seu lado.

- O que esta acontecendo com ele?

- Não faço a mínima idéia. – Voltou a bater na porta. – Será que eu vou ter que chamar o professor Snape para ver o que há com você? Abra logo, Draco. Eu preciso pegar minha roupa e tomar banho.

Um clique na porta anunciou que Draco a abria. Ele surgiu encarando mal humorado Pansy e Blás.

- Eu estava dormindo, o que vocês querem?

- Eu quero entrar no meu quarto. – Blás entrou sem dar a mínima para a cama desarrumada de Draco, algumas coisas caídas do lado da cama, que sempre se mantinha impecável. Pansy continuou do lado de fora olhando esquisito para Draco.

- Você não foi a nenhuma aula hoje.

Ele não deu a mínima para ela, fechou a porta do quarto na cara de Pansy e voltou para sua cama. Blás pegava a sua toalha e praguejava para o baú a sua frente que não queria abrir. Perdendo toda a paciência que tinha, desistiu do baú e virou-se para Draco.

- O que há com você? Sua cama nesse estado não é normal. – Passou os olhos de Draco para a cama. O loiro não respondeu. – Só espero que isso não atrapalhe seu desempenho no jogo. – Terminou de pegar suas coisas e foi tomar banho.

Draco se deitou na cama, fitando o teto. Passou o dia todo em seu quarto, pensando em alguma forma de esquece-la. Tentou arranca-la de sua mente e o máximo que conseguia era a nítida imagem dela. Os olhos castanhos, que eram um perigo para ele, pois sempre se deixava afundar ali dentro. Ela era especial, mais do que especial.

Voltou ao estado de sonolência, ficou assim praticamente o dia todo. Hora reagia, depois ficava na morbidade, no torpor. Sem rumo, sem saber o que fazer ou como agir de agora em diante, o que mais desejava era se livrar dela, esquece-la a todo custo. Esmagar aqueles sentimentos, que nunca deveriam ter começado. Não esqueceria seu sangue, sua dignidade, não podia deixar se abalar por causa de uma garota, com sardas no rosto e os cabelos ridiculamente vermelhos, como ele mesmo costumava se referir antigamente. Era forte e frio. Iria se livrar de tais sentimentos. Sentimentos que o faziam ser mais humano, mostrar que ali existia um ser humano, como qualquer outro e com as mesmas fraquezas, algo que ele a todo custo sempre escondeu.


Uma semana havia se passado. Gina andava ocupada com suas lições, as poucas vezes que viu Draco sempre dava um jeito de se afastar antes que ele a visse; andava estudando bastante esses dias e tudo isso para se livrar do enorme peso que sentia, um peso em sua alma. Ela não se sentia segura, muito menos contente com nada ao seu redor, mas ia vivendo como tinha que ser. Sem ligar para a necessidade de seu corpo e coração quererem Draco por perto. A cada vez que tentava parar de pensar nele, algo doía dentro dela, machucava tentar tira-lo de seus pensamentos, de seus sonhos. E a única forma que ela encontrou de não pensar em Draco e não se machucar, era estudando.

Passou a mão na página 95 do livro de Historia da Magia, onde lia com muito tédio sobre o Congresso extraordinário dos Bruxos, onde ficou decido o afastamento e proteção aos dragões. Thamy estava ao seu lado, na sala comunal, lendo um pequeno livro de romance trouxa, que uma garota do quinto ano havia emprestado. Hermione também estava ali lendo e fazendo cálculos de Aritmancia. Gina sempre se perguntava como alguém agüentava Aritmancia. Até studos das Runas era bem mais interessante.

- Hum... Thamy. – Hermione chamou a atenção da outra. – Sem querer me intrometer, mas você não acha que devia estar estudando ao invés de ler isso ai? – Apontou para o pequeno livro nas mãos de Thamy.

- A estória é legal, Mione. Se quiser eu te empresto quando terminar de ler.

- Hum... não, obrigada. – Hermione parece decepcionada.

- Não ligue Mione, thamy não esta precisando estudar muito e ela já fez todas as lições que tinha que fazer, diferente de mim.

- Muito diferente mesmo, já que você queria copiar os deveres de Eve. – Thamy olhou para Hermione. – Ela desistiu de pedir para mim e foi pedir para Eve, que claro, sendo um "poço de bondade", deixou.

- Eu não copiei! – Gina falou indignada, não estava a fim de ouvir nenhum sermão de Hermione e parece que foi justamente essa a intenção de Thamy. – Eu só dei uma olhada para ter uma idéia. – Justificou.

- Você está que nem o Rony. – Hermione comentou voltando a fazer seus cálculos.

Thamy riu do comentário e se pôs a ler o seu livro. Harry e Rony entraram pelo retrato da mulher gorda, os dois com a cara muito mal humorada se sentaram perto das meninas.

- Aquele filho da mãe. – Rony resmungou.

- O que foi dessa vez? – Hermione tirou os olhos do livro, fechou, soltou a pena e guardou os pergaminhos.

- O que seria? Malfoy, claro. Aquele mimadinho, metido e cobra venenosa. – Rony fechou os punhos. Gina estremeceu ao ouvir o nome dele.

- O que foi que Malfoy fez? – Hermione perguntou calmamente e olhou de Rony para Harry. Gina tirou os olhos do livro e Thamy fez o mesmo prestando atenção na conversa.

- Ele esta mais insuportável do que nunca. – Harry comentou, mas sem a mesma alteração que Rony. – A crueldade e mau humor em pessoa. – Thamy olhou de esguelha para Gina, e esta se condenou pela indiscrição da amiga.

- Mas o que foi que ele fez afinal?

- Oras, Mione, o de sempre, só que você acredita que agora ele deu para implicar até com os primeiranistas da Sonserina, até com a própria casa. – Harry passou a mão pelos cabelos espetados.

- E você dois, como sempre, tentaram dar uma de herói e foram defendendo o sonserinozinhos. – Gina não se conteve e Harry a olhou um pouco surpreso.

- Não, nós não estávamos. Passamos pela frente da biblioteca, e ele não resistiu e nos insultou. É até que de certa maneira fomos heróis, já que ele parou de implicar com os primeiranistas, para implicar com nós dois. – O final foi dito com ironia. Harry se levantou. – Você não ia gostar de saber os insultos que ele soltou para sua família, Gina. – Retirou os olhos verdes que estavam pousados em Gina desde que chegou e foi para o dormitório.

- Mione, você podia vir aqui com a gente? Hum... temos coisas sérias para falar. – Rony disse baixo e com constrangimento. Hermione se levantou sem ligar mais para seu livro de Aritmancia.

Quando Rony e Mione estavam bastante afastados, Thamy fechou o livro e o colocou em cima da mesa.

- Não venha com perguntas, não agora, Thamy. – Gina disse antes que a amiga falasse algo.

- Calma Gin, so queria dizer que estou um pouco preocupada com você.

- Como assim? Eu estou muito bem.

- Não parece. Desde que você não tem encontrado mais Malfoy, você anda esquisita. Admita Gina, você se envolveu. – Gina fechou o livro com força e encarou a amiga.

- Não. Que saco, Thamy.

- Eu acho que você deveria reconsiderar o que o Harry te falou aquele dia.

- Thamy, você sabe muito bem o quanto foi difícil esquecer o Harry, e agora eu vou jogar todo o meu sacrifício fora? Não mesmo. Não sinto nada por ele, há não ser um carinho especial que no momento encontra-se adormecido e pode ter certeza que quando acordar vai ser para gostar dele como um irmão.

- Tudo bem, não toco mais nesse assunto.

- Acho bom. Vou me deitar, estou morrendo de sono.

- Eu também vou. Amanhã tem o jogo contra a Sonserina.

- É, o jogo...

As duas reuniram suas coisas e se dirigiram para o quarto. O dia de amanhã seria agitado.


Draco vestia seu uniforme de apanhador no vestiário de campo junto com os outros jogadores. Ele se sentia confiante, superior como sempre. Todos estavam prontos, Blás havia dado as ultimas táticas e se encontrava visivelmente nervoso, só faltava Madame Hooch chamá-los para o jogo começar. Era o primeiro jogo de Zabine como capitão, e ter pego de cara o time da Grifinória, que tinha Potter como apanhador e Weasley como goleiro, era demais para ele, muita coisa de uma só vez. Blás daria tudo para que aquele primeiro jogo fosse contra a Lufa- lufa ou até mesmo contra Corvinal, era menos pressão em cima dele.

Os jogadores de ambos os times foram chamados para entrarem em campo. A atmosfera barulhenta das arquibancadas ecoavam nos ouvidos de Draco, ele gostava daquela sensação, pessoas vibrando com o jogo que se seguiria, e o sonho de triunfar em meio a todos o agitava. Madame Hooch fez Potter e Zabine darem as mãos para que o jogo começasse. Ela apitou e Draco já estava na sua vassoura voando o mais alto possível. Ele viu Gina mais abaixo, ela estava com a posse das goles, mas não conseguiu marcar, foi impedida por Higgs, fazendo a perde o curso de sua vassoura por instantes.

As goles estavam na posse da Sonserina e Draco procurava o minúsculo pomo de ouro, se concentrando só no pomo, e em mais nada que pudesse atrapalha-lo, mas ele não resistia quando via o potinho de cabelos vermelho sempre mais abaixo, escapando agilmente dos possíveis balaços que pudesse atingi-la.

Meia hora de jogo. Gina havia marcado duas vezes, ela e Julia, mas Sonserina estava 10 pontos há frente, o que era raro considerando o excelente goleiro da Grifinória, que geralmente não deixava que as goles passassem pelos aros. Algo distraia a Weasley, assim como parecia distrair Potter e o resto do time da Grifinória. Era a chance perfeita para a Sonserina ganhar o jogo.

Draco viu um pontinho de ouro próximo a Gina e pelo visto Harry havia visto também, os dois saíram em disparada, mas já era tarde, o pomo sumira. Os olhos de Draco encontraram os de Gina, se encararam durante alguns segundos que pareciam eternidade. Desviaram. Draco voltou a subir, minutos depois o pomo foi avistado, e para seu azar, muito mais próximo de Harry. Ele tentou, voou com toda a sua velocidade, mas já era tarde. Harry havia pego o pomo e Grifinória ganhava o jogo como era de se esperar.

Draco voou em direção ao chão, enquanto Zabine xingava longe dos ouvidos de Madame Hooch. O time da Grifinória comemorava a vitória, assim como ¾ das arquibancadas. Draco foi para o vestiário sem perceber que era observado por Gina. Ele perdeu mais uma vez para o detestável menino que sobreviveu. Jogou a vassoura de lado, tirou suas vestes com calma e entrou no chuveiro, se sentindo mais do que nunca derrotado. Ele precisava ganhar aquele jogo, quem sabe assim tirava a odiosa Weasley da cabeça. Queria tanto ganhar só para mostrar a ela que não tinha sido abalado. Mas ela nem desconfiava, assim como ninguém. Como iriam desconfiar se ele disfarçava tão bem? No entanto, havia a necessidade de mostrar para todos e principalmente para ela, mesmo que não soubessem.

Mais do que nunca ele fazia questão de ser frio com todos, só para mostrar que continuava o mesmo, que nada havia mudado, nem um centímetro de seus ideais, assim ele se convencia. Sua vida voltava ao normal, ele se readaptava, seu ar voltava a ser o mesmo e ele se inflamava de ódio, sem sentido para mudar sua vida. Tirou a pequena faixinha da mão, que escondia alguns cortes. Tinha parado com isso desde que estava com ela, mas agora podia continuar a ir mais fundo, talvez.

Os sonserinos estavam em silêncio no vestiário, nem sinal de Zabine. Draco foi o primeiro a deixar o ambiente e viu uma pequena aglomeração de pontinhos vermelhos mais a frente no campo, teria que passar por ali para voltar ao castelo e ia aproveitar para ver o motivo da aglomeração. Quem sabe não poderia soltar seus insultos e reclamações com alguém. Quando se aproximou ele viu uma das garotas que andavam com Gina, gritando com a própria sem se importar com as pessoas ao seu redor.

- Ele está comigo, sua... Você não pode, entendeu? E quem você pensa que é? Se diz amiga e fala que não tá a fim dele, mas faz o que faz. Você não presta.

- Quer parar Julia, você entendeu tudo errado. Eu e o Harry não temos mais nada. – Gina estava vermelha de raiva e de vergonha. Ela virou as costas para Julia e saiu andando.

- Nós estamos juntos e você não tem o direito de se divertir assim com os outros.

- Eu cansei de dizer que o Harry é todo seu, eu não tenho mais nada com ele. Quantas vezes eu vou ter que falar isso?

Ela levou a mão até a têmpora, quando aquela garota iria entender? Não estava com Harry desde o ano letivo passado e nem sabia que Julia estava com ele, mesmo assim isso não importava, não estava com ele, não sentia mais nada por Harry a um bom tempo. E o por que de Julia está fazendo aquele escândalo e dizendo aquelas coisas, ela nem sabia. A garota nem era disso, sempre foi discreta e agora achava de fazer um escândalo na frente do time da Grifinória. Harry nem estava ali para confirmar que ele e Gina não tinham nada a um bom tempo. O garoto e seu irmão tinham saído apressados assim que o jogo terminou.

Gina deixou para lá os olhares intrigados dos jogadores até encontrar os de Draco. Dessa vez ela conseguiu decifrar o que se passava nos olhos cinzentos. Ali só se via decepção e por que não dizer dor também. Isso não podia estar acontecendo, de tantas pessoas para ouvirem aquilo, por que justo Draco? E por que ela se importava com o que ele ouvia?

A verdade é que doía nela ver a decepção nos olhos de Draco. Mas não podia cair naquilo. Ele não sentia nada por ela, assim como ela não sentia nada por ele. Sentia e não queria admitir. Deixou os olhos de Draco e continuou andando de volta ao castelo. E sem saber o por que do motivo de sentir vontade de chorar. Não havia razão. Mas a dor dentro dela não conseguiu ser sanada. As lágrimas não viriam e em compensação a dor não iria embora.


N.A: Dessa vez eu fui rápida, não? Um raro momento, podem ter certeza, já que só tenho mais duas semanas de férias, e o próximo capítulo anda parado. Na verdade ele já estava pronto, mas eu não gostei muito do resultado e decide refaze-lo. Eu sei, eu enrolei muito nesse capítulo, tá parecendo novela, como a Bel disse. E não posso deixar de agradece-la por se oferecer para revisar esse capítulo. Por favor, não me matem por toda essa tristeza ai. Já basta as ameaças de morte que eu recebo de uma certa pessoa e que se sente completamente frustrada com isso, porque se me matar, quem vai continuar escrevendo isso aqui?

O lance da música era The Scientist, do Coldplay. Tava muito fácil e muita gente acertou. Eu só ai mandar para as três primeiras: Bel, Kika Felton e Nayara, mas de última hora eu acabei mandando para Dea, Isinha e Vanessa.

Acho que é só isso...

Agradecimentos: Bel Granger, Nostalgi Camp, Nayara (ou Nahemwe, não sei como ela prefere), Isinha, Dea Snape, Vanessa Black Malfoy, Kika Felton e tem mais alguém? Acho que não. Ah sim, ela me mata se eu esquecer. " Lanlan eu nunca me esqueço de você...