Capítulo 12: Suéter Weasley
Assim que se viram descendo as escadas deram conta que aquilo não daria certo. Como eles iriam à sala comunal sem que ninguém os visse? Mesmo que a maioria dos estudantes estivesse no salão principal jantando, a sala comunal nunca ficava totalmente vazia á essa hora. Pararam em meio as escadas e Gina o olhou como se pedisse desculpas
- Certo, já sei, não posso ir. – Draco falou como se não mais se importasse com a tal fragrância.
- Eu descubro e depois te conto.
- Não é a mesma coisa, mas o que posso fazer, não é mesmo? – Soltou a mão dela e sentou na escada. – Acho melhor você ir jantar.
Gina continuava achando estranho o fato de Draco querer tanto saber qual a essência do seu perfume. Não pode deixar de pensar que talvez o garoto estivesse com segundas intenções por trás disso. Céus! O que estava pensando? Não seria certo ficar a sós com Draco no dormitório. Já havia ocorrido uma vez, mas o garoto se encontrava tão doente que não oferecia nenhum risco. Deixou de pensar bobagens e perguntou a primeira coisa que veio a sua cabeça.
- Você não vem jantar? Quer dizer, não junto comigo, claro.
- Não estou com fome. – Não estava mesmo, no entanto sentiu uma súbita vontade de acompanhá-la, pena que fosse algo não condizente.
- Draco, você precisa se alimentar e...
- A gente se vê depois, ruivinha. – A cortou de uma vez, antes que ela começasse a dar uma de mãe. Viu o rosto dela se avermelhar, provavelmente de raiva por ele ter a dispensando de maneira nada delicada, e não pode deixar de dar um suave sorriso.
- Não sei porque eu me preocupo com você, é um grosso mesmo... – Levou um susto quando sentiu as mãos dele rapidamente a puxarem para baixo pela cintura, quase se desequilibrou, mas acabou caindo meio sem jeito no colo dele.
- Você fica irritada tão fácil. – Murmurou para em seguida beija-la no rosto.
- Draco, seu maluco, me solta. – Conseguiu sair do colo dele e sentar ao lado. – Quase que eu cai.
- Não ia deixar você cair.
- Você anda muito diferente ultimamente.
- Como assim?
- Desde quando você sorri com tanta facilidade? – Inquiriu o encarando com um brilho divertido nos olhos. Draco pareceu meio desconcertado e desviou o olhar.
- Acho melhor você ir mesmo jantar. Aquelas suas amiguinhas e o seu irmão vão querer saber onde você esteve.
Ficou séria com as palavras frias. Deveria ter ido com mais calma, sendo Draco do jeito que era, aquela não era uma pergunta para ser feita de maneira divertida e impensada. Afastou algumas mechas do próprio rosto e levantou. Tudo tinha seu tempo, e mesmo que Draco já tivesse deixado transparecer que o que sentia por ela não era mera diversão, ele ainda não estava pronto para admitir certas mudanças.
- Tudo bem! Então, a gente se vê amanhã?
- Não sei, tenho que pegar as tarefas atrasadas e Snape anda muito atento a mim.
- Ah, eu tenho treino mesmo, acho que nem ia dar de qualquer forma. Bom... então a qualquer dia desses. – Desceu algumas escadas e ainda o ouviu dizer:
- Sabe que não vai ser a "qualquer dia desses" que iremos-nos ver.
Sorriu ao ouvir o comentário. Estavam mesmo juntos, era real para ambos, mesmo que não parecesse.
Draco continuou sentando. O natal se aproximava e ele teria que comparecer a maldita reunião e ficar alguns dias afastados de Gina. Sentiu uma necessidade de estar ao lado dela, enlaçando as mãos pequenas e macias, mexendo nas mechas ruivas e admirando os olhos castanhos. Ao mesmo tempo sentia uma imensa vontade de ir àquela reunião, quem sabe lá não descobriria quem tentou matá-lo? Mas as chances de descobrir eram tão mínimas, nem todos os comensais iam e, tinha certeza de que a garota que tentou matá-lo estudava em Hogwarts, provavelmente uma aspirante a comensal, assim como ele.
Tinha que descobrir de qualquer jeito quem era a pessoa que ousara atacar um Malfoy e ainda fazer com que tudo parecesse uma tentativa de suicídio. Era um incomodo os olhares que Blás lançava para ele como se fosse cometer alguma besteira a qualquer momento; não agüentava mais Snape o questionando, querendo saber o que se passava e ainda havia todos os malditos alunos daquele castelo, que não paravam de cochichar quando o viam. Levantou-se da escada incomodado com o frio. Por mais que apreciasse aquela sensação de gelo, havia horas que aquilo se tornava irritante a ponto de fazê-lo querer ficar o mais próximo possível do fogo. Rumou para as masmorras, torcendo para que a lareira da sala comunal estivesse com bastante lenha queimando.
- Tem mesmo que passar o natal fora do castelo? – Gina perguntou com a cabeça encostada no ombro dele. Draco mexia distraidamente no cabelo ruivo.
- Tenho.
- Saudades de casa? – Ele sorriu diante da pergunta ingênua.
- É. – Mentiu, torcendo para que ela acreditasse no que dizia. Já havia explicado que passaria o natal na Mansão de Wiltshire, na costumeira festa que seus pais davam todo ano.
- Também estou com saudades de casa, mas mamãe e papai acharam perigoso eu sair de Hogwarts para passar o natal em casa. Seus pais não acham perigoso você... – Calou-se ao lembrar com quem falava. Era um filho de um comensal, como os pais dele poderiam achar perigoso que ele fosse passar o natal em casa?
Draco percebeu ela se contrair um pouco e se afastar como se o repelisse.
- O que foi?
Ela permaneceu em silencio. Às vezes se esquecia completamente quem era de verdade Draco Malfoy. Não que o que estava com ela não fosse real, era mais pelo fato de não ser o Malfoy que se mostrava na frente dos outros. As coisas pareciam normais quando só estavam os dois, juntos, como se Weasley e Malfoy se misturassem, conversando coisas do dia a dia, e por que não dizer amadurecendo o relacionamento que tinham, mesmo ela se achando boba quando se pegava sonhando acordada pensando nele ou nas besteiras que as vezes deixava escapar, coisas ditas infantilmente e com sinceridades. E era justamente isso que mostrava o quanto o relacionamento havia amadurecido. Conheciam o que se passava um com outro, apesar do pouco tempo juntos.
- Você vai voltar, não vai? – Perguntou o abraçando e depositando um beijo no pescoço dele.
- Claro que vou. – Respondeu se surpreendendo com a pergunta e se arrepiando um pouco ao sentir os lábios dela de maneira tão delicada.
Gina o abraçou com força. Não sabia por que, mas não gostava muito do fato dele ter que passar o natal fora de Hogwarts. Achava que se ele realmente quisesse poderia ficar. Tinha receio de perdê-lo. Desde que vira os olhos acinzentados se fecharem como se não tivesse mais vida. Aquela sensação de perda a atormentava. Sonhava com os olhos dele se fechando, acordava querendo que a madrugada passasse logo para poder vislumbrar de longe os olhos de Draco no café da manhã, só para ter certeza de que ele ainda estava ali.
- O que você tem? Já disse que volto. – Murmurou afagando os cabelos dela.
- Lembrei do Carlinhos, ele ainda está desaparecido. – Controlou a vontade de chorar. Seus pais não tinham tido nenhuma noticia de Carlinhos, e seus irmãos já começavam a recear o pior.
Draco ficou sem saber o que dizer. Nunca sabia como agir em situações como aquelas, ainda mais sabendo que o sumiço do irmão dela deveria ter haver com a guerra e que os comensais estariam por trás disso. Não podia fazer nada, há não ser tentar reconfortá-la, mas nem isso ele sabia fazer. Afastou a garota um pouco, para que pudesse olhar nos olhos dela. Detestava ver os olhos castanhos marejados, ao mesmo tempo em que sentia um fascínio por aquela visão. Aproximou seu rosto do dela e beijou com suavidade sendo prontamente correspondido.
Antes tentava entender o que se passava consigo mesmo. Agora achava que isso não adiantava mais, não importava. Tudo ali era só ele e Gina, isso que importava. Quem sabe se tentasse entender o que se passava, ao senti-la tão perto de si, não acabasse com todo aquele encanto. Necessitava tê-la perto de si, poder sentir o cheiro e o toque da sua pele. Necessitava de tudo que viesse dela e já tinha deixado isso claro em suas atitudes. Ajeitou a garota melhor entre seus braços, sentado na poltrona que sempre conjurava, a poltrona que sempre via com um fiapo solto que ela teimava em mexer, assim como mexia com os sentimentos dele.
Gina começou a notar as ousadias dos toques, enquanto o beijo ia se tornando cada vez mais ávido. Os lábios sendo pressionados com força para depois se suavizarem e voltarem com a mesma avidez. Sua pele queimava com os toques de Draco. Sentia as mãos geladas passarem pelas costas, por debaixo do casaco e blusa. Percebeu que poderiam ir longe de mais...
- Draco... – Murmurou quando conseguiu afastar seus lábios. Ele afrouxou os braços ao redor dela, que se levantou com as faces afogueadas.
Draco achou melhor permanecer calado. Há quanto tempo estavam nesse estagio? Se fosse com outra não teria agüentado mais. Só que estava diante do seu anjo e não entendia mais nada.
- Acho melhor eu ir.
- Vou passar um tempo fora e você já quer ir? Não estava nesse instante toda insegura perguntando se eu não iria voltar?
- Sim... mas é que... está tarde e...
- Vá... pode ir. – Disse sem se importar. Que fosse de uma vez, antes que ele não se controlasse.
Irritou-se com aquele velho tom de desprezo na voz dele. Parecia que nunca passaria muito tempo sem regredir para o jeito frio. E ele sabia que ela não gostava nem um pouco daquele tom, daquela frieza na voz e nos olhos. Fazia de propósito, como se dissesse que não precisa dela. E pensar que há poucos minutos estavam tão bem. Ficou esperando que ele se arrependesse e voltasse a falar carinhoso, mas o que aconteceu foi Draco sair da sala, sem desconjurar a poltrona como fazia sempre, sem dizer mais nada, sem beijá-la. Belo natal esse que teriam.
Sentiu um friozinho entrar pelo quarto e se aconchegou melhor debaixo dos cobertores quentinhos. Alguém deveria ter aberto a janela para uma coruja entrar. Tentou abrir os olhos para ver o que se passava: dois vultos mais perto da janela, abrindo e rasgando algo. Sentou-se na cama, vendo melhor Thamy e Eve com seus presentes de natal, Julia ainda dormia.
- Gina, venha abrir seus presentes. – Chamou Eve agarrada a um ursinho roxo, provavelmente presente do namorado. Isso a fez lembrar de Draco. Ele tinha ido passar o natal com os pais sem se despedir dela, e mais do nunca teve vontade de ter um namorado para ganhar algo fofinho e meigo que nem Eve.
Saiu da cama, vendo os familiares embrulhos que costumava receber de sua família. Abriu primeiro o suéter Weasley, azul bebê meio berrante, lembrava a cor do cabelo de Tonks quando estava azul chiclete; depois viu um embrulho com a marca da loja de logros dos gêmeos e deixou para abrir esse depois, talvez fosse alguma das brincadeiras de seus irmãos; uma caixa de bombons de cerejas que Rony sabia que ela adorava; um par de brincos discretos e delicados dado por Gui; um livro de Herbologia avançada de Hermione; e outra caixinha de bombons de cerejas dada por Harry. Teria duas caixinhas, daria para dois dias. Ainda havia o presente de Thamy e Eve (Julia pelo jeito continuava chateada com ela), mas essa não era a quantidade de presentes que costumava receber, faltavam dois: o de Percy e o de Carlinhos.
- Ei! – Thamy a chamou. – Você foi a que mais recebeu presente aqui e está com essa cara.
- Também, com esse monte de irmãos. – Comentou Eve sorridente. – Bem que eu queria ter vários irmãos para poder ganhar todos esses presentes.
- Qual o problema, Gina? – Perguntou Thamy meio preocupada.
- Falta um, na verdade dois, mas o outro já não conta. – Os olhos arderam.
Thamy pareceu entender, mas Eve apontou para a cama de Gina e disse:
- Tem um bem ai na sua cama. Não é o que está faltando? – Gina olhou sem acreditar. Reconheceu a coruja imponente na mesma hora.
Aproximou-se da cama e viu um pequeno embrulho retangular. Achou melhor não abrir o presente na frente das amigas. Ao invés disso, controlando a curiosidade, começou a acariciar Duchy.
Julia se levantou olhando desconfiada para o presente, assim como Thamy. Já tinha visto aquela coruja no castelo, só não lembrava de quem era. Eve achando que fosse um dos presentes que ela mencionou que faltava, não ligou e terminando de ajeitar o cachecol no pescoço saiu do quarto. Gina recolheu os presentes e guardou todos em seu baú, inclusive o embrulho retangular, com exceção do suéter Weasley, que deixou em cima da cama para usar quando saísse do quarto. Observou bem ao redor da coruja, por toda a cama para ver se não havia alguma carta. Nada. Bem, ele não é muito de lidar com palavras.
Esperou que Thamy e Julia, ainda desconfiadas, saíssem do quarto para tomar café-da-manhã. Thamy insistiu para que viesse junto, mas ela alegou não estar se sentindo muito disposta. Já não se agüentava mais de curiosidade. Assim que as duas saíram do quarto, Gina avançou para cima do baú e o abriu rapidamente pegando o embrulho, mas antes mesmo de abrir, se lembrou de que não havia enviado nada para ele.
- Sou a pior namorada desse mundo. – Sussurrou para Duchy que pareceu concordar balançando a cabeça.
Abriu o embrulho devagar, fingindo não estar ansiosa, afinal era só um presente, assim como os outros. Devia ser, mas há quem queria enganar? Era especial só pelo fato de ter sido ele quem deu. E qual foi sua surpresa ao se deparar com o perfume que costumava usar.
- Ele descobriu! – Tirou o perfume da caixa e viu que dentro havia um pequeno bilhete.
"Não consegui descobrir a maldita essência desse seu perfume."
Olhou bem o rotulo e realmente não havia nada dizendo quais os componentes daquela fragrância. Na verdade nem usava aquele perfume há muito tempo. Ganhou de Gui em seu aniversario e só passou a usá-lo quando começou o sexto ano, achou melhor esperar o outro perfume que costumava usar acabar, para depois usar o que Gui havia lhe dado.
- "Maldita essência". Ele chamou o meu perfume de maldita essência. Como se não gostasse da "maldita essência". – Sorriu maravilhada. Não era um presente original demais, quantos não davam um perfume a uma namorada?
Guardou com cuidado e pegou um pergaminho e pena para escrever uma carta para Draco. Duchy olhou para ela interrogativo e como se entendesse o que a garota ia fazer foi até a janela e começou a bicar no vidro pedindo para sair.
- Espere, eu tenho que mandar uma carta para ele. – A coruja começou a insistir mais ainda para sair. – Não acredito que ele disse que não queria uma resposta. Ah, mas eu vou mandar assim mesmo. – Ignorou os protestos da coruja na janela e pensou em algo para escrever.
Havia travado, não conseguia escrever nada, não sabia nem como começar a agradecer pelo presente. Seu estômago reclamou e ela achou melhor ir tomar café-da-manhã, talvez quando voltasse tivesse alguma idéia do que escrever. Os elfos costumavam preparar uns bolinhos com caramelo deliciosos no natal.
Mexia impacientemente na neve com os pés, apertando mais o casaco por cima do suéter Weasley, tão frio e começava a escurecer. Não agüentava mais esperá-lo, já bastava o recesso de natal. Amanhã as aulas retornariam e ela queria voltar logo para o castelo e terminar algumas lições que havia deixado para última hora. Se ele demorasse mais cinco minutos, sairia dali sem querer ver a cara dele nem tão cedo.
- Gina! – Ouviu a voz arrastada chamar baixo. Virou-se para ele com uma cara nada amigável e já ia dar uma bronca, mas quando abriu a boca para dizer a primeira palavra, se viu sendo puxada e os lábios dele encostando nos seus sem consentimento.
Os lábios dele estavam tão gelados, e as mãos tocando seu braço pareciam pedras de gelo. Esqueceu de tudo o que ia dizer. O que importava? Brigar com Draco não adiantava mesmo. Sentiu falta dele aqueles poucos dias e agora que ele estava ali, não iria estragar tudo. Draco se afastou um pouco, olhando melhor para ela.
- Hey, o que é isso? – Perguntou com deboche olhando para o suéter. – Acho que já vi o seu irmão com um desses.
- É um suéter Weasley. Todo natal minha mãe faz um para cada um de nós, com a inicial e de uma cor diferente. Não é lindo? – Perguntou rindo, sabendo qual seria a resposta do sonserino. Com certeza algo não muito agradável.
- Hum... é exótico. – Respondeu sorrindo e a trazendo para mais perto.
- O que deu em você? Exótico? Você está bem, Draco? Eu sei que você quer dizer que esse suéter é horrível.
- Ruiva má. Já faz essa idéia de mim. – Deu um selinho nela. – O do seu irmão é horrível.
- Estava com saudades. Como foi o seu natal?
- Uma droga como sempre, e eu não vou perguntar como foi o seu. – Voltou a se aproximar dos lábios dela. Gina virou o rosto e Draco beijou sua bochecha.
- Mal educado. – Afagou o cabelo dele. – Tá frio, acho melhor entrarmos. – Puxou ele pela mão para que voltassem.
- Não quero voltar. – Draco fez manha. – Eu sei de um lugar, deve estar frio também, mas não tanto como aqui fora.
- Eu ainda tenho que fazer umas lições e... – Olhou para Draco que praticamente fazia biquinho. – Certo... mas não faz essa cara.
- Por que não?
- Assusta vindo de você. – Brincou. Desde quando ele era de fazer esse tipo de manha? Na verdade acabou se derretendo toda com a carinha dele.
Draco a levou para perto das estufas, onde não se podia mais ver a grama verde, somente a neve branquinha. O garoto destrancou com um feitiço uma das áreas que eram usadas pelos primeiranistas e entrou com ela.
- Bom... eu achei que você fosse ser romântico, me levando a algum lugar mágico, mas vejo que me enganei. - Ela comentou sarcasticamente.
- Não sou romântico.
- Era o que eu achava. – Draco não entendeu muito bem o que ela quis dizer com isso. Ela estava afirmando que ele não era romântico ou dizendo justamente o contrario com aquela frase?
A estufa se encontrava um pouco úmida, com plantas enormes, próximas uma das outras como se tivessem a intenção de se aquecerem. Draco olhou para o local vazio e conjurou a velha poltrona com um fiapo solto. Gina se sentou e ele ficou em pé de frente para ela.
- Você não me deu nenhum presente de natal. – Fingiu estar aborrecido e Gina corou na mesma hora.
- Eu... desculpa, Draco. Foi que a gente brigou antes de você ir e pensei que ainda estivesse chateado. Eu ia mandar uma carta, mas aquela sua coruja paranóica não deixava de jeito nenhum.
- Eu ordenei a ela para que não voltasse com nenhuma resposta sua. Qualquer carta que chega lá em casa meu pai tem conhecimento. – Olhou meio sem jeito para ela, hesitante no que ia dizer. – Posso pedir uma coisa de presente de natal. – Gina arregalou os olhos.
- Po-pode... mas eu não...
- O suéter. – Disse tentando não sorrir ao ver a cara dela.
- O que?
- Quero algo seu, então pensei nesse suéter, mesmo ele sendo esse azul meio... indiscreto.
- Eu... eu... não posso dar o meu suéter. – Olhava para ele completamente descrente e vermelha. – Você vem com cada uma, primeiro o lance do perfume, agora quer o meu suéter.
- Qual o problema? –Sentou-se ao lado dela na poltrona. – Pode parecer meio excêntrico, mas tem todo um significado.
- Que significado? – Perguntou desconfiada. Lá vinha mais uma das explicações de Draco.
- Com certeza esse suéter deve ter o seu cheiro e é uma coisa sua para ficar comigo. – Falou dando de ombros, as faces corando levemente.
- Ah, Draco! Você é tão fofo. – O abraçou se agarrando no pescoço dele.
- Fofo? Ta me chamando de gordo? – Fingiu indignação, mas não resistiu quando sentiu os lábios dela em seu rosto. Aproveitou a oportunidade e a beijou rapidamente. – Então, vai me dar o suéter?
- Draco! – Viu ela abaixar a cabeça meio envergonhada com a situação.
- Qual o problema? Você está vestindo outra blusa por debaixo desse suéter, não está? – Ela assentiu. – E ainda tem esse casaco por cima.
- Você quer mesmo o suéter? – Draco acenou afirmando. Meio a contragosto e um pouco tímida tirou o suéter. Tinha vários desses, mas não gostava de se desfazer de nenhum deles. – Só que agora eu vou ficar com frio, usando somente essa blusa e o casaco.
- Não seja por isso. – Draco desabotou o sobretudo e depois tirou a camisa, a jogando em seguida para cima dela.
- Maluco. – A garota resmungou, pegando a camisa dele e a vestindo notando que ficava um pouco acima do joelho. – Como eu vou entrar com isso aqui na sala comunal?
- É só colocar o seu casaco por cima, ele cobre. – Falou com o tom óbvio, voltando a se sentar ao lado dela na poltrona.
- Você tem cada mania. Agora podemos voltar, ainda tenho as minhas lições.
- Não, agora não. Vamos ficar um pouquinho juntos aqui.
Acabou concordando com ele. Draco vestiu o sobretudo e fez um feitiço de diminuição no suéter, guardando-o em seu bolso. Ajeitaram-se melhor na enorme poltrona e ficaram em silêncio, apreciando estarem ao lado um do outro. Draco queria concentrar seu pensamento somente naquele momento, mas as idéias sempre voltavam para a noite da reunião que foi reconhecido como comensal. O que Gina faria se soubesse disso? Tinha medo de perdê-la, mas não podia abrir mão daquilo que fora escolhido para ele desde que nascera. Ela nunca saberia, não permitiria que ela soubesse, pelo menos não enquanto estivessem juntos.
Depois de quase uma hora entre breves diálogos, alguns beijos e ironia da parte dos dois, Gina achou melhor voltarem. Ainda tinha as lições para fazer e começava a ficar tarde.
- Vamos! – Ela se levantou e desconjurou a poltrona.
Quando saíram da estufa estava nevando um pouco e bem mais frio. Gina olhou para Draco, que só vestia o sobretudo. Mordeu os lábios preocupada com o garoto. E se ele adoecesse de novo? Continuaram andando até estarem bem perto do castelo. Soltaram as mãos e Draco disse para que ela entrasse primeiro. Ao vê-la sumir pela porta de carvalho recomeçou a andar, parando ao ouvir barulhos de passos próximo dele.
- Seu pai vai adorar saber que você tem um casinho com a Weasley. – Reconheceu a voz suave, mesmo sem saber a quem pertencia. Virou encontrando um vulto negro. – Você não é tão esperto assim quanto dizem.
Ele segurou a varinha no bolso da calça, pronto para atacar a qualquer momento. Aquela garota era insolente mesmo. Como ousava aparecer bem em frente ao castelo toda encapuzada, só faltando uma plaquinha dizendo: sou uma comensal. E ainda por cima insinuando que ele não era tão esperto.
- Quem é você? – Perguntou a primeira coisa que veio a mente.
- Não é assim que as coisas funcionam, Malfoy. Só vim lhe dar um aviso, ou melhor, lhe mostrar uma coisa. – Tirou um papel do bolso e jogou para ele. - Quem sabe assim não pode fazer melhor o seu papel de comensal.
- Espere. – Apontou a varinha para ela. – Se sabe muito bem quem sou eu, deve saber o que posso fazer contra você. – Ela parou de andar.
- Sei magia negra muito mais avançada do que a sua, Malfoy, portanto nada do que fizesse iria adiantar se eu soubesse todos os contra-ataques e defesas. Conheço você muito mais do que imagina e sei todos os feitiços que você sabe usar.
Irritou-se com o ar de deboche dela, como se ele fosse um incompetente que não sabia praticar magia negra corretamente, logo ele que foi educado nesse meio. No entanto quando ia proferir um feitiço, ela simplesmente desapareceu, olhou ao redor e o que viu foi uma raposa sumindo velozmente pela neve. Xingou mentalmente por ter deixado-a escapar e olhando furioso para o chão, viu o pergaminho que ela havia jogado para ele.
Não havia duvidas de que fosse uma comensal. Pegou o pergaminho que ela havia jogado, achando que se tratava de alguma missão, seu pai havia avisado que logo ele poderia receber alguma missão. Nem se preocupou com isso de imediato. Ela sabia sobre o seu relacionamento com Gina. Estava encrencado! E se a tal comensal tentasse algo contra a ruiva? E mesmo que não fizesse nada, não levaria muito tempo para que seu pai soubesse sobre ele e Gina. Estava mais do que encrencado! Começou a examinar o pergaminho com cuidado, verificando com a varinha para ver se não tinha magia negra ali. Limpo. Sem sinal de nenhum tipo de magia. Começou a ler o pergaminho sem achar nenhum sentindo naquilo ali.
"Dragões. Estão em toda parte, moram no ar, na água e nas profundezas da Terra, eles são os elos de ligações entre as instancias cósmicas. Criaturas de velocidade e poderes mágicos essenciais. Estão em toda parte."
Aquela garota só podia ter algum problema mental, para ter mostrado aquilo a ele. Que finalidade tinha aquele pergaminho falando sobre dragões? E o que aquilo tinha haver com a sua missão? Meros dragões... Foi ai que viu uma luz vindo da floresta proibida e teve a impressão de vislumbrar algo voando.
Como podia ter esquecido disso? No começo do ano letivo um dragão apareceu sobrevoando Hogwarts. Havia dragões em Hogwarts e isso só podia ter haver com o Lord. Como não havia lembrado desse detalhe? E nesse momento acontecia algo de errado na floresta. Dois enormes vultos negros sobrevoavam a floresta. Não acreditava que teria que ir naquela floresta estúpida. Detestava aquele local desde que entrou ali no seu primeiro ano. Não ia ser agora por causa de uma missão que nem tinha conhecimento de como a faria e com aquela floresta, sabe-se lá com quantos dragões, que iria entrar ali. E nem tinha certeza se aquilo era mesmo uma missão ou mais uma tentativa de homicídio daquela comensal. Já ia saindo quando ouviu um barulho por entre os arbustos.
"E mais essa agora". Pensou, virando para ver do que se tratava o barulho. Alguém se arrastando na neve. O inconfundível cabelo vermelho se destacando no escuro.
N.A: Demorei e podem apedrejar a vontade, mas é que agora com o final das aulas e provas até dizer basta, fica mais difícil atualizar. Próximo capítulo talvez não demore tanto, porque já tem umas cinco paginas que iam fazer parte desse aqui, mas eu acabei achando melhor deixar pro próximo.
Tanks: Fefs (que coincidência o lance da musica do cap. anterior, miga), Niden Seregon, Miaka, Bel4, MaryMadMalfoyAramis ( a fic ta planejada para ter mais uns cinco capítulos e eu tenho certeza de que não vou conseguir terminá-la no final desse ano, mas vou fazer o possível para terminar nas minhas férias), Cah Herzog (ewwwww, você foi a numero 100, merece um premio! E eu sou uma autora fofa XP), Nostalgi Camp, Adraia, Bebel, Rafinha M. Potter, Mki.
Bjokinhas pra todo mundo e até a próxima...
P.S: Ah, o título desse cap. tá nada haver, mas se eu fosse esperar surgir algo realmente melhor ia passar mais uma mês pra atualizar essa fic.
